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Anosmia e ageusia em pessoas após a COVID-19: análise entre tipo e tempo de hospitalização

RESUMO

Objetivo:

analisar o tipo e tempo de hospitalização em pessoas que relataram anosmia e ageusia após a COVID-19.

Métodos:

estudo transversal com pacientes que foram encaminhados pelo hospital após a alta médica. Um questionário padronizado foi aplicado presencialmente contendo dados referentes a idade, sexo, antropometria, necessidade de internação, anosmia e ageusia. Estatística não-paramétrica foi utilizada para analisar os dados. Os testes de Mann Whitney e Kruskal-Wallis foram utilizados para comparação dos grupos. Considerou-se significante um p<0,05.

Resultados:

foram analisadas as respostas de 201 participantes com média de idade de 44,7 ± 12,7 anos, 52,2% (n = 105) eram do sexo masculino, 67,7% foram internados (n = 136), 60,2% (n = 121) relataram ageusia e 55,7% (n = 112) informaram anosmia. Houve diferença em relação aos dias de permanência em Unidade de terapia intensiva (UTI) para o grupo Ageusia (p = 0,004), sendo que estes apresentaram menor tempo de internação. Quanto aos que relataram anosmia, houve diferença e menor tempo de internação para ambos, enfermaria (p = 0,001) e UTI (p = 0,004). Os dados categóricos demonstraram associação entre anosmia e internação (sim e não) (p = 0,018; phi = -0,167), sendo que, entre os que não foram internados, 67% (n = 44) relataram anosmia.

Conclusão:

aqueles que relataram anosmia e ageusia apresentaram menor tempo de internação, quando necessário.

Descritores:
Hospitalização; Anosmia; Ageusia; COVID-19

ABSTRACT

Purpose:

to analyze the type and length of hospital stay in people who reported anosmia and ageusia after COVID-19.

Methods:

a cross-sectional study with patients who were referred by the hospital after medical discharge. They answered a standardized in-person questionnaire on age, sex, anthropometry, need for hospitalization, anosmia, and ageusia. Nonparametric statistics were calculated to analyze the data. The Mann-Whitney and Kruskal-Wallis tests were used to compare the groups. Significance was set at p<0.05.

Results:

the responses of 201 participants with a mean age of 44.7 ± 12.7 years were analyzed, 52.2% (n = 105) were males, 67.7% had been hospitalized (n = 136), 60.2% (n = 121) reported ageusia, and 55.7% (n = 112) reported anosmia. There was a difference in days spent in the Intensive Care Unit (ICU) for the Ageusia group (p = 0.004), which had a shorter length of stay. As for those who reported anosmia, there was a difference and shorter length of stay for both the ward (p = 0.001) and ICU (p = 0.004). Categorical data showed that anosmia was associated with hospitalization (yes or no) (p = 0.018; phi = -0.167). Among those who were not hospitalized, 67% (n = 44) reported anosmia.

Conclusion:

those who reported anosmia and ageusia had shorter hospital stays, when necessary.

Keywords:
Hospitalization; Anosmia; Ageusia; COVID-19

Introdução

Desde 2019, o mundo inteiro vive a pandemia do SARS-CoV-2, causador da COVID-19, que se espalhou rapidamente por todos os continentes, contaminou muitas pessoas, com imenso impacto epidemiológico de mortalidade e morbidade, que incluem alterações secundárias ao quadro viral agudo11. Costa Klinger VT, Carnaúba ATL, Rocha KW, Andrade KCL, Ferreira SMS, Menezes PL. Olfactory and taste disorders in COVID-19: a systematic review. Braz J Otorhinolaryngol. 2020;86(6):781-92. DOI: 10.1016/j.bjorl.2020.05.008.
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. Os distúrbios auditivos e olfatório-gustativos, como anosmia ou perda completa do olfato e ageusia ou perda completa do paladar, têm sido relatados em alguns estudos e associados a algumas viroses, mas ainda existem várias lacunas no entendimento e consenso sobre o manejo clínico desses casos11. Costa Klinger VT, Carnaúba ATL, Rocha KW, Andrade KCL, Ferreira SMS, Menezes PL. Olfactory and taste disorders in COVID-19: a systematic review. Braz J Otorhinolaryngol. 2020;86(6):781-92. DOI: 10.1016/j.bjorl.2020.05.008.
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2. Suzuki M, Saito K, Min WP, Vladau C, Toida K, Itoh H. Identification of viruses in patients with postviral olfactory dysfunction. Laryngoscope. 2007;117(2):272-7. DOI: 10.1097/01.mlg.0000249922.37381.1e.
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3. Allis TJ, Leopold DA. Smell and taste disorders. Facial Plast Surg Clin North Am. 2012;20(1):93-111. DOI: 10.1016/j.fsc.2011.10.011
https://doi.org/10.1016/j.fsc.2011.10.01...

4. Izquierdo-Dominguez A, Rojas-Lechuga MJ, Mullol J, Alobid I. Olfactory dysfunction in the COVID-19 outbreak. J Investig Allergol Clin Immunol. 2020;30(5):317-26. doi: 10.18176/jiaci.0567.
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5. da Silva Júnior PR, Gomes ALOR, Coelho LEA, Morais MA, de Almeida PVFC, Neri WJR et al. Anosmia and COVID-19: perspectives on its association and the pathophysiological mechanisms involved. Egypt J Neurol Psychiatr Neurosurg. 2021;57(1):8. DOI: 10.1186/s41983-020-00266-0.
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-66. Boesveldt S, Postma EM, Boak D, Welge-Luessen A, Schöpf V, Mainland JD et al. Anosmia: a clinical review. Chem Senses. 2017;42(7):513-23. doi: 10.1093/chemse/bjx025.
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.

A ageusia requer diferenciação de outros distúrbios do paladar, como hipogeusia (diminuição da sensibilidade a todos os sabores), hipergeusia (sensibilidade gustativa aumentada), disgeusia (percepção desagradável de um saborizante) e fantogeusia (percepção do sabor que ocorre na ausência de um saborizante). Já a anosmia pode ser caracterizada pela ausência de uma faixa de capacidade normal (normósmica) ou diminuída (hipósmica) de detectar e rotular corretamente os odores, ou ainda, por disosmia (percepção olfativa alterada) e fantosmia (alucinações olfativas) 66. Boesveldt S, Postma EM, Boak D, Welge-Luessen A, Schöpf V, Mainland JD et al. Anosmia: a clinical review. Chem Senses. 2017;42(7):513-23. doi: 10.1093/chemse/bjx025.
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,77. Rathee M, Jain P. Ageusia. [Updated 2022 aug 8]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022. Available at: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK549775/. Embora a ageusia e a anosmia não sejam condições com risco de vida, elas podem causar desconforto66. Boesveldt S, Postma EM, Boak D, Welge-Luessen A, Schöpf V, Mainland JD et al. Anosmia: a clinical review. Chem Senses. 2017;42(7):513-23. doi: 10.1093/chemse/bjx025.
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,77. Rathee M, Jain P. Ageusia. [Updated 2022 aug 8]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022. Available at: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK549775/.

Considerando que o olfato e o paladar são funções sensoriais essenciais no que diz respeito à qualidade de vida, há necessidade de investigação quanto ao SARS-CoV-2 nesses sintomas, sendo de grande importância verificar sua manutenção durante e após quadros virais agudos, uma vez que infecções virais das vias aéreas superiores podem levar a distúrbios olfatórios e gustativos de vários graus e duração e em 70% dos casos causados por rinovírus, vírus influenza e parainfluenza, vírus sincicial respiratório, adenovírus e pelo vírus da SARS-CoV-211. Costa Klinger VT, Carnaúba ATL, Rocha KW, Andrade KCL, Ferreira SMS, Menezes PL. Olfactory and taste disorders in COVID-19: a systematic review. Braz J Otorhinolaryngol. 2020;86(6):781-92. DOI: 10.1016/j.bjorl.2020.05.008.
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2. Suzuki M, Saito K, Min WP, Vladau C, Toida K, Itoh H. Identification of viruses in patients with postviral olfactory dysfunction. Laryngoscope. 2007;117(2):272-7. DOI: 10.1097/01.mlg.0000249922.37381.1e.
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-33. Allis TJ, Leopold DA. Smell and taste disorders. Facial Plast Surg Clin North Am. 2012;20(1):93-111. DOI: 10.1016/j.fsc.2011.10.011
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. Relatórios internacionais cada vez mais frequentes sobre a COVID-19 indicam que 5% a 85% dos pacientes afetados perderam o olfato22. Suzuki M, Saito K, Min WP, Vladau C, Toida K, Itoh H. Identification of viruses in patients with postviral olfactory dysfunction. Laryngoscope. 2007;117(2):272-7. DOI: 10.1097/01.mlg.0000249922.37381.1e.
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temporariamente, de forma aguda e/ou crônica, e existem relatos na literatura indicando a perda do olfato após vários meses de alta da doença22. Suzuki M, Saito K, Min WP, Vladau C, Toida K, Itoh H. Identification of viruses in patients with postviral olfactory dysfunction. Laryngoscope. 2007;117(2):272-7. DOI: 10.1097/01.mlg.0000249922.37381.1e.
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,33. Allis TJ, Leopold DA. Smell and taste disorders. Facial Plast Surg Clin North Am. 2012;20(1):93-111. DOI: 10.1016/j.fsc.2011.10.011
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.

Ainda há lacunas na elucidação das vias envolvidas na perda do olfato causada pelo SARS-CoV-2; contudo, considerou-se a grande afinidade do vírus pelos receptores ACE-2, que estão presentes em grande quantidade na cavidade nasal e no bulbo olfatório44. Izquierdo-Dominguez A, Rojas-Lechuga MJ, Mullol J, Alobid I. Olfactory dysfunction in the COVID-19 outbreak. J Investig Allergol Clin Immunol. 2020;30(5):317-26. doi: 10.18176/jiaci.0567.
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,55. da Silva Júnior PR, Gomes ALOR, Coelho LEA, Morais MA, de Almeida PVFC, Neri WJR et al. Anosmia and COVID-19: perspectives on its association and the pathophysiological mechanisms involved. Egypt J Neurol Psychiatr Neurosurg. 2021;57(1):8. DOI: 10.1186/s41983-020-00266-0.
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. Uma revisão sistemática recente, realizada com o objetivo de identificar evidências na literatura científica sobre distúrbios olfatórios, elencou seis artigos dos 1.788 registros selecionados11. Costa Klinger VT, Carnaúba ATL, Rocha KW, Andrade KCL, Ferreira SMS, Menezes PL. Olfactory and taste disorders in COVID-19: a systematic review. Braz J Otorhinolaryngol. 2020;86(6):781-92. DOI: 10.1016/j.bjorl.2020.05.008.
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. Os estudos demostraram que distúrbios olfatório-gustativos estavam presentes mesmo sem obstrução nasal/rinorreia e com início antes mesmo dos sinais/sintomas clínicos de COVID-19; a recuperação do olfato/paladar, quando ocorre, geralmente ocorre nas primeiras duas semanas após a resolução aguda da doença.

Levando em conta os aspectos mencionados, estudos indicam que o coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2) envolve sistemas sensoriais humanos, porém, existe devido ao envolvimento do sistema vestíbulo-auditivo na doença COVID-19, com dados baseados apenas nos casos/prontuários médicos, no entanto, tais dados já indicam que a COVID-19 pode levar a permanência de anosmia e hiposmia por algum tempo após a recuperação da fase aguda, sendo estimada em 3-20% dessa população44. Izquierdo-Dominguez A, Rojas-Lechuga MJ, Mullol J, Alobid I. Olfactory dysfunction in the COVID-19 outbreak. J Investig Allergol Clin Immunol. 2020;30(5):317-26. doi: 10.18176/jiaci.0567.
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,55. da Silva Júnior PR, Gomes ALOR, Coelho LEA, Morais MA, de Almeida PVFC, Neri WJR et al. Anosmia and COVID-19: perspectives on its association and the pathophysiological mechanisms involved. Egypt J Neurol Psychiatr Neurosurg. 2021;57(1):8. DOI: 10.1186/s41983-020-00266-0.
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. Além da COVID-19, sabe-se que o risco de disfunção olfativa aumenta com a idade avançada e pode resultar de doenças nasossinusais crônicas, traumatismo craniano grave e infecções respiratórias superiores ou doenças neurodegenerativas44. Izquierdo-Dominguez A, Rojas-Lechuga MJ, Mullol J, Alobid I. Olfactory dysfunction in the COVID-19 outbreak. J Investig Allergol Clin Immunol. 2020;30(5):317-26. doi: 10.18176/jiaci.0567.
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5. da Silva Júnior PR, Gomes ALOR, Coelho LEA, Morais MA, de Almeida PVFC, Neri WJR et al. Anosmia and COVID-19: perspectives on its association and the pathophysiological mechanisms involved. Egypt J Neurol Psychiatr Neurosurg. 2021;57(1):8. DOI: 10.1186/s41983-020-00266-0.
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-66. Boesveldt S, Postma EM, Boak D, Welge-Luessen A, Schöpf V, Mainland JD et al. Anosmia: a clinical review. Chem Senses. 2017;42(7):513-23. doi: 10.1093/chemse/bjx025.
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. Esses distúrbios prejudicam a capacidade de sentir odores de alerta nos alimentos e no ambiente, além de prejudicar a qualidade de vida relacionada às interações sociais, alimentação e sensação de bem-estar66. Boesveldt S, Postma EM, Boak D, Welge-Luessen A, Schöpf V, Mainland JD et al. Anosmia: a clinical review. Chem Senses. 2017;42(7):513-23. doi: 10.1093/chemse/bjx025.
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.

Com base nisso, acredita-se que estudos populacionais de prevalência e fatores associados, envolvendo os diferentes sintomas causados pela COVID-19, possam contribuir para a construção do conhecimento sobre sintomas secundários à doença e sua permanência nos pacientes recuperados da fase aguda da doença de suas formas mais brandas e mais severas. Considerando que a COVID-19 é uma doença cujo conhecimento ainda está em construção, com alta transmissibilidade e sem tratamento consensual disponível para todos, a identificação de pacientes e seus sintomas com maior risco de evoluir para a forma crítica da doença é fundamental88. Santos VB, Stein AT, Barilli SLS, Garbini AF, Almeida RC, Carazai DR et al. Adult patients admitted to a tertiary hospital COVID-19 and risk factors associated with severity: a retrospective cohort study. Rev Inst Med Trop Sao Paulo. 2022;64:e20. doi.org/10.1590/S1678-9946202264020.
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. Sendo assim, o objetivo central da presente pesquisa foi analisar o tipo e tempo de hospitalização em pessoas que relataram anosmia e ageusia após a COVID-19.

Métodos

Este estudo transversal faz parte do Edital do Programa de Pesquisa do Sistema Único de Saúde (PPSUS) da Fundação Araucária do Estado do Paraná. O Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Cesumar, Brasil, aprovou o projeto sob o número: 4.546.726. Todos os participantes da pesquisa foram informados sobre os objetivos e procedimentos a serem realizados e assinaram voluntariamente o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Os pacientes foram recrutados via encaminhamento da Instituição hospitalar após a alta médica. A coleta de dados deste amplo projeto de pesquisa99. Lemos MM, Cavalini GR, Pugliese Henrique CR, Perli VAS, de Moraes Marchiori G, Marchiori LLM et al. Body composition and cardiorespiratory fitness in overweight or obese people post COVID-19: a comparative study. Front Physiol. 2022;13:949351. DOI: 10.3389/fphys.2022.949351.
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foi realizada entre agosto e dezembro de 2021 e foram realizadas avaliação clínica (aferição de pressão arterial, glicemia, saturação de oxigênio, avaliação física com antropometria , composição corporal com bioimpedância elétrica e teste de esforço cardiorrespiratório) e aplicação de um questionário padronizado com 90 questões abertas e fechadas, incluindo dados sobre histórico médico, doenças pré-existentes, dados referentes a necessidade de hospitalização, tempo e tipo de internação, anosmia e ageusia (com questões sobre a presença das sintomatologias durante e/ou após a COVID-19 e tempo de permanência das sintomatologias após a alta hospitalar).

A gravidade da COVID-19 foi classificada conforme o guia “Clinical management of COVID-19: living guidance” (World Health Organization, 2021)1010. World Health Organization (2021). COVID-19 clinical management: Living guidance, 25 January 2021. World Health Organization. Available at: https://apps.who.int/iris/handle/10665/338882
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e foi realizada por um médico integrante da equipe. Para este estudo, os critérios de inclusão foram: ter entre 19 e 65 anos de idade; ter tido o diagnóstico positivo para a COVID-19 via teste molecular qualitativo (RT-PCR); ter contraído COVID-19 entre 03 de janeiro de 2021 e 01 de julho de 2021; e ter recebido a 1ª dose da vacina para a COVID-19. Como critérios de exclusão, não foram aceitos: portadores de doenças neurológicas debilitantes; e pessoas com dificuldade de locomoção (uso de bengala ou cadeira de rodas).

O software SPSS versão 20 para Windows foi usado para analisar os dados. A estatística não paramétrica foi aplicada. O teste de Mann Whitney foi utilizado para comparar os grupos com e sem ageusia e, com e sem anosmia, e o tempo de internação; o tamanho de efeito foi calculado usando a equação: r = Z / √ n, na qual “r” é o coeficiente de correlação, “Z” é o valor U padronizado e “n” é o número de observações1111. Fritz CO, Morris PE, Richler JJ. Effect size estimates: current use, calculations, and interpretation. J Exp Psychol Gen. 2012;141(01):2-18. DOI: 10.1037/a002433.
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. O teste de Kruskal Wallis foi utilizado para comparar três grupos a saber: N/A (não se aplica - ou seja, não apresentou os sintomas ageusia e anosmia), ageusia ou anosmia (apresentou um sintoma, mas não outro) e ambos (apresentou ambos os sintomas ageusia e anosmia) e o tempo de internação. Para o tamanho do efeito foi calculado o épsilon quadrado estimado (Er22. Suzuki M, Saito K, Min WP, Vladau C, Toida K, Itoh H. Identification of viruses in patients with postviral olfactory dysfunction. Laryngoscope. 2007;117(2):272-7. DOI: 10.1097/01.mlg.0000249922.37381.1e.
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) com a equação: Er22. Suzuki M, Saito K, Min WP, Vladau C, Toida K, Itoh H. Identification of viruses in patients with postviral olfactory dysfunction. Laryngoscope. 2007;117(2):272-7. DOI: 10.1097/01.mlg.0000249922.37381.1e.
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= H/(n22. Suzuki M, Saito K, Min WP, Vladau C, Toida K, Itoh H. Identification of viruses in patients with postviral olfactory dysfunction. Laryngoscope. 2007;117(2):272-7. DOI: 10.1097/01.mlg.0000249922.37381.1e.
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-1)/(n + 1); onde “Er2” é o coeficiente que leva o valor de 0 (indicando nenhuma relação) a 1 (indicando relação perfeita); “H” é o valor obtido de Kruskal-Wallis e “n” é o número de observações1212. Tomczak A, Tomczak E. The need to report effect size estimates revisited. An overview of some recommended measures of effect size. Trends Sport Sci. 2014;1(21):19-25.. Os tamanhos de efeito e a classificação de correlação seguiram a classificação de Cohen1313. Cohen J. Statistical power analysis for the behavioral sciences. 2nd ed. New York: Routledge, 1988.. O teste Qui-quadrado foi utilizado para verificar a associação entre as variáveis categóricas, o valor de phi e o V de Cramer também foram calculados. Para todas as análises considerou-se significante um p<0,05. Além disso, a análise de regressão linear múltipla (método para trás ou Backward) foi utilizada para controlar a influência das variáveis anosmia, ageusia, sexo e idade sobre o tempo em dias de internação em enfermaria e unidade de terapia intensiva (UTI).

Resultados

Foram analisadas as respostas de 201 participantes com média de idade de 44,7 ± 12,7 anos, 52,2% (n = 105) eram do sexo masculino; 67,7% foram internados (n = 136); 60,2% (n = 121) relataram ageusia e 55,7% (n = 112) informaram anosmia. Não houve casos de não retorno do olfato ou paladar. Os tempos de internação mínimo e máximo para os que relataram ageusia (n = 121) foram de 0 e 30 dias, respectivamente, em enfermaria, e 0 a 82 dias em UTI. Para os que relataram anosmia (n = 112), foram de 0 a 18 dias em enfermaria, e 0 a 82 em UTI. Os dados podem ser vistos na Tabela 1.

Tabela 1:
Frequência absoluta e relativa das variáveis categóricas e contínuas (n = 201)

A Tabela 2 indica que foi encontrada diferença no número de dias de permanência na UTI para o grupo ageusia (p = 0,004), sendo que aqueles que relataram ageusia apresentaram menor tempo de permanência. Quanto aos que relataram anosmia, houve diferença tanto para internação em enfermaria (p = 0,001) quanto na UTI (p = 0,004); sendo que aqueles que relataram anosmia apresentaram menor tempo de internação.

Tabela 2:
Comparação entre dois grupos de pacientes com ageusia ou anosmia e tipo e tempo de internação

Já quando considerado também aqueles que não apresentaram sintomas de ageusia nem anosmia (grupo N/A), houve diferença para o tempo de permanência, tanto na enfermaria (p = 0,007) quanto na UTI (p = 0,011), sendo que a comparação pareada demonstrou diferença entre o grupo Ambos (apresentou anosmia e ageusia) e N/A (Tabela 3), quem apresentou ambas as condições permaneceu menos dias em internação. O tamanho do efeito foi pequeno.

Tabela 3:
Comparação entre três grupos de pacientes com ageusia e/ou anosmia com o tipo e tempo de internação

Para as variáveis categóricas, houve associação entre anosmia e necessidade de internação (sim e não) (p = 0,018; phi = -0,167), sendo que, entre os que não foram internados, 67% (n = 44) relataram anosmia. Outras variáveis não significantes (p > 0,05) podem ser vistas na Tabela 4.

Tabela 4:
Associação entre anosmia e ageusia e internação

Por fim, a análise de regressão linear múltipla demonstrou que para tempo de internação em enfermaria apenas os dados de anosmia foram significantes (p < 0,001; R22. Suzuki M, Saito K, Min WP, Vladau C, Toida K, Itoh H. Identification of viruses in patients with postviral olfactory dysfunction. Laryngoscope. 2007;117(2):272-7. DOI: 10.1097/01.mlg.0000249922.37381.1e.
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) ajustado: -0,085; β = -0,299), ou seja, a anosmia contribuiu 8,5% para os achados. O valor do β na Tabela 5 indica que, para cada pessoa que relatou anosmia, diminuiu 0,085 desvios-padrões de dias de internação. Para tempo de internação em UTI, não houve preditores significantes. Estes dados podem ser visualizados na Tabela 5.

Tabela 5:
Análise dos preditores significantes pela regressão linear múltipla para tempo de internação

Discussão

Este estudo teve por objetivo analisar o tipo e tempo de hospitalização em pessoas que relataram anosmia e ageusia após a COVID-19. Aqueles que relataram anosmia e ageusia apresentaram menor tempo de internação, tanto em enfermaria quanto em UTI, quando necessário. Grande parte dos que relataram anosmia não foram internados.

De acordo com os dados apresentados, verificou-se uma grande porcentagem de participantes recuperados da COVID-19, que relataram ageusia (60,2%) e anosmia (55,7%). Tais achados são semelhantes ao estudo realizado nos Emirados Árabes com 500 pacientes com COVID-19 (leve a grave) que verificou que um total de 26,4% eram assintomáticos e 21,4% foram classificados como com sintomas menos graves1414. Al-Rawi NH, Sammouda AR, AlRahin EA, Ali FAA, Arayedh GSA, Daryanavard HA et al. Prevalence of anosmia or ageusia in patients with covid-19 among United Arab Emirates population. Int Dent J. 2022;72(2):249-56. doi: 10.1016/j.identj.2021.05.006.
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. Proporções quase iguais da população estudada experimentaram reduções extremas no paladar (43%) e perda no olfato (44%). Diminuições estatisticamente significantes nos sentidos do olfato e paladar foram observadas entre os indivíduos mais jovens. A magnitude da redução em ambas as alterações dos sentidos aumentou acentuadamente do grupo assintomático para o grupo paucissintomático e para o grupo sintomático1414. Al-Rawi NH, Sammouda AR, AlRahin EA, Ali FAA, Arayedh GSA, Daryanavard HA et al. Prevalence of anosmia or ageusia in patients with covid-19 among United Arab Emirates population. Int Dent J. 2022;72(2):249-56. doi: 10.1016/j.identj.2021.05.006.
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. Assim, os autores concluem que a anosmia ou ageusia súbita precisam ser reconhecidas para detecção precoce da infecção por COVID-19 para identificar portadores ocultos, favorecendo uma estratégia de isolamento precoce com intuito de restringir a propagação da doença1414. Al-Rawi NH, Sammouda AR, AlRahin EA, Ali FAA, Arayedh GSA, Daryanavard HA et al. Prevalence of anosmia or ageusia in patients with covid-19 among United Arab Emirates population. Int Dent J. 2022;72(2):249-56. doi: 10.1016/j.identj.2021.05.006.
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.

Uma hipótese sobre a fisiopatologia da perda olfatória pós-infecciosa é que os vírus poderiam fazer uma resposta inflamatória da mucosa nasal ou danificar diretamente o neuroepitélio olfatório. No entanto, em pacientes com COVID-19, a perda do olfato pode ocorrer sem outros sintomas rinológicos ou inflamação nasal sugestiva. Segundo as evidências, o SARS-CoV-2 relacionado à anosmia pode ser uma nova síndrome viral exclusiva da COVID-191515. Othman BA, Maulud SQ, Jalal PJ, Abdulkareem SM, Ahmed JQ, Dhawan M et al. Olfactory dysfunction as a post-infectious symptom of SARS-CoV-2 infection. Ann Med Surg (Lond). 2022;75:103352. doi: 10.1016/j.amsu.2022.103352.
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. Além disso, por meio de inoculação intranasal experimental em camundongos, o SARS-CoV-2 pode ser inoculado no circuito neural olfativo1515. Othman BA, Maulud SQ, Jalal PJ, Abdulkareem SM, Ahmed JQ, Dhawan M et al. Olfactory dysfunction as a post-infectious symptom of SARS-CoV-2 infection. Ann Med Surg (Lond). 2022;75:103352. doi: 10.1016/j.amsu.2022.103352.
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. Ou seja, as células neuronais presentes no epitélio olfativo possuem os receptores hospedeiros ACE2 e TMPRSS2, o que amplia as possibilidades de infecção cerebral subsequente, tendo início a partir dos neurônios olfativos1616. Butowt R, Bilinska K. SARS-CoV-2: olfaction, brain infection, and the urgent need for clinical samples allowing earlier virus detection. ACS Chem Neurosci. 2020;11(9):1200-3. DOI: 10.1021/acschemneuro.0c00172.
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,1717. von Bartheld CS, Hagen MM, Butowt R. The D614G virus mutation enhances anosmia in COVID-19 patients: evidence from a systematic review and meta-analysis of studies from south Asia. ACS Chem Neurosci. 2021;12(19):3535-49. DOI: 10.1021/acschemneuro.1c00542.
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.

Outro achado interessante foi a relação da anosmia e ageusia com menor necessidade de internação e/ou de permanência, principalmente, em enfermaria. Neste sentido, um estudo realizado no Brasil1818. Mendonça CV, Mendes Neto JA, Suzuki FA, Orth MS, Neto HM, Nacif SR. Olfactory dysfunction in COVID-19: a marker of good prognosis? Braz J Otorhinolaryngol. 2022;88(3):439-44. DOI: 10.1016/j.bjorlp.2020.12.004.
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com 261 participantes que tiveram COVID-19 leve a grave demonstrou que houve significantemente maior proporção de indivíduos com disfunção olfatória no grupo com síndrome gripal leve do que nos graves (leves × graves - p < 0,001; odds ratio = 4,63); e essa relação também se manteve entre os doentes leves e críticos (leves × críticos - p < 0,001; odds ratio = 9,28); assim, a alteração do olfato pode ser um preditor de bom prognóstico da infecção1818. Mendonça CV, Mendes Neto JA, Suzuki FA, Orth MS, Neto HM, Nacif SR. Olfactory dysfunction in COVID-19: a marker of good prognosis? Braz J Otorhinolaryngol. 2022;88(3):439-44. DOI: 10.1016/j.bjorlp.2020.12.004.
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. Outro estudo de ressonância magnética mostrou co-ocorrência de edema transitório do bulbo olfatório com disfunção olfativa, sugerindo que uma resposta inflamatória a essa invasão viral pelo SARS-CoV-2 também pode contribuir para a sintomatologia1919. Laurendon T, Radulesco T, Mugnier J, Gérault M, Chagnaud C, El Ahmadi AA et al. Bilateral transient olfactory bulb edema during COVID-19-related anosmia. Neurology. 2020;95(5):224-5. DOI: 10.1212/WNL.0000000000009850.
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, sendo assim, uma resposta inflamatória eficiente e rápida poderia contribuir para um melhor prognóstico da COVID-19 naqueles pacientes com a presença de anosmia. O envolvimento hiperinflamatório do SARS-CoV-2 pode estar correlacionado a aspectos fisiopatológicos e imunológicos de cada paciente, com influência direta da inflamação com a enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) e o cluster de diferenciação 6 (CD6), como possíveis mediadores, embora isso seja atualmente debatido44. Izquierdo-Dominguez A, Rojas-Lechuga MJ, Mullol J, Alobid I. Olfactory dysfunction in the COVID-19 outbreak. J Investig Allergol Clin Immunol. 2020;30(5):317-26. doi: 10.18176/jiaci.0567.
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,55. da Silva Júnior PR, Gomes ALOR, Coelho LEA, Morais MA, de Almeida PVFC, Neri WJR et al. Anosmia and COVID-19: perspectives on its association and the pathophysiological mechanisms involved. Egypt J Neurol Psychiatr Neurosurg. 2021;57(1):8. DOI: 10.1186/s41983-020-00266-0.
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,2020. Piotrowicz K, Gasowski J, Michel JP, Veronese N. Post-COVID-19 acute sarcopenia: physiopathology and management. Aging Clin Exp Res. 2021;33(10):2887-98. DOI: 10.1007/s40520-021-01942-8.
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.

Em contrapartida, as consequências desses fenômenos imunológicos agudos e complexos relacionados ao SARS-CoV-2, aumentados por anosmia, ageusia e microbiota alterada, podem levar à diminuição da ingestão de alimentos e catabolismo exacerbado, uma vez que o envolvimento hiperinflamatório do SARS-CoV-2 acentua o processo de imunossenescência, aumentando o dano endotelial e, devido à disfunção mitocondrial e autofagia, induz a quebra miofibrilar e degradação muscular, influenciando assim no grau de massa muscular e perda funcional, com consequente sarcopenia aguda, a qual pode afetar amplamente o prognóstico hospitalar dos pacientes, bem como a vulnerabilidade à deterioração funcional e física pós-COVID-192020. Piotrowicz K, Gasowski J, Michel JP, Veronese N. Post-COVID-19 acute sarcopenia: physiopathology and management. Aging Clin Exp Res. 2021;33(10):2887-98. DOI: 10.1007/s40520-021-01942-8.
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. Além disso, a inatividade física imposta, o confinamento, a quarentena ou a internação aguda com repouso no leito intensificariam o processo de sarcopenia aguda2020. Piotrowicz K, Gasowski J, Michel JP, Veronese N. Post-COVID-19 acute sarcopenia: physiopathology and management. Aging Clin Exp Res. 2021;33(10):2887-98. DOI: 10.1007/s40520-021-01942-8.
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.

Estudos relacionando a anosmia e a ageusia com fatores pró e anti-inflamatórios são essenciais e urgentes no intuito de identificar fatores de proteção e de risco em pessoas com COVID-19, além de fornecer áreas promissoras de pesquisa sobre alterações biológicas relacionadas ao aparecimento e permanência da anosmia e ageusia nessa população, no entendimento das variabilidades individuais da inflamação que resultam nesses sintomas. Ou seja, ao se determinar a suscetibilidade individual poder-se-á fornecer novas estratégias de prevenção de sintomas olfatório-gustativos relacionados à COVID-19.

Assim sendo, é de suma importância que a ciência avance a respeito de todos os tipos de distúrbios olfatório-gustativos, tanto no que se refere aos aspectos fisiopatológicos e imunidade de cada paciente, como aos relacionados a evolução do quadro clínico, tanto durante a fase aguda da COVID-19, como naqueles que vem apresentando a forma longa da doença. Neste sentido, o entendimento sobre a anosmia e a ageusia, seus fatores etiológicos e consequências podem nortear atitudes preventivas e terapias eficazes no combate aos efeitos do SARS-CoV-2 no organismo humano, incluindo suporte nutricional, reabilitação física e cardiopulmonar precoce, suporte psicológico e treinamento cognitivo2020. Piotrowicz K, Gasowski J, Michel JP, Veronese N. Post-COVID-19 acute sarcopenia: physiopathology and management. Aging Clin Exp Res. 2021;33(10):2887-98. DOI: 10.1007/s40520-021-01942-8.
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.

A partir dos resultados do presente estudo e das citadas pesquisas, demonstra-se que novos estudos devem ser incentivados com adultos saudáveis sem internação e com pessoas com diferentes condições sensoriais, tanto a respeito da anosmia e ageusia como de outros sentidos como visão e audição, para aprofundar o conhecimento sobre a anosmia e ageusia e seu real diferencial no prognóstico da COVID-19. Em vista disso, programas de promoção da saúde e intervenções de saúde são necessários para apoiar as pessoas com anosmia e/ou ageusia após a COVID-19, incluindo a reabilitação para a recuperação subsequente.

Este estudo traz resultados interessantes, mas apresenta algumas limitações que devem ser consideradas. Elenca-se, como possível limitação, a queixa autorreferida a respeito da ageusia e anosmia, além do delineamento do estudo ter sido transversal, que não permite traçar uma relação de causa e efeito.

Conclusão

Anosmia e ageusia foram sintomas importantes no estudo, sendo relatados por mais de 50% da amostra analisada. Aqueles que relataram anosmia e ageusia apresentaram menor tempo de internação, tanto em enfermaria quanto em UTI, quando necessário. Houve também uma associação entre não necessidade de internação e anosmia, sendo que entre os que não foram internados, 67% relataram anosmia.

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  • Fonte de financiamento: Fundação Araucária.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Nov 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    22 Jun 2022
  • Aceito
    09 Nov 2022
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