Enfermagem e a permanência do cuidado à pessoa idosa

A sociedade envelhece de modo acelerado, fenômeno esse multifatorial que instiga preocupações familiares, sociais e de saúde. Em relação à saúde, os profissionais, dentre eles os enfermeiros, em especial aqueles que se dedicam ao cuidado à pessoa idosa, buscam capacitar-se, a cada dia, para investir em ações de cuidado integral, consoante às necessidades e suas respostas às condições de saúde e doenças, nos diferentes contextos de atenção à pessoa idosa.

Em meio ao advento da pandemia por coronavírus (SARS-CoV-2), os enfermeiros promovem debates ora com especialistas, com outros profissionais de diferentes áreas, com vistas a desvelar modos de cuidados efetivos baseados em evidências cientificas, especialmente neste contexto de pandemia, quando uma nova normalidade alterou a lógica reconhecida do cuidado, presencial, por meio de uma comunicação direta. Esta realidade nos faz pensar em novas estratégias e novos cuidados frente ao distanciamento necessário e prevenção do isolamento da pessoa idosa.

Sabe-se, ainda, que a COVID-19 mudou as rotinas diárias dos idosos, os cuidados e o apoio que recebem, sua capacidade de permanecerem socialmente conectados e como são percebidos. Os idosos enfrentam o desafio de passar mais tempo em casa, falta de contato físico com outros membros da família, amigos e colegas, cessação temporária do emprego e outras atividades, ansiedade e medo da doença e da morte - sua e dos outros¹.

O desdobramento efetivo para essa questão do coronavírus (SARS-CoV-2) justifica-se pelo compromisso da enfermagem com os idosos na família, na Atenção Primária à Saúde, nas instituições de longa permanência (pela dificuldade para adquirir e manter estoques de equipamentos de proteção individual para os idosos e funcionários), bem como nos hospitais. Os idosos são o grupo de risco para o desenvolvimento de formas mais graves de COVID-19.

O conhecimento sobre os aspectos inerentes à saúde do idoso, associado à pandemia de COVID-19, desempenha um diferencial para tomada de decisões coerentes mediante a proteção, controle e preservação da saúde desse estrato populacional.

A sociedade, por sua vez, a partir de conhecimentos apropriados, direciona seus cuidados aos idosos, respeitando as normas padronizadas propostas para combater a disseminação do SARS-CoV-2 e evitar a contaminação entre indivíduos da população, especialmente do público idoso².

Sobre as ações de enfermagem, citam-se as realizadas por meio dos Departamentos Científicos de Enfermagem Gerontológica da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), organizados nos estados do Brasil. Estes congregam enfermeiros gerontólogos que se aprofundam em estudos e pesquisas que visam beneficiar a promoção de saúde e prevenção de agravos aos idosos.

Movidos por essas ideias, os enfermeiros promovem e divulgam os conhecimentos por meio de literatura, seja em formato de e-books, revistas ou comunicação científicas em ambiente virtual. As chamadas lives reúnem profissionais enfermeiros e de outras áreas e promovem espaço de discussão com foco em temas atuais que sejam rapidamente utilizados pelos profissionais da prática como: causas dos idosos serem mais afetados pelo COVID-19; vacinação completa contra COVID-19; cuidados com idosos em instituições de longa permanência; saúde mental e o isolamento social da pessoa idosa; cuidado com os idosos hospitalizados e a ressignificação do cuidado pós-pandemia, com vistas a manter a interação idoso-enfermeiro frente a novas condições e formas de trabalho. A ideia retoma o pensamento de Mendes, quando afirma que o profissional de enfermagem, para obter a plenitude profissional, adota e alia o cuidado como modo-de-ser. Assim, subsidiado pelo conhecimento, pela competência, pela compaixão e pela generosidade, ser-lhe-á possibilitado “viver a experiencia fundamental do valor, daquilo que tem importância e definitivamente conta”³.

Portanto, faz-se importante criar oportunidades para promover o envelhecimento saudável durante a pandemia, estimulando o engajamento e mobilizando espaços em que os idosos sejam ouvidos de maneira a identificar suas reais demandas, impulsioná-los a novas atitudes e comportamentos que conduzam à superação de seus problemas e a efetivação de cuidados preventivos e controle da saúde física e mental.

REFERÊNCIAS

• ¹
  World Health Organization (WHO). Older people & COVID-19 [Internet]. 2021[cited 2021 Jul 15]. Available from: https://www.who.int/about/who-we-are/privacy-policy
  » https://www.who.int/about/who-we-are/privacy-policy
• 2. Santos GB, Silva CVP, Pachú CO. Impacto da pandemia de Covid19 na saúde de idosos: uma revisão narrativa [Internet]. In: Sampaio EC (Org.). Envelhecimento Humano: Desafios Contemporâneos. São Paulo: Ed Cientifica; 2020[cited 2021 Jul 15]. Available from: https://downloads.editoracientifica.org/articles/201202434.pdf
  » https://downloads.editoracientifica.org/articles/201202434.pdf
• 3. Mendes IAC. O resgate do cuidar na enfermagem [Editorial]. Rev Latino-Am Enfermagem. 2000;8(3):1-3. https://doi.org/10.1590/S0104-11692000000300001
  » https://doi.org/10.1590/S0104-11692000000300001

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  27 Set 2021
• Data do Fascículo
  2021