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VERSÃO BRASILEIRA DO INVENTÁRIO GERAL DE ESTILOS DE TOMADA DE DECISÃO - GDMS: TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO E VALIDAÇÃO1 1 Recebido em 29/5/2022, aceito em 5/4/2023.

BRAZILIAN VERSION OF THE GENERAL DECISION-MAKING STYLE INVENTORY - GDMS: TRANSLATION, ADAPTATION AND VALIDATION

VERSIÓN BRASILEÑA DEL INVENTARIO GENERAL DE ESTILOS DE TOMA DE DECISIONES - GDMS: TRADUCCIÓN, ADAPTACIÓN Y VALIDACIÓN

RESUMO

Os indivíduos tomam decisões a todo momento, de caráter simples ou complexo, de forma rápida ou demorada, da pequena ou grande disponibilidade de informações, de natureza única ou constante, entre outros aspectos. Buscando compreender a lógica de desenvolvimento do processo de decisão das pessoas, diversos modelos foram propostos por estudiosos. O presente estudo objetiva realizar a tradução, adaptação transcultural e validação para o contexto brasileiro do Inventário Geral de Estilos de Tomada de Decisão - GDMS. Para tanto, o instrumento passou por seis etapas de tradução e adaptação e, em seguida, após a realização do pré-teste, a versão final do instrumento foi aplicada em um estudo piloto com uma amostra de 250 indivíduos. A partir dos dados encontrados, procedeu-se à análise fatorial exploratória, visando validar a versão final do questionário. Por fim, concluiu-se que o modelo proposto neste estudo se demonstrou adequado à investigação do construto estilos de tomada de decisão individual, apresentando validade e índices de confiabilidade apropriados. A referida escala pode ser ainda utilizada em novas pesquisas na área de Administração e afins, ampliando o conhecimento sobre o tema.

Palavras-chave:
Estilos de Tomada de Decisão; Decisão; Tradução; Adaptação Transcultural; Validação

ABSTRACT

Individuals always make decisions, whether simple or complex, fast or slowly, depending on the small or large availability of information, of a unique or constant nature, among other aspects. Seeking to understand the logic behind people's decision-making process, several models have been proposed by scholars. The present study aims to carry out the translation, cross-cultural adaptation, and validation for the Brazilian context of the General Decision-Making Styles Inventory - GDMS. To this end, the instrument underwent six stages of translation and adaptation. Then, after carrying out the pre-test, the final version of the instrument was applied in a pilot study with a sample of 250 individuals. Thus, based on the data found, an exploratory factor analysis was carried out, to validate the final version of the questionnaire. Finally, it was concluded that the model proposed in this study proved to be adequate for the investigation of the construct individual decision-making styles, presenting appropriate validity and reliability indices. This scale can also be used in new research in Administration and the like, expanding the knowledge on the subject.

Keywords:
Decision-Making Styles; Decision; Translation; Cross-Cultural Adaptation; Validation

RESUMEN

Los individuos toman decisiones en todo momento, ya sean simples o complejas, rápidas o lentas, dependiendo de la pequeña o gran disponibilidad de información, de carácter único o constante, entre otros aspectos. Buscando comprender la lógica detrás del proceso de toma de decisiones de las personas, los académicos han propuesto varios modelos. El presente estudio tiene como objetivo realizar la traducción, adaptación transcultural y validación para el contexto brasileño del Inventario General de Estilos de Toma de Decisiones - GDMS. Para eso, el instrumento pasó por seis etapas de traducción y adaptación. Luego, después de realizar el pre-test, se aplicó la versión final del instrumento en un estudio piloto con una muestra de 250 individuos. Así, a partir de los datos encontrados, se realizó un análisis factorial exploratorio, con el fin de validar la versión final del cuestionario. Finalmente, se concluyó que el modelo propuesto en este estudio se mostró adecuado para la investigación del constructo estilos individuales de toma de decisiones, presentando índices de validez y confiabilidad adecuados. Esta escala también puede ser utilizada en nuevas investigaciones en el área de Administración y afines, ampliando los conocimientos sobre el tema.

Palabras clave:
Estilos de Toma de Decisiones; Decisión; Traducción; Adaptación Intercultural; Validación

INTRODUÇÃO

Cotidianamente, indivíduos se arrependem de escolhas na carreira ou vida amorosa, reavaliam opções antes de decidir por investimentos financeiros, evitam situações complicadas e difíceis, postergam decisões importantes, variam no número de informações adquiridas para chegar a uma escolha e buscam decisões consensuais e opiniões dos outros (DIAS; BISPO, 2022DIAS, F. A.; BISPO, O. N. A influência do perfil comportamental na tomada de decisões em finanças pessoais e investimentos. XLVI Encontro da ANPAD, Anais, 2022. http://anpad.com.br/uploads/articles/120/approved/5cc3749a6e56ef6d656735dff9176074.pdf
http://anpad.com.br/uploads/articles/120...
; KIM et al., 2023KIM, N. Y. J. et al. You Must Have a Preference: The Impact of No-Preference Communication on Joint Decision Making. Journal of Marketing Research, v. 60, n. 1, p. 52-71, 2023. https://doi.org/10.1177/00222437221107593
https://doi.org/10.1177/0022243722110759...
). Nesse sentido, surgem questionamentos quanto ao motivo das pessoas tomarem decisões de maneiras diferentes (GATI; KULCSÁR, 2021GATI, I.; KULCSÁR, V. Making better career decisions: From challenges to opportunities. Journal of Vocational Behavior, v. 126, p. 103545, 2021. https://doi.org/10.1016/j.jvb.2021.103545
https://doi.org/10.1016/j.jvb.2021.10354...
), o que pode levar a resultados distintos.

As pesquisas em tomada de decisão focam em diversos aspectos inerentes a esta atividade ubíqua. Parte delas busca compreender a tarefa de decisão e a situação de decisão, enquanto outros esforços concentram-se nas características do tomador de decisão, que afetam o processo de tomada de decisão bem como os seus resultados. Há ainda aquelas que focam na interação entre a tarefa e aspectos cognitivos e psicológicos dos indivíduos (FERREIRA et al., 2022FERREIRA, J. K. F. de S. et al. Uma Investigação sobre a Ocorrência dos Efeitos Certeza, Reflexão e Isolamento na Tomada de Decisão Envolvendo Risco. Revista Ciências Administrativas, v. 28, p. e11546-e11546, 2022. https://doi.org/10.5020/2318-0722.2022.28.e11546
https://doi.org/10.5020/2318-0722.2022.2...
; ZUSCHKE, 2023ZUSCHKE, N. Order in multi‐attribute product choice decisions: Evidence from discrete choice experiments combined with eye tracking. Journal of Behavioral Decision Making, p. e2320, 2023. https://doi.org/10.1002/bdm.2320
https://doi.org/10.1002/bdm.2320...
).

Tomado como um subcomponente dos estilos cognitivos (KOZHEVNIKOV, 2007KOZHEVNIKOV, M. Cognitive styles in the context of modern psychology: Toward an integrated framework of cognitive style. Psychological bulletin, v. 133, n. 3, p. 464, 2007. https://doi.org/10.1037/0033-2909.133.3.464
https://doi.org/10.1037/0033-2909.133.3....
), o estilo de tomada de decisão refere-se à forma usual de um indivíduo interpretar, reagir e responder às tarefas de tomada de decisão (HARREN, 1979HARREN, V. A. A model of career decision making for college students. Journal of vocational behavior, v. 14, n. 2, p. 119-133, 1979. https://doi.org/10.1016/0001-8791(79)90065-4
https://doi.org/10.1016/0001-8791(79)900...
). Diversos instrumentos foram construídos com o intuito de identificar essas diferenças individuais na tomada de decisão (HARREN, 1979; PHILLIPS; PAZIENZA; FERRIN, 1984PHILLIPS, S. D.; PAZIENZA, N. J.; FERRIN, H. H. Decision-making styles and problem-solving appraisal. Journal of Counseling Psychology, v. 31, n. 4, p. 497, 1984. https://doi.org/10.1037/0022-0167.31.4.497
https://doi.org/10.1037/0022-0167.31.4.4...
; ROWE; MASON, 1987ROWE, A. J.; MASON, R. O. Managing with style: a guide to understanding, assessing, and improving decision making. Jossey-Bass, 1987.; MANN; HARMONI; POWER, 1989MANN, L.; HARMONI, R.; POWER, C. Adolescent decision-making: the development of competence. Journal of adolescence, v. 12, n. 3, p. 265-278, 1989. https://doi.org/10.1016/0140-1971(89)90077-8
https://doi.org/10.1016/0140-1971(89)900...
). Exemplos de instrumentos mais recentes incluem o Decision Styles Questionnaire, desenvolvido por Leykin e DeRubeis (2010LEYKIN, Y.; DERUBEIS, R. J. Decision-making styles and depressive symptomatology: Development of the Decision Styles Questionnaire. Judgment and Decision making, v. 5, n. 7, p. 506, 2010. http://www.sjdm.org/~baron/journal/10/10119/jdm10119.pdf
http://www.sjdm.org/~baron/journal/10/10...
), e o Maximization Inventory, proposto por Turner et al. (2012TURNER, B. M. et al. The maximization inventory. Judgment and Decision Making, v. 7, n. 1, p. 48-60, 2012. https://escholarship.org/uc/item/0x88z0wt
https://escholarship.org/uc/item/0x88z0w...
).

Enquanto alguns autores tratam o estilo de decisão como uma característica individual e estável que influencia o processo de tomada de decisão (HARREN, 1979HARREN, V. A. A model of career decision making for college students. Journal of vocational behavior, v. 14, n. 2, p. 119-133, 1979. https://doi.org/10.1016/0001-8791(79)90065-4
https://doi.org/10.1016/0001-8791(79)900...
), outros o compreendem como um padrão de comportamento aprendido, traduzido no hábito de reagir de determinada maneira em situações específicas, não constituindo-se um traço de personalidade (SCOTT; BRUCE, 1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
https://doi.org/10.1177/0013164495055005...
).

Sob essa última ótica, Scott e Bruce (1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
https://doi.org/10.1177/0013164495055005...
) propuseram o Inventário Geral de Estilos de Tomada de Decisão, traduzido do original General Decision-Making Style Inventory - GDMS, em uma tentativa de integrar trabalhos anteriores sobre os estilos de tomada de decisão. O modelo GDMS é constituído de 25 itens e avalia como os indivíduos respondem às decisões a partir de cinco estilos: racional, intuitivo, dependente, procrastinador e espontâneo. Destaca-se que o GDMS foi validado pelos autores em dois momentos, com oficiais militares e, posteriormente, com estudantes.

Os cinco estilos são independentes, mas não mutuamente exclusivos, ou seja, frente às situações importantes as pessoas podem combinar mais de um estilo de tomada de decisão (SCOTT; BRUCE, 1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
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). As diferenças entre os estilos residem na relação entre os aspectos objetivos da tarefa e os aspectos cognitivos do indivíduo, como o número de alternativas consideradas e quantidade de informações usadas (DRIVER; BROUSSEAU; HUNSAKER, 1998DRIVER, M. J.; BROUSSEAU, K. R.; HUNSAKER, P. L. The dynamic decision maker: Five decision styles for executive and business success. IUniverse, 1998.).

Nesse sentido, a partir do questionamento norteador de quais são os estilos adotados pelos indivíduos diante da tomada de decisão, este estudo teve como objetivo a tradução, a adaptação transcultural e a validação para o contexto brasileiro do GDMS, proposto originalmente por Scott e Bruce (1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
https://doi.org/10.1177/0013164495055005...
). Assim, justifica-se esse estudo pela importância de mensurações robustas em contextos distintos quanto às diferenças individuais na tomada de decisão. No Brasil, instrumentos para mensuração dos estilos de decisão ainda são escassos (MOUTA et al., 2021MOUTA, G. S. et al. Cross-cultural adaptation, and factor structure of the decision styles scale for Brazil. Current Research in Behavioral Sciences, v. 2, p. 100039, 2021. https://doi.org/10.1016/j.crbeha.2021.100039
https://doi.org/10.1016/j.crbeha.2021.10...
), embora já tenham sido validados o Questionário de Tomada de Decisão de Melbourne (COTRENA; BRANCO; FONSECA, 2018COTRENA, C.; BRANCO, L. D.; FONSECA, R. P. Adaptação e validação do Melbourne Decision Making Questionnaire em português brasileiro. Trends in Psychiatry and Psychotherapy, v. 40, n. 1, p. 29-37, 2018. https://doi.org/10.1590/2237-6089-2017-0062
https://doi.org/10.1590/2237-6089-2017-0...
), o Inventário de Estilos de Tomada de Decisão (LÖBLER et al., 2019LÖBLER, M. L. et al. Inventário de estilos de tomada de decisão: validação de instrumento no contexto brasileiro. Revista de Administração da UNIMEP, v. 17, n. 1, 2019. http://www.raunimep.com.br/ojs/index.php/regen/editor/submissionEditing/1167
http://www.raunimep.com.br/ojs/index.php...
) e a Escala de Estilos de Decisão (MOUTA et al., 2021).

Com relação à validação do GDMS já realizada por Löbler et al. (2019LÖBLER, M. L. et al. Inventário de estilos de tomada de decisão: validação de instrumento no contexto brasileiro. Revista de Administração da UNIMEP, v. 17, n. 1, 2019. http://www.raunimep.com.br/ojs/index.php/regen/editor/submissionEditing/1167
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), o presente estudo avança ao utilizar o protocolo de tradução e adaptação transcultural proposto por Beaton et al. (2000BEATON, D. E. et al. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine, v. 5, n. 24, p. 3186-3191, 2000. 10.1097/00007632-200012150-00014), o que, acredita-se, pode resultar em uma versão traduzida com maior validade de conteúdo. A escolha pelo GDMS deve-se ao fato de o instrumento ser considerado o mais abrangente, validado e amplamente utilizado para além do contexto nacional (FISCHER; SOYEZ; GURTNER, 2015FISCHER, S.; SOYEZ, K.; GURTNER, S. Adapting Scott and Bruce’s general decision-making style inventory to patient decision making in provider choice. Medical Decision Making, v. 35, n. 4, p. 525-532, 2015. https://doi.org/10.1177%2F0272989X15575518
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). Pesquisas anteriores, com objetivos semelhantes a esta, relatam resultados consistentes em validações com gerentes na Índia (VERMA; RANGNEKAR, 2015VERMA, N.; RANGNEKAR, S. General decision making style: evidence from India. South Asian Journal of Global Business Research, 2015. https://doi.org/10.1108/SAJGBR-09-2013-0073
https://doi.org/10.1108/SAJGBR-09-2013-0...
), adolescentes na Itália (BAIOCCO; LAGHI; D’ALESSIO, 2009BAIOCCO, R.; LAGHI, F.; D'ALESSIO, M. Decision-making style among adolescents: Relationship with sensation seeking and locus of control. Journal of adolescence, v. 32, n. 4, p. 963-976, 2009. https://doi.org/10.1016/j.adolescence.2008.08.003
https://doi.org/10.1016/j.adolescence.20...
), pacientes em tratamento médico na Alemanha (FISCHER; SOYEZ; GURTNER, 2015) e graduandos em negócios no Reino Unido (SPICER; SADLER-SMITH, 2005SPICER, D. P.; SADLER‐SMITH, E. An examination of the general decision making style questionnaire in two UK samples. Journal of Managerial Psychology, 2005. https://doi.org/10.1108/02683940510579777
https://doi.org/10.1108/0268394051057977...
).

Para a apresentação deste estudo, a primeira seção aprofunda na compreensão dos estilos de tomada de decisão. Em seguida, são descritas as diretrizes metodológicas utilizadas para alcançar o objetivo traçado para o estudo. Posteriormente, são analisados e discutidos os resultados no que tange à tradução e adaptação transcultural do instrumento, bem como o procedimento de validação do GDMS. Por fim, são destacados os principais resultados, conclusões e sugestões para pesquisas futuras.

1 ESTILOS DE TOMADA DE DECISÃO

A tomada de decisão é uma prática inerente a todos os indivíduos, de modo que o assunto vem sendo estudado desde meados do século XVIII (EDWARDS, 1954EDWARDS, W. The theory of decision making. Psychological Bulletin, v. 51, n. 4, p. 380-417, 1954. https://psycnet.apa.org/doi/10.1037/h0053870
https://psycnet.apa.org/doi/10.1037/h005...
) e apresenta, desde então, interesse de muitos pesquisadores. O entendimento sobre a tomada de decisão evoluiu de acordo com o conhecimento acerca da racionalidade humana (LEHNHART, 2016LEHNHART, E. R. Tomada de decisão em contextos específicos: uma análise das relações entre os métodos multicritérios de apoio à decisão e as estratégias de decisão humana. 2016. 267f. Tese (Doutorado em Administração) - UFSM. Santa Maria, 2016. https://repositorio.ufsm.br/handle/1/3145
https://repositorio.ufsm.br/handle/1/314...
). A teoria criada por Simon (1955SIMON, H. A. A behavioral model of rational choice. Quarterly Journal of Economics. v. 69, p. 99-118, 1955. https://doi.org/10.2307/1884852
https://doi.org/10.2307/1884852...
) tornou-se premissa para a compreensão sobre o comportamento de escolha nas decisões. Para Simon (1955), o processamento da informação, ao tomar uma decisão, é exigido de tal forma que excede a capacidade de cognição do ser humano, isso ocasiona a necessidade de utilizar heurísticas para atenuar a carga cognitiva e agilizar a tomada de decisão, resultando em indivíduos que tomam decisões satisfatórias em vez de ótimas.

Os estudos de Daniel Kahneman (KAHNEMAN, 2012KAHNEMAN, D. Rápido e devagar: duas formas de pensar. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.) também possuem relevância no entendimento sobre a tomada de decisão humana. As pessoas utilizam diferentes estratégias para simplificar a tomada de decisão, chamadas de heurísticas ou atalhos, pois quando essas pessoas se deparam com decisões complexas, com consequências incertas, necessitam de respostas precisas e rápidas (TVERSKY; KAHNEMAN, 1974TVERSKY, A.; KAHNEMAN, D. Judgment under Uncertainty: Heuristics and Biases: Biases in judgments reveal some heuristics of thinking under uncertainty. Science, v. 185, n. 4157, p. 1124-1131, 1974. https://doi.org/10.1126/science.185.4157.1124
https://doi.org/10.1126/science.185.4157...
; ADAM; DEMPSEY, 2020ADAM, F.; DEMPSEY, E. Intuition in decision making-Risk and opportunity. Journal of Decision Systems, v. 29, n. 1, p. 98-116, 2020. https://doi.org/10.1080/12460125.2020.1848375
https://doi.org/10.1080/12460125.2020.18...
).

Insolitamente diz-se que as pessoas abordam as decisões de diferentes maneiras (GATI; KULCSÁR, 2021GATI, I.; KULCSÁR, V. Making better career decisions: From challenges to opportunities. Journal of Vocational Behavior, v. 126, p. 103545, 2021. https://doi.org/10.1016/j.jvb.2021.103545
https://doi.org/10.1016/j.jvb.2021.10354...
), algumas diversificam a busca de informações e enfatizam uma forma mais objetiva para tomar decisão, outras valem-se mais da intuição no momento da escolha (THANOS, 2022THANOS, I. C. The complementary effects of rationality and intuition on strategic decision quality. European Management Journal, 2022. https://doi.org/10.1016/j.emj.2022.03.003
https://doi.org/10.1016/j.emj.2022.03.00...
). Há aquelas que decidem de maneira autônoma, ao contrário das que contam com o apoio de outros para decidir (ZHANG et al., 2019ZHANG, H. et al. Consensus efficiency in group decision making: A comprehensive comparative study and its optimal design. European Journal of Operational Research, v. 275, n. 2, p. 580-598, 2019. https://doi.org/10.1016/j.ejor.2018.11.052
https://doi.org/10.1016/j.ejor.2018.11.0...
). Alguns indivíduos tentam evitar totalmente o processo decisório, outros abordam as tarefas decisórias de maneira espontânea, em contraste àqueles que são mais deliberativos e intencionais (GALOTTI et al., 2006GALOTTI, K. M. et al. Decision-making styles in a real-life decision: Choosing a college major. Personality and Individual Differences, v. 41, p. 629-639, 2006. https://doi.org/10.1016/j.paid.2006.03.003
https://doi.org/10.1016/j.paid.2006.03.0...
). Para os autores, a abordagem usada está associada à motivação e às diferenças de personalidade, sendo consideradas independentes de habilidades cognitivas, por exemplo, a inteligência.

Neste contexto, Thunholm (2004THUNHOLM, P. Decision-making style: habit, style or both?. Personality and individual differences, v. 36, n. 4, p. 931-944, 2004. https://doi.org/10.1016/S0191-8869(03)00162-4
https://doi.org/10.1016/S0191-8869(03)00...
) aponta que o estilo de tomada de decisão é um padrão de resposta de um indivíduo em uma determinada situação de decisão, sendo que este padrão é determinado pela situação, tarefa e o próprio tomador da decisão. Hamilton, Shin e Mohammed (2016HAMILTON, K.; SHIN, S.-I.; MOHAMMED, S. The development and validation of the rational and intuitive decision styles scale. Journal of Personality Assessment, v. 98, n. 50, p. 523-535, 2016. 10.1080/00223891.2015.1132426) afirmam que os estilos de decisão refletem a maneira típica pela qual os indivíduos tomam suas decisões.

Para Scott e Bruce (1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
https://doi.org/10.1177/0013164495055005...
), a partir de uma revisão na literatura, duas definições de estilo de tomada de decisão foram observadas: um padrão habitual usado pelos indivíduos na tomada de decisão (DRIVER, 1979DRIVER, M. J. Individual decision making and creativity. Organizational behavior, p. 59-91, 1979.); e um modo característico dos indivíduos perceberem e responderem às tarefas de tomada de decisão (HARREN, 1979HARREN, V. A. A model of career decision making for college students. Journal of vocational behavior, v. 14, n. 2, p. 119-133, 1979. https://doi.org/10.1016/0001-8791(79)90065-4
https://doi.org/10.1016/0001-8791(79)900...
). Nesse sentido, Scott e Bruce (1995), buscando integrar todos os trabalhos anteriores, definiram como estilos de tomada de decisão os hábitos e padrões de reação a uma decisão específica. Assim, após os autores concluírem que não existia na literatura um instrumento que sistematizasse os dados de todos os estudos na área de pesquisa de estilo de decisão, desenvolveram o GDMS.

Scott e Bruce (1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
https://doi.org/10.1177/0013164495055005...
) identificaram quatro estilos de tomada de decisão, relacionados ao comportamento: racional, intuitivo, dependente e procrastinador. Posteriormente, em outro estudo, um novo estilo de decisão surgiu, denominado de “espontâneo”. Portanto, o instrumento objetiva avaliar esses cinco estilos decisórios. Vale destacar que os estilos são independentes, porém não se excluem mutuamente, já que os indivíduos podem usar uma combinação de estilos distintos na tomada de decisões (SCOTT; BRUCE, 1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
https://doi.org/10.1177/0013164495055005...
). Assim, os cinco estilos são: i) racional, que se refere aos indivíduos que questionam a decisão a ser tomada de maneira lógica e estruturada, levando em consideração diferentes alternativas existentes para decidir; ii) intuitivo, que é característico de indivíduos que são dependentes de suas emoções, intuições, palpites e pressentimentos; iii) dependente, que caracteriza indivíduos que buscam e dependem de conselhos e orientação de outras pessoas; iv) procrastinador, que está relacionado aos indivíduos que evitam e delongam suas decisões, deixando-as para o último momento; e v) espontâneo, que é caracterizado pelo senso de urgência e conclusão do processo de decisão por parte do indivíduo, para que seja feito o mais rápido possível (SCOTT; BRUCE, 1995).

Dessa forma, para testar as propriedades psicométricas e a validade do GDMS, diferentes autores realizaram a aplicação do instrumento em distintos contextos (BAIOCCO, LAGHI; D'ALESSIO, 2009BAIOCCO, R.; LAGHI, F.; D'ALESSIO, M. Decision-making style among adolescents: Relationship with sensation seeking and locus of control. Journal of adolescence, v. 32, n. 4, p. 963-976, 2009. https://doi.org/10.1016/j.adolescence.2008.08.003
https://doi.org/10.1016/j.adolescence.20...
; FISCHER; SOYEZ; GURTNER, 2015FISCHER, S.; SOYEZ, K.; GURTNER, S. Adapting Scott and Bruce’s general decision-making style inventory to patient decision making in provider choice. Medical Decision Making, v. 35, n. 4, p. 525-532, 2015. https://doi.org/10.1177%2F0272989X15575518
https://doi.org/10.1177%2F0272989X155755...
). No Brasil, Löbler et al. (2019LÖBLER, M. L. et al. Inventário de estilos de tomada de decisão: validação de instrumento no contexto brasileiro. Revista de Administração da UNIMEP, v. 17, n. 1, 2019. http://www.raunimep.com.br/ojs/index.php/regen/editor/submissionEditing/1167
http://www.raunimep.com.br/ojs/index.php...
) realizaram a tradução reversa do instrumento e análise sistemática por especialista na área de processo decisório; e efetuaram um pré-teste para posterior aplicação e validação do modelo estatisticamente. Nesse sentido, faz-se importante considerar o instrumento em diferentes âmbitos de análise.

2 MÉTODO

Com base no resgate da literatura, constata-se a importância de compreender os estilos de tomada de decisão individuais diante dos aspectos culturais inerentes ao contexto brasileiro, semelhantes aos já desenvolvidos em outros cenários. Assim, este estudo está caracterizado como transversal de tradução, adaptação transcultural e validação do GDMS. O instrumento criado por Scott e Bruce (1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
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) totaliza 25 itens, que são divididos em 5 itens para cada um dos 5 estilos de tomada de decisão: racional, intuitivo, dependente, procrastinador e espontâneo. Para análise das afirmativas foi utilizada a escala do tipo Likert de cinco pontos, que varia de “discordo totalmente” (1) a “concordo totalmente” (5).

No Brasil, Löbler et al. (2019LÖBLER, M. L. et al. Inventário de estilos de tomada de decisão: validação de instrumento no contexto brasileiro. Revista de Administração da UNIMEP, v. 17, n. 1, 2019. http://www.raunimep.com.br/ojs/index.php/regen/editor/submissionEditing/1167
http://www.raunimep.com.br/ojs/index.php...
) realizaram a tradução reversa do instrumento e análise sistemática por especialista na área de processo decisório, em seguida, efetuaram um pré-teste e posterior aplicação para validar o modelo estatisticamente. Dessa forma, neste estudo, aplicou-se o processo de tradução e adaptação transcultural para o contexto brasileiro do GDMS, visto que, no modelo validado por Löbler et al. (2019), optou-se por realizar a tradução reversa sem especificar as etapas seguidas e a análise confirmatória dos dados.

A tradução e adaptação transcultural baseou-se no trabalho de Beaton et al. (2000BEATON, D. E. et al. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine, v. 5, n. 24, p. 3186-3191, 2000. 10.1097/00007632-200012150-00014), modelo mais amplamente utilizado (SAIFUL ISLAM et al., 2020SAIFUL ISLAM, Md et al. Validation and evaluation of the psychometric properties of bangla nine-item internet disorder scale-short form. Journal of Addictive Diseases, v. 38, n. 4, p. 540-549, 2020. 10.1080/10550887.2020.1799134
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), em que os autores desenvolveram este processo com o objetivo de minimizar a equivalência entre a origem e o destino de um documento, fundamentado em seu conteúdo. O protocolo de Beaton et al. (2000) foi criado a partir de revisões de traduções e adaptações das áreas da saúde, sociologia e psicologia; por outro lado, é importante frisar que é possível sua aplicação para outras escalas em distintas áreas, como na administração, em que Costa, Estivalete e Andrade (2019COSTA, V. F.; ESTIVALETE, V. F. B.; ANDRADE, T. Tradução e adaptação transcultural para o contexto brasileiro da Escala de Comportamento de Cidadania Organizacional para o Meio Ambiente: um percurso metodológico qualitativo. CIAIQ2019, v. 3, p. 361-370, 2019. https://proceedings.ciaiq.org/index.php/CIAIQ2019/article/view/2260
https://proceedings.ciaiq.org/index.php/...
) utilizaram para validar a escala de comportamento de cidadania organizacional para o meio ambiente e a escala de comportamentos de cidadania organizacional para trabalhadores do conhecimento (ANDRADE; ESTIVALETE; COSTA, 2018ANDRADE, T.; ESTIVALETE, V. F. B; COSTA, V. F. Comportamento de cidadania organizacional: versão brasileira da escala Comportamentos de Cidadania Organizacional para Trabalhadores do Conhecimento. Cad. EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 16, n. 3, p. 367-381, 2018. http://dx.doi.org/10.1590/1679-395164088
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).

Dessa forma, as etapas propostas a serem seguidas pelo modelo são seis: i) tradução inicial; ii) síntese; iii) retradução; iv) comitê de avaliação; v) pré-teste; e vi) submissão e avaliação (BEATON et al., 2000BEATON, D. E. et al. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine, v. 5, n. 24, p. 3186-3191, 2000. 10.1097/00007632-200012150-00014). Com isso, para a primeira etapa, realizou-se a tradução inicial da escala original, em inglês, para a língua alvo, português do Brasil, com duas profissionais da área, uma profissional com conhecimento sobre o tema e objetivo do estudo; e a outra, sem conhecimento sobre o assunto. As duas profissionais são brasileiras, fluentes na língua inglesa e têm como língua materna o português do Brasil; uma profissional doutora em Administração; e a outra, doutoranda na mesma área. Conforme apontam Beaton et al. (2000BEATON, D. E. et al. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine, v. 5, n. 24, p. 3186-3191, 2000. 10.1097/00007632-200012150-00014), a tradução inicial deve ser realizada por dois profissionais da área, fluentes na língua da escala original, tendo como língua materna o idioma para o qual o instrumento será aplicado. Além disso, é importante que um dos tradutores seja informado quanto aos objetivos do instrumento de pesquisa e possua conhecimento prévio sobre o tema, já o outro tradutor, denominado tradutor ingênuo, não deve ser informado sobre o objetivo da pesquisa e não necessita compreender sobre o assunto.

Após a realização da tradução inicial, as tradutoras e uma das autoras do estudo reuniram-se para a concretização da segunda etapa, designada como síntese. Nesta fase, ocorre a síntese dos resultados obtidos pela tradução dos profissionais, comparando-as com o instrumento original, para gerar a primeira versão em português. Todos os problemas ocorridos, suas discussões e como foram resolvidas as contradições devem ser documentadas (BEATON et al., 2000BEATON, D. E. et al. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine, v. 5, n. 24, p. 3186-3191, 2000. 10.1097/00007632-200012150-00014). Destaca-se que se utilizou da ferramenta Microsoft Office Excel® 365 para documentar todas as etapas realizadas, servindo como um panorama, de fácil visualização, sobre todos os processos efetivados.

Com a primeira versão em português do instrumento, partiu-se para a terceira etapa, a retradução. Neste caso, o questionário foi retraduzido para o inglês por uma tradutora nativa, que possui o inglês como língua-materna, e que desconhecia os objetivos do estudo e o instrumento original. Beaton et al. (2000BEATON, D. E. et al. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine, v. 5, n. 24, p. 3186-3191, 2000. 10.1097/00007632-200012150-00014) sugerem que esta retradução seja realizada por dois profissionais, entretanto, optou-se neste estudo por seguir as recomendações de outras pesquisas executadas de forma eficaz com apenas uma retradução, como Costa, Estivalete e Andrade (2019COSTA, V. F.; ESTIVALETE, V. F. B.; ANDRADE, T. Tradução e adaptação transcultural para o contexto brasileiro da Escala de Comportamento de Cidadania Organizacional para o Meio Ambiente: um percurso metodológico qualitativo. CIAIQ2019, v. 3, p. 361-370, 2019. https://proceedings.ciaiq.org/index.php/CIAIQ2019/article/view/2260
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) e Andrade (2017).

A quarta etapa é referente a revisão por um comitê de avaliação. Guillemin, Bombardier e Beaton (1993GUILLEMIN, F.; BOMBARDIER, C.; BEATON, D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: literature review and proposed guidelines. Journal of Clinical Epidemiology, v. 46, n. 12, p. 1417-1432, 1993. 10.1016/0895-4356(93)90142-n
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) e Beaton et al. (2000) apontam esta etapa como importante, pois nela todas as fases até então realizadas serão analisadas por um comitê formado por pesquisadores bilíngues, de diferentes áreas, para verificar se existem discrepâncias entre a versão original, a primeira versão em português e a retradução, formando assim uma segunda versão em português.

Os autores salientam que devem ser examinadas as seguintes equivalências pelo comitê de avaliação: i) semântica, relacionada aos significados das palavras; ii) idiomática, associada a expressões e coloquialismos de outros idiomas; iii) experiencial, ao considerar situações relacionadas a cultura do instrumento, ao mesmo tempo que deve estar de acordo com o contexto cultural alvo; e iv) conceitual, referente ao conceito explorado e aos acontecimentos vividos pela cultura alvo, pois podem ser equivalentes em significado semântico, mas não conceitualmente correspondente, por exemplo, o termo “família” estar relacionado a família nuclear em determinadas culturas e família estendida em outras. Dessa forma, o comitê de avaliação foi formado por quatro pesquisadoras bilíngues na área de Administração e uma profissional da área de Letras, com ênfase na língua inglesa, que examinaram todas as etapas realizadas.

Na quinta etapa, o instrumento passou pela fase de pré-teste, com o intuito de verificar problemas na compreensão das variáveis. Na sexta e última etapa, procedeu-se para a submissão e avaliação da documentação elaborada e utilizada em todo o processo de tradução e adaptação transcultural para o comitê de avaliação, que avalia todos os relatórios elaborados em todas as fases. Além disso, os autores sugerem que toda a documentação seja enviada para os autores do instrumento original(BEATON et al., 2000BEATON, D. E. et al. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine, v. 5, n. 24, p. 3186-3191, 2000. 10.1097/00007632-200012150-00014). Com isso, a partir da concretização de todas as etapas, gerou-se a versão final do instrumento.

Nesse sentido, após a realização do pré-teste, a versão final do instrumento foi aplicada em um estudo piloto com uma amostra de 250 indivíduos, por meio da plataforma Formulários Google, compartilhado de forma online nas redes sociais e no portal de uma instituição federal de ensino, alcançando o banco de dados de discentes e constituindo-se em uma amostra não probabilística e por conveniência. Assim, os dados foram organizados, tabulados e analisados no software IBM SPSS Statistics 20.0, em que se procedeu para a análise fatorial exploratória e verificação dos seus indicadores.

Com relação ao perfil dos 250 respondentes, 73,2% eram do gênero feminino e 26,8% do masculino, com média de 36,5 anos de idade, cujo estado civil solteiro foi o de maior percentual, ou seja, 47,2%. Quanto à escolaridade, destacam-se os maiores percentuais para os respondentes com ensino superior e pós-graduação (mestrado), com 31,2% e 31,6%, respectivamente. No que se refere à ocupação, pode-se observar que 27,6% são funcionários públicos, 26,8% estudantes e 18,8% empregados assalariados.

3 TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL DO GDMS

A primeira etapa para a concretização da tradução e adaptação transcultural do GDMS foi a tradução inicial da escala original, em inglês, para a língua alvo, português do Brasil, com duas profissionais da área, brasileiras, fluentes na língua inglesa e que têm como língua materna o português do Brasil. Após a tradução inicial, as tradutoras e uma das autoras do estudo reuniram-se, de forma online, para a consolidação da etapa seguinte, chamada síntese, fase em que as traduções são analisadas, para gerar a primeira versão em português. Assim, as divergências que podem ocorrer entre as versões traduzidas são observadas, se necessário modificadas, alcançando-se um consenso entre as participantes e considerando o objetivo do instrumento original e sua adequação com a cultura/língua brasileira (ANDRADE; ESTIVALETE; COSTA, 2018ANDRADE, T.; ESTIVALETE, V. F. B; COSTA, V. F. Comportamento de cidadania organizacional: versão brasileira da escala Comportamentos de Cidadania Organizacional para Trabalhadores do Conhecimento. Cad. EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 16, n. 3, p. 367-381, 2018. http://dx.doi.org/10.1590/1679-395164088
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; FORTES; ARAÚJO, 2019FORTES, C. P. D. D.; ARAÚJO, A. P. Q. C. Check list para tradução e Adaptação Transcultural de questionários em saúde. Cadernos Saúde Coletiva, v. 27, n. 2, p. 202-209, 2019. https://doi.org/10.1590/1414-462x201900020002
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).

No Quadro 1 é possível verificar uma síntese com os resultados da primeira e segunda etapa, organizados de acordo com os cinco estilos de tomada de decisão. Apresenta-se, assim, a versão original do instrumento; um resumo avaliando as traduções, denominadas como T1 e T2, em que: T1=T2 são traduções iguais, T1≈T2 são traduções semelhantes e T3 são traduções diferentes com necessidade de consenso para estabelecer a tradução; e a primeira versão em português.

Quadro 1
Versão original, traduções e 1ª versão do GDMS

Sobre a tradução realizada pelas duas tradutoras, pode-se observar que na maioria das afirmações ocorreu consenso entre elas, sendo que as traduções foram semelhantes (T1≈T2) ou iguais (T1=T2). Em alguns casos, na etapa da síntese, em que participaram uma das autoras do estudo e as tradutoras, foram discutidas as melhores maneiras para adequar as afirmativas para o contexto cultural em que o questionário seria aplicado, considerando a equivalência semântica, ou de significado, idiomática, experiencial e conceitual (ANDRADE, 2017ANDRADE, T. Antecedentes contextuais dos comportamentos de cidadania organizacional. 2017. 189f. Tese (Doutorado em Administração) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil, 2017. http://repositorio.ufsm.br/handle/1/14142
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). Isso porque, conforme salientam Epstein, Santo e Guillemin (2015EPSTEIN, J.; SANTO, R. M; GUILLEMIN, F. A review of guidelines for cross-cultural adaptation of questionnaires could not bring out a consensus. Journal of clinical epidemiology, v. 68, n. 4, p. 435-441, 2015. 10.1016/j.jclinepi.2014.11.021
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), alguns termos podem possuir significados diferentes ou nenhum significado, dependendo do contexto cultural.

Dessa maneira, a afirmativa 1, na expressão “right facts” preferiu-se alterar para “veracidade dos fatos”, ao contrário de “fatos certos”. Na afirmativa 5, a expressão “explore” foi modificado para “analiso”, ao invés de “exploro”. Na afirmativa 9, a expressão “rational reason”, foi traduzida para “justificativa racional”, ao contrário de “razão racional”. E na afirmativa 20, a expressão “uneasy” foi traduzida para “preocupado”, ao invés de “inquieto”. As alterações realizadas foram discutidas com o objetivo de estabelecer a melhor tradução do instrumento e, com isso, gerou-se a primeira versão em português.

Com a primeira versão em português do instrumento, seguiu-se para a terceira etapa, a retradução. Para isso, o questionário foi retraduzido para o inglês por uma tradutora nativa, que possui o inglês como língua materna. Guillemin, Bombardier e Beaton (1993GUILLEMIN, F.; BOMBARDIER, C.; BEATON, D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: literature review and proposed guidelines. Journal of Clinical Epidemiology, v. 46, n. 12, p. 1417-1432, 1993. 10.1016/0895-4356(93)90142-n
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) destacam que esta etapa é importante para maximizar a qualidade da adaptação definitiva em outra cultura.

Após isso, na quarta etapa, realizou-se a revisão por um comitê de avaliação, formado por quatro pesquisadoras bilíngues na área de Administração e uma profissional da área de Letras, com ênfase na língua inglesa, que analisaram todas as etapas concretizadas. Dessa forma, considerando a quarta etapa, em reunião virtual com os membros do comitê, a retradução (R) e a versão original (VO) foram analisadas, bem como comparadas com a primeira versão em português e, por fim, estabeleceu-se a segunda versão final do instrumento (2ª versão em português). No Quadro 2, verifica-se a retradução, terceira etapa; a avaliação do comitê, quarta etapa; a segunda versão em português; e um resumo avaliando as traduções, primeira versão em português e segunda versão em português.

Quadro 2
Retradução, avaliações e 2ª versão do GDMS

Considerando a quarta etapa, referente a avaliação da equivalência semântica, idiomática, experiencial e conceitual pelo comitê de avaliação, este verificou a necessidade de alguns ajustes nas afirmativas, o que foi possível, analisando a retradução do GDMS e a versão original. Na afirmativa 5, a expressão retraduzida “analyze”, descrita na versão original como “explore”, traduzida na primeira versão em português como “analiso”, foi alterada na segunda versão em português para “exploro”, por ser mais adequada à versão original e mais utilizada no contexto da Administração, em que o instrumento foi aplicado. Na afirmativa 7, a expressão retraduzida “I tend to trust”, traduzida na primeira versão como “eu tendo a confiar”, foi alterada na segunda versão em português para “eu tenho a tendência a confiar”, para adequar melhor a expressão. Na afirmativa 21, a expressão “immediately”, traduzida na primeira versão como “imediato”, foi alterada na segunda versão para “precipitadas”, por estar mais adequada à versão original.

Além disso, o comitê de avaliação percebeu a necessidade de pequenas modificações nas questões 4, 6, 13, 19 e 25; porém, que não alteram o sentido da frase, como adicionar ou retirar pronomes e advérbios, tais como “eu”, “mim” e “quando”. Nas afirmativas 4 e 6, a expressão “quando tomo uma decisão”, primeira versão em português, foi substituída na segunda versão por “quando eu tomo uma decisão”. Na afirmativa 13, a expressão “Se eu tenho ajuda de outras pessoas é mais fácil, para mim, tomar decisões importantes.” utilizada na primeira versão, foi alterada na segunda versão em português para “Se eu tenho ajuda de outras pessoas é mais fácil tomar decisões importantes.”, retirando o pronome. Na afirmativa 19, a expressão utilizada na primeira versão em português “no último minuto”, foi substituída na segunda versão em português para “de última hora”. E, na afirmativa 25, a expressão “ao tomar decisões”, foi substituída na segunda versão em português por “quando eu tomo decisões”. Modificações semelhantes foram realizadas em outros estudos como de Andrade, Estivalete e Costa (2018ANDRADE, T.; ESTIVALETE, V. F. B; COSTA, V. F. Comportamento de cidadania organizacional: versão brasileira da escala Comportamentos de Cidadania Organizacional para Trabalhadores do Conhecimento. Cad. EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 16, n. 3, p. 367-381, 2018. http://dx.doi.org/10.1590/1679-395164088
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) pois, embora ocorram similaridades entre a retradução e a versão original, alterou-se alguns termos apontados como insatisfatórios, para melhorar a compreensão do questionário.

Após, seguindo para a quinta etapa, o instrumento passou por um pré-teste, para verificar problemas na compreensão das variáveis. Desta maneira, aplicou-se o questionário de forma online, por meio da ferramenta Formulários Google, para 33 indivíduos da população-alvo, pessoas maiores de 18 anos. Optou-se pela aplicação online devido à situação de pandemia6 6 No dia 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde - OMS revelou o novo Coronavírus, designado SARS-CoV-2, causador da doença COVID-19, como emergência de saúde pública. Em 11 de março de 2020, passou a ser classificada como uma pandemia (WHO, 2020). em que o país se encontrava no momento da condução deste estudo.

Beaton et al. (2000BEATON, D. E. et al. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine, v. 5, n. 24, p. 3186-3191, 2000. 10.1097/00007632-200012150-00014) indicam que na etapa de pré-teste, após a aplicação do questionário, deve ser realizada uma entrevista com o respondente, com perguntas de sondagem, para identificar o que o indivíduo entende por cada item e sua resposta escolhida. No presente estudo, a entrevista foi realizada também de forma online. Assim, acrescentou-se a alternativa “não entendi” no questionário, com a finalidade de reconhecer as questões não compreendidas, de acordo com o estudo de Andrade (2017ANDRADE, T. Antecedentes contextuais dos comportamentos de cidadania organizacional. 2017. 189f. Tese (Doutorado em Administração) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil, 2017. http://repositorio.ufsm.br/handle/1/14142
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), para posteriormente realizar uma entrevista com os indivíduos que não entenderam alguma afirmativa. Após a conclusão da aplicação do pré-teste, verificou-se que não ocorreram dificuldades de compreensão das questões elaboradas ou dos termos pela maioria dos respondentes, 90%, estando de acordo com o limite estabelecido de concordância igual ou superior a 80% (GUILLEMIN; BOMBARDIER; BEATON, 1993GUILLEMIN, F.; BOMBARDIER, C.; BEATON, D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: literature review and proposed guidelines. Journal of Clinical Epidemiology, v. 46, n. 12, p. 1417-1432, 1993. 10.1016/0895-4356(93)90142-n
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), o que não demandou uma nova avaliação pelo comitê.

Os demais 10% dos respondentes salientaram dificuldades específicas em algum termo ou contexto da frase, como o termo “natural” da afirmativa 25 “Quando eu tomo decisões, eu faço o que parece natural no momento”, e o contexto da frase da afirmativa 4 “Quando eu tomo uma decisão, eu considero várias opções em termos de um objetivo específico”. Porém, conforme os autores Beaton et al. (2000BEATON, D. E. et al. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine, v. 5, n. 24, p. 3186-3191, 2000. 10.1097/00007632-200012150-00014) reforçam que a compreensão deve ser por parte de 80% dos respondentes, considerando todo o processo já realizado e o pequeno percentual de incompreensão, decidiu-se que não haveria necessidade de nova modificação.

Por fim, na sexta e última etapa, procedeu-se para a submissão e avaliação da documentação elaborada em todo o processo de tradução e adaptação transcultural para o comitê de avaliação. Este comitê avaliou todos os relatórios elaborados em todas as fases, aplicando uma espécie de auditoria (BEATON et al., 2000BEATON, D. E. et al. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine, v. 5, n. 24, p. 3186-3191, 2000. 10.1097/00007632-200012150-00014). Neste estudo, o comitê avaliou todas as etapas, destacando que todas foram seguidas, o que inclui tentativas de contato com os autores do instrumento original, porém, sem êxito. (SCOTT; BRUCE, 1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
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).

Dessa forma, com a realização da tradução e adaptação transcultural, gerou-se a versão final do GDMS. As afirmativas que fazem parte do instrumento podem ser compreendidas no Quadro 3, em que estão divididas de acordo com o estilo de decisão: racional, intuitivo, dependente, procrastinador e espontâneo.

Quadro 3
Afirmativas compostas no GDMS

Após a realização da tradução e adaptação transcultural, a versão final do instrumento foi aplicada em uma amostra de 250 pessoas, cujo critério de inclusão foi ser indivíduo maior de 18 anos. A amostra buscou abranger o maior número de indivíduos, já que também foi aplicada de forma online, por meio da plataforma Formulários Google, sendo compartilhada nas redes sociais e no portal de uma instituição de ensino. Com isso, os dados foram validados por meio da análise fatorial exploratória, apresentada na seção seguinte.

3.1 Validação do GDMS

A validação estatística do GDMS foi realizada através da técnica de Análise Fatorial Exploratória - AFE, seguindo os procedimentos indicados por Hair et al. (2005HAIR, J. F. et al. Fundamentos de métodos de pesquisa em administração. Porto Alegre: Bookman, 2005.) e Field (2009FIELD, A. Descobrindo a estatística usando o SPSS. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.). Dessa forma, a AFE preliminar da escala com as 25 variáveis, utilizada para a extração dos fatores o método dos componentes principais, possibilitou a utilização da técnica, uma vez que os dados coletados apresentaram um grau significante de intercorrelação. Para o teste de Bartlett, o sig foi 0,000 e medida de adequação para o Kaiser-Meyer-Olkin - KMO foi 0,825. Tais resultados indicam que é adequado que se prossiga com análise fatorial.

Com relação a identificação das comunalidades apresentadas para cada uma das questões dispostas, as quatro variáveis 1, 2, 16 e 25, apresentaram valores abaixo de 0,400. As variáveis 1 e 2 integravam o estilo racional; e as 16 e 25, os estilos procrastinador e espontâneo, respectivamente. Dessa forma, foram retiradas da análise essas quatro questões. Optou-se por trabalhar com valores acima de 0,400, a fim de manter o maior número de variáveis no instrumento e a semelhança ao inventário original GDMS de Scott e Bruce (1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
https://doi.org/10.1177/0013164495055005...
).

Posteriormente à exclusão das quatro variáveis individualmente, procedeu-se a uma nova análise fatorial, a quinta rodada de testes, adotando-se os mesmos critérios descritos anteriormente. Os resultados dos testes de Esfericidade de Bartlett (0,000) e KMO (0,817) mantiveram-se adequados, conforme pode ser visualizado na Tabela 1.

Tabela 1
Teste de Esfericidade de Bartlett e Medida de Adequação da Amostra

Na sequência da interpretação dos resultados, verificou-se se as comunalidades das variáveis atendiam os níveis aceitáveis de explicação segundo Field (2009FIELD, A. Descobrindo a estatística usando o SPSS. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.). Para a determinação do número de fatores, observou-se a análise da variância total explicada, que deve atingir aproximadamente 60% da variância acumulada e autovalores maiores do que 1 (MALHOTRA, 2006MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3. ed. Porto Alegre: 2006.). A análise da porcentagem de variância apresentou na amostra estudada a existência de 5 fatores, que explicam 70,659% da variância acumulada, todos com autovalores maiores do que 1, sendo a variância explicada do primeiro fator 24,413%.

Com relação à confiabilidade dos fatores, utilizou-se o teste de confiabilidade do valor Alfa de Cronbach, que, de acordo com Malhotra (2006MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3. ed. Porto Alegre: 2006.), deve ter um valor superior a 0,60 para ser aceitável. Considerando os resultados do teste, todos os fatores obtiveram índices de Alfa de Cronbach maiores que 0,6, confirmando, assim, a consistência interna do instrumento, como pode ser observado na Tabela 2.

Deste modo, como resultado da AFE, confirmaram-se os cinco fatores ou estilos de tomada de decisão individual consoantes aos identificados na pesquisa de Scott e Bruce (1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
https://doi.org/10.1177/0013164495055005...
). Evidencia-se que todas as variáveis que compõem os fatores possuem carga fatorial superior a 0,40, o que segundo Avrichir e Dewes (2006AVRICHIR, I; DEWES, F. Construção e validação de um instrumento de avaliação do desempenho docente. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa, v. 5, n. 2, p. 1, 2006. https://doi.org/10.5329/RECADM.20060502005
https://doi.org/10.5329/RECADM.200605020...
) indica uma representatividade adequada. A Tabela 2 demonstra uma análise mais detalhada de cada fator, incluindo a descrição de cada variável, a confiabilidade dos fatores, bem como a carga fatorial e a nomenclatura de cada fator obtido consoante aos estilos de tomada de decisão individual.

Tabela 2
Fatores que caracterizam os estilos de tomada de decisão individual, variável, carga fatorial e Alfa de Cronbach

O primeiro fator, denominado Estilo Procrastinador, congregou quatro das cinco variáveis propostas no modelo original de Scott e Bruce (1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
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). As variáveis deste fator estão relacionadas às características de indivíduos que tentam evitar e adiar as decisões e que, normalmente, decidem no último momento (SCOTT; BRUCE, 1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
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). A variável que foi excluída da análise por baixa comunalidade foi a 16 “eu evito tomar decisões importantes até estar sob pressão”.

O segundo e o terceiro fator, Estilo Dependente e Estilo Intuitivo, respectivamente, agregaram todos os itens dos fatores originais correspondentes de Scott e Bruce (1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
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). O primeiro fator expressa o estilo de tomada de decisão caracterizado por indivíduos que constantemente buscam conselhos e dependem da orientação e apoio de outras pessoas; e o segundo, é caracterizado por indivíduos que possuem forte dependência de emoções, pressentimentos, palpites e intuições. Para Loo (2000LOO, R. A psychometric evaluation of the General Decision-Making Style Inventory. Personality and Individual Differences, v. 29, p. 895-905, 2000. https://doi.org/10.1016/S0191-8869(99)00241-X
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), pessoas com características do estilo dependente refletem uma forte dependência em relação ao ponto de vista e conselhos de outras pessoas na tomada de decisão. E, para Betsch (2008BETSCH, T. The nature of intuition and its neglect in research on judgment and decision making. In: PLESSNER, H.; BETSCH, C.; BETSCH, T. (Eds.). Intuition in judgment and decision making, p. 3-22. New York: Lawrence Erlbaum, 2008.), pessoas com características do estilo intuitivo tendem a decidir rápido, através de um processo automático.

O quarto fator, Estilo Espontâneo, reuniu quatro das cinco variáveis correspondentes a este estilo do estudo original de Scott e Bruce (1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
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). De acordo com os autores, o estilo espontâneo é caracterizado por indivíduos que têm senso de urgência e desejo de concluir o processo de decisão o mais rápido possível, ou seja, implementar as decisões imediatamente. A variável excluída da análise por baixa comunalidade foi a 25 “quando eu tomo decisões, eu faço o que parece natural no momento”.

O quinto fator, Estilo Racional, foi o que demonstrou menor correspondência entre o número de assertivas, considerando o modelo original de Scott e Bruce (1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
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). Este fator, que está relacionado às características de indivíduos que questionam o problema de decisão de uma forma lógica e estruturada, considerando as diversas alternativas de decisão, foi composto por três variáveis, contudo, manteve a essência da composição do fator do estudo original. As variáveis 1 e 2 foram excluídas da análise por apresentarem baixa comunalidade, sendo, respectivamente: “eu verifico minhas fontes de informações para ter certeza da veracidade dos fatos antes de tomar decisões” e “eu tomo decisões de forma lógica e sistemática”.

De uma maneira geral, pode-se observar que foi mantida a estrutura do GDMS proposto por Scott e Bruce (1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
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), embora quatro variáveis tenham sido excluídas devido à baixa comunalidade. Ademais, os resultados apontam para uma consistência interna ideal, considerando que para todos os fatores o valor do Alfa foi superior a 0,800. Nesta perspectiva, os resultados obtidos evidenciaram que o GDMS para o contexto brasileiro mostrou-se relativamente consistente para a realização de pesquisas que visem analisar a percepção individual acerca desse construto.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo objetivou a tradução, adaptação transcultural e validação para o contexto brasileiro do GDMS, proposto originalmente por Scott e Bruce (1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
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). Para tanto, procedeu-se as etapas de tradução e adaptação transcultural propostas por Beaton et al. (2000BEATON, D. E. et al. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine, v. 5, n. 24, p. 3186-3191, 2000. 10.1097/00007632-200012150-00014) e, assim, a partir da sua concretização, gerou-se a versão final do instrumento. Na sequência, o questionário foi aplicado junto a uma amostra de 250 respondentes, por meio da plataforma Formulários Google, constituindo o teste piloto. Destaca-se que o questionário foi compartilhado de forma online nas redes sociais e no portal de uma instituição de ensino.

Após o processo de aplicação, os dados foram organizados, tabulados e analisados no software IBM SPSS Statistics 20.0. Em seguida, operacionalizou-se a AFE e verificação da técnica de validação. Desse modo, verificou-se que o instrumento apresentou boa consistência interna, conforme o coeficiente Alfa de Cronbach encontrado superior a 0,800 em todos os fatores. Assim, a partir da adequação verificada e das cinco rodadas de análise estatística, foram confirmados os cinco fatores do instrumento original de Scott e Bruce (1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
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) para os estilos de tomada de decisão individual, sendo excluídas quatro afirmativas devido a sua baixa comunalidade.

Nesse sentido, o questionário inicialmente composto por 25 variáveis teve 4 questões retiradas em função da comunalidade apresentada. As 21 afirmativas resultantes compuseram os cinco fatores do modelo, todos com carga fatorial e confiabilidade interna satisfatórias, conforme detalhadas na Tabela 2. A Tabela 3 expõe os fatores, bem como suas variáveis correspondentes. Além disso, no Apêndice A encontra-se o instrumento completo validado.

Tabela 3
Fatores e variáveis do instrumento validado

Ao comparar esta validação à pesquisa empreendida por Löbler et al. (2019LÖBLER, M. L. et al. Inventário de estilos de tomada de decisão: validação de instrumento no contexto brasileiro. Revista de Administração da UNIMEP, v. 17, n. 1, 2019. http://www.raunimep.com.br/ojs/index.php/regen/editor/submissionEditing/1167
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), verifica-se que ambos os estudos excluíram as variáveis 1 e 25 do instrumento original, referentes ao estilo espontâneo e intuitivo. No entanto, diferenciam-se pelo fato de que as afirmativas 4, 12, 17 e 20 foram retiradas no estudo de Löbler et al. (2019); e as variáveis 2 e 16 retiradas no presente artigo, todas devido à baixa comunalidade encontrada.

Assim, conclui-se que no estudo atual mantiveram-se os cinco fatores formados pelas mesmas variáveis do modelo proposto por Scott e Bruce (1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
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), com exceção das afirmativas retiradas durante as rodadas da AFE. Esse comportamento dos dados pode ser justificado pelo procedimento de tradução e adaptação adotado neste artigo, que ao contemplar todas as etapas indicadas por Beaton et al. (2000BEATON, D. E. et al. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine, v. 5, n. 24, p. 3186-3191, 2000. 10.1097/00007632-200012150-00014), aproximou ainda mais a versão final do questionário ao originalmente encontrado por Scott e Bruce (1995).

Diante dessa perspectiva, conclui-se que o GDMS constitui instrumento adequado para investigações acerca dos estilos de tomada de decisão individual no contexto brasileiro, conforme propõe este estudo. Dessa forma, o instrumento pode ser utilizado em novos estudos e em diferentes áreas, ampliando o conhecimento sobre o tema e suas relações.

Embora os cinco estilos de decisão individual propostos sejam independentes, os decisores utilizam uma proporção de cada estilo para caracterizar o seu processo de tomada de decisão (SCOTT; BRUCE, 1995SCOTT, S. G.; BRUCE, R. A. Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and psychological measurement, v. 55, n. 5, p. 818-831, 1995. https://doi.org/10.1177/0013164495055005017
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). Além disso, dependendo da situação encontrada, do estágio de maturidade e do conhecimento que o indivíduo possui, a composição do estilo pode ser impactada, justificando a importância desta tradução, adaptação e validação, tendo em vista que a discussão da qualidade da tomada de decisão se utiliza dos estilos de tomada de decisão individual como importantes preditores (LÖBLER et al., 2019LÖBLER, M. L. et al. Inventário de estilos de tomada de decisão: validação de instrumento no contexto brasileiro. Revista de Administração da UNIMEP, v. 17, n. 1, 2019. http://www.raunimep.com.br/ojs/index.php/regen/editor/submissionEditing/1167
http://www.raunimep.com.br/ojs/index.php...
).

Assim, constata-se que a compreensão acerca dos estilos de decisão individual é pertinente frente às mais diversas realidades, tendo em vista que o entendimento das características individuais projetará os movimentos dos grupos sociais. Tal fato pode ser identificado no desenvolvimento e aprimoramento de práticas dentro das organizações, na composição de equipes de trabalho, no estudo do público de interesse de negócios e demais situações pertinentes, em que o decisor pode utilizar a presente versão brasileira do inventário.

Por fim, destaca-se a dificuldade na aplicação dos questionários devido ao período de pandemia vivenciado no decorrer deste estudo, constituindo-se uma limitação encontrada, além da amostra restrita de respondentes, que pode ser ampliada em novas pesquisas. Desse modo, sugere-se que pesquisas futuras ampliem o entendimento sobre os estilos de tomada de decisão individual em diversos contextos, visando a melhoria no gerenciamento de negócios.

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  • 1
    Recebido em 29/5/2022, aceito em 5/4/2023.
  • 6
    No dia 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde - OMS revelou o novo Coronavírus, designado SARS-CoV-2, causador da doença COVID-19, como emergência de saúde pública. Em 11 de março de 2020, passou a ser classificada como uma pandemia (WHO, 2020).

APÊNDICE A - ESTILOS DE TOMADA DE DECISÃO INDIVIDUAL - GDMS

Abaixo estão listadas afirmativas que descrevem como o indivíduo toma decisões importantes. Você deverá analisar as afirmações e responder, em uma escala de 1, discordo totalmente, a 5, concordo totalmente, qual o seu grau de discordância ou concordância em cada uma delas.

Estilo de decisão Afirmativas Racional 1. Minha tomada de decisão requer uma reflexão cuidadosa. 2. Quando eu tomo uma decisão, eu considero várias opções em termos de um objetivo específico. 3. Eu exploro todas as minhas opções antes de tomar uma decisão. Intuitivo 4. Quando eu tomo uma decisão, eu confio em meus instintos. 5. Quando eu tomo decisões, eu tenho a tendência a confiar na minha intuição. 6. Eu geralmente tomo decisões que parecem certas para mim. 7. Quando eu tomo uma decisão, é mais importante para mim sentir que a decisão é certa do que ter uma justificativa racional para ela. 8. Quando eu tomo uma decisão, confio nos meus sentimentos e reações. Dependente 9. Eu frequentemente preciso de ajuda de outras pessoas ao tomar decisões importantes. 10. Eu raramente tomo decisões importantes sem consultar outras pessoas. 11. Se eu tenho ajuda de outras pessoas é mais fácil tomar decisões importantes. 12. Eu uso o conselho de outras pessoas para tomar decisões importantes. 13. Eu gosto de ter alguém para me orientar na direção certa diante de decisões importantes. Procrastinador 14. Eu adio a tomada de decisão sempre que possível. 15. Eu frequentemente procrastino quando se trata de tomar decisões importantes. 16. Eu geralmente tomo decisões importantes de última hora. 17. Eu adio a tomada de muitas decisões, porque pensar sobre elas me deixa preocupado. Espontâneo 18. Eu geralmente tomo decisões precipitadas. 19. Eu frequentemente tomo decisões no calor do momento. 20. Eu tomo decisões rápidas. 21. Eu frequentemente tomo decisões impulsivas.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Out 2023
  • Data do Fascículo
    May-Aug 2023

Histórico

  • Recebido
    29 Maio 2022
  • Aceito
    05 Abr 2023
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