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Corpo, poder e o ato de partejar: reflexões à luz das relações de gênero

Body, strength and laborwork: reflections on gender relations

Cuerpo, poder y el acto de partear: reflexiones a la luz de las relaciones de género

Resumos

O presente trabalho pretende contribuir com uma reflexão e discussão de alguns pontos sobre as questões relativas ao corpo feminino e o poder que perpassam o ato de partejar, compreendido este como o momento no qual através do trabalho do(a) outro(a), uma mulher "dá a luz".Discute a perspectiva da dominação masculina tomando como referência a violência simbólica em Bourdieu, propondo que a humanização do parto passa pelo aprofundamento da discussão da dominação de gênero, e não apenas do sexo ou da profissão de quem parteja.

gênero; parteira; violência simbólica


The present paper intends to contribute on a reflection and discussion of some issues related to female's body and the strength present in laborwork, understood as the moment in which through the support of another person, a woman "gives birth". It also discusses the perspective of male dominance having as reference the symbolic violence from Bordieu, proposing that the humanizing of labor demands a thorough discussion on gender dominance.

gender; symbolic violence; midwife


El presente trabajo pretende contribuir con una reflexión y discusión de algunos puntos sobre las cuestiones relativas al cuerpo femenino y al poder implícito en el acto de partear, comprendido este como el momento en el que a través del trabajo del(la) otro(a), una mujer va a "dar a luz". Discute la perspectiva de la dominación masculina tomando como referencia la violencia simbólica en Bourdier. Propone así, que la humanización del parto tiene que pasar por una profunda discusión de la dominación de género y no tan sólo del sexo o de la profesión de quienes partean.

género; partera; violencia simbólica


ENSAIO

Corpo, poder e o ato de partejar: reflexões à luz das relações de gênero1 1 Trabalho apresentado no Seminário Internacional Fazendo Gênero 4: cultura, política e sexualidade no século XXI. 2 Grifos do autor. 3 Toda vez que usar a palavra humanização relacionado a assuntos que remetem ao parto vou usar a palavra entre aspas por entender que a mesma está sendo usada de uma maneira muito vaga, isto é, destituída de um sentido que justifique seu uso tão indiscriminadamente. 4 A este respeito o Ministério da Saúde tem divulgado um vasto material que contém, inclusive como ponto de partida para melhorar a assistência ao parto, o que denominaram de "oito passos para a implantação de maternidade segura", que seria o início dos procedimentos norteadores para que um hospital conquiste o título "Maternidade Segura", o que o privilegiaria em relação aos outros inclusive nos valores de repasse de verba feito pelo SUS. 5 Vou usar a palavra legitimidade no sentido de que se é ou não justa a participação masculina no ato de partejar. Já existe um debate a este respeito principalmente quando se trata do parto feito por não médico(a este respeito ler a tese de doutorado de(Riesco, 1999).

Body, strength and laborwork: reflections on gender relations

Cuerpo, poder y el acto de partear: reflexiones a la luz de las relaciones de género

Lúcia Helena Rodrigues Costa

Professora do Departamento de Assistência de Enfermagem do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

RESUMO

O presente trabalho pretende contribuir com uma reflexão e discussão de alguns pontos sobre as questões relativas ao corpo feminino e o poder que perpassam o ato de partejar, compreendido este como o momento no qual através do trabalho do(a) outro(a), uma mulher "dá a luz".Discute a perspectiva da dominação masculina tomando como referência a violência simbólica em Bourdieu, propondo que a humanização do parto passa pelo aprofundamento da discussão da dominação de gênero, e não apenas do sexo ou da profissão de quem parteja.

Palavras-chave: gênero, parteira, violência simbólica.

ABSTRACT

The present paper intends to contribute on a reflection and discussion of some issues related to female's body and the strength present in laborwork, understood as the moment in which through the support of another person, a woman "gives birth". It also discusses the perspective of male dominance having as reference the symbolic violence from Bordieu, proposing that the humanizing of labor demands a thorough discussion on gender dominance.

Keywords: gender, symbolic violence, midwife

RESUMEN

El presente trabajo pretende contribuir con una reflexión y discusión de algunos puntos sobre las cuestiones relativas al cuerpo femenino y al poder implícito en el acto de partear, comprendido este como el momento en el que a través del trabajo del(la) otro(a), una mujer va a "dar a luz". Discute la perspectiva de la dominación masculina tomando como referencia la violencia simbólica en Bourdier. Propone así, que la humanización del parto tiene que pasar por una profunda discusión de la dominación de género y no tan sólo del sexo o de la profesión de quienes partean.

Palavras clave: género, partera, violencia simbólica

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Recebido em outubro de 1999

Aprovado em junho de 2000

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  • 1
    Trabalho apresentado no Seminário Internacional Fazendo Gênero 4: cultura, política e sexualidade no século XXI.
    2
    Grifos do autor.
    3
    Toda vez que usar a palavra humanização relacionado a assuntos que remetem ao parto vou usar a palavra entre aspas por entender que a mesma está sendo usada de uma maneira muito vaga, isto é, destituída de um sentido que justifique seu uso tão indiscriminadamente.
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    A este respeito o Ministério da Saúde tem divulgado um vasto material que contém, inclusive como ponto de partida para melhorar a assistência ao parto, o que denominaram de "oito passos para a implantação de maternidade segura", que seria o início dos procedimentos norteadores para que um hospital conquiste o título "Maternidade Segura", o que o privilegiaria em relação aos outros inclusive nos valores de repasse de verba feito pelo SUS.
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    Vou usar a palavra legitimidade no sentido de que se é ou não justa a participação masculina no ato de partejar. Já existe um debate a este respeito principalmente quando se trata do parto feito por não médico(a este respeito ler a tese de doutorado de(Riesco, 1999).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      28 Ago 2014
    • Data do Fascículo
      Mar 2000

    Histórico

    • Aceito
      Jun 2000
    • Recebido
      Out 1999
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