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O olhar docente sobre as habilidades comunicativas em diferentes metodologias de ensino

RESUMO

Objetivo:

compreender, sob a perspectiva de docentes, quais são as facilidades e dificuldades no desenvolvimento de habilidades comunicativas em graduandos de enfermagem que vivenciam diferentes metodologias de ensino-aprendizagem.

Método:

pesquisa qualitativa realizada com 30 docentes enfermeiros de duas instituições públicas de ensino. A coleta de dados foi realizada por entrevista semiestruturada individual com questões norteadoras. Para o tratamento e análise dos dados, utilizou-se a análise de conteúdo segundo Bardin.

Resultados:

o desenvolvimento de habilidades comunicativas tem a influência de fatores como a vivência das atividades práticas, características individuais estudantis, utilização de metodologias ativas, acesso aos meios de comunicação de massa, relação de proximidade entre professor-aluno e conhecimento dos conceitos teóricos de comunicação e de enfermagem.

Considerações finais:

há semelhança entre os fatores influentes, no entanto o uso das metodologias ativas parece favorecer o desenvolvimento de habilidades em comunicação.

Descritores:
Comunicação; Educação em Enfermagem; Aptidão; Docentes de Enfermagem; Estudantes de Enfermagem

ABSTRACT

Objective:

to understand, from the perspective of professors, which are the facilities and difficulties in the development of communication skills in nursing undergraduates who experiment different teaching-learning methodologies.

Method:

qualitative research performed with 30 nursing professors from two public education institutions. The data was collected by semi-structured individual interview with guiding questions. We used Bardin's content analysis for the data processing and analysis.

Results:

the development of communication skills is influenced by factors such as the experience of practical activities, students' individual characteristics, use of active methodologies, access to the mass media, relationship of proximity between student and professor, and knowledge of theoretical concepts of communication and nursing.

Final considerations:

there is similarity between the influential factors, however, the use of active methodologies seems to favor the development of communication skills.

Descriptors:
Communication; Education, Nursing; Aptitude; Faculty, Nursing; Students, Nursing

RESUMEN

Objetivo:

comprender, bajo la perspectiva de docentes, cuáles son las facilidades y dificultades en el desarrollo de habilidades comunicativas en estudiantes de enfermería que experimentan diferentes metodologías de enseñanza-aprendizaje.

Método:

investigación cualitativa realizada con 30 docentes enfermeros de dos instituciones públicas de enseñanza. Se realizó la recolección de datos por entrevista semiestructurada individual con cuestiones orientadoras. Para el tratamiento y análisis de los datos, se utilizó el análisis de contenido según Bardin.

Resultados:

el desarrollo de habilidades comunicativas tiene la influencia de factores como la vivencia de las actividades prácticas, características individuales estudiantiles, utilización de metodologías activas, acceso a los medios de comunicación de masa, relación de proximidad entre profesor-alumno y conocimiento de los conceptos teóricos de comunicación y de enfermería.

Consideraciones finales:

hay similitud entre los factores influyentes, sin embargo el uso de las metodologías activas parece favorecer el desarrollo de habilidades en comunicación.

Descriptores:
Comunicación; Educación en Enfermería; Aptitud; Docentes de Enfermería; Estudiantes de Enfermería

INTRODUÇÃO

A enfermagem traz em sua essência o cuidado e, como base de seu trabalho, as relações interpessoais que estabelece com os pacientes, famílias, comunidade e equipe multidisciplinar em saúde.

O cuidado se expressa nos relacionamentos interpessoais e constitui formas de comunicação, pois envolve o contato entre os seres humanos por meio da fala, das expressões faciais e corporais, da audição, do olfato, do toque e do intervir no corpo do outro(11 Silva MJP. Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações interpessoais em saúde. 8. ed. São Paulo: Loyola; 2011.). Sendo assim, a comunicação se encontra presente em todos os momentos de atuação do enfermeiro, constituindo-se como uma das bases da assistência de enfermagem(22 Stefanelli MC, Carvalho EC. A comunicação nos diferentes contextos da enfermagem. 2. ed. Barueri: Manole; 2012.).

Estabelecer relacionamento significativo com o paciente é a principal função da comunicação na assistência, pois é por meio desta que o enfermeiro acolherá o paciente(22 Stefanelli MC, Carvalho EC. A comunicação nos diferentes contextos da enfermagem. 2. ed. Barueri: Manole; 2012.).

Um estudo que considerou a opinião de graduandos em enfermagem sobre as habilidades profissionais necessárias para os enfermeiros demonstrou que a comunicação e o estabelecimento do relacionamento interpessoal efetivo são fundamentais para a atuação de futuros enfermeiros(33 Leal LA, Camelo SHH, Soares MI, Santos FC, Correa R, Chaves LDP. Professional competences for nurses: the view of undergraduate nursing students. Rev Baiana Enferm [Internet]. 2016 [cited 2017 Sep 3]; 30(3):1-12. Available from: https://portalseer.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/16380/pdf_67
https://portalseer.ufba.br/index.php/enf...
).

Portanto, é necessário que o estudante de enfermagem invista no desenvolvimento de habilidades de comunicação para poder estabelecer um plano de cuidados adequado e coerente com as necessidades dos pacientes(11 Silva MJP. Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações interpessoais em saúde. 8. ed. São Paulo: Loyola; 2011.), sabendo o que e de que modo perguntar para investigar as demandas e necessidades, como ouvir de modo ativo e acolhedor e a maneira de orientar, utilizando a clareza e a assertividade.

Como podemos constatar, a habilidade comunicativa é condição fundamental para o fazer do enfermeiro. Considerando que habilidade se constitui em uma série de procedimentos mentais que o indivíduo aciona para resolver uma situação real em que há necessidade de tomar decisões(44 Perrenoud P. 10 novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed; 2000.), seu desenvolvimento e aperfeiçoamento deveriam ocorrer desde o início da formação acadêmica, uma vez que o graduando precisa compreender precocemente a importância da construção do relacionamento interpessoal significativo e do uso adequado da comunicação no contexto do cuidado.

O ensino de comunicação interpessoal em enfermagem tem como premissa básica acompanhar a progressão comunicativa do estudante, concomitantemente ao processo de ensino aprendizagem, e o acompanhamento da construção dessa habilidade é de responsabilidade e competência do docente(55 Braga EM, Silva MJP. How communication experts express communicative competence. Interface [Internet]. 2010 [cited 2017 Sep 1]; 14(34):529-38. Available from: http://www.scielo.br/pdf/icse/v14n34/aop0910.pdf
http://www.scielo.br/pdf/icse/v14n34/aop...
).

Desse modo, a atuação dos docentes torna-se significativa no processo de ensino-aprendizagem de habilidades de comunicação, sendo que comportamentos comunicativos verbais e não verbais do docente podem motivar ou desmotivar a aprendizagem do aluno, ou seja, o modo de agir dos docentes influencia a aprendizagem(55 Braga EM, Silva MJP. How communication experts express communicative competence. Interface [Internet]. 2010 [cited 2017 Sep 1]; 14(34):529-38. Available from: http://www.scielo.br/pdf/icse/v14n34/aop0910.pdf
http://www.scielo.br/pdf/icse/v14n34/aop...
-66 Amorim RKFCC, Silva MJP. Nursing faculty's opinion on effectiveness of non-verbal communication in the classroom. Acta Paul Enferm [Internet]. 2014 [cited 2017 Sep 1]; 27(3):194-9. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ape/v27n3/en_1982-0194-ape-027-003-0194.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ape/v27n3/en_19...
).

OBJETIVO

Compreender, sob a perspectiva dos docentes, quais foram as facilidades e dificuldades no desenvolvimento das habilidades comunicativas de graduandos de enfermagem que vivenciam diferentes metodologias de ensino-aprendizagem.

MÉTODO

Aspectos éticos

Este estudo foi realizado de acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep)(77 Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Diário Oficial da União [Internet]. 2013 [cited 2017 Sep 1]; 12:59 Available from: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf
http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/...
), sendo o projeto submetido inicialmente ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da instituição 1, obtendo aprovação. Em seguida, o projeto de pesquisa também foi submetido ao parecer do CEP da instituição 2, obtendo também aprovação.

Aos indivíduos que, após explicação do estudo pela pesquisadora, concordaram em participar da pesquisa foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em duas vias, sendo uma destinada aos participantes e outra à pesquisadora. A liberdade de participação foi assegurada, bem como o direito do participante de retirar-se a qualquer momento da pesquisa, sem prejuízos ou qualquer constrangimento.

Tipo de estudo

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, pois essa escolha para o desenvolvimento do tema do estudo é capaz de incorporar a questão do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações e às estruturas sociais, sendo estas últimas tomadas tanto no seu advento quanto na sua transformação como construções humanas significativas(88 Minayo MCS, Deslandes SF. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 33. ed. Petrópolis: Vozes; 2013.).

Procedimentos metodológicos

A coleta de dados foi realizada de fevereiro a outubro de 2014 em duas instituições públicas de ensino superior de enfermagem, situadas no interior do estado de São Paulo, Brasil, denominadas “instituição 1” e “instituição 2”.

Cenário do estudo

A instituição 1 foi selecionada por adotar metodologia de ensino tradicional, embora também utilize outros métodos de ensino-aprendizagem, como a apresentação e elaboração de seminários pelos estudantes. A instituição 2 foi selecionada por adotar unicamente metodologias ativas de ensino-aprendizagem.

Na instituição 1, o aluno ingressante cursa durante o primeiro ano do curso as disciplinas pré-profissionalizantes. Estas são ministradas por meio de aulas teóricas e práticas. A partir do segundo ano, iniciam-se as disciplinas profissionalizantes, com atividades teóricas, teórico-práticas e práticas(99 Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Medicina de Botucatu. Conselho de curso de graduação em enfermagem. Projeto político-pedagógico do curso de graduação em enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu: reestruturação. Botucatu: Faculdade de Medicina de Botucatu; 2003.).

A instituição 2, ao utilizar as metodologias ativas de ensino-aprendizagem, opta pela aplicação da aprendizagem baseada em problemas e problematização(1010 Faculdade de Medicina de Marília. Projeto pedagógico do curso de enfermagem 2008. Marília: Faculdade de Medicina de Marília; 2008.).

A aprendizagem baseada em problemas é um método de aprendizagem no qual os estudantes deparam com um problema elaborado por um grupo de profissionais a partir do qual iniciam um processo de investigação que é centrado nos estudantes para definição dos problemas, elaboração de hipóteses para explicá-los, além da exploração dos conhecimentos prévios dos alunos relevantes ao assunto. O elemento chave é a formulação de questões de aprendizagem, que podem ser respondidas por meio da investigação sistemática e autodirigida, sendo essencial o processo de discussão ativa dos estudantes(1010 Faculdade de Medicina de Marília. Projeto pedagógico do curso de enfermagem 2008. Marília: Faculdade de Medicina de Marília; 2008.-1111 Campos LRG, Ribeiro MRR, Depes VBS. Autonomy of nursing undergraduate student in the (re)construction of knowledge mediated by problem-based learning. Rev Bras Enferm [Internet]. 2014 [cited 2017 Sep 3]; 67(5):818-24. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n5/0034-7167-reben-67-05-0818.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n5/003...
).

A problematização é baseada na pedagogia crítica da educação, respaldada nos pressupostos pedagógicos de Paulo Freire. Essa metodologia tem no método dialético a sua base de sustentação, em que a práxis irá direcionar o movimento de aprendizagem, sendo que a relação ação-reflexão-ação transformadora é o eixo básico de orientação da aprendizagem. Assim, a aprendizagem se dá pelo ato de reflexão sobre a prática profissional, em que tanto estudantes quanto professores estão inseridos(1010 Faculdade de Medicina de Marília. Projeto pedagógico do curso de enfermagem 2008. Marília: Faculdade de Medicina de Marília; 2008.).

Fonte de dados

Foram convidados a participar todos os docentes enfermeiros com titulação mínima de doutor de ambas as instituições de ensino, que representam 54 docentes, sendo 24 da instituição 1, e 30 da instituição 2.

Participaram 30 docentes neste estudo, correspondendo a 11 da instituição 1 e 19 da instituição 2, utilizando-se o critério de saturação teórica. Esses foram contatados por e-mail pela pesquisadora, que explicou os objetivos do estudo. A partir da aceitação, as entrevistas foram agendadas.

Coleta e organização dos dados

Para atingir o objetivo proposto, primeiramente foi realizada a caracterização dos participantes por meio do preenchimento pela pesquisadora de um formulário impresso contendo as variáveis de idade, sexo e tempo de formação e de experiência docente. Em seguida, foi realizada uma entrevista semiestruturada individual que continha as seguintes questões norteadoras: 1) Quais são as facilidades que você percebe nas habilidades comunicativas dos alunos de enfermagem? 2) Quais são as dificuldades que você percebe nas habilidades comunicativas dos alunos de enfermagem?

Essas entrevistas foram gravadas em aparelho áudio-digital e tiveram duração média de 30 minutos, sendo posteriormente transcritas respeitando-se a coloquialidade do discurso.

Análise dos dados

Como referencial metodológico utilizou-se a análise de conteúdo proposta por Bardin(1212 Bardin L. Análise de conteúdo. 5. ed. São Paulo: Edições 70; 2011.). Essa metodologia define-se como um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando obter, mediante procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores quantitativos ou não que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens.

São três as etapas que a caracterizam: a pré-análise, a exploração do material, e o tratamento dos resultados. Na pré-análise, fizemos a transcrição das entrevistas na íntegra e uma leitura flutuante dos textos, tomando contato exaustivo com o material(1212 Bardin L. Análise de conteúdo. 5. ed. São Paulo: Edições 70; 2011.).

A seguir, na fase de descrição analítica, fizemos recortes e a escolha das unidades de registro, elegendo-as e codificando-as mediante a convergência com o fenômeno. Dessa forma, classificamos as unidades temáticas com base em um grupo de elementos, um processo chamado categorização semântica(1212 Bardin L. Análise de conteúdo. 5. ed. São Paulo: Edições 70; 2011.).

No tratamento dos resultados, pudemos compreender sob a perspectiva de docentes de enfermagem como ocorre o desenvolvimento de habilidades comunicativas em graduandos de instituições que utilizam diferentes metodologias de ensino-aprendizagem.

Os discursos dos participantes deste estudo serão identificados pelas letras “P”, correspondendo ao participante e seu número, e “I”, indicando a instituição. Por exemplo, “P1, I1” ou “P1, I2”.

RESULTADOS

Em relação à caracterização dos participantes da instituição 1, participaram 11 docentes. Destes, a totalidade era do sexo feminino, com faixa etária prevalente de 50 a 59 anos; tempo de atuação na docência de 20 a 29 anos; e tempo de graduação em enfermagem de 30 a 39 anos.

Da instituição 2, 19 participaram do estudo, sendo todos os docentes também do sexo feminino. A faixa etária prevalente foi de 50 a 59 anos, e tempo de atuação docente de 20 a 29 anos, semelhantes à instituição 1. Já quanto ao tempo de graduação em enfermagem, a prevalência foi de 20 a 29 anos. Portanto, houve participação de 30 docentes neste estudo.

Por tratar-se de uma pesquisa qualitativa, foi priorizado o discurso dos entrevistados como fonte de informação para a análise. Nesse contexto, abaixo estão descritos tema, categorias e resultados encontrados.

Tema – Fatores que influenciam no desenvolvimento de habilidades comunicativas nos graduandos de enfermagem

Categoria 1 – As atividades práticas promovem a aquisição de habilidades comunicativas

Para os docentes, os cenários das atividades práticas é fator essencial e primordial para o desenvolvimento das habilidades comunicativas nos estudantes.

Esse cenário, sob a perspectiva dos entrevistados, torna-se rico, pois possibilita que o estudante realmente exerça sua comunicação, desenvolva autonomia profissional e atitudes para estabelecer vínculo com pacientes, familiares e equipes de saúde.

A prática também proporciona que tanto as fragilidades quanto potencialidades dos alunos se tornem mais transparentes. Ao vivenciar o contexto do ambiente de saúde, o estudante se conhece, bem como reconhece suas possíveis dificuldades, sejam de aprendizagem cognitiva ou nos relacionamentos interpessoais.

A partir das falas dos professores, quanto maior a vivência nos cenários práticos, maior é a probabilidade de os alunos adquirirem autoconfiança para estabelecer relacionamentos interpessoais efetivos nos ambientes de saúde.

Acho que o que ajuda ele adquirir esta habilidade é ele se pôr à prova, fazer, desenvolver alguma atividade em campo de estágio que terá que se comunicar [...] precisa exercer e exercer várias vezes. (P11, I1)

Acredito que essas descobertas, postura, maneira de conversar, a comunicação não verbal, ocorram quando ele está com o paciente ou na prática. A prática é a base de tudo. Na prática é que ele deixará transparente as suas fragilidades. (P23, I2)

Categoria 2 – As características individuais dos estudantes

Os docentes de ambas as instituições de ensino atribuíram, de maneira expressiva, as facilidades e dificuldades dos alunos em se comunicar também às características individuais.

A facilidade ou dificuldade foi conferida principalmente quanto à educação escolar, familiar e estímulo que os estudantes tiveram para a comunicação durante o seu desenvolvimento infantil e adolescente.

O que facilita é o aluno que conseguiu se desenvolver, seja pelo seu próprio perfil ou experiências de vida, isso vem da experiência prévia dele, ou se ele já colocou isso em prática em outros momentos. (P11, I1)

Timidez é uma dificuldade. Os tímidos são os maiores problemas. Eles terão atitudes mais comedidas, dificuldade para se relacionar, de se integrar à equipe...não conseguem se colocar em público, mesmo num grupo pequeno. (P5, I1)

A facilidade mesmo é uma questão muito pessoal. Alguns têm, vêm com isso, e outros, por mais que nós proporcionemos, é difícil para ele se expor, porque é uma questão comportamental [...] mas eu acho que é uma habilidade que tem que ser desenvolvida. Poucos têm isso naturalmente. (P16, I2)

Outra dificuldade é aquele que não consegue encontrar espaço para falar [...] ele estudou, mas não consegue se expor. (P12, I2)

Categoria 3 – A utilização de metodologias ativas de ensino-aprendizagem

A utilização de metodologias ativas de ensino-aprendizagem é um fator que proporciona o desenvolvimento de habilidades comunicativas nos estudantes, sob a perspectiva dos docentes da instituição 2.

Os participantes afirmaram que os fatores que mereceram amplo destaque no desenvolvimento de habilidades comunicativas que fazem parte das metodologias ativas são: a aprendizagem baseada em problemas, a problematização, a organização do processo de ensino-aprendizagem em pequenos grupos e o cenário de simulação das vivências reais nos ambientes de saúde.

Para os docentes da instituição 2, tanto a aprendizagem baseada em problemas quanto a problematização, favorecem que os estudantes se expressem verbalmente. Estes são processos de ensino-aprendizagem centrados nos estudantes, e não nos professores. Nessas metodologias, os estudantes devem expor verbalmente os seus conhecimentos prévios e novos com os colegas de grupo, fazendo parte do pressuposto metodológico dos métodos ativos a participação conjunta de todos os membros do grupo para a construção do conhecimento coletivo.

Os docentes apontaram que um dos aspectos positivos do uso da metodologia da problematização para o desenvolvimento das habilidades comunicativas é que ela possibilita que os estudantes expressem verbalmente as suas vivências e observações da realidade, discutindo-as coletivamente em pequenos grupos, pois o processo de ensino-aprendizagem nessa metodologia parte das vivências e necessidades de aprendizagem sentidas pelos alunos.

A forma de organização do processo de ensino-aprendizagem apenas em pequenos grupos, que ocorre na instituição 2, foi amplamente expressa como fator que propicia o desenvolvimento das habilidades de comunicação. Segundo os educadores, ela favorece a construção de vínculo professor-aluno, entre aluno e aluno, e assim os estudantes se sentem mais à vontade para expressar suas ideias, pensamentos, angústias, facilidades e dificuldades de aprendizagem e de comunicação.

Esses professores explanaram que conseguem detectar claramente nos pequenos grupos os estudantes que apresentam dificuldades comunicativas, de se expressar verbalmente ou que apresentam um comportamento inadequado, como ausência de postura profissional, dificuldades para interpretar textos e para expressar o que foi compreendido do estudo, e quando a comunicação não verbal não é coerente com a verbal.

Outro aspecto em relação aos pequenos grupos foi que essa forma de organização da aprendizagem possibilita que identifiquem os estudantes que apresentam facilidades comunicativas sob o ponto de vista de expressão verbal. Para esses docentes, os estudantes que apresentam essa facilidade precisam ser adaptados ao contexto tanto quanto aqueles que não a apresentam. Enfatizaram que o funcionamento efetivo dos grupos, sob o ponto de vista pedagógico, só ocorre quando todos os estudantes, sem exceção, expressam seus pensamentos, compreensão dos temas estudados e, sobretudo, quando aprendem a ouvir os demais.

O cenário de simulação também foi considerado uma fortaleza para trabalhar essas habilidades. Isso, ao ser oportunizado aos alunos de enfermagem já no primeiro ano do curso, permite que os docentes identifiquem precocemente as dificuldades dos estudantes, sejam de ordem cognitiva ou afetiva. A partir disto, os docentes elaboram estratégias conjuntamente com os estudantes, para superação das dificuldades e construção de habilidades, além de ser um exercício para a prática de comunicação nos ambientes de saúde.

Ao realizar as situações simuladas de atendimento aos pacientes, os docentes expressaram que o próprio estudante consegue se conhecer melhor, ou seja, as fragilidades e potencialidades ficam mais claras para o estudante, pois ele está exercitando suas habilidades em um cenário protegido. Isso também possibilita que os alunos aceitem de maneira mais tranquila as avaliações formativas que são feitas.

Isso faz parte da aprendizagem baseada em problemas [...] todo aluno tem que expor o seu conhecimento [...] ele aprende aos poucos como falar no momento certo, esperar o outro, e não só uma pessoa falar, mas que todos falem. (P16, I2)

A problematização possibilita que o estudante possa expressar mais as suas vivências nas discussões em grupos, porque o ensino parte daquilo que ele vivencia. Seja por meio de uma narrativa escrita ou de um relato oral. (P28, I2)

No cenário de simulação, de alguma forma, esse ator simulado proporciona que o aluno fale [...] e a fragilidade dele fica mais exposta. Com isso, fica mais fácil ser trabalhado, porque é feito o diagnóstico logo no início do curso. (P17, I2)

Nos pequenos grupos, o aluno sente algumas características, como timidez, dificuldade de se colocar em público [...] quando você está em uma sala grande, no modelo tradicional, você não consegue, você irá identificar o não verbal de algo muito aberrante. (P27, I2)

Em seus discursos, os docentes da instituição 1 não mencionaram utilizar os métodos ativos de ensino-aprendizagem, confirmando o ensino tradicional como predominante no curso.

Categoria 4 – A interferência do acesso aos meios de comunicação de massa

Outro fator que interfere no desenvolvimento dessas habilidades é o acesso aos meios de comunicação de massa, sobretudo a internet.

Os entrevistados afirmaram que o acesso à internet é algo positivo, pois os alunos acabam tendo acesso ao conhecimento por outra fonte, não se restringindo apenas aos livros.

No entanto, os docentes destacaram e fizeram uma crítica ao uso exacerbado das mídias sociais pelos estudantes, como as redes sociais e de compartilhamento de fotos e vídeos como: “facebook”, “instagram” e “youtube, que são utilizadas em sala de aula, principalmente pelo acesso aos celulares, nos momentos destinados à aprendizagem.

É importante ressaltar que o uso de celulares pelos alunos nos momentos destinados ao processo de ensino-aprendizagem foi verbalizado apenas pelos professores da instituição 1, não sendo mencionado pelos professores da instituição 2.

Cabe ressaltar que os educadores de ambas as instituições de ensino pontuaram quanto esse acesso exacerbado às mídias sociais pode interferir nos relacionamentos interpessoais na área da saúde. Estes notam que os alunos estão se comunicando e optando por, cada vez mais, interagir por meio da internet. Este evento pode prejudicar as interações face a face, já que, para demonstrarem habilidade em comunicação e estabelecer bom relacionamento interpessoal, os estudantes precisam também ser sensíveis à percepção e codificação correta dos sinais da comunicação não verbal, que fica prejudicada com a comunicação pela internet.

O aluno está ali, mas está ligado em outras coisas, como o celular, por exemplo. (P2, I1)

A internet dificultou os estudantes se comunicarem [...] eles se comunicam muito só através da escrita. (P23, I2)

Categoria 5 – A relação de proximidade dos docentes com os alunos

Sob a ótica dos entrevistados, quanto maior a relação de proximidade professor-aluno, maior é a percepção das fragilidades e potencialidades de comunicação dos educandos. A proximidade permite, na visão dos educadores, conhecer e compreender melhor as individualidades e, com isso, há maior possibilidade de o professor auxiliar na superação das fragilidades.

Os docentes da instituição 1 enfatizaram que é no cenário da prática profissional, quando os grupos de alunos são menores, que eles estabelecem maior relação de proximidade com os estudantes, ressaltando que quanto menor o grupo de alunos sob sua supervisão, maior é a proximidade e, consequentemente, a percepção das habilidades.

Já os participantes da instituição 2 atribuíram e valorizaram a maior proximidade que têm com os alunos, decorrente da organização do processo de ensino-aprendizagem em pequenos grupos, comparando-a à vivência do modelo de ensino tradicional de anos atrás que, segundo eles, proporcionava menor proximidade entre professor e aluno.

Eu consigo perceber mais a habilidade comunicativa na prática, até porque eu estou mais próxima, com menos alunos. Quando eu estou em uma sala com 30, 35 alunos fica mais difícil perceber essa habilidade. (P11, I1)

A proximidade é muito maior agora com esta metodologia. Nós percebemos coisas que antes em um grupo com 40 estudantes nós não conseguíamos perceber... um estudante entristecido, que tinha dificuldade no aprendizado, outro que tinha mais facilidade. Tudo era muito individualista. (P22, I2)

Categoria 6 – O conhecimento dos conceitos teóricos de comunicação e de enfermagem

Os entrevistados da instituição 1 verbalizaram que percebem que os alunos que possuem embasamento teórico sobre comunicação conseguem estabelecer relacionamentos mais efetivos nos ambientes de saúde.

Na perspectiva dos da instituição 2, um fator que viabiliza a participação dos estudantes nas discussões de pequenos grupos e confere credibilidade para se relacionar nos ambientes de saúde é quando eles estão fortalecidos sob o ponto de vista cognitivo, ou seja, possuem embasamento teórico, viabilizado pela busca de informações. Isso, para os docentes, oportuniza o desenvolvimento de habilidades comunicativas, pois os alunos tornam-se confiantes para se expressar verbalmente.

Como eles têm a disciplina de relacionamento enfermeiro-paciente, ele sabe, ele procura se comunicar melhor com o usuário, com o paciente no campo de estágio. (P1, I1)

Fica muito mais fácil para o aluno falar quando ele tem conteúdo [...] eu percebo que ele tem mais facilidade para expor a sua ideia, quando ele estudou. Quando ele não tem conteúdo, não estuda, a inserção na discussão do grupo é muito difícil. (P16, I2)

DISCUSSÃO

Estudo brasileiro aponta que a inserção nos cenários de prática facilita o processo de ensino-aprendizagem, pois os estudantes consideram a interlocução entre teoria e prática profissional como a forma mais significativa de aprendizagem, sendo fundamental que eles visualizem a aplicabilidade do que é ensinado em sala de aula para maior compreensão do processo de cuidado(1313 Canever BP, Prado ML, Backes VMS, Gomes DC. Production of knowledge about the training of nurses in Latin America. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2012 [cited 2017 Sep 3]; 33(4):211-20. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v33n4/en_26.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v33n4/en_...
).

Um estudo que analisou a opinião de discentes de enfermagem sobre o processo comunicacional nos ambientes de saúde constatou que a potencialidade ou fragilidade para se comunicar está relacionada com a sua personalidade. Ou seja, há estudantes que estão cursando o início do curso e apresentam facilidade, e outros que estão no término do curso e ainda sentem dificuldade, demonstrando que a comunicação também está relacionada com o modo de ser das pessoas(1414 Oliveira KRE, Braga EM. The development of communication skills and the teacher's performance in the nursing student's perspective. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2016[cited 2017 Sep 3];50(Spec No):31-7. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v50nspe/0080-6234-reeusp-50-esp-0032.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v50nspe/...
).

Em relação aos métodos ativos de aprendizagem, há um estudo que avaliou a utilização da aprendizagem baseada em problemas em pequenos grupos, sob a perspectiva de enfermeiras egressas, apontando que essa forma de organização representa um contexto favorável para trabalhar aspectos difíceis que os alunos possam ter em relação à comunicação, e melhorá-las antes que o estudante seja colocado em contato com os pacientes, familiares e equipes de saúde, corroborando os achados de nosso estudo(1515 Giribet MC, Moya JLM. Strengths and weaknesses of Problem Based Learning from the professional perspective of registered nurses. Rev Latino-Am Enfermagem[Internet]. 2014 [cited 2017 Sep 3]; 22(5):724-30. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v22n5/0104-1169-rlae-22-05-00724.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v22n5/0104...
).

Além disso, pesquisadores afirmam que na aprendizagem baseada em problemas os discentes realizam as próprias buscas do conhecimento em diversas fontes a partir das suas necessidades, e isso favorece a elaboração satisfatória dos conhecimentos e de desenvolvimento pessoal do estudante(1616 Luna WH, Bernardes JS. Tutorial groups as a strategy for meaningful learning among medical students. Rev Bras Educ Med [Internet]. 2016 [cited 2017 Sep 3]; 40(4):653-62. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbem/v40n4/1981-5271-rbem-40-4-0653.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbem/v40n4/1981...
).

Na pedagogia da problematização, realizam-se ciclos pedagógicos que são embasados nas discussões sobre as vivências e experiências da prática profissional significantes na vida do estudante, corroborando os achados do nosso estudo(1717 Costa MCG, Tonhom SFR, Fleur LN. Teaching and learning professional practice: medical students' perspective. Rev Bras Educ Med [Internet]. 2016 [cited 2018 Mar 27]; 40(2):245-53. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbem/v40n2/1981-5271-rbem-40-2-0245.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbem/v40n2/1981...
).

Essas discussões se dão por meio do diálogo, no qual os discentes devem ser ativos e vistos como iguais. Portanto, observamos que é um método de ensino que oportuniza o desenvolvimento das habilidades comunicativas, visto que é necessária a discussão ativa entre os estudantes(1717 Costa MCG, Tonhom SFR, Fleur LN. Teaching and learning professional practice: medical students' perspective. Rev Bras Educ Med [Internet]. 2016 [cited 2018 Mar 27]; 40(2):245-53. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbem/v40n2/1981-5271-rbem-40-2-0245.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbem/v40n2/1981...
).

Já as atividades práticas simuladoras oferecem oportunidades para o aluno desenvolver a confiança para se comunicar, e ressalta-se que apenas compartilhar as teorias de comunicação não é suficiente para a aprendizagem, sendo essencial a aplicação física da teoria. Os autores ainda afirmam que essa estratégia de ensino pode proporcionar uma abordagem pedagógica eficaz para o processo de ensino-aprendizagem de habilidades de comunicação(1818 Middlewick Y, Kettle TJ, Wilson JJ. Curtains up! Using forum theatre to rehearse the art of communication in healthcare education. Nurse Educ Pract [Internet]. 2012 [cited 2018 Mar 27]; 12(3):139-42. Available from: https://doi.org/10.1016/j.nepr.2011.10.010
https://doi.org/10.1016/j.nepr.2011.10.0...
).

Outro estudo demonstra que a realização de procedimentos e encenações de atendimento ao paciente em ambiente simulado pelos alunos instiga o aprendizado, e que são bem aceitos pelos estudantes, que se sentem valorizados, motivados e ativos no processo de ensino-aprendizagem(1919 Cogo ALP, Dal Pai D, Aliti GB, Hoefel HK, Azzolin KO, Busin L, et al. Case studies and role play: learning strategies in nursing. Rev Bras Enferm [Internet]. 2016 [cited 2017 Sep 3]; 69(6):1163-7. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v69n6/en_0034-7167-reben-69-06-1231.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v69n6/en_...
).

Uma pesquisa aponta que a aprendizagem em grupo é fundamental, uma vez que dá a oportunidade de os alunos desenvolverem habilidades necessárias para as futuras práticas colaborativas em sua profissão, além da habilidade de resolução de problemas e conflitos(2020 Forehand JW, Leigh KH, Farrell RG, Spurlock AY. Social dynamics in group work. Teach Learn Nurs [Internet]. 2016 [cited 2017 Dec 20]; 11(2):62-6. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1557308715000955
https://www.sciencedirect.com/science/ar...
).

Quanto ao acesso aos meios de comunicação de massa, 96% de uma amostra de 271 estudantes de enfermagem afirmaram ter acesso à internet, 85% alguma experiência ou conhecimento em informática, e 62,4% gostariam de utilizar o computador como ferramenta de apoio à aprendizagem, pois acreditam que o seu uso pode oferecer maior dinamismo e complementar as aulas teóricas(2121 Leite KNS, Santos RS, Andrade SSC, Zaccara AAL, Costa TF. The internet and its influence in learning-teaching process of nursing students. Rev Enferm UERJ [Internet]. 2013 [cited 2017 Dec 20]; 21(4):464-70. Available from: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/10006
http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.p...
).

Nosso estudo também encontra concordância com a literatura que afirma que as atividades realizadas em estágios permitem maior aproximação entre professor e aluno, quando comparadas às aulas teóricas, sendo essa relação positiva, pois permite que o docente consiga compreender melhor seus educandos(2222 Guedes GF, Ohara CVS, Silva GTR. Intensive care unit: a significant space for the professor-student relationship. Acta Paul Enferm [Internet]. 2012 [cited 2017 Sep 3]; 25(2):146-50. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ape/v25nspe2/23.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ape/v25nspe2/23...
).

Além disto, autores apontam que as atividades desenvolvidas no cotidiano dos estágios curriculares são mais desafiadoras para a relação pedagógica entre professores e alunos, uma vez que as demandas nascem de necessidades reais e concretas, cabendo aos docentes promover a reflexão sobre as necessidades dos pacientes(2323 Lima MM, Reibnitz KS, Kloh D, Vendruscolo C, Corrêa AB. Dialogue: network that intertwines the pedagogical relationship into the practical-reflective teaching. Rev Bras Enferm [Internet]. 2016 [cited 2017 Dec 19]; 69(4):654-61. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v69n4/0034-7167-reben-69-04-0654.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v69n4/003...
).

A comunicação deve ser vista como um corpo de conhecimento que permeia todo o exercício da enfermagem, portanto o conhecimento sobre comunicação em saúde torna-se imprescindível para o cuidado e para demais áreas da enfermagem(22 Stefanelli MC, Carvalho EC. A comunicação nos diferentes contextos da enfermagem. 2. ed. Barueri: Manole; 2012.).

Estudantes de enfermagem afirmaram em um estudo o quão importante é ter conhecimentos prévios de enfermagem para se relacionar com os pacientes. Dizem que, quando não possuem conhecimentos teóricos prévios, sentem-se inseguros nas interações com os pacientes(1414 Oliveira KRE, Braga EM. The development of communication skills and the teacher's performance in the nursing student's perspective. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2016[cited 2017 Sep 3];50(Spec No):31-7. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v50nspe/0080-6234-reeusp-50-esp-0032.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v50nspe/...
).

Limitações do estudo

As limitações do estudo encontram-se no número restrito de pesquisas relacionadas à temática de desenvolvimento de habilidades de comunicação no ensino superior.

Contribuições para a área da saúde e da enfermagem

Este estudo traz contribuições para o ensino de enfermagem na medida em que possibilita identificar potencialidades e fragilidades para o desenvolvimento de habilidades comunicativas em futuros enfermeiros, direcionando para o aprimoramento do processo de ensino-aprendizagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao buscarmos compreender como ocorre o desenvolvimento de habilidades comunicativas pelo estudante de enfermagem, constatamos que este tem a influência de diversos fatores como: a vivência das atividades práticas, suas características individuais, o acesso aos meios de comunicação de massa, a relação de proximidade estabelecida com o professor e o conhecimento dos conceitos teóricos de comunicação e de enfermagem. Esses fatores, sob a perspectiva dos docentes, influenciam independentemente da metodologia de ensino utilizada.

No entanto, ressaltamos que a utilização de metodologias ativas foi expressamente proferida pelos docentes da instituição 2 como método de ensino que fortalece e favorece o processo comunicativo e, consequentemente, o desenvolvimento de habilidades de comunicação. Por meio da utilização da aprendizagem baseada em problemas e problematização, do processo de ensino-aprendizagem organizado em pequenos grupos e do cenário de simulação das vivências reais em ambientes de saúde, esse método possibilita que o estudante tenha maiores oportunidades e probabilidade de desenvolver tais habilidades efetivamente.

Para os docentes da instituição 1, uma das fortalezas encontradas no ensino que favorecem o desenvolvimento dessas habilidades é a vivência na atividade prática. Esta confere a possibilidade de formação de grupos menores de estudantes, que propiciam maior proximidade entre professores e alunos. Além disto, há o reconhecimento do oferecimento de três disciplinas com o enfoque no relacionamento entre enfermeiros e pacientes, demonstrando que esse método de ensino também inclui estratégias para o desenvolvimento de habilidades comunicativas.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Oct 2018

Histórico

  • Recebido
    22 Out 2017
  • Aceito
    17 Maio 2018
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