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Medidas antropométricas orofaciais em crianças de três a cinco anos de idade

Resumos

OBJETIVO:

obter as medidas antropométricas orofaciais em crianças pré-escolares de três a cinco anos e realizar a correlação com idade cronológica, gênero, raça e hábitos orais.

MÉTODOS:

estudo transversal com 93 crianças selecionadas por meio de amostra de conveniência consecutiva. Os responsáveis responderam a um questionário sobre os hábitos orais e as crianças foram submetidas a uma avaliação odontológica e antropométrica da face. O nível de significância utilizado foi p<0,05.

RESULTADOS:

as médias das medidas antropométricas orofaciais foram descritas. Houve diferença estatística nas medidas de altura da face (p<0,001), terço médio da face (p<0,001), canto externo do olho até a comissura labial esquerda/direita (p<0,001) e lábio inferior (p=0,015) nas faixas etárias. O gênero masculino apresentou medidas superiores na altura de face (p=0,003), terço inferior da face (p<0,001), lábio superior (p=0,001) e lábio inferior (p<0,001). Não houve diferença estatisticamente significante na altura do lábio superior em sujeitos não brancos (p=0,03). A presença de hábitos orais não influenciou os resultados. O aleitamento materno exclusivo por seis meses influenciou o aumento da medida de terço médio (p=0,022) e da altura da face (p=0,037).

CONCLUSÃO:

as médias descritas neste estudo foram superiores aos padrões encontrados em outros estudos. As médias orofaciais aumentaram conforme a idade. Houve superioridade nas medidas para o gênero masculino e para as crianças não brancas, mas não para presença de hábitos orais.

Antropometria; Face; Medidas; Criança; Pré-Escolar


PURPOSE:

to obtain the orofacial anthropometric measurements in preschool children from three to five years old and analyze the connection of these data with chronological age, gender, race, and oral habits.

METHODS:

this consisted on a transversal study with 93 children selected through consecutive convenience sample. Parents answered a questionnaire about the oral habits and children underwent odontological and orofacial anthropometric evaluation. The significance level was set at <0.05.

RESULTS:

the averages of orofacial anthropometric measurements were described. There were statistical differences in measures of middle third of the face (p<0.001), lower face (p<0.001), face height (p<0.001) and lower lip (p=0.015) across the age groups. Males showed higher mesures in height of the face (p=0.003), lower face (p<0.001), upper lip (p=0.001) and lower lip (p<0.001) than females. There was no statistically significant difference in the height of the upper lip in non-white subjects (p=0.03). The presence of oral habits did not influence the outcomes. The exclusive breastfeeding for six months influenced the rise of the middle third (p=0.022) and height of the face (p=0.037).

CONCLUSION:

the measurements described in this study were higher than those found in other studies. The orofacial measurement increased with age. The measures were higher on males and non-white children, but not for the presence of oral habits.

Anthropometry; Face; Measures; Child; Child, Preschool


Introdução

A antropometria é definida como a ciência que estuda as medidas de tamanho, peso e proporções do corpo humano 11. Farkas LG, Posnick JC, Hreczko TM. Growth patterns of the face: a morphometric study. Cleft Palate Craniofac J. 1992;29:308-15.. A mesma tem sido utilizada em diversas áreas do conhecimento como a saúde, ergonomia, desporto e engenharia. Na área da saúde, a utilização pela Fonoaudiologia, como um dos métodos para a avaliação morfológica da face, destaca-se na última década 22. Silva DAS, Pelegrini A, Pires-Neto CS, Vieira FS, Petroski EL. O antropometrista na busca de dados mais confiáveis. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2011;13(1):82-5.

3. Cattoni DM, Fernandes FDM, Marchesan IQ, Latorre MRDO. Medidas antropométricas faciais em crianças segundo períodos da dentição mista. Rev CEFAC. 2003;5(1):21-9.

4. Cattoni DM . Exame fonoaudiológico: medidas faciais em crianças leucodermas sem queixas fonoaudiológicas [dissertação]. São Paulo (SP): Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2003.

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9. Cattoni DM, Fernandes FDM . Medidas antropométricas orofaciais de crianças paulistanas e norte-americanas: estudo comparativo. Pró-Fono R Atual Cient. 2009;21(1):25-30.

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13. Ramires RR, Ferreira LP, Marchesan IQ, Cattoni DM, Silva MAA. Medidas faciais antropométricas de adultos segundo tipo facial e sexo. Rev CEFAC. 2011;13(2):245-52.
- 1414. Bolzan GP, Silva AMT, Boton LM, Corrêa ECR. Estudo das medidas antropométricas e das proporções orofaciais em crianças respiradoras nasais e orais de diferentes etiologias. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2011;16(1):85-91..

A avaliação antropométrica orofacial é baseada na localização de pontos específicos da face do sujeito e execução de medições de forma não invasiva 33. Cattoni DM, Fernandes FDM, Marchesan IQ, Latorre MRDO. Medidas antropométricas faciais em crianças segundo períodos da dentição mista. Rev CEFAC. 2003;5(1):21-9. , 1515. Prieto F, Salazar A. Antropometria de la boca a partir de dos vistas. Dyna: Revista de la Facultad de Minas Universidad Nacional de Colombia. 2010;77(162):225-36.; é uma técnica de baixo custo e que não oferece riscos à saúde do sujeito 33. Cattoni DM, Fernandes FDM, Marchesan IQ, Latorre MRDO. Medidas antropométricas faciais em crianças segundo períodos da dentição mista. Rev CEFAC. 2003;5(1):21-9. , 44. Cattoni DM . Exame fonoaudiológico: medidas faciais em crianças leucodermas sem queixas fonoaudiológicas [dissertação]. São Paulo (SP): Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2003. , 1414. Bolzan GP, Silva AMT, Boton LM, Corrêa ECR. Estudo das medidas antropométricas e das proporções orofaciais em crianças respiradoras nasais e orais de diferentes etiologias. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2011;16(1):85-91.. Por resultar em dados objetivos, podem ser comparados, uma vez estabelecido o padrão de normalidade de medidas antropométricas orofaciais para a população 33. Cattoni DM, Fernandes FDM, Marchesan IQ, Latorre MRDO. Medidas antropométricas faciais em crianças segundo períodos da dentição mista. Rev CEFAC. 2003;5(1):21-9.. O paquímetro digital, um dos instrumentos utilizados para a medição, é de fácil manipulação e transporte; por ter graduação de 0,01 mm, não apresenta diferença clinicamente significante 55. Cattoni DM . Medidas e proporções orofaciais de crianças respiradoras orais [tese]. São Paulo (SP): Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2006..

Na motricidade orofacial, área de conhecimento da Fonoaudiologia, o paquímetro é usado na avaliação quantitativa da face, mais especificamente em avaliações de frênulo de língua, na paralisia facial, na estética facial, no estudo da predominância mastigatória, entre outros 1616. Cattoni DM . O uso do paquímetro na avaliação da morfologia orofacial: procedimentos de avaliação. Barueri: Pró-Fono; 2006.. Os procedimentos da antropometria podem ajudar o fonoaudiólogo a complementar o exame clínico, fornecendo informações da caracterização da face e dados reproduzíveis 1111. Guedes SPC, Teixeira BV, Cattoni DM . Medidas orofaciais em adolescentes do estado do Rio de Janeiro segundo a tipologia facial. Rev CEFAC. 2010;12(1):68-74. , 1212. Ramires RR, Ferreira LP, Marchesan IQ, Cattoni DM, Andrada SMA. Proposta para determinação do tipo facial a partir da antropometria. J Soc Bras Fonoaudiol. 2011;23(3):195-200. , 1616. Cattoni DM . O uso do paquímetro na avaliação da morfologia orofacial: procedimentos de avaliação. Barueri: Pró-Fono; 2006..

Referências da normalidade de medidas antropométricas orofaciais são encontradas na literatura, porém, a maioria refere-se a crianças em idade escolar, adolescentes e adultos 11. Farkas LG, Posnick JC, Hreczko TM. Growth patterns of the face: a morphometric study. Cleft Palate Craniofac J. 1992;29:308-15. , 33. Cattoni DM, Fernandes FDM, Marchesan IQ, Latorre MRDO. Medidas antropométricas faciais em crianças segundo períodos da dentição mista. Rev CEFAC. 2003;5(1):21-9. , 44. Cattoni DM . Exame fonoaudiológico: medidas faciais em crianças leucodermas sem queixas fonoaudiológicas [dissertação]. São Paulo (SP): Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2003. , 66. Daenecke S, Bianchini EMG, Silva APBV. Medidas antropométricas de comprimento de lábio superior e filtro. Pró-Fono R Atual Cient. 2006;18(3):249-58. , 99. Cattoni DM, Fernandes FDM . Medidas antropométricas orofaciais de crianças paulistanas e norte-americanas: estudo comparativo. Pró-Fono R Atual Cient. 2009;21(1):25-30. , 1616. Cattoni DM . O uso do paquímetro na avaliação da morfologia orofacial: procedimentos de avaliação. Barueri: Pró-Fono; 2006. , 1717. Suguino R, Ramos AL, Terada HH, Furquim LZ, Maeda L, Silva Filho OG. Análise facial. Dent Press Ortodon. Ortop. 1996;1(1):86-107.. Dados sobre medidas da face de crianças abaixo de seis anos de idade são encontrados somente na literatura internacional 11. Farkas LG, Posnick JC, Hreczko TM. Growth patterns of the face: a morphometric study. Cleft Palate Craniofac J. 1992;29:308-15.. Assim, o objetivo deste estudo foi obter medidas antropométricas orofaciais em crianças pré-escolares de três a cinco anos e correlacionar com idade, gênero, raça e hábitos orais.

Métodos

Trata-se de um estudo transversal, observacional e contemporâneo. A pesquisa foi desenvolvida na Clínica Infanto-Juvenil da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) no período de março/2011 a março/2013. A pesquisa foi aprovada, sob o número 19236, pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A amostra foi constituída de 93 crianças, com idades entre três e cinco anos, selecionadas por meio de uma amostra de conveniência consecutiva. Os critérios de inclusão no estudo foram além da idade, apresentar dentição decídua com a erupção completa dos quatro primeiros molares. Foram excluídas crianças que já realizaram ou realizavam tratamento fonoaudiológico independente da área; crianças com histórico de tratamento ortodôntico ou ortopédico facial; crianças com síndromes, malformação craniofacial e/ou doença neurológica, crianças cujos responsáveis não permitiram a participação no estudo ou crianças que se indispuseram a realizar as medidas antropométricas orofaciais propostas.

Inicialmente, as crianças foram avaliadas por um Dentista Odontopediatra. A avaliação da oclusão foi realizada em equipo odontológico, sob iluminação, e se observou ausência ou presença de maloclusões (mordida aberta anterior e/ou posterior; sobremordida; mordida cruzada anterior e/ou posterior, unilateral ou bilateral).

Para a avaliação fonoaudiológica foi utilizado o subitem "Face" do item número dois do Protocolo MBGR 1818. Genaro KF, Berretin-Felix G, Rehder MIBC, Marchesan IQ . Avaliação miofuncional orofacial: protocolo MBGR. Rev CEFAC. 2009;11(2):237-55. que registra as medidas antropométricas orofaciais em três momentos e, ao final, se realiza a média aritmética entre elas. As medidas analisadas foram: terço médio da face (glabela a sub-nasal (g-sn)); terço inferior da face (sub-nasal a gnatio (sn-gn)); altura da face (glabela a gnatio (g-gn)) - soma do terço médio com o inferior; canto externo do olho direito à comissura do lábio direita (ex-ch); canto externo do olho esquerdo à comissura do lábio esquerda (ex-ch); lábio superior (sub-nasal ao ponto mais inferior do lábio superior (sn-sto)) e lábio inferior (do ponto mais superior do lábio inferior ao gnatio (sto-gn)). Não foi realizada a medida da largura da face (zy-zy), pois o instrumento para medição utilizado não comporta tal medida.

Como preconizado na literatura, para a coleta das medidas antropométricas orofaciais, todas as etapas metodológicas foram consideradas: localização precisa e palpação antes da marcação dos pontos antropométricos que foi realizada com lápis apropriado; utilização do paquímetro sem o pressionamento de suas pontas sobre a pele; examinador em posição sentada à frente do pesquisado, sob incidência de luz artificial direta; sujeito avaliado sentado com a cabeça em posição natural e com os pés apoiados no chão; sujeito avaliado com os dentes em oclusão na posição habitual, sem máxima intercuspidação 33. Cattoni DM, Fernandes FDM, Marchesan IQ, Latorre MRDO. Medidas antropométricas faciais em crianças segundo períodos da dentição mista. Rev CEFAC. 2003;5(1):21-9.

4. Cattoni DM . Exame fonoaudiológico: medidas faciais em crianças leucodermas sem queixas fonoaudiológicas [dissertação]. São Paulo (SP): Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2003.
- 55. Cattoni DM . Medidas e proporções orofaciais de crianças respiradoras orais [tese]. São Paulo (SP): Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2006. , 99. Cattoni DM, Fernandes FDM . Medidas antropométricas orofaciais de crianças paulistanas e norte-americanas: estudo comparativo. Pró-Fono R Atual Cient. 2009;21(1):25-30. , 1313. Ramires RR, Ferreira LP, Marchesan IQ, Cattoni DM, Silva MAA. Medidas faciais antropométricas de adultos segundo tipo facial e sexo. Rev CEFAC. 2011;13(2):245-52..

A antropometria foi realizada sempre pela mesma fonoaudióloga, com especialização na área de motricidade orofacial e com experiência no manejo com o instrumento. O paquímetro utilizado foi o digital da marca DIGIMESS Pró-Fono/2006. Os itens de biossegurança foram atendidos.

Os responsáveis responderam um questionário sobre os hábitos orais (aleitamento materno, uso e frequência de chupeta e mamadeira, sucção de digital, onicofagia, hábito de respirar pela boca). A administração do questionário sobre hábitos orais foi realizada por outra pesquisadora, que foi previamente treinada na leitura pausada e na entonação constante para a aplicação de cada questão e opções de respostas.

As crianças que apresentaram alterações nos aspectos odontológicos e/ou fonoaudiológico foram encaminhadas para os respectivos serviços, na própria instituição.

Os resultados foram cruzados e analisados segundo hábitos orais, idade, gênero e raça. Em relação à idade, as crianças foram divididas em três grupos: de três anos a três anos e 11 meses; de quatro anos a quatro anos e 11 meses; de cinco anos a cinco anos e 11 meses. Os sujeitos foram considerados como respiradores oronasais mediante respostas dos questionários, acrescida da observação da fonoaudióloga durante a realização da antroposcopia e dos dados da avaliação completa de motricidade orofacial, realizada por meio do Protocolo MBGR 1818. Genaro KF, Berretin-Felix G, Rehder MIBC, Marchesan IQ . Avaliação miofuncional orofacial: protocolo MBGR. Rev CEFAC. 2009;11(2):237-55..

No sistema de classificação por cor ou raça da população, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), constam cinco categorias: branca, preta, amarela, parda e indígena1919. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [Internet]. Características étinicos-raciais da população [acesso em 17 nov 2012]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br
http://www.ibge.gov.br...
. Neste estudo as crianças foram divididas em brancos e não brancos, sendo que este último engloba as categorias preta, amarela, parda e indígena. A análise da raça foi realizada por meio das imagens fotográficas de cada sujeito, considerando a concordância entre dois observadores; quando não havia concordância, um terceiro foi convidado a opinar.

Para a análise estatística dos dados obtidos foi utilizado o software Statistical Package for Social Science (SPSS) v.18.0 for Windows. Para as variáveis categóricas foram realizadas análises de frequência absoluta e de frequência relativa em percentual; e para as variáveis quantitativas calculadas média, desvio padrão, mínima, máxima e intervalo de confiança de 95% (IC95%). Para as comparações entre os grupos foram utilizados os testes t de Student e ANOVA, que em algumas situações foi complementado pelo teste Tukey. Para verificar a confiabilidade interobservadores foi utilizado o teste Kappa. O nível de significância utilizado foi de 5%.

Resultados

As 93 crianças tinham média de idade de 4,5+0,9 anos. Dividindo por grupos: 29 (31,2%) entre três anos e três anos e 11 meses, 30 (32,3%) entre quatro anos e quatro anos e 11 meses e 34 (36,6%) entre cinco anos e cinco anos e 11 meses. Do total, 75,3% eram brancos e 52,7% do gênero masculino. O aleitamento materno foi realizado em 86 (92,5%) crianças, com uma mediana de um ano e dois meses (mínimo de dois meses e máximo de quatro anos e um mês), entretanto somente cinco crianças foram amamentadas exclusivamente por seis meses.

A partir dos dados colhidos é possível analisar que 80 (86%) crianças fizeram uso da mamadeira em algum estágio da infância e que 62 (66,7%) utilizou o artefato com bico comum. O uso de chupeta foi referido em 45 (48,4%) das crianças, entretanto 20 crianças ainda a utilizam. A exemplo da mamadeira, em 28 (62,2%) o tipo do bico é comum. Já no que se refere ao hábito de sucção digital, verificou-se apenas 10 (10,8%) dos indivíduos tiveram esse comportamento, porém sete destes indivíduos ainda o mantém.

A média de idade da retirada da mamadeira, da chupeta e da sucção digital foi de 3,7±1,3, 3,5±1,5 anos e 3,5±1,9 anos, respectivamente. Constatou-se que 78 crianças (83,9%) ainda apresentavam hábitos orais.

Na Tabela 1 estão descritas as medidas orofaciais obtidas na pesquisa.

Tabela 1:
Descrição das medidas antropométricas orofaciais

A Tabela 2 apresenta as médias das medidas antropométricas orofaciais distribuídas nas três faixas etárias e revelou aumento conforme a idade.

Tabela 2:
Análise das medidas antropométricas orofaciais segundo faixa etária (média ± desvio padrão)

Quanto à relação entre medidas antropométricas orofaciais e gênero (Tabela 3), verificou-se que as medidas do terço inferior da face (sn-gn) para o gênero masculino foram maiores.

Tabela 3:
Análise das medidas antropométricas orofaciais segundo gênero (média ± desvio padrão)

A Tabela 4 apresenta os dados referentes à análise das medidas orofaciais segundo a raça do sujeito, dividindo por branco e não branco. A concordância interobservadores para este item foi quase perfeita (k=0,941).

Tabela 4:
Análise das medidas segundo a raça do sujeito (média ± desvio padrão)

A função respiratória também foi correlacionada com as medidas antropométricas orofaciais (Tabela 5) e o aumento das medidas nos respiradores oronasais não apresentou significância estatística.

Tabela 5:
Análise das medidas antropométricas orofaciais segundo a função respiração (média ± desvio padrão)

A amamentação em si não resultou em diferença entre as médias das medidas orofaciais (p>0,05), porém a amamentação exclusivamente por seis meses parece influenciar significantemente na medida do terço médio da face (g-sn) (p=0,022) aumentando em aproximadamente 5 mm e na altura da face (g-gn) (p=0,037) em aproximadamente 7 mm.

Em relação aos aspectos dentários, 40 (43%) apresentaram algum tipo de alteração oclusal, sendo a mordida aberta a mais prevalente, seguida de sobremordida e de mordida cruzada.

A presença de outros hábitos, além dos descritos acima, bem como alterações oclusais, não influenciaram significantemente as medidas da face propostas neste estudo para a faixa etária estabelecida.

Discussão

Apenas um estudo internacional foi encontrado11. Farkas LG, Posnick JC, Hreczko TM. Growth patterns of the face: a morphometric study. Cleft Palate Craniofac J. 1992;29:308-15. com amostra de crianças em idade pré-escolar, porém com medidas em pontos antropométricos da face distintos dos usados nesta pesquisa. Estudos nacionais, que utilizaram as mesmas medidas do presente estudo, estabeleceram parâmetros da normalidade para as medidas orofaciais em crianças acima de seis anos de idade, adolescentes e adultos 33. Cattoni DM, Fernandes FDM, Marchesan IQ, Latorre MRDO. Medidas antropométricas faciais em crianças segundo períodos da dentição mista. Rev CEFAC. 2003;5(1):21-9.

4. Cattoni DM . Exame fonoaudiológico: medidas faciais em crianças leucodermas sem queixas fonoaudiológicas [dissertação]. São Paulo (SP): Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2003.
- 55. Cattoni DM . Medidas e proporções orofaciais de crianças respiradoras orais [tese]. São Paulo (SP): Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2006..

Abaixo, serão realizadas as comparações com o estudo internacional; para os estudos nacionais não é viável a comparação direta entre os dados, entretanto foram realizadas hipóteses.

Os resultados dos valores obtidos nesta amostra para a medida de altura de face (g-gn) foram maiores em média 6,3 mm que as encontradas no estudo internacional 11. Farkas LG, Posnick JC, Hreczko TM. Growth patterns of the face: a morphometric study. Cleft Palate Craniofac J. 1992;29:308-15. em todas as faixas etárias. O referido estudo traz como referência para a altura de face (g-gn) aos três anos a média de 87,7 mm; aos quatro a média de 94,5 mm e aos cinco a média de 96,6 mm. Para a medida de lábio inferior (sto-gn), o autor traz como referência aos três anos média de 35,5 mm; aos quatro, média de 40,6 mm e aos cinco anos média de 41,7 mm 1. Os resultados dos valores obtidos para esta última medida são semelhantes aos três anos de idade, porém, variam em média 4,7 mm se comparados aos quatro e cinco anos de idade.

A literatura relata dados referentes à normalidade das medidas para crianças de sete e 11 anos. A média da medida do terço médio de face (g-sn) é de 51,4 mm, variando entre 43,0 mm e 60,9 mm; a média do terço inferior de face (sn-gn) é de 58,7 mm, variando entre 49,6 mm e 72,4 mm; a média do lábio inferior (sto-gn) é de 39,7 mm variando entre 31,0 mm e 50,2 mm; e média do lábio superior (sn-sto) é de 18,1 mm, variando entre 13,0 mm e 23,1 mm 44. Cattoni DM . Exame fonoaudiológico: medidas faciais em crianças leucodermas sem queixas fonoaudiológicas [dissertação]. São Paulo (SP): Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2003.. Constata-se que a medida que menos diferiu das encontradas neste estudo foi a do lábio superior (sn-sto) e a que mais divergiu foi a de terço médio da face (g-sn), ampliando 6,2 mm.

Numa revisão de literatura 1616. Cattoni DM . O uso do paquímetro na avaliação da morfologia orofacial: procedimentos de avaliação. Barueri: Pró-Fono; 2006. foram apresentadas, a partir de estudos internacionais, as referências de parâmetros para a normalidade em adultos das medidas de terço de face médio (g-sn) (média de 65,2 mm) e inferior (sn-gn) (média de 69 mm) e lábio inferior (sto-gn) (média de 45,3 mm) e superior (sn-sto) (média de 21,6 mm). Ao estabelecer relações entre os dados acima com o deste estudo, percebe-se que há um aumento nas alturas dos terços médio (g-sn) (em torno de 20 mm) e inferior (sn-gn) (em torno de 15 mm) e lábio superior (sn-sto) (em torno de 4 mm) comparando as crianças em idade pré-escolar e os adultos, entretanto a medida de lábio inferior (sto-gn) é semelhante. A literatura aponta que o lábio inferior (sto-gn) se apresenta desenvolvido em idade precoce: aos cinco anos as crianças de gênero masculino já possuem 84,2% do tamanho adulto; para as do gênero feminino este percentual é de 91,4% 11. Farkas LG, Posnick JC, Hreczko TM. Growth patterns of the face: a morphometric study. Cleft Palate Craniofac J. 1992;29:308-15..

Considerando a faixa etária das crianças avaliadas no presente estudo, cabe ressaltar a inter-relação entre o desenvolvimento da dentição e o crescimento e desenvolvimento facial, que é amplamente regulada pelos dentes que se fazem presentes 2020. Van der Linden FPMG. Crescimento e ortopedia facial. São Paulo: Quintessence; 1991.. A oclusão dos 20 dentes decíduos se estabelece usualmente aos três anos de idade, e é também por volta desta idade que a relação maxila e mandíbula está estabelecida e padrão maxilomandibular geral não muda mais significantemente 2121. Ferguson JD. Crescimento da Face e dos Arcos Dentais. In: McDonald RE, Avery DR. Odontopediatria. 6a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,1995. P. 446-61.. Na faixa etária pesquisada a presença de alteração oclusal não influenciou a medida facial.

Há citação na literatura que o tipo facial é preservado dos cinco aos 25 anos de idade em 77% da população e essa regularidade foi mantida em 88% dos sujeitos acompanhados entre cinco e 12 anos de idade 2222. Aguila JF. Crescimento e desenvolvimento. In: Aguila JF . Crescimento Craniofacial: Ortodontia e Ortopedia. São Paulo: Pancast, 1997. P. 23-44.. O crescimento continua a causar alterações nos tecidos moles, decorrentes do aumento em volume, mas a tendência é de que a configuração esquelética facial se mantenha constante durante o crescimento, já que é geneticamente determinada. Entretanto, no estágio de dentadura decídua, mesmo que a face não tenha alcançado sua dimensão final já é possível avaliar clinicamente e definir o padrão esquelético facial 2323. Silva Filho OG, Herkrath FJ, Queiroz APC, Aiello CA. Padrão facial na dentadura decídua: estudo epidemiológico. Rev Dent Press Ortodon Ortop Facial. 2008;13(4):45-59..

No presente estudo houve uma evolução nas medidas entre os grupos de três e quatro anos. Todavia, as medidas mostraram um ganho menor de crescimento de quatro para cinco anos quando comparadas com o crescimento de três para quatro anos. Na literatura pesquisada não foi encontrado nenhum estudo que fizesse a comparação entre crescimento craniofacial de crianças na faixa etária deste estudo. Considera-se que existem dois períodos de grande velocidade de crescimento craniofacial: os dois primeiros anos de vida; e na etapa puberal 2222. Aguila JF. Crescimento e desenvolvimento. In: Aguila JF . Crescimento Craniofacial: Ortodontia e Ortopedia. São Paulo: Pancast, 1997. P. 23-44..

Quanto à diferença entre gêneros, a presente pesquisa obteve uma diferença 3,3 mm na altura de face (g-gn) e 1,6 mm na medida de lábio superior (sn-sto) entre meninos e meninas, enquanto na referida pesquisa internacional 11. Farkas LG, Posnick JC, Hreczko TM. Growth patterns of the face: a morphometric study. Cleft Palate Craniofac J. 1992;29:308-15. as diferenças foram de 1,9 mm e 0,6 mm. Estudos apontam ocorrência de dimorfismo sexual 1313. Ramires RR, Ferreira LP, Marchesan IQ, Cattoni DM, Silva MAA. Medidas faciais antropométricas de adultos segundo tipo facial e sexo. Rev CEFAC. 2011;13(2):245-52. , 2424. Capelozza Filho L, Cardoso MA, An TL, Bertoz FA. Características cefalométricas do Padrão Face Longa: considerando o dimorfismo sexual. Rev Dent Press Ortodon Ortop Facial. 2007;12(2):49-60.

25. Franklin DEL. Análise Facial - Revisão de Literatura [monografia de especialização]. Fortaleza (CE): Universidade Estadual do Ceará; 2008.
- 2626. Gu Y, McNamara Jr JA, Sigler LM, Baccetti T. Comparison of craniofacial characteristics of typical Chinese and Caucasian young adults. Eur J Orthod. 2011;33(2):205-11. concordando que, em geral, as medidas obtidas nas análises são maiores no gênero masculino do que no feminino. Na pesquisa efetuada, o mesmo acontece na maioria das medidas, exceto no terço médio da face (g-sn).

Diferenças nas medidas e nas proporções faciais são demonstradas em estudos compostos com populações de diversas raças 33. Cattoni DM, Fernandes FDM, Marchesan IQ, Latorre MRDO. Medidas antropométricas faciais em crianças segundo períodos da dentição mista. Rev CEFAC. 2003;5(1):21-9. , 44. Cattoni DM . Exame fonoaudiológico: medidas faciais em crianças leucodermas sem queixas fonoaudiológicas [dissertação]. São Paulo (SP): Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2003. , 99. Cattoni DM, Fernandes FDM . Medidas antropométricas orofaciais de crianças paulistanas e norte-americanas: estudo comparativo. Pró-Fono R Atual Cient. 2009;21(1):25-30. , 1111. Guedes SPC, Teixeira BV, Cattoni DM . Medidas orofaciais em adolescentes do estado do Rio de Janeiro segundo a tipologia facial. Rev CEFAC. 2010;12(1):68-74.

12. Ramires RR, Ferreira LP, Marchesan IQ, Cattoni DM, Andrada SMA. Proposta para determinação do tipo facial a partir da antropometria. J Soc Bras Fonoaudiol. 2011;23(3):195-200.
- 1313. Ramires RR, Ferreira LP, Marchesan IQ, Cattoni DM, Silva MAA. Medidas faciais antropométricas de adultos segundo tipo facial e sexo. Rev CEFAC. 2011;13(2):245-52. , 2525. Franklin DEL. Análise Facial - Revisão de Literatura [monografia de especialização]. Fortaleza (CE): Universidade Estadual do Ceará; 2008. , 2626. Gu Y, McNamara Jr JA, Sigler LM, Baccetti T. Comparison of craniofacial characteristics of typical Chinese and Caucasian young adults. Eur J Orthod. 2011;33(2):205-11.. Autores discutem que os achados dos trabalhos e que a variação das medidas nos estudos podem estar relacionada a grande miscigenação racial brasileira 1313. Ramires RR, Ferreira LP, Marchesan IQ, Cattoni DM, Silva MAA. Medidas faciais antropométricas de adultos segundo tipo facial e sexo. Rev CEFAC. 2011;13(2):245-52..

Corroborando com a presente pesquisa, que demonstrou valores de medidas faciais menores (mas somente com o lábio superior com significância) nos sujeitos brancos daqueles obtidos para os sujeitos não brancos, um estudo infere que os indivíduos negros têm uma leve tendência em apresentar um padrão vertical superior em relação aos indivíduos brancos, o mesmo deve ser aplicado para medidas antropométricas 2727. Freitas LMA, Pinzan A, Janson G, Freitas KMS, Freitas MR, Henriques JFC. Facial height comparison in young white and black Brazilian subjects with normal occlusion. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2007;131(6):706e1-6..

Em outra pesquisa 99. Cattoni DM, Fernandes FDM . Medidas antropométricas orofaciais de crianças paulistanas e norte-americanas: estudo comparativo. Pró-Fono R Atual Cient. 2009;21(1):25-30., cujo objetivo foi comparar as médias das dimensões de face entre as crianças paulistanas com os padrões de normalidade publicados para a população norte americana, foram encontradas médias menores nas crianças paulistanas em todas as faixas etárias e em ambos os sexos. Na comparação da população de norte americanos acima com crianças de Santiago do Chile, entre cinco e oito anos, não houve diferença entre as populações, porém o autor ressalta que a metodologia aplicada foi diferente 2828. Palomino HM, Guzmán C, Urzúa S, Aranda P, Villanueva P. Parámetros de estética facial y gradiente sociogenético en niños chilenos. Rev CEFAC. 2006;8(4):477-84..

Analisando os dados dos estudos acima referidos, atenta-se à importância de realização de pesquisas na região sul do Brasil, na determinação das medidas faciais, porque as mesmas parecerem ser influenciadas pela origem da migração geográfica. Deve-se considerar a influência da colonização italiana e alemã nesta região, o que pode ter determinado o aumento das medidas faciais deste estudo no que diz respeito ao padrão vertical superior, em comparação com o internacional 11. Farkas LG, Posnick JC, Hreczko TM. Growth patterns of the face: a morphometric study. Cleft Palate Craniofac J. 1992;29:308-15..

Considerando o modo respiratório, alguns autores 55. Cattoni DM . Medidas e proporções orofaciais de crianças respiradoras orais [tese]. São Paulo (SP): Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2006. , 88. Cattoni DM, Fernandes FDM, Di Francesco RC, Latorre MRDO . Medidas e proporções antropométricas orofaciais de crianças respiradoras orais. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2008;13(2):119-26. , 2929. Lessa FCR, Enoki C, Feres MFN, Valera FCP, Lima WTA, Matsumoto MAN. Influência do padrão respiratório na morfologia craniofacial. Rev Bras Otorrinolaringol. 2005;71(2):156-60. encontraram associação entre o modo respiratório e alterações morfológicas faciais. Num desses estudos, as medidas que se mostraram diferentes entre os grupos foram: lábio superior (sn-sto), lábio inferior (sto-gn), terço inferior da face (sn-gn) e lados da face (ex-ch), além das diferenças nas proporções entre lábios superior e o inferior, e entre o terço médio e o terço inferior da face 55. Cattoni DM . Medidas e proporções orofaciais de crianças respiradoras orais [tese]. São Paulo (SP): Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2006..

Nesta pesquisa, embora as medidas antropométricas orofaciais tenham se apresentadas superiores nos respiradores oronasais não foram encontradas diferenças estatísticas para as medidas antropométricas orofaciais entre respiradores oronasais e nasais. Corroborando com o presente estudo, uma pesquisa recente 1414. Bolzan GP, Silva AMT, Boton LM, Corrêa ECR. Estudo das medidas antropométricas e das proporções orofaciais em crianças respiradoras nasais e orais de diferentes etiologias. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2011;16(1):85-91., contendo respiradores oronasais e nasais, constatou que as medidas orofaciais se apresentaram semelhantes entre os dois grupos. Os achados do referido estudo se assemelharam aos obtidos em outras pesquisas77. Bianchini AP, Guedes ZC, Vieira MM. Estudo da relação entre a respiração oral e o tipo facial. Rev Bras Otorrinolaringol. 2007;73(4):500-5. , 3030. Gouveia SAS, Nahás ACR, Cotrim-Ferreira FA. Estudo cefalométrico das alterações dos terços médio e inferior da face em pacientes com diferentes padrões respiratórios e faciais. Rev Dent Press Ortodon Ortop Facial. 2009;14(4):92-100., que, mesmo utilizando metodologia diferente, sugerem que o modo respiratório não pode ser considerado como fator primário para as alterações orofaciais. Entretanto, considera-se como limitação deste estudo o modo respiratório ter sido diagnosticado somente por meio da avaliação fonoaudiológica.

O conhecimento sobre as medidas antropométricas orofaciais em crianças e suas variações no que se refere à idade, gênero, raça e hábitos orais pode enriquecer a avaliação da motricidade orofacial e contribuir no estabelecimento do diagnóstico funcional realizado pelo fonoaudiólogo, trazendo dados objetivos sobre a morfologia facial 99. Cattoni DM, Fernandes FDM . Medidas antropométricas orofaciais de crianças paulistanas e norte-americanas: estudo comparativo. Pró-Fono R Atual Cient. 2009;21(1):25-30.. Também é importante ressaltar que na literatura nacional ainda não havia dados sobre a população nesta faixa etária.

Conclusão

Em vista dos resultados apresentados e discutidos pode-se concluir que as médias das medidas antropométricas orofaciais aumentam com a idade, porém se mantém mais próximas quando comparados os grupos de quatro e cinco anos. Verificou-se que as médias descritas neste estudo foram superiores aos padrões encontrados em outros estudos para a mesma faixa etária. O gênero masculino apresentou maiores medidas antropométricas, com significância estatística do terço inferior da face; igualmente, as crianças não brancas em todas as medidas, com significância estatística na medida do lábio superior. A presença de hábitos orais não influenciou significantemente os resultados dessa amostra.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jun 2015

Histórico

  • Recebido
    05 Ago 2014
  • Aceito
    01 Out 2014
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