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Prevalência de mordida aberta anterior associada a hábitos orais deletérios em crianças de 3 a 5 anos de Vitória, ES

Resumos

Objetivo

avaliar a prevalência de mordida aberta anterior e a possível associação com hábitos deletérios em crianças de três a cinco anos de escolas públicas de Vitória, ES.

Métodos

estudo longitudinal retrospectivo realizado no período de julho a novembro de 2010. A oclusopatia do tipo mordida aberta anterior foi diagnosticada no momento da pesquisa e a introdução e duração dos hábitos orais foi recuperada por meio de questionário aplicado aos responsáveis. O cálculo amostral resultou em um número de 920 crianças, já acrescido de 20% para compensar possíveis perdas. A seleção das escolas foi feita de forma aleatória. A coleta de dados utilizou um questionário semiestruturado e um exame clínico, com examinadores treinados (Kappa 0,86). A associação entre as variáveis foi verificada pelos testes Qui-quadrado e Exato de Fisher. Para avaliar a força da associação foi utilizado o OddsRatio.

Resultados

a prevalência de mordida aberta foi de 20%. Crianças que possuem o hábito de sucção digitaltiveram uma chance 3 vezes maior de apresentar mordida aberta, enquanto que para aqueles que usavam chupeta, o risco foi 5 vezes maior

Conclusão

a prevalência de mordida aberta anterior foi expressiva; hábitos de sucção não-nutritiva foram associados significantemente a presença de oclusopatias. Ressalta-se a importância de ações preventivas que possam conscientizar quanto ao uso correto dos hábitos orais.

Mordida Aberta; Má Oclusão; Hábitos


Purpose

assess the prevalence of anterior open bite and its association with harmful habits in children from three to five years-old.

Methods

this is a retrospective longitudinal done between July and November, 2010. Anterior open bite was diagnosed at the time of the research and introduction and duration of the habits was declared by parents using a questionnaire. Sample calculus resulted in 920 children. Schools’ selection was randomized. Data was collected using a questionnaire and a clinical exam with trained examiners (Kappa 0.86).The association between variables was verified by Chi-square and Fisher exact Test. Odds Ratio was used to assess the strength of the association.

Results

Open bite prevalence was 20%.Children with finger sucking habit had 3 times the chance of having anterior and for those that used pacifier the risk was five times higher.

Conclusion

the prevalence of open bite was expressive. Non nutritive sucking habits were associated with malocclusion prevalence. The importance of preventive strategies to improve consciousness related to the correct use of oral habits must be remembered.

Open Bite; Malocclusion; Habits


INTRODUÇÃO

A mordida aberta é definida como uma deficiência no contato vertical normal entre os dentes antagonistas, podendo manifestar-se numa região limitada ou, mais raramente, em todo o arco dentário. Consiste em uma discrepância no sentido vertical, o que a torna mais difícil de ser corrigida e seus resultados finais mostram-se menos estáveis1. Alimere HC, Thomazinho A, Felício CM. Mordida aberta anterior: uma fórmula para dignóstico diferencial. Pró-Fono R Atual Cient.2005;17(3):367-74.,2. Moyers RE. Ortodontia. 4 ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.. Se a falta de contato dos dentes localiza-se na região de incisivos e/ou caninos, quando a oclusão está em relação cêntrica, esta passa a ser denominada Mordida Aberta Anterior (MAA)2. Moyers RE. Ortodontia. 4 ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991..

As oclusopatias podem ser resultado de problemas hereditários e/ou ambientais. Fatores hereditários são determinados na concepção e só podem ser identificados seus efeitos e não sua causa3. Fritscher A, Araujo, DF, Oliveira, FAM, Oliveira, MG. Consideração sobre oclusão e maloclusão na criança. Rev ABO Nac. 1998;6(2):89-94.. Os fatores ambientais e locais são aqueles produzidos pelo meio, tais como hábitos orais3. Fritscher A, Araujo, DF, Oliveira, FAM, Oliveira, MG. Consideração sobre oclusão e maloclusão na criança. Rev ABO Nac. 1998;6(2):89-94.

. Vasconcelos FMN, Massoni ACL, Heimer MV, Ferreira AMB, Katz CRT, Rosemblatt A. Non-Nutritive sucking habits, anterior open bite and associated factors in Brazilian children aged 30-59 months. Braz Dent J. 2011;22(2):140-5.
-5. Almeida FL, Silva AMT, Serpa EO. Relação entre má oclusão e hábitos orais em respiradores bucais. Rev CEFAC. 2009;11(1):86-93.. Deve-se então considerar no estabelecimento da oclusão todos os fatores que fazem parte do crescimento e desenvolvimento da criança como um todo. Alguns fatores sistêmicos e genéticos têm maior influência sobre a oclusão, mas a condição de saúde geral constante é de suma importância, pois possibilitará o desenvolvimento sadio da oclusão3. Fritscher A, Araujo, DF, Oliveira, FAM, Oliveira, MG. Consideração sobre oclusão e maloclusão na criança. Rev ABO Nac. 1998;6(2):89-94..

Os hábitos orais deletérios foram definidos como padrões de contração muscular aprendidos de natureza complexa e de caráter inconsciente, que podem atuar como fatores deformadores do crescimento e desenvolvimento ósseo, posições dentárias, na função respiratória e na fala, sendo, portanto, um importante fator etiológico das oclusopatias2. Moyers RE. Ortodontia. 4 ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991., uma vez que introduzem forças estranhas no sistema estomatognático5. Almeida FL, Silva AMT, Serpa EO. Relação entre má oclusão e hábitos orais em respiradores bucais. Rev CEFAC. 2009;11(1):86-93.. Estes compreendem: o hábito de morder objetos, a prolongada sucção de dedo e/ou chupeta2,4-8.a respiração oral, as funções anormais da língua durante a deglutição, a interposição labial e a onicofagia2. Moyers RE. Ortodontia. 4 ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991..

A associação entre a forma de aleitamento e a instalação de hábitos orais e, a partir destes, o estabelecimento de oclusopatias, tem sido observada em vários estudos4. Vasconcelos FMN, Massoni ACL, Heimer MV, Ferreira AMB, Katz CRT, Rosemblatt A. Non-Nutritive sucking habits, anterior open bite and associated factors in Brazilian children aged 30-59 months. Braz Dent J. 2011;22(2):140-5.,9. Serra-Negra JMC, Pordeus IA, Rocha Junior JF. Estudo da associação entre aleitamento, hábitos bucais e maloclusões. Rev Odontol Univ Cid São Paulo.1997;11(2):79-86.,1010 . Oliveira AB, Souza FP, Chiappetta ALML. Relação entre hábitos de sucção não-nutritiva, tipo de aleitamento e má oclusões em crianças com dentição decídua. Rev CEFAC. 2006;8(3):352-9.. Crianças com menor tempo de aleitamento materno tem desenvolvido, com maior frequência, hábitos orais deletérios aumentando o risco de instalação de oclusopatias4. Vasconcelos FMN, Massoni ACL, Heimer MV, Ferreira AMB, Katz CRT, Rosemblatt A. Non-Nutritive sucking habits, anterior open bite and associated factors in Brazilian children aged 30-59 months. Braz Dent J. 2011;22(2):140-5.,5. Almeida FL, Silva AMT, Serpa EO. Relação entre má oclusão e hábitos orais em respiradores bucais. Rev CEFAC. 2009;11(1):86-93.,9. Serra-Negra JMC, Pordeus IA, Rocha Junior JF. Estudo da associação entre aleitamento, hábitos bucais e maloclusões. Rev Odontol Univ Cid São Paulo.1997;11(2):79-86.,1010 . Oliveira AB, Souza FP, Chiappetta ALML. Relação entre hábitos de sucção não-nutritiva, tipo de aleitamento e má oclusões em crianças com dentição decídua. Rev CEFAC. 2006;8(3):352-9..

É necessária uma visão preventiva a respeito das oclusopatias. Estudos e trabalhos direcionados para uma abordagem precoce de problemas cuja postergação no diagnóstico e tratamento poderá resultar em dificuldades futuras para sua resolução. A intervenção precoce se traduz numa medida preventiva a despeito de evitar um complexo tratamento posterior3. Fritscher A, Araujo, DF, Oliveira, FAM, Oliveira, MG. Consideração sobre oclusão e maloclusão na criança. Rev ABO Nac. 1998;6(2):89-94..

A intervenção fonoaudiológica precoce em crianças portadoras de mordida aberta anterior na dentição decídua facilita, além de outros fatores, a harmonia do crescimento dento-facial3. Fritscher A, Araujo, DF, Oliveira, FAM, Oliveira, MG. Consideração sobre oclusão e maloclusão na criança. Rev ABO Nac. 1998;6(2):89-94., uma vez que são dadas condições para uma adequada postura dos lábios e língua, evitando assim problemas de dicção de certos fonemas com a interposição da língua que ocorre na grande maioria dos casos de mordida aberta anterior1111 . Silva Filho OG, Chaves ASM, Almeida RR. Efeitos terapêuticos suscitados pelo uso da grade palatina: um estudo cefalométrico. Rev Soc Paran Ortod. 1996;1(1):9-15.. A intervenção interdisciplinar favorece o cuidado integral especialmente na interlocução da ortodontia e fonoaudiologia, para o correto tratamento da disfunção. Estudos epidemiológicos podem proporcionar aos gestores a dimensão do problema permitindo uma intervenção precoce com medidas simples possíveis ao nível de serviço público.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência de mordida aberta anterior e sua associação com hábitos orais deletérios em crianças de três a cinco anos de escolas públicas de Vitória, ES, Brasil.

MÉTODOS

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo (642/2010).

Foi realizado um estudo longitudinal retrospectivo em crianças de 3 a 5 anos das escolas públicas do município de Vitória, Espírito Santo, Brasil, no período de julho a novembro de 2010. A oclusopatia do tipo mordida aberta anterior foi diagnosticada no momento da pesquisa e o momento da introdução e duração dos hábitos orais foi verificado por meio de um questionário.

Foram utilizados como parâmetros para o cálculo amostral uma prevalência de 35%, nível de confiança de 95% e margem de erro de 5% de um universo de 9.829 crianças. O cálculo resultou em um número de 920 crianças, já acrescido de 20% para compensar possíveis perdas. A seleção das escolas foi feita de forma aleatória. O total de crianças examinadas por escola manteve a proporcionalidade por região, garantindo a representatividade da amostra.

Foram considerados critérios de inclusão para o estudo as crianças nascidas no período entre 2005 a 2007 devidamente matriculadas nas creches públicas do município de Vitória–ES com dentição decídua completa. Foram excluídas as crianças sindrômicas com manifestações relacionadas a dentição/oclusão.

O responsável pela criança foi convidado a participar da pesquisa e os que aceitaram assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido entregue pela pesquisadora juntamente com o questionário semi-estruturado, composto por seis perguntas abertas e dezoito fechadas. As questões permitiram classificar a condição socioeconômica (A,B,C,D,E), idade, sexo, e os hábitos deletérios – sucção de chupeta e digital.

O exame clínico das crianças foi realizado nas próprias escolas por três cirurgiões-dentistas treinados (Kappa =0,86) e anotadores. Para o registro de mordida aberta anterior foi realizado o exame tátil-visual, estando à criança sentada de frente para o examinador, utilizando espátulas de madeira com 2mm de espessura, sob luz natural. Para a definição de mordida aberta anterior, a criança deveria se encontrar em oclusão cêntrica e não ocorrer a apreensão da espátula pelos dentes decíduos anteriores.

Foi considerada variável dependente a detecção da oclusopatia do tipo mordida aberta anterior; as variáveis possivelmente explicativas consideradas para análise foram as sociodemográficas – sexo, idade, condição socioeconômica, escolaridade materna – e a presença de hábitos de sucção não-nutritiva – sucção digital e o uso de chupeta.

A análise dos dados envolveu estatística descritiva por meio de tabelas de frequência com número e percentual. A estatística analítica estabeleceu comparação dos percentuais entre mordida aberta e as variáveis independentes pelos testes Qui-quadradoe Exato de Fisher. A força da associação foi verificada pelo OddsRatio. O nível de significância adotado foi de 5%. O pacote estatístico SPSS – Social PackageStatistical Science, versão 15 – foi utilizado para esta análise.

RESULTADOS

A análise de resultados envolveu 903 menores participantes do estudo. Tratando-se de um cálculo amostral de 920 já acrescidos de 20% prevendo possíveis perdas, a amostra final de 903 crianças foi considerada adequada.

A amostra teve uma distribuição entre os sexos próxima a 50%. Em relação à idade, o maior percentual se situava no grupo de três anos (43,3%) e equilibrado nos grupos de quatro (27,1%) e de cinco anos (24,9%). Nesta variável 42 responsáveis (4,7%) não informaram a idade dos seus filhos. A escolaridade materna mais declarada foi de ensino médio completo (40%), 179 (19,8%) têm ensino fundamental completo. Não concluíram o ensino fundamental 239 mães (26,5%) e 83 (9,2%) informaram possuir ensino superior.

A amostra demonstrou um predomínio das classes C(57,7%) seguido das classes B(24,4%) e D(13,8%). Chama atenção a baixa frequência de crianças das classes E (2,0%) e A (2,1%). A distribuição da amostra nas diversas regiões da grande Vitória/ES manteve a proporcionalidade em todas as regiões. A Região de Maruípe possuía 22,5% das crianças matriculadas em escolas municipais e a amostra final (22,0%) garantiu a proporcionalidade, também mantida nas outras regiões.

Os dados referentes à prevalência de mordida aberta e as características sociodemográficas da população pesquisada estão descritos na Tabela 1.

Tabela 1
– Prevalência de mordida aberta anterior segundo características sociodemográficas em escolares de 3 a 5 anos de Vitória/ES

A prevalência de mordida aberta anterior foi de 20%. Observa-se um decréscimo da frequência da MAA com o aumento da idade: as crianças de cinco anos apresentaram uma prevalência muito abaixo das de três anos, sugerindo a possibilidade de auto-correção (Tabela 1).

A prevalência de MAA relacionada com hábitos de sucção não nutritivos está descrita na Tabela 2.


Prevalência de mordida aberta anterior segundo a presença de hábitos bucais em escolares de 3 a 5 anos de Vitória/ES

A Tabela 3 apresenta a associação entre MAA com as variáveis sociodemográficas e hábitos orais deletérios.

Tabela 3
– Associação entre mordida aberta e fatores sociodemográficos e hábitos orais de escolares de Vitória/ES

As crianças com três anos de idade apresentaram maior frequência de MAA comparadas com as de quatro e cinco anos. Aquelas que usavam chupeta apresentaram um risco quase cinco vezes maior de ter a mordida aberta, enquanto as com o hábito de sucção digital apresentaram uma chance 3 vezes maior.

DISCUSSÃO

As oclusopatias figuram na terceira posição da escala de frequência de problemas de saúde bucal do Brasil1212 . Tomita NE, Bijella VT, Franco LJ. Relação entre hábitos bucais e má oclusão em pré-escolares. Rev Saúde Pública. 2000;3(34):299-303., principalmente pela sua grande incidência e seu caráter precoce de aparecimento1313 . Silva Filho OG, Freitas SF, Cavassan AO. Prevalência de oclusão normal e má oclusão na dentadura mista em escolares da cidade de Bauru (São Paulo). Rev Assoc Paul Cir Dent. 1989;43(6):287-90.. Dentre todos os tipos de oclusopatias, a mordida aberta anterior é de grande prevalência em crianças, principalmente naquelas portadoras de hábitos orais deletérios1414 . Ferreira SH, Ruschel HC, De Bacco G, Ulian J. Estudo da prevalência da mordida aberta anterior em crianças de zero a cinco anos de idade nas creches municipais de Bento Gonçalves – RS.JBP J Bras Odontopediatr Odontol Bebê. 2001;4(17):72-9.. A MAA é a oclusopatia mais prevalente na dentição decídua1515 . Lima GN, Cordeiro CM, Justo JS, Rodrigues LCB. Mordida aberta e hábitos orais em crianças. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010;15(3):369-75..

Este estudo encontrou uma prevalência de mordida aberta anterior de 20%, resultado em consonância com um estudo também realizado em Vitória, em que a prevalência foi de 25,8%1616 . Emmerich A, Fonseca L, Elias AM, Medeiros UV. Relação entre hábitos bucais, alterações oronasofaringianas e mal-oclusões em pré-escolares de Vitória, Espírito Santo, Brasil. Cad Saúde Pública. 2004;20(3):689-97.. Resultados similares em crianças da mesma faixa etária foram encontrados em outras regiões do Brasil1515 . Lima GN, Cordeiro CM, Justo JS, Rodrigues LCB. Mordida aberta e hábitos orais em crianças. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010;15(3):369-75.,1717 . Sousa RLS, Lima RB, Florêncio Filho C, Lima KC, Diógenes AMN. Prevalência e fatores de risco da mordida aberta anterior na dentadura decídua completa em pré escolares na cidade de Natal, RN. Rev Dent Press Ortodon Ortopedi Facial. 2007; 2(2):129-38.. Outros estudos encontraram uma prevalência acima de 30%4. Vasconcelos FMN, Massoni ACL, Heimer MV, Ferreira AMB, Katz CRT, Rosemblatt A. Non-Nutritive sucking habits, anterior open bite and associated factors in Brazilian children aged 30-59 months. Braz Dent J. 2011;22(2):140-5.,1818 . Zapata M, Bachiega JC, Marangoni AF, Jeremias JEM, Ferrari RAM, Bussadori SK et al. Ocorrência de mordida aberta anterior e hábitos bucais deletérios em crianças de 4 a 6 anos. Rev CEFAC. 2009;12(2):267-71.,1919 . Silva Filho OG, Silva PRB, Rego MVNN, Capelozza Filho. Epidemiologia da mordida cruzada posterior na dentadura decídua. JBP J Bras Odontopediatr Odontol Bebê. 2003;6(29):61-8.. Chamou atenção um estudo realizado no Rio de Janeiro com crianças da mesma faixa etária que encontrou uma prevalência de 63,6%, possivelmente explicado por ser uma população atendida em uma única Unidade de Saúde e uma amostra bastante reduzida (44 crianças)1010 . Oliveira AB, Souza FP, Chiappetta ALML. Relação entre hábitos de sucção não-nutritiva, tipo de aleitamento e má oclusões em crianças com dentição decídua. Rev CEFAC. 2006;8(3):352-9..

Neste estudo, a prevalência de mordida aberta foi proporcional para ambos os sexos. A faixa etária de 3 anos foi a mais acometida (23,8%), em comparação com a da faixa etária de 4 anos (19,6%) e de 5 anos (13,8%). É possível sugerir uma tendência ao abandono dos hábitos somente após os quatro anos de idade com a socialização da criança. Um estudo em Bento Gonçalves, RS observou também uma discreta diminuição na prevalência da mordida aberta anterior com o aumento da idade e maior prevalência aos três anos2020 . Forte FDS, Bosco VL. Prevalência de mordida aberta anterior e sua relação com hábitos de sucção não nutritiva. Pesqui Bras Odontopediatria Clin Integr. 2001;1(1): 3-8..

Para as variáveis sexo (p = 0,163), condição socioeconômica (p = 0,527) e escolaridade do responsável (p = 0,528), as diferenças apresentadas não foram estatisticamente significantes, em concordância com outros estudos 4. Vasconcelos FMN, Massoni ACL, Heimer MV, Ferreira AMB, Katz CRT, Rosemblatt A. Non-Nutritive sucking habits, anterior open bite and associated factors in Brazilian children aged 30-59 months. Braz Dent J. 2011;22(2):140-5.,1717 . Sousa RLS, Lima RB, Florêncio Filho C, Lima KC, Diógenes AMN. Prevalência e fatores de risco da mordida aberta anterior na dentadura decídua completa em pré escolares na cidade de Natal, RN. Rev Dent Press Ortodon Ortopedi Facial. 2007; 2(2):129-38.,2121 . Tomita NE, Bijella VT, Franco LJ. Relação entre determinantes socioeconômicos e hábitos bucais de risco para más oclusões em pré-escolares. Pesqui Odontol Bras. 2000;14(2):169-75.. Estudo realizado em Bauru encontrou maior prevalência nas crianças do sexo feminino1919 . Silva Filho OG, Silva PRB, Rego MVNN, Capelozza Filho. Epidemiologia da mordida cruzada posterior na dentadura decídua. JBP J Bras Odontopediatr Odontol Bebê. 2003;6(29):61-8.. Em relação às variáveis renda e condição socioeconômica um estudo realizado em Natal encontrou diferenças estatisticamente significantes, mostrando maior prevalência de MAA nas crianças inseridas nas classes mais favorecidas1717 . Sousa RLS, Lima RB, Florêncio Filho C, Lima KC, Diógenes AMN. Prevalência e fatores de risco da mordida aberta anterior na dentadura decídua completa em pré escolares na cidade de Natal, RN. Rev Dent Press Ortodon Ortopedi Facial. 2007; 2(2):129-38..

Dos fatores determinantes para MAA tem se observado o papel importante dos hábitos de sucção não nutritiva4. Vasconcelos FMN, Massoni ACL, Heimer MV, Ferreira AMB, Katz CRT, Rosemblatt A. Non-Nutritive sucking habits, anterior open bite and associated factors in Brazilian children aged 30-59 months. Braz Dent J. 2011;22(2):140-5.. A persistência dos hábitos após os três anos de idade é considerado comportamento infantil de regressão e nessa fase se observa seu potencial para ocasionar anomalias de oclusão1212 . Tomita NE, Bijella VT, Franco LJ. Relação entre hábitos bucais e má oclusão em pré-escolares. Rev Saúde Pública. 2000;3(34):299-303..

Os hábitos orais, sob o ponto de vista ortodôntico, devem merecer a atenção profissional quando presentes em crianças acima de três anos. De acordo a literatura, os efeitos provocados por hábitos de sucção em menores até três anos, sofrem um processo de correção espontânea na maioria dos casos quando da interrupção do hábito, o que torna o prognóstico mais favorável1515 . Lima GN, Cordeiro CM, Justo JS, Rodrigues LCB. Mordida aberta e hábitos orais em crianças. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010;15(3):369-75.,2222 . Heimer MH, Katz CRT, Rosenblatt A. Anterior open bite: a case-control study. Int J Paediatr Dent. 2010;20(1):59-64.. O aumento da idade leva à redução de hábitos e o cessar do hábito ainda na dentição decídua favorece a auto-correção4. Vasconcelos FMN, Massoni ACL, Heimer MV, Ferreira AMB, Katz CRT, Rosemblatt A. Non-Nutritive sucking habits, anterior open bite and associated factors in Brazilian children aged 30-59 months. Braz Dent J. 2011;22(2):140-5.,2222 . Heimer MH, Katz CRT, Rosenblatt A. Anterior open bite: a case-control study. Int J Paediatr Dent. 2010;20(1):59-64..

Os hábitos orais quando permanecem por períodos prolongados podem trazer prejuízos à musculatura e às estruturas orais em virtude das pressões exercidas. Quanto mais precoce a retirada dos hábitos, menor a possibilidade de surgir alterações orofaciais7. Galvão ACUR, Menezes SFL, Nemr K. Correlação de hábitos deletérios entre crianças de 4 a 6 anos de escola pública e particular da cidade de Manaus, AM. Rev CEFAC. 2006;8(3):328-36.,1818 . Zapata M, Bachiega JC, Marangoni AF, Jeremias JEM, Ferrari RAM, Bussadori SK et al. Ocorrência de mordida aberta anterior e hábitos bucais deletérios em crianças de 4 a 6 anos. Rev CEFAC. 2009;12(2):267-71.,2323 . Degan VV, Pupin-Rontani RM. Prevalence of pacifier-sucking habits and successful methods to eliminate them: a preliminary study. J Dent Child. 2004;71(2):148-51.. Porém, somente a remoção dos hábitos pode não promover a total readequação das funções do sistema estomatognático. A terapia orofacial pode favorecer o aumento da força muscular, provocar mudanças positivas nos padrões funcionais e assim prevenir desvios no desenvolvimento craniofacial1818 . Zapata M, Bachiega JC, Marangoni AF, Jeremias JEM, Ferrari RAM, Bussadori SK et al. Ocorrência de mordida aberta anterior e hábitos bucais deletérios em crianças de 4 a 6 anos. Rev CEFAC. 2009;12(2):267-71..

Reconhecendo a multifatorialidade na causalidade de todo e qualquer agravo, o desequilíbrio facial não é resultado de um único fator etiológico. Existe uma predisposição facial, a qual o hábito deletério apenas viria desencadear ou intensificar. Portanto, é a interação dos hábitos com os padrões faciais que determinam sua influência na face, sendo a qualificação do hábito e as características individuais, os fatores diferenciais1717 . Sousa RLS, Lima RB, Florêncio Filho C, Lima KC, Diógenes AMN. Prevalência e fatores de risco da mordida aberta anterior na dentadura decídua completa em pré escolares na cidade de Natal, RN. Rev Dent Press Ortodon Ortopedi Facial. 2007; 2(2):129-38..

Este estudo observou um risco de mordida aberta 3 vezes maior em crianças fazem sucção digital comparadas àquelas que não apresentam este comportamento. Outro estudo verificou que a sucção digital aumenta duas vezes a chance de apresentar mordida aberta anterior6. Colombi VGG. Mordida aberta anterior e hábitos deletérios em crianças de 03 a 05 anos de escolas públicas de Nova Venécia – ES [Monografia Especialização]. Vitória (ES): Associação Brasileira de Odontologia; 2010.. Em Recife foi verificado uma chance seis maior de exibir esse tipo de oclusopatia para aquelas com hábitos orais2222 . Heimer MH, Katz CRT, Rosenblatt A. Anterior open bite: a case-control study. Int J Paediatr Dent. 2010;20(1):59-64.. A literatura científica está muito bem documentada a respeito da associação entre hábitos persistentes de sucção não nutritiva e a presença de mordida aberta anterior4. Vasconcelos FMN, Massoni ACL, Heimer MV, Ferreira AMB, Katz CRT, Rosemblatt A. Non-Nutritive sucking habits, anterior open bite and associated factors in Brazilian children aged 30-59 months. Braz Dent J. 2011;22(2):140-5.,9. Serra-Negra JMC, Pordeus IA, Rocha Junior JF. Estudo da associação entre aleitamento, hábitos bucais e maloclusões. Rev Odontol Univ Cid São Paulo.1997;11(2):79-86.,1414 . Ferreira SH, Ruschel HC, De Bacco G, Ulian J. Estudo da prevalência da mordida aberta anterior em crianças de zero a cinco anos de idade nas creches municipais de Bento Gonçalves – RS.JBP J Bras Odontopediatr Odontol Bebê. 2001;4(17):72-9.,1616 . Emmerich A, Fonseca L, Elias AM, Medeiros UV. Relação entre hábitos bucais, alterações oronasofaringianas e mal-oclusões em pré-escolares de Vitória, Espírito Santo, Brasil. Cad Saúde Pública. 2004;20(3):689-97.

17 . Sousa RLS, Lima RB, Florêncio Filho C, Lima KC, Diógenes AMN. Prevalência e fatores de risco da mordida aberta anterior na dentadura decídua completa em pré escolares na cidade de Natal, RN. Rev Dent Press Ortodon Ortopedi Facial. 2007; 2(2):129-38.
-1818 . Zapata M, Bachiega JC, Marangoni AF, Jeremias JEM, Ferrari RAM, Bussadori SK et al. Ocorrência de mordida aberta anterior e hábitos bucais deletérios em crianças de 4 a 6 anos. Rev CEFAC. 2009;12(2):267-71.,2020 . Forte FDS, Bosco VL. Prevalência de mordida aberta anterior e sua relação com hábitos de sucção não nutritiva. Pesqui Bras Odontopediatria Clin Integr. 2001;1(1): 3-8., 2222 . Heimer MH, Katz CRT, Rosenblatt A. Anterior open bite: a case-control study. Int J Paediatr Dent. 2010;20(1):59-64..

Os hábitos de sucção não nutritiva podem ter origem fisiológica, emocional ou aprendida e seus prejuízos são determinados pela frequência, intensidade, duração5. Almeida FL, Silva AMT, Serpa EO. Relação entre má oclusão e hábitos orais em respiradores bucais. Rev CEFAC. 2009;11(1):86-93.,2424 . Silva EL. Hábitos bucais deletérios. Rev Para Med. 2006;20(2):47-50. e o objeto utilizado, bem como idade da criança na época da instalação dos hábitos7. Galvão ACUR, Menezes SFL, Nemr K. Correlação de hábitos deletérios entre crianças de 4 a 6 anos de escola pública e particular da cidade de Manaus, AM. Rev CEFAC. 2006;8(3):328-36..

Alguns autores sugerem que o aleitamento natural exclusivo por períodos maiores de quatro meses deve ser enfatizado, por favorecer o correto crescimento e desenvolvimento da face, a harmonia da oclusão. O aleitamento materno reduz a chance da instalação de hábitos de sucção não nutritiva4. Vasconcelos FMN, Massoni ACL, Heimer MV, Ferreira AMB, Katz CRT, Rosemblatt A. Non-Nutritive sucking habits, anterior open bite and associated factors in Brazilian children aged 30-59 months. Braz Dent J. 2011;22(2):140-5.,9. Serra-Negra JMC, Pordeus IA, Rocha Junior JF. Estudo da associação entre aleitamento, hábitos bucais e maloclusões. Rev Odontol Univ Cid São Paulo.1997;11(2):79-86.,2525 . Forte FDS, Gouveia Farias MMA, Bosco VL. Aleitamento materno e hábitos de sucção não-nutritiva. Rev Bras Ciênc Saúde. 2000;4(1/3):43-8.

26 .Albuquerque SSL, Duarte RC, Cavalcanti EL, Belträo EM. A influência do padrão de aleitamento no desenvolvimento de hábitos de sucção não nutritivos na primeira infância. Ciênc Saúde Coletiva. 2010;15(2):371-8.

27 .Araújo CMT, SilvaGAP, Coutinho SB. A utilização da chupeta e o desenvolvimento sensório motor oral. Rev CEFAC. 2009;11(2):261-7.

28 .Medeiros APM, Ferreira JTL, Felício CM. Correlação entre métodos de aleitamento, hábitos de sucção e comportamentos orofaciais. Pró-Fono R Atual Cient. 2009;21(4):315-9.

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-3030 . Montaldo L, Montaldo P, Cuccaro P, Caramico N, Minervine G. Effects of feeding on non-nutritive sucking habits and implications on oclusion in mixed dentition. Int J Paediatr Dentristy. 2011;21:68-73..

Este estudo encontrou que crianças que usavam chupeta possuíam quase 5 vezes mais risco de apresentar mordida aberta quando comparadas àquelas que não usavam. Resultado similar foi encontrado em outro estudo realizado no estado do Espírito Santo6. Colombi VGG. Mordida aberta anterior e hábitos deletérios em crianças de 03 a 05 anos de escolas públicas de Nova Venécia – ES [Monografia Especialização]. Vitória (ES): Associação Brasileira de Odontologia; 2010., em que crianças que usavam chupeta tiveram 3,25 vezes mais chance de apresentarem mordida aberta anterior6. Colombi VGG. Mordida aberta anterior e hábitos deletérios em crianças de 03 a 05 anos de escolas públicas de Nova Venécia – ES [Monografia Especialização]. Vitória (ES): Associação Brasileira de Odontologia; 2010.. Em Natal foi verificado uma chance 11,6 vezes maior de apresentar MAA em crianças com o hábito1717 . Sousa RLS, Lima RB, Florêncio Filho C, Lima KC, Diógenes AMN. Prevalência e fatores de risco da mordida aberta anterior na dentadura decídua completa em pré escolares na cidade de Natal, RN. Rev Dent Press Ortodon Ortopedi Facial. 2007; 2(2):129-38..

Silenciar o choro da criança foi o benefício mais atribuído ao uso da chupeta, além da indução do sono e consolo à criança. Mesmo mães com conhecimento dos possíveis prejuízos à oclusão resultantes do uso da chupeta, a maioria incentivava o uso9. Serra-Negra JMC, Pordeus IA, Rocha Junior JF. Estudo da associação entre aleitamento, hábitos bucais e maloclusões. Rev Odontol Univ Cid São Paulo.1997;11(2):79-86.. O aumento do uso da chupeta pode ser atribuído ao modo de vida moderno, crescente industrialização e aspectos socioculturais1616 . Emmerich A, Fonseca L, Elias AM, Medeiros UV. Relação entre hábitos bucais, alterações oronasofaringianas e mal-oclusões em pré-escolares de Vitória, Espírito Santo, Brasil. Cad Saúde Pública. 2004;20(3):689-97.. A maior inserção da mulher no mercado de trabalho e subsequente diminuição do tempo de aleitamento natural acabam favorecendo a adoção de hábitos de sucção não nutritiva4. Vasconcelos FMN, Massoni ACL, Heimer MV, Ferreira AMB, Katz CRT, Rosemblatt A. Non-Nutritive sucking habits, anterior open bite and associated factors in Brazilian children aged 30-59 months. Braz Dent J. 2011;22(2):140-5.. Um estudo publicado em 2012 entrevistou mães entre 20 a 45 anos e verificou a não associação entre o nível de escolaridade materna e o uso de chupeta por seus filhos. O uso de mamadeira foi significantemente maior em crianças cujas mães tinham ensino superior. Trabalhar fora e idade materna não exerceram influência sobre o uso de chupeta e mamadeira pelos filhos; trabalhar na área da saúde também não foi suficiente para que os filhos não fizessem uso de chupeta e mamadeira8. Silvério KCA, Ferreira APS, Johanns CM, Wolf A, Furkim AM, Marques JM. Relação escolaridade, faixa etária e profissão da mães com a oferta de chupeta e mamadeira a seus filhos.Rev CEFAC. 2012;14(4):610-5.. Um estudo realizado em Manaus não verificou diferença na prevalência de uso da chupeta, sucção digital e mamadeira entre crianças de 4 a 6 anos matriculadas em escolas públicas e privadas7. Galvão ACUR, Menezes SFL, Nemr K. Correlação de hábitos deletérios entre crianças de 4 a 6 anos de escola pública e particular da cidade de Manaus, AM. Rev CEFAC. 2006;8(3):328-36..

Oclusopatias são eventos altamente prevalentes e podem interferir negativamente na qualidade de vida prejudicando a interação social e o bem estar. Se a retirada do hábito não acontecer em uma idade que possibilite a auto-correção da MAA, esta possivelmente se perpetuará para a dentição mista. O prejuízo será ainda maior em relação a auto-estima e bem estar psicológico quando na adolescência3131 . Marques LS, Barbosa CC, Ramos-Jorge ML, Pordeus IA, Paiva SM. Prevalência da maloclusão e necessidade de tratamento ortodôntico em escolares de 10 a 14 anos de idade em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil: enfoque psicosocial. Cad Saúde Pública. 2009;21(4):1099-106.. Um estudo comparou a necessidade normativa e percebida de tratamento ortodôntico em uma amostra de adolescentes em Belo Horizonte e verificou que quase 90% dos jovens desejavam ser tratados ortodonticamente. A oclusopatia pode representar uma desvantagem social, uma vez que a estética facial é considerada um determinante significante para interação social3131 . Marques LS, Barbosa CC, Ramos-Jorge ML, Pordeus IA, Paiva SM. Prevalência da maloclusão e necessidade de tratamento ortodôntico em escolares de 10 a 14 anos de idade em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil: enfoque psicosocial. Cad Saúde Pública. 2009;21(4):1099-106..

A postergação no diagnóstico e intervenção poderá resultar em dificuldades futuras para a resolução das oclusopatias do tipo mordida aberta anterior. A intervenção precoce se traduz numa medida preventiva capaz de evitar um complexo tratamento posterior3. Fritscher A, Araujo, DF, Oliveira, FAM, Oliveira, MG. Consideração sobre oclusão e maloclusão na criança. Rev ABO Nac. 1998;6(2):89-94.,3232 . Mistry P, Moles DR, O Neil J, Noar J. The occlusal effects of digit sucking habits amongst sclhool children in Nortnamptonshire (UK). J Orthod. 2010;37(2):87-92., que envolverá equipe multidisciplinar, composta minimamente por odontopediatrias, ortodontistas e fonoaudiólogos7. Galvão ACUR, Menezes SFL, Nemr K. Correlação de hábitos deletérios entre crianças de 4 a 6 anos de escola pública e particular da cidade de Manaus, AM. Rev CEFAC. 2006;8(3):328-36.. A intervenção precoce para eliminação dos hábitos orais contempla a redução de custos na saúde3131 . Marques LS, Barbosa CC, Ramos-Jorge ML, Pordeus IA, Paiva SM. Prevalência da maloclusão e necessidade de tratamento ortodôntico em escolares de 10 a 14 anos de idade em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil: enfoque psicosocial. Cad Saúde Pública. 2009;21(4):1099-106.. Barreiras de acesso ao tratamento ortodôntico ainda são inúmeras para a população brasileira de um modo geral. O custo configura-se como o principal motivo pelo qual as pessoas não realizam tratamento ortodôntico3131 . Marques LS, Barbosa CC, Ramos-Jorge ML, Pordeus IA, Paiva SM. Prevalência da maloclusão e necessidade de tratamento ortodôntico em escolares de 10 a 14 anos de idade em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil: enfoque psicosocial. Cad Saúde Pública. 2009;21(4):1099-106., uma vez que o sistema público não disponibiliza este tipo de serviço à população.

É necessária uma abordagem preventiva das oclusopatias7. Galvão ACUR, Menezes SFL, Nemr K. Correlação de hábitos deletérios entre crianças de 4 a 6 anos de escola pública e particular da cidade de Manaus, AM. Rev CEFAC. 2006;8(3):328-36.. O aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade deve ser incentivado como medida preventiva para a instalação de hábitos orais deletérios, sendo um benefício adicional àqueles promovidos pela alimentação natural. São necessárias políticas públicas que possibilitem às mulheres de todas as classes sociais a realização do aleitamento até no mínimo seis meses de vida da criança.

CONCLUSÃO

A prevalência de mordida aberta anterior foi expressiva; hábitos de sucção não-nutritiva foram associados significantemente a presença de oclusopatias. Ressalta-se a importância de ações preventivas que possam conscientizar quanto ao uso correto dos hábitos orais.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Aug 2014

Histórico

  • Recebido
    27 Jan 2013
  • Aceito
    27 Jul 2013
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