Efeito nocebo na comunicação em saúde: como minimizá-lo?

Rodrigues, Bruna Alves; Silva, Luciana Micaelly Costa Pessoa; Lucena, Hiênio Ítalo da Silva; Morais, Edna Pereira Gomes de; Rocha, Ana Carolina; Alves, Giorvan Anderson dos Santos; Benevides, Silvia Damasceno

doi:10.1590/1982-0216/20222443022s

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Sumário

ARTIGOS DE REVISÃO • Rev. CEFAC 24 (4) • 2022 • https://doi.org/10.1590/1982-0216/20222443022s copiar

Efeito nocebo na comunicação em saúde: como minimizá-lo?

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RESUMO

Objetivo:

descrever as estratégias para minimizar o efeito nocebo na comunicação em saúde.

Métodos:

trata-se de uma revisão integrativa da literatura. Os descritores utilizados foram: “Efeito nocebo” e “comunicação em saúde”, em inglês, português e espanhol e suas combinações, no período de 2011 a 2021, nas bases de dados da Medline, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Cochrane Library, Embase e Web of Science/ISI. A pergunta de investigação para esse estudo foi: Quais as estratégias utilizadas para minimizar o efeito nocebo na comunicação em saúde?

Revisão da Literatura:

foram encontrados 77 artigos. Apenas seis preencheram os critérios de inclusão e compuseram a amostra da revisão. Os anos de publicação dos artigos variaram entre 2015 e 2021. As estratégias definidas para minimizar o efeito nocebo foram: enquadramento positivo, comunicação assertiva e utilização de fatores contextuais.

Conclusão:

as estratégias encontradas para minimizar o efeito nocebo foram fatores contextuais, conversa motivacional, enquadramento positivo, comunicação assertiva e comunicação empática. Essas técnicas de comunicação parecem ser efetivas, mas ainda são pouco conhecidas pelos profissionais em saúde. Esse conhecimento se faz importante, pois auxilia no desenvolvimento de habilidades comunicativas que visam à humanização do cuidado ao paciente.

Descritores:
Efeito Nocebo; Comunicação em Saúde; Estratégias de Saúde

Autores/Ano/País	Objetivo	Metodologia	Estratégias para minimizar o efeito nocebo / Resultados	Contribuições
Bisconti e col. (2021) Itália⁹	Compreender a gestão de fatores contextuais e identificar quais são mais relevantes e quais os fisioterapeutas subestimam.	Trata-se de um estudo transversal. Foi realizada a elaboração de um questionário. Esse questionário foi dividido em duas partes, sendo a primeira parte o questionário sociodemográfico. A segunda parte aborda questões específicas sobre os fatores contextuais.	As estratégias utilizadas foram: levar em consideração os fatores contextuais (interação verbal e não verbal, aparência e comportamentos do profissional de saúde, bem como as expectativas do paciente) e estimular as expectativas positivas do paciente, com o objetivo de sucesso terapêutico.	Observou-se a necessidade da utilização dos fatores contextuais na prática e sua efetividade para minimizar o efeito nocebo.
Rossettini e col. (2019) Itália¹⁰	Investigar as atitudes e crenças de pacientes italianos com dores musculoesqueléticas sobre o uso de fatores contextuais na prática clínica.	Um estudo transversal quantitativo baseado na web. A amostra foi composta por pacientes italianos com dor musculoesquelética que responderam o questionário sobre dados sociodemográficos, características da dor musculoesquelética, expectativas com relação ao tratamento com base em experiências anteriores e utilização de laser.	Fatores contextuais associados à terapia baseada em evidências	A utilização de fatores contextuais juntamente com a intervenção baseada em evidências promovem melhores resultados terapêuticos.
Petit e col. (2021) França¹²	Avaliar uma intervenção para reduzir o efeito nocebo no paciente ao mudar o medicamento do originador infliximabe para o infliximabe biossimilar SB2.	Este trabalho foi dividido em quatro etapas, sendo a primeira uma revisão sistemática. A segunda etapa foi realizada por meio de entrevistas com os pacientes que receberam medicação. A terceira etapa foi composta por uma intervenção multiprofissional. Na quarta etapa foi realizada a efetivação da intervenção com uma troca de medicação.	A estratégia utilizada para a aceitação da mudança de medicamento foi a conversa motivacional.	A estratégia de comunicação adaptada com foco em uma relação de confiança entre pacientes e a equipe multiprofissional apresentou uma boa aceitação na troca dos medicamentos e minimização do efeito nocebo.
Devlin e col.(2019) Austrália¹⁵	Observar se as expectativas dos efeitos colaterais antes do tratamento influenciam as experiências posteriores.	A amostra foi composta por universitários. Os participantes foram informados por entrevistadores que eles estavam participando de um estudo, sendo citado o seu objetivo. Os instrumentos utilizados foram questionários sociodemográficos, escala de estilo comportamental, escala de depressão, ansiedade e estresse, escalas de expectativas de resposta e a escala de experiências. Foram também informados sobre o procedimento do teste pressor ao frio (CPT). Posteriormente, foram apresentados a eles informações sobre CPT, padronizadas.	Enquadramento positivo	O enquadramento positivo reduziu os efeitos adversos a curto prazo. No entanto, no acompanhamento, não ocorreu essa diminuição.
Vijayan e col. (2015) Reino Unido¹⁶	Descrever se o processo de comunicação induz às expectativas negativas nos pacientes e podem gerar a resposta “nocebo”, representada pela maior intensidade da dor.	Trata-se de um estudo misto que combinou 2 pesquisas transversais com um estudo randomizado. O estudo observacional compreendeu entrevistas com profissionais que abordavam a comunicação verbal durante a punção venosa. Foi utilizado o grau de concordância a respeito de quatro afirmações com relação à justificativa de uma advertência verbal. A segunda pesquisa foi realizada com pacientes em uma clínica, os quais responderam um questionário sobre o uso de advertências verbais.	Comunicação assertiva antes da punção venosa	Os profissionais de saúde conseguem utilizar as frases antes dos procedimentos invasivos sem causar efeito nocebo.
Van e col. (2019) Países Baixos¹⁸	Fornecer mais informações sobre com que frequência e como os oncologistas usam expressões de expectativa e empatia nas consultas.	Trata-se de um estudo observacional multicêntrico de consultas com pacientes com câncer de mama avançado. A amostra foi composta por 33 consultas gravadas e, posteriormente, analisadas e codificadas, a fim de determinar as expressões de expectativa e empatia, expectativa positiva, negativas e incertas.	Comunicação empática.	A comunicação empática entre o médico e o paciente influencia o processo terapêutico, gerando melhores resultados no tratamento proposto.

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