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Instrumentos avaliativos de linguagem e fala para crianças traduzidos e adaptados para a língua portuguesa do Brasil: uma revisão integrativa da literatura

RESUMO

Objetivo:

analisar o conteúdo e as diretrizes de tradução de instrumentos de avaliação de linguagem, da produção dos sons da fala e das habilidades comunicativas para crianças, adaptados para a língua portuguesa do Brasil.

Métodos:

a partir da busca em base de dados nacionais e internacionais, foram selecionados artigos que tratassem da avaliação da linguagem, fala e habilidades comunicativas em crianças considerando os descritores “tradução”, “adaptação”, “adaptação cultural”, “adaptação transcultural”, “linguagem”, “fala” e “pragmática”. A pesquisa ocorreu nas bases de dados Scielo, Biblioteca Virtual em Saúde, Pubmed/Medline e Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde.

Resultados:

oito instrumentos de avaliação compatíveis com os critérios de inclusão foram encontrados.

Conclusão:

dentre os instrumentos encontrados, quatro são destinados a investigações pontuais, como sintaxe, narrativa, habilidades pragmáticas e organização dos sons da fala e os outros quatro têm perfil mais abrangente e averiguam forma, conteúdo e/ou uso (pragmática). A respeito das diretrizes, as etapas mais recorrentes entre as propostas tradutórias foram: tradução, conciliação da etapa anterior ou versão síntese, retrotradução, comitê de revisão, pré-teste e versão final. No que tange a verificação das equivalências, a conceitual, de item e operacional foram frequentemente citadas.

Descritores:
Tradução; Adaptação; Linguagem; Fala

ABSTRACT

Purpose:

to analyze the content and translation guidelines of instruments meant to assess language, speech sound production, and communicative skills of children, adapted to Brazilian Portuguese.

Methods:

a search was conducted in national and international databases to select articles on the assessment of language, speech, and communicative skills in children, considering the descriptors “translation”, “adaptation”, “cultural adaptation”, “cross-cultural adaptation”, “language”, “speech”, and “pragmatic”. The search was conducted in the SciELO, Virtual Health Library, PubMed/MEDLINE, and Latin American and Caribbean Health Sciences Literature.

Results:

eight assessment instruments compatible with the inclusion criteria were found.

Conclusion:

of the instruments found, four approached specific investigations, such as syntax, narrative, pragmatic skills, and speech sound organization, while the other four had a more encompassing profile, verifying form, content, and/or use (pragmatics). Concerning the guidelines, the most recurrent stages between the translation proposals were translation, conciliation of the previous stage or synthesis version, back-translation, reviewing committee, pretest, and final version. The conceptual, item and operational equivalences were frequently cited for verification.

Keywords:
Translating; Adaptation; Language; Speech

Introduçao

Avaliar implica “fazer apreciação, formar juízo ou conceito acerca de”11. Ferreira ABH, editor. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 5. ed. Curitiba: Positivo; 2010., tarefa que demanda responsabilidade e ponderação. De acordo com a ASHA - American Speech-Language-Hearing22. American Speech-Language-Hearing Association. ASHA. USA, c1997-2019., a avaliação, descrição e interpretação da capacidade de comunicação do ser humano requer a integração de uma variedade de informações. Os padrões de prática preferenciais da ASHA para os fonoaudiólogos indicam que a avaliação deve incluir medidas padronizadas de aspectos específicos da fala, linguagem verbal e não verbal, comunicação e função da deglutição, considerando critérios de validade e adaptação cultural. Estas medidas podem ocorrer na condição de testes padronizados, análise de amostra de linguagem verbal, observação sistemática e contextual do comportamento comunicativo, questionários preenchidos por familiares ou mesmo baseada no currículo escolar. Independentemente do tipo de procedimento, a condição de se considerar os aspectos culturais e da língua falada no entorno social é essencial.

Embora países como os Estados Unidos possuam uma ampla gama de instrumentos avaliativos na área da Fonoaudiologia, contendo mais de 100 testes listados na área de fala e linguagem na edição de 2006 do Directory of Speech-Language Pathology Assessment Instruments da American Speech-Language-Hearing Association (ASHA)22. American Speech-Language-Hearing Association. ASHA. USA, c1997-2019., o cenário no Brasil é diferente, já que há escassez de instrumentos formais disponíveis no português brasileiro que sejam indicados para a avaliação e diagnóstico33. Giusti E, Befi-Lopes DM. Tradução e adaptação transcultural de instrumentos estrangeiros para o Português Brasileiro (PB). Pró-Fono R Atual Cient. 2008;20(3):207-10.

4. Lindau TA, Lucchesi FDM, Rossi NF, Giacheti CM. Systematic and formal instruments for language assessment of preschoolers in Brazil: a literature review. Rev. CEFAC. 2015;17(2):656-62.

5. Baggio GI, Hage SRV. Translation and cultural adaptation of the Aguado Syntax Test (AST) into Brazilian Portuguese. CoDAS. 2017;29(6):e20170052.

6. Ferreira-Vasques AT, Santos CF, Lamônica DAC. Transcultural adaptation process of the Griffiths-III Mental Development Scale. Child Care Health Dev. 2019;45(3):403-8.
-77. Silva NR, Felipini LMG. Tradução e adaptação transcultural de instrumentos de avaliação em Fonoaudiologia para o português brasileiro: uma análise das diretrizes. Tradterm. 2018;32:32-51.. A tradução de instrumentos avaliativos em outros idiomas tem sido uma forma de contornar essa carência, a qual não atinge apenas o diagnóstico, mas também a definição dos planos de intervenção77. Silva NR, Felipini LMG. Tradução e adaptação transcultural de instrumentos de avaliação em Fonoaudiologia para o português brasileiro: uma análise das diretrizes. Tradterm. 2018;32:32-51.,88. Andrade CRF, Juste F. Proposta de análise de performance e de evolução em crianças com gagueira desenvolvimental. Rev. CEFAC. 2005;7(2):158-70.. A tradução de procedimentos já utilizados em outras línguas traz um ganho científico adicional, já que possibilita observar dados acerca dos transtornos da comunicação e suas especificidades em diferentes línguas44. Lindau TA, Lucchesi FDM, Rossi NF, Giacheti CM. Systematic and formal instruments for language assessment of preschoolers in Brazil: a literature review. Rev. CEFAC. 2015;17(2):656-62., o que permite a comparação de várias populações e troca de informações sem o viés das barreiras culturais e linguísticas.

Entretanto, o processo de tradução deve ser realizado com rigor apoiado em diretrizes bem estabelecidas que garantam interpretações válidas e confiáveis66. Ferreira-Vasques AT, Santos CF, Lamônica DAC. Transcultural adaptation process of the Griffiths-III Mental Development Scale. Child Care Health Dev. 2019;45(3):403-8.,99. Pernambuco L, Espelt A, Magalhães Junior HV, Lima KC. Recommendations for elaboration, transcultural adaptation and validation process of tests in Speech, Hearing and Language Pathology. CoDAS. 2017;29(3):e20160217.. A tradução deve buscar o máximo de equivalência entre o instrumento original e sua versão traduzida em diferentes níveis, como o semântico, idiomático, experiencial e conceitual1010. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Marcos MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000;25(24):3186-91.. É importante ressaltar que a verificação semântica, embora essencial no processo tradutório, é apenas uma parte do processo de adaptação transcultural, sendo ela uma combinação entre a tradução literal de um idioma para outro e a adaptação do conteúdo para o modo de vida e contexto cultural da população a qual a versão traduzida é destinada1010. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Marcos MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000;25(24):3186-91.,1111. Reichenheim ME, Moraes CL. Operationalizing the cross-cultural adaptation of epidemiological measurement instruments. Rev Saúde Pública. 2007;41(4):665-73.. A adaptação transcultural é fundamental, pois a utilização de um instrumento sem sua devida adequação à cultura do país em que a língua é falada pode comprometer a validade das avaliações realizadas1212. Nascimento E, Figueiredo VLM. WISC-III e WAIS-III: alterações nas versões originais americanas decorrentes das adaptações para uso no Brasil. Psicologia: Reflexão e Crítica. 2002;15(3):603-12.. A adaptação de instrumentos que avaliem aspectos linguísticos é ainda mais crítica, uma vez que alguns transtornos da comunicação podem se manifestar de diferentes formas em diferentes idiomas22. American Speech-Language-Hearing Association. ASHA. USA, c1997-2019..

Na área da tradução, grupos de pesquisadores têm sugerido diretrizes que devem ser seguidas para que a tradução e adaptação transcultural de instrumentos sejam realizados de forma sistematizada, buscando evitar inadequações de sentido. Quais os instrumentos de avaliação de linguagem e dos sons da fala foram traduzidos e adaptados para a língua portuguesa do Brasil e quais diretrizes de tradução foram as mais utilizadas? Esta é a questão que vem nortear esta investigação. Assim, o objetivo desse estudo foi analisar o conteúdo e as diretrizes de tradução de instrumentos de avaliação de linguagem, da produção dos sons da fala e das habilidades comunicativas para crianças, adaptados para a língua portuguesa do Brasil.

Métodos

A partir da busca em base de dados nacionais e internacionais, foram selecionados artigos que tratassem da avaliação da linguagem, fala e habilidades comunicativas em crianças. A pesquisa se deu nas bases de dados Scielo, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PUBMED/MEDLINE e Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Lilacs, Ibecs e Adolec).

A primeira etapa de busca foi efetuada com os descritores “Translation” AND “Adaptation” OR “Cultural adaptation” OR “Cross-cultural adaptation” AND “Language”. Na segunda etapa foram utilizados os descritores “Translation” AND “Adaptation” OR “Cultural adaptation” OR “Cross-cultural adaptation” AND “Speech”. E na terceira etapa foram utilizados os descritores “Translation” AND “Adaptation” OR “Cultural adaptation” OR “Cross-cultural adaptation” AND “Pragmatic”.

Os critérios de exclusão foram os seguintes: (1) artigos repetidos, tanto por terem sido escritos em mais de um idioma, quanto por estarem em mais de uma base de dados; (2) artigos que não tratassem da tradução de instrumentos destinados à avaliação da linguagem, sons da fala e habilidades comunicativas; (3) artigos de instrumentos que não tinham como público alvo crianças com menos de 10 anos; (4) instrumentos traduzidos para idiomas que não a língua portuguesa do Brasil; e (5) artigos que não descrevessem o instrumento ou o processo de tradução realizado. A pesquisa considerou artigos que tivessem sido realizados nos últimos 15 anos, entre os anos de 2005 a 2020, e que tivessem acesso aberto, embora nenhum dos artigos encontrados tenha sido desconsiderado devido a algum desses dois fatores. A Figura 1 apresenta os resultados encontrados na primeira etapa de busca, enquanto as Figuras 2 e 3 apresentam os resultados encontrados na segunda e terceira etapa de busca, respectivamente. A Figura 4 mostra a etapa de escolha dos artigos a serem utilizados na pesquisa, sendo que, a grande maioria dos artigos encontrados eram repetidos em todas as bases de dados, sendo assim excluídos pelo primeiro critério de exclusão. E apenas um dos artigos encontrados não se elegia para o estudo devido a não apresentar como o processo de tradução foi realizado ou a diretriz seguida.

Figura 1:
Resultados encontrados na primeira etapa de pesquisa nas bases de dados

Figura 2:
Resultados encontrados na segunda etapa de pesquisa nas bases de dados

Figura 3:
Resultados encontrados na terceira etapa de pesquisa nas bases de dados

Figura 4:
Fluxograma de artigos selecionados e descartados

Revisão da Literatura

Foram encontrados no total oito instrumentos traduzidos e adaptados transculturalmente para a língua portuguesa do Brasil, que se adequavam aos critérios de inclusão. A relação final é a que segue, conforme demonstrado no Quadro 1.

Quadro 1:
Descrição dos instrumentos, autores, tradutores, faixa etária e diretrizes utilizadas

Não é de hoje que profissionais da saúde vêm se preocupando em utilizar instrumentos de avaliação padronizados que possam ser empregados em diversos países de diferentes línguas, desde que adaptados à cultura. Na prática clínica, tais instrumentos permitem a documentação do atendimento clínico e são essenciais no diagnóstico e na verificação da eficácia do tratamento. No Brasil, no que tange à instrumentos de avaliação da linguagem e dos sons da fala tem havido tendência na última década em adaptar procedimentos já padronizados e testados em outros países, em especial nos Estados Unidos. A partir da revisão realizada foi possível encontrar oito instrumentos que atendiam aos critérios de inclusão e sete deles foram publicados nos últimos seis anos.

Em relação à análise do conteúdo dos instrumentos traduzidos e adaptados, a maioria deles afere a linguagem oral com base no modelo de Bloom3535. Bloom L. What is language? In: Lahey M, editor. Language disorders and language development. New York: Macmillian Publishing Company; 1988. p. 1-19. que define a linguagem como um código pelo qual ideias são expressas por meio de um sistema convencional de signos arbitrários para se comunicar. Neste contexto, o desenvolvimento da linguagem é verificado quanto sua forma (fonologia, sintaxe e morfologia), conteúdo (semântica) e uso (pragmática).

O “Test of Early Language (TELD-3)”1313. Hresko WP, Reid KD, Hammill DD. TELD 3 Test of Early Language Development Third Edition. 3th edition. Austin, TX: Pro-ed; 1999. tem por objetivo identificar precocemente alterações no desenvolvimento da linguagem. O instrumento foi desenvolvido para a avaliação da compreensão e produção da linguagem de crianças pré-escolares e em início da alfabetização. Verifica a linguagem receptiva e expressiva por meio de 37 e 39 itens, respectivamente, que investigam aspectos semânticos, sintáticos e morfológicos da linguagem de forma global, sem fornecer dados específicos de cada um deles. A partir dos escores brutos é possível obter a idade linguística da criança testada.

Com o mesmo perfil, o “Preeschool Language Instrument, 2th edition (PLAI-2)”1717. Blank M, Rose SA, Berlin LJ. Preschool Language Assessment Instrument. 2nd edition. Austin: Pro-ed; 2003. afere a linguagem de crianças pré-escolares até cinco anos, proporcionando avaliação padronizada da expressão e compreensão. Inclui avaliação não estandardizada dos aspectos pragmáticos da linguagem e comportamentos que possam dificultar a interação. O “PLAI-2”1717. Blank M, Rose SA, Berlin LJ. Preschool Language Assessment Instrument. 2nd edition. Austin: Pro-ed; 2003. traz como diferencial a possibilidade de comparar as habilidades de discurso receptivo e expressivo e a presença de comportamentos que possam interferir numa comunicação eficaz. Embora o PLAIN-2 traga a possibilidade da comparação entre a compreensão e a expressão da linguagem e a verificação do uso pragmático da linguagem, não examina individualmente os subsistemas linguísticos, o que não possibilita verificar se a alteração de linguagem se relaciona especificamente com o domínio dos fonemas da língua, da sintaxe ou das relações semânticas.

O teste “Clinical Evaluation of Language Functions (CELF)”2121. Wing EH, Second WA, Semel E. Evaluation of Language Function (CELF-4). 4th edition. San Antonio: Pearson; 2003., tanto a 4ª como a 5ª edição, foi apontado, junto com outros instrumentos, como tendo as melhores evidências de qualidade psicométrica das avaliações de linguagem disponíveis no mercado, sendo indicado para o diagnóstico de transtornos de linguagem na infância e na adolescência3636. Denman D, Speyer R, Munro N, Pearce WM, Chen YW, Cordier R. Psychometric properties of language assessments for children aged 4-12 years: a systematic review. Front Psychol. 2017;8:1515.. A adaptação para o português do Brasil é a 4ª edição2222. Bento-Gaz ACP, Befi-Lopes DM. Adaptation of Clinical Evaluation of Language Functions - 4th Edition to Brazilian Portuguese. CoDAS. 2014;26(2):131-7.. O CELF-4 avalia diversos aspectos linguísticos quanto à forma (fonologia e sintaxe) e conteúdo (semântica), além de determinadas habilidades cognitivas e de comunicação considerando o contexto (pragmática). O desempenho de cada uma das provas pode ser obtido separadamente o que identifica quais aspectos da linguagem estão mais afetados, o que torna o procedimento mais refinado em relação aos anteriores descritos. Também apresenta provas que investigam habilidades subjacentes ao processamento da linguagem como a consciência fonológica, o acesso lexical automatizado, a memória de curto prazo e a operacional. O instrumento permite comparar se há discrepância entre linguagem receptiva e expressiva e entre o conteúdo da linguagem e a memória, dados essenciais para o diagnóstico diferencial de alterações de linguagem e processo terapêutico. O procedimento também possibilita obter o perfil pragmático do avaliado. Todas estas características tornam o CELF um dos melhores testes de linguagem da atualidade3636. Denman D, Speyer R, Munro N, Pearce WM, Chen YW, Cordier R. Psychometric properties of language assessments for children aged 4-12 years: a systematic review. Front Psychol. 2017;8:1515..

Os testes “Children’s Communication Checklist-2 (CCC-2)”2323. Bishop DVM, Maybery M, Wong D, Maley A, Hallmayer J. Characteristics of the broader phenotype in Autism: a study of siblings using the Children's Communication Checklist-2. Am J Med Genet B Neuropsychiatr Genet. 2006;141B(2):117-22. e o “Language Use Inventory (LUI)”2626. O'Neill DK. The Language Use Inventory for Young Children: a parent-report measure of pragmatic language development for 18- to 47-month-old children. J. Speech Lang. Hear. Res. 2007;50(1):214-28. não são aplicados diretamente com a criança como os anteriores, mas com os pais ou outro cuidador. Esses instrumentos enquadram-se no estilo “parent report”, muito valorizado nos últimos anos por se considerar que pais são bons avaliadores da comunicação cotidiana da criança, já que são eles que interagem com ela por mais tempo. O “CCC-2”2323. Bishop DVM, Maybery M, Wong D, Maley A, Hallmayer J. Characteristics of the broader phenotype in Autism: a study of siblings using the Children's Communication Checklist-2. Am J Med Genet B Neuropsychiatr Genet. 2006;141B(2):117-22.) consiste em perguntas que verificam as dificuldades que crianças e adolescentes podem ter ao se comunicar, e ainda, pontos fortes que eles podem ter quando se comunicam com outras pessoas. As questões dirigidas aos cuidadores se relacionam a forma e conteúdo da linguagem (sintaxe, semântica, coerência), mas há também perguntas sobre o uso pragmático da linguagem, as relações sociais e interesses das crianças. O “LUI”2626. O'Neill DK. The Language Use Inventory for Young Children: a parent-report measure of pragmatic language development for 18- to 47-month-old children. J. Speech Lang. Hear. Res. 2007;50(1):214-28. é um questionário que investiga especificamente o desenvolvimento pragmático de crianças pré-escolares entre 18 e 47 meses. Contém perguntas sobre a comunicação da criança em uma variedade de funções comunicativas e atividades diárias. As perguntas envolvem informações de como a criança se comunica por meio de gestos, se faz pedidos, se ajusta sua conversa ao contexto, se pergunta, comenta ou conta histórias, dentre outros questionamentos. Tanto o “CCC-2”2323. Bishop DVM, Maybery M, Wong D, Maley A, Hallmayer J. Characteristics of the broader phenotype in Autism: a study of siblings using the Children's Communication Checklist-2. Am J Med Genet B Neuropsychiatr Genet. 2006;141B(2):117-22. como o “LUI”2626. O'Neill DK. The Language Use Inventory for Young Children: a parent-report measure of pragmatic language development for 18- to 47-month-old children. J. Speech Lang. Hear. Res. 2007;50(1):214-28. buscam identificar crianças com transtornos pragmáticos de linguagem, sendo um instrumento de avaliação bastante utilizado na identificação de Transtorno do Espectro do Autismo3737. Charman T, Baird G, Simonoff E, Loucas T, Chandler S, Meldrum D et al. Efficacy of three screening instruments in the identification of autistic-spectrum disorders. Br J Psychiatry. 2007;191(6):554-9..

O “Test of Narrative Language (TNL)”2828. Gillam R, Pearson N. Test of Narrative Language: examiner's manual. Rio de Janeiro: Pro-ed; 2004.e o “Test de Sintaxis de Aguado (TSA)”3131. Aguado G. El desarrollo de la morfosintaxis en el niño: manual de evaluación del TSA. Madrid: CEPE; 1989. são aplicados com as crianças diretamente, mas são pontuais, ou seja, aferem uma habilidade linguística específica, a narrativa e a sintaxe, respectivamente e adotam a análise tradicional das vertentes receptiva (compreensão) e expressiva (produção verbal). O “TNL”2828. Gillam R, Pearson N. Test of Narrative Language: examiner's manual. Rio de Janeiro: Pro-ed; 2004. é utilizado para averiguar o desempenho de crianças pré-escolares e escolares em tarefas de compreensão de narrativa e de produção de histórias. A compreensão narrativa é avaliada por meio de perguntas realizadas após a apresentação oral de uma história e a produção é verificada a partir de narrativa espontânea com apoio de figuras em que se analisa aspectos macroestruturais, como número de eventos, relação temporal, desfecho, coerência, e microestruturais, tais como vocabulário e gramática. Já o “TSA”3131. Aguado G. El desarrollo de la morfosintaxis en el niño: manual de evaluación del TSA. Madrid: CEPE; 1989. é um instrumento que verifica o aspecto sintático da linguagem de crianças entre 3 e 7 anos. O teste analisa a sequência na aquisição dos signos morfossintáticos pelas crianças, a possibilidade de diagnosticar os atrasos e transtornos na área sintática, além de fornecer informações para a intervenção. Tanto o TSA3131. Aguado G. El desarrollo de la morfosintaxis en el niño: manual de evaluación del TSA. Madrid: CEPE; 1989. como o TNL2828. Gillam R, Pearson N. Test of Narrative Language: examiner's manual. Rio de Janeiro: Pro-ed; 2004. analisam um aspecto da linguagem, não possibilitando, isoladamente, o diagnóstico de transtornos de linguagem, embora sejam profundos em suas análises.

O “Dynamic Evaluation of Motor Speech Skills (DEMSS)”3232. Strand EA, McCauley RJ, Weigand SD, Stoeckel RE, Baas BS. A motor speech assessment for children with severe speech disorders: reliability and validity evidence. J Speech Lang Hear Res. 2013;56(2):505-20. tem objetivo bem distinto dos anteriores, na medida que avaliar criança com comprometimento significativo da fala, especialmente aquelas com inventário fonético reduzido, erros de vogais ou prosódicos, pouca inteligibilidade da fala ou escassa/nenhuma comunicação verbal. O instrumento auxilia no diagnóstico diferencial dos distúrbios dos sons da fala de crianças pré-escolares, como ocorre nos quadros de Apraxia da Fala na Infância. Por meio do DEMSS a criança é testada na produção de 60 enunciados, divididos em oito conjuntos agrupados de acordo com a estrutura da sílaba. A pontuação leva em consideração a precisão geral na produção da palavra, a precisão da vogal, a consistência da produção e a precisão dos recursos prosódicos da palavra.

É importante ressaltar que apesar dos oito instrumentos estarem traduzidos e adaptados para a língua portuguesa, ainda não estão disponíveis no mercado, muito provavelmente porque além da adaptação, outras características são necessárias para colocar um teste em uso, como a validade e a confiabilidade, além da normatização. Isto mostra que a utilização de um instrumento em outra língua é uma tarefa árdua em função das inúmeras exigências que lhe são peculiares. A tradução e adaptação cultural é o primeiro passo e devem ter diretrizes muito bem definidas.

Tratando a seguir das diretrizes, no rol desta revisão, quatro1414. Giusti E, Befi-Lopes DM. Performance de sujeitos falantes do Português e do Inglês no Test of Early Language Development. Pró-Fono R. Atual. Cientif. 2008;20(1):13-8.,1818. Lindau TA, Rossi NF, Giacheti CM. Cross-cultural adaptation of Preschool Language Assessment Instrument: second edition. CoDAS. 2014;26(6):428-33.,2727. Brocchi BS, Osborn E, Perissinoto J. Translation of the Parental Inventory "Language Use Inventory" into Brazilian Portuguese. CoDAS. 2019;31(2):e20180129.,2929. Rossi NF, Lindau TA, Gillam RB, Giacheti CM. Cultural adaptation of the Test of Narrative Language (TNL) into Brazilian Portuguese. CoDAS. 2016;28(5):507-16. dos oito artigos utilizaram mais de um conjunto de diretrizes, o artigo1818. Lindau TA, Rossi NF, Giacheti CM. Cross-cultural adaptation of Preschool Language Assessment Instrument: second edition. CoDAS. 2014;26(6):428-33. chegou a citar seis diretrizes. Dentre as oito diretrizes apontadas, as mais empregadas foram as Guillemin et. al1515. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: literature review and proposed guidelines. J Clin Epidemiol. 1993;46(12):1417-32., de Beaton et. al1010. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Marcos MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000;25(24):3186-91. e as de Herdman et. al1616. Herdman M, Fox-Rushby J, Badia X. A model of equivalence in the cultural adaptation of HRQol Instruments: the universalist approach. Qual Life Res. 1998;7(4):323-35..

As diretrizes propostas por Guillemin, Bombardier e Beaton1515. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: literature review and proposed guidelines. J Clin Epidemiol. 1993;46(12):1417-32. foram utilizadas em três trabalhos1414. Giusti E, Befi-Lopes DM. Performance de sujeitos falantes do Português e do Inglês no Test of Early Language Development. Pró-Fono R. Atual. Cientif. 2008;20(1):13-8.,1818. Lindau TA, Rossi NF, Giacheti CM. Cross-cultural adaptation of Preschool Language Assessment Instrument: second edition. CoDAS. 2014;26(6):428-33.,2222. Bento-Gaz ACP, Befi-Lopes DM. Adaptation of Clinical Evaluation of Language Functions - 4th Edition to Brazilian Portuguese. CoDAS. 2014;26(2):131-7. de tradução e adaptação e abarcam cinco etapas: (1) tradução; (2) retrotradução; (3) comitê de revisão; (4) pré-teste; (5) adaptação dos pesos das pontuações para o contexto cultural. Na primeira etapa o conteúdo do texto de partida é traduzido para o idioma de chegada. Nela, a adaptação transcultural envolve a combinação da tradução literal das palavras e sentenças de um idioma para o outro e a adequação quanto ao contexto cultural e costumes do público-alvo da tradução, assim, nesta etapa, os tradutores não apenas exprimem literalmente o conteúdo do texto, mas adaptam a tradução para a cultura alvo. Marcas específicas da cultura de partida necessitam ser substituídas por marcas equivalentes da de chegada para qual a tradução é destinada. Este último aspecto é crucial para os testes de linguagem, fala e comunicação que devem contemplar características sociais da população que a utiliza. Se o objetivo de um teste de linguagem ou fala é identificar possíveis transtornos é imprescindível que o instrumento esteja adaptado ao que é usual pela comunidade linguística. Ainda na etapa 1, os autores sugerem que sejam realizadas pelo menos duas traduções independentes a fim de detectar erros e diferenças de interpretação, e ainda, indicam que os tradutores sejam, preferivelmente, nativos e que pelo menos um deles domine o conteúdo da tradução. Na segunda etapa, a da retrotradução, se faz a tradução do texto de volta para o idioma de origem. Ela é realizada com o intuito de comparar o texto original e a versão produzida na mesma língua para detectar possíveis inadequações de sentido que possam ocorrer durante a etapa de tradução. Nesta fase é indicada que seja efetuada a mesma quantidade de retrotraduções e traduções e que nenhum dos profissionais deva saber das intenções do texto que está sendo retrotraduzido para garantir que não haja a influência de informações do contexto da tradução.

A terceira etapa, a do comitê de revisão, tradutores se reúnem com um perito para avaliar as equivalências, termos técnicos e para alterar possíveis itens que não tenham sido bem adaptados. Na etapa de pré-teste, aplica-se o instrumento, buscando averiguar se ele está pronto para o uso ou se é necessário mais alguma alteração de conteúdo para que ele seja melhor entendido. É importante ressaltar que nesta etapa não se busca validação psicométrica. Na última etapa proposta, deve ser realizada uma adaptação dos pesos das pontuações do instrumento para o contexto cultural de destino, uma vez que eles podem não ter o mesmo valor na versão traduzida do instrumento.

As diretrizes de Beaton et al.1010. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Marcos MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000;25(24):3186-91. utilizadas em três adaptações55. Baggio GI, Hage SRV. Translation and cultural adaptation of the Aguado Syntax Test (AST) into Brazilian Portuguese. CoDAS. 2017;29(6):e20170052.,1818. Lindau TA, Rossi NF, Giacheti CM. Cross-cultural adaptation of Preschool Language Assessment Instrument: second edition. CoDAS. 2014;26(6):428-33.,2727. Brocchi BS, Osborn E, Perissinoto J. Translation of the Parental Inventory "Language Use Inventory" into Brazilian Portuguese. CoDAS. 2019;31(2):e20180129. são uma reformulação da de Guillemin et al.1515. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: literature review and proposed guidelines. J Clin Epidemiol. 1993;46(12):1417-32. em que é acrescentada mais um passo, a de síntese das traduções, e a etapa “adaptação dos pesos das pontuações para o contexto cultural” é substituída pela de “submissão da documentação aos autores do instrumento”, tendo assim a seguinte configuração: (1) tradução; (2) síntese das traduções; (3) retrotradução; (4) comitê de revisão; (5) pré-teste; (6) submissão da documentação aos autores do instrumento ou a um comitê de acompanhamento. A etapa de síntese das traduções impõe que haja uma reunião com os tradutores da etapa (1) para que se avalie as diferenças encontradas entre as traduções realizadas e se crie uma versão síntese. A partir da realização dessa síntese, o texto segue para a etapa de retrotradução já com uma análise realizada a partir das discussões das diferentes interpretações realizadas pelos tradutores. A etapa de adaptação dos pesos das pontuações para o contexto cultural foi substituída pela submissão da documentação aos autores do instrumento buscando uma forma de controle sobre a realização de todas as etapas e de como elas foram realizadas.

No contexto da tradução de instrumentos de linguagem para crianças, a realização de estudo piloto, ou seja, a aplicação do instrumento traduzido na população alvo é crucial para se fazer ajustes, na medida que se vê na prática o resultado da proposta. A constituição de um comitê de acompanhamento formado por especialistas também imprime confiabilidade ao processo tradutório, já que conhecimento dos profissionais da área pode trazer contribuições essenciais para o balizamento do instrumento traduzido.

Ambas as diretrizes propostas por esse grupo de pesquisadores incluem recomendações para que se atinjam quatro níveis de equivalência entre o texto original e a tradução: (1) a semântica, que busca evitar dificuldades relacionados à duplicidade de sentido e gramaticais; (2) a idiomática, que é o uso de coloquialismos, e nestas situações, expressões equivalentes devem ser usadas; (3) a experimental, em que se verifica se as situações vividas na cultura de partida do instrumento se aplicam a cultura de chegada; (4) a conceitual, relacionada a validade do conceito abordado e as experiências em diferentes culturas, uma vez que uma palavra pode ser semanticamente equivalente, mas não representar o mesmo sentido em sociedades distintas. Essas recomendações são fundamentais para que a palavra ou frase utilizada na tradução represente o sentido delas na língua e cultura da população alvo. A tradução e adaptação cultural para o português do TSA -Test de Sintaxis de Aguado55. Baggio GI, Hage SRV. Translation and cultural adaptation of the Aguado Syntax Test (AST) into Brazilian Portuguese. CoDAS. 2017;29(6):e20170052. teve que modificar os tempos verbais em português para garantir a equivalência em muitas frases.

Assim como as Guillemin et al.1515. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: literature review and proposed guidelines. J Clin Epidemiol. 1993;46(12):1417-32. e Beaton et al.1010. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Marcos MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000;25(24):3186-91., as diretrizes de Herdman et al1616. Herdman M, Fox-Rushby J, Badia X. A model of equivalence in the cultural adaptation of HRQol Instruments: the universalist approach. Qual Life Res. 1998;7(4):323-35. foram citadas em três1414. Giusti E, Befi-Lopes DM. Performance de sujeitos falantes do Português e do Inglês no Test of Early Language Development. Pró-Fono R. Atual. Cientif. 2008;20(1):13-8.,1818. Lindau TA, Rossi NF, Giacheti CM. Cross-cultural adaptation of Preschool Language Assessment Instrument: second edition. CoDAS. 2014;26(6):428-33.,2727. Brocchi BS, Osborn E, Perissinoto J. Translation of the Parental Inventory "Language Use Inventory" into Brazilian Portuguese. CoDAS. 2019;31(2):e20180129. das oito traduções revisadas e sempre combinadas com uma delas. Essas diretrizes são baseadas na análise de diferentes tipos de equivalência: (1) equivalência conceitual, em que se faz uma apreciação da pertinência dos conceitos e dimensões apreendidos pelo instrumento original na cultura alvo da nova versão; (2) equivalência de item, em que se busca analisar se os domínios do instrumento original são relevantes para o contexto da cultura que irá utilizar o texto traduzido; (3) equivalência semântica, que é a verificação do significado dos termos; (4) a equivalência operacional é a verificação da adequação de aspectos operacionais na nova cultura - forma de administração, número de opções de resposta; (5) equivalência de mensuração em que se avalia a correspondência entre as propriedades psicométricas do instrumento original e de sua nova versão; (6) equivalência funcional, em que se busca confirmar se o instrumento realiza a tarefa a que se propõe. Somente após percorrer os diferentes aspectos de equivalência é possível afirmar que de fato a adaptação transcultural foi realizada1616. Herdman M, Fox-Rushby J, Badia X. A model of equivalence in the cultural adaptation of HRQol Instruments: the universalist approach. Qual Life Res. 1998;7(4):323-35..

As diretrizes de Reichenheim e Moraes1111. Reichenheim ME, Moraes CL. Operationalizing the cross-cultural adaptation of epidemiological measurement instruments. Rev Saúde Pública. 2007;41(4):665-73., citadas em um dos artigos1818. Lindau TA, Rossi NF, Giacheti CM. Cross-cultural adaptation of Preschool Language Assessment Instrument: second edition. CoDAS. 2014;26(6):428-33., foram uma adaptação das diretrizes de Herdman Fox-Rushby e Badia1616. Herdman M, Fox-Rushby J, Badia X. A model of equivalence in the cultural adaptation of HRQol Instruments: the universalist approach. Qual Life Res. 1998;7(4):323-35. para a utilização em estudos epidemiológicos e seguem as mesmas etapas.

As recomendações propostas pela International Society for Pharmacoeconomics and Outcomes Research - ISPOR2525. Wild D, Grove A, Martin M, Eremenco S, McElroy S, Verjee-Lorenz A et al. Principles of good practice for the translation and cultural adaptation process for patient-reported outcomes (PRO) measures: report of the ISPOR Task Force for translation and cultural adaptation. Value Health. 2005;8(2):94-104., a qual foi utilizada na adaptação do CCC-2, estabelecem 10 fases: (1) preparação; (2) tradução; (3) reconciliação; (4) retrotradução; (5) revisão da retrotradução; (6) harmonização; (7) reunião de balanço cognitivo; (8) revisão dos resultados da reunião de balanço cognitivo; (9) revisão; e (10) relatório final. Assim como as diretrizes citadas anteriormente, as da ISPOR também sugerem que sejam realizadas no mínimo duas traduções, as quais devem ser unificadas em uma etapa de reconciliação que equivale à síntese das traduções da proposta de Beaton et al.1010. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Marcos MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000;25(24):3186-91.. Algumas diferenças são observadas, como a que a etapa de retrotradução deva ser feita por profissionais nativos do idioma. A etapa de reunião de balanço cognitivo se refere a análise dos níveis de compreensão, tendo em seguida a revisão dos resultados desta reunião com o intuito de melhorar a performance da tradução.

As diretrizes de Gjersing, Caplehorn e Clausen2020. Gjersing L, Caplehorn J, Clausen T. Cross-cultural adaptation of research instruments: language, setting, time and statistical considerations. BMC Med Res Methodol. 2010;10(1):1471-2288. foram mencionadas por dois grupos de tradução1818. Lindau TA, Rossi NF, Giacheti CM. Cross-cultural adaptation of Preschool Language Assessment Instrument: second edition. CoDAS. 2014;26(6):428-33.,2929. Rossi NF, Lindau TA, Gillam RB, Giacheti CM. Cultural adaptation of the Test of Narrative Language (TNL) into Brazilian Portuguese. CoDAS. 2016;28(5):507-16. e sugerem que o processo tradutório seja realizado por meio das seguintes etapas: (1) investigação de equivalência conceitual e de item; (2) tradução; (3) síntese das traduções; (4) retrotradução; (5) síntese das retrotraduções; (6) comitê de especialistas; (7) pré-teste do instrumento; (8) revisão do instrumento; (9) investigação da equivalência operacional; (10) teste do instrumento; (11) análise exploratória e de confirmação; (12) versão final do instrumento. A primeira etapa, a da equivalência conceitual e de item é averiguada antes mesmo do início do processo de tradução, aspecto que se diferencia das demais diretrizes e visa avaliar se existe a mesma relação entre os conceitos fundamentais do instrumento no idioma original e no que se pretende traduzir. Quanto a tradução propriamente dita, as diretrizes de Gjersing et al.2020. Gjersing L, Caplehorn J, Clausen T. Cross-cultural adaptation of research instruments: language, setting, time and statistical considerations. BMC Med Res Methodol. 2010;10(1):1471-2288. também recomendam que sejam realizadas pelo menos duas traduções independentes e que os profissionais que irão realizá-las sejam fluentes na língua de chegada e tenham um bom entendimento da língua de partida e que essas traduções sejam sintetizadas em uma versão por um terceiro profissional, o qual deve ter as mesmas competências dos que realizaram a etapa anterior. Sobre a etapa de retrotraduções, os autores recomendam que sejam feitas no mínimo duas que também devem ser independentes e os profissionais que a realizarem devem ser fluentes na língua de partida e ter um bom entendimento da língua de chegada. Quanto a outros graus de equivalências, além da conceitual e de item, já observadas antes do início do processo de tradução, na etapa (9) busca-se a equivalência operacional e a semântica. Estas diretrizes já preveem o estudo de validação do instrumento concretizada na etapa (11).

As diretrizes de Borsa, Damásio e Bandeira3030. Borsa JC, Damásio BF, Bandeira DR. Adaptação e validação de instrumentos psicológicos entre culturas: algumas considerações. Paidéia. 2012;22(53):423-32. são citadas por um artigo2929. Rossi NF, Lindau TA, Gillam RB, Giacheti CM. Cultural adaptation of the Test of Narrative Language (TNL) into Brazilian Portuguese. CoDAS. 2016;28(5):507-16.. Essas diretrizes sugerem que o processo de tradução e adaptação transcultural seja realizado seguindo seis etapas, sendo elas: (1) tradução; (2) síntese das versões traduzidas; (3) avaliação da síntese por juízes experts; (4) avaliação do instrumento; (5) retrotradução e (6) estudo-piloto. As sugestões dos autores a respeito da etapa de tradução são que sejam realizadas pelo menos duas não literais por profissionais bilíngues que realizem as traduções de forma independente. Também é recomendado que durante a etapa de síntese seja realizada a busca das equivalências semântica, idiomática, experiencial e conceitual, além de sugerirem que sejam realizadas análises estatísticas afim de buscando averiguar até que ponto o instrumento pode, realmente, ser considerado válido para o contexto em que foi adaptado.

Wang, Lee e Fetzer1919. Wang WL, Lee HL, Fetzer SJ. Challenges and strategies of instrument translation. West J Nurs Res. 2006;28(3):310-21., que também são citados no artigo1818. Lindau TA, Rossi NF, Giacheti CM. Cross-cultural adaptation of Preschool Language Assessment Instrument: second edition. CoDAS. 2014;26(6):428-33. sugerem que o processo de tradução seja realizado em cinco passos, (1) tradução, (2) revisão, (3) retrotradução, (4) teste de equivalência e (5) teste de confiabilidade. Os aspectos diferenciais dessas diretrizes estão na proposta de ter tradutores bilíngues, utilizar teste de equivalência de tradução, em que o instrumento é testado em dois grupos, um de falantes monolíngues e outro bilíngue.

Para a adaptação do DEMMS3232. Strand EA, McCauley RJ, Weigand SD, Stoeckel RE, Baas BS. A motor speech assessment for children with severe speech disorders: reliability and validity evidence. J Speech Lang Hear Res. 2013;56(2):505-20. foram utilizadas as diretrizes de Coster e Mancini3434. Coster WJ, Mancini MC. Recomendações para a tradução e adaptação transcultural de instrumentos para a pesquisa e a prática em Terapia Ocupacional. Rev Ter Ocup Univ São Paulo. 2015;26(1):50-7. que compatibilizam com as anteriores com algumas poucas diferenças. Os passos são: (1) permissão assegurada; (2) tradução; (3) tradução-reversa; (4) desenvolvimento da versão final; (5) avaliação do instrumento traduzido. Os autores recomendam que sejam realizadas pelos menos duas traduções independentes, que podem ser realizadas por duas pessoas ou por duas equipes. A respeito dos profissionais a serem escolhidos para a realização da tradução, os autores dizem que eles devem ser fluentes em ambos os idiomas, mas também devem estar familiarizados com o instrumento e o contexto para o qual ele foi desenvolvido. Ainda na etapa de tradução, sugerem que as traduções desenvolvidas anteriormente sejam transformadas em uma, por uma terceira pessoas, a qual eles chamam de coordenador do processo, uma etapa que também é sugerida em outras diretrizes, mas como outra etapa e não algo pertencente a etapa de tradução. Para a etapa de tradução-reversa, é sugerido que, assim como na etapa anterior, elas sejam realizadas por duas pessoas diferentes ou por duas equipes que não devem ter contato entre si. Caso não haja acordo entre alguma possível diferença, um profissional bilíngue deve ser consultado. Os autores ainda recomendam mais dois passos, sendo esses a aplicação em um grupo de potenciais usuários do instrumento, a fim de buscar itens em que o sentido não esteja claro ou algo que não esteja soando de forma fluente a quem o utilizará, e o teste cognitivo, no qual o instrumento é aplicado em sujeitos alvos para que se avalie se os itens foram entendidos como o esperado.

Quatro55. Baggio GI, Hage SRV. Translation and cultural adaptation of the Aguado Syntax Test (AST) into Brazilian Portuguese. CoDAS. 2017;29(6):e20170052.,1818. Lindau TA, Rossi NF, Giacheti CM. Cross-cultural adaptation of Preschool Language Assessment Instrument: second edition. CoDAS. 2014;26(6):428-33.,2424. Costa VBS, Harsáyi E, Martins-Reis VO, Kummer A. Translation and cross-cultural adaptation into Brazilian Portuguese of the Children's Communication Checklist-2. CoDAS. 2013;25(10):115-9.,2929. Rossi NF, Lindau TA, Gillam RB, Giacheti CM. Cultural adaptation of the Test of Narrative Language (TNL) into Brazilian Portuguese. CoDAS. 2016;28(5):507-16. dos oito artigos revisados utilizaram profissionais tradutores para a realização do processo de tradução. A opção por profissionais tradutores nos parece indicada, uma vez que o ato tradutório não é apenas uma tarefa linguística, mas a junção de atividades textuais, comunicativas e cognitivas, sendo importante considerar o funcionamento dos textos, suas relações com o contexto e os processos mentais que o envolvem3838. Hurtado AA. A aquisição da competência tradutória: aspectos teóricos e didáticos. In: Pagano A, Magalhães C, Alves F, editors. Competência em tradução: cognição e discurso. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005. p. 19-57.. Assim, um tradutor profissional é dotado de competência tradutória, a qual é adquirida durante seu processo de formação, que abrangem as subcompetências bilíngue, extralinguística, de conhecimentos sobre tradução, instrumental e estratégica3838. Hurtado AA. A aquisição da competência tradutória: aspectos teóricos e didáticos. In: Pagano A, Magalhães C, Alves F, editors. Competência em tradução: cognição e discurso. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005. p. 19-57..

A subcompetência bilíngue se refere a conhecimentos necessários para a comunicação entre dois idiomas, como conhecimentos pragmáticos, textuais, léxicos e sociolinguísticos. Já a extralinguística são os conhecimentos sobre ambas as culturas. A subcompetência de conhecimentos sobre tradução é aquela sobre informações que regem a tradução, como unidades de tradução, métodos e procedimentos utilizados. A instrumental implica nos conhecimentos sobre as fontes de documentação e as tecnologias ligadas a tradução. E a estratégica trata dos conhecimentos operacionais necessários para se garantir a eficácia do processo tradutório, que envolve o planejamento e a avaliação de todo o processo, a escolha do método a ser utilizado, a identificação dos problemas de tradução e a utilização dos procedimentos e estratégias para se resolver e ativar as outras subcompetências3838. Hurtado AA. A aquisição da competência tradutória: aspectos teóricos e didáticos. In: Pagano A, Magalhães C, Alves F, editors. Competência em tradução: cognição e discurso. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005. p. 19-57..

Pesquisa realizada com grupos de profissionais tradutores e sujeitos bilíngues, sem experiência em tradução, utilizando o Índice Dinâmico do Conhecimento de Tradução3939. Bebby A, Fernández M, Fox O, Hurtado AA, Kozlova I, Kuznik A et al. First results of a translation competence experiment: 'Knowledge of Translation' and 'Efficacy of the Translation Process'. In: Kearns J, editor. Translator and interpreter training: issues, methods and debates. London: Continuum International Publishing Group, 2008. p. 104-26. constatou que profissionais tradutores tendem a apresentar uma visão mais dinâmica sobre o processo tradutório, considerando aspectos como a função do texto e a cultura, já os sujeitos bilíngues têm uma visão estática da tradução4040. Bebby A, Fernández MR, Fox O, Hurtado AA, Neuzig W, Orozco M et al. Building a translation competence model. In: Alves F, editor. Triangulating translation: perspectives in process oriented research. Amsterdam; Philadelphia: John Benjamins, 2003. p. 43-66., entendendo esta como uma atividade linguística que requer literalidade. Assim, num processo tradutório de testes de linguagem, fala ou comunicação é fundamental a colaboração entre o fonoaudiólogo, aquele que conhece as especificidades tratadas no instrumento, o vocabulário específico e a vivencia clínica, e o profissional tradutor para que se obtenha um melhor resultado em trabalhos de tradução e adaptação transcultural de instrumentos que tem o objetivo de identificar transtornos de comunicação.

Conclusões

A revisão apontou oito instrumentos traduzidos e adaptados para a língua portuguesa do Brasil destinados à avaliação da linguagem expressiva e receptiva, das habilidades comunicativas e dos sons da fala para crianças com menos de 10 anos. Três destinados a investigações pontuais, como a sintaxe, a narrativa e habilidades pragmáticas. Quanto à verificação da organização dos sons da fala, também somente um instrumento foi encontrado, indicando carência nesta área. Outros quatro têm perfil mais abrangente e averiguam forma, conteúdo e/ou uso (pragmática). Dois dos oito procedimentos são aplicados com os pais, considerando que os cuidadores podem ser bons avaliadores da comunicação cotidiana da criança. Ainda existe número limitado de instrumentos para crianças que avaliem linguagem e produção dos sons da fala traduzidos e adaptados para o português brasileiro, se comparado com o número de procedimentos que existem em língua inglesa.

A respeito das diretrizes, as etapas mais recorrentes entre as propostas tradutórias foram: tradução e retrotradução por dois tradutores distintos com versão síntese em ambas as etapas, além da constituição de um comitê com os tradutores e especialista da área, aplicação do instrumento num estudo piloto e posterior versão final. No que tange a verificação das equivalências, a conceitual, de item e operacional foram as mais citadas. As diretrizes que apareceram com maior frequência foram as Guillemin et al1515. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: literature review and proposed guidelines. J Clin Epidemiol. 1993;46(12):1417-32., Beaton et al1010. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Marcos MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000;25(24):3186-91., ambas do mesmo grupo de trabalho, e a de Herdman et al1616. Herdman M, Fox-Rushby J, Badia X. A model of equivalence in the cultural adaptation of HRQol Instruments: the universalist approach. Qual Life Res. 1998;7(4):323-35.., que se diferencia das anteriores por verificar diversos tipos de equivalência.

A presença de tradutores no processo de tradução e adaptação transcultural foi constatada em quatro trabalhos, indicando uma perspectiva otimista a respeito da interdisciplinaridade entre as áreas da Fonoaudiologia e da Tradução, na busca de um melhor resultado.

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  • Financiamento: CAPES

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Abr 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    09 Nov 2020
  • Aceito
    11 Fev 2021
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