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A retextualização como prática nas terapias fonoaudiológicas com sujeitos surdos

Resumos

Para que sujeitos surdos estabeleçam relações entre a língua brasileira de sinais e a língua portuguesa, o uso de recursos de retextualização pode ser uma ferramenta capaz de levar tais sujeitos a produzirem gêneros textuais escritos de acordo com convenções ortográficas e gramaticais do português. Nesta perspectiva, o objetivo deste trabalho é discutir o processo de retextualização usado como prática nas terapias fonoaudiológicas em grupo como um meio desses sujeitos se apropriarem da língua portuguesa em sua modalidade escrita. Participaram da pesquisa 8 surdos que fazem uso de Libras e da língua portuguesa em sua modalidade escrita. Inicialmente, os sujeitos produziam textos em língua de sinais que, depois de comentados e discutidos, em sessões em grupo, contando com a presença de uma fonoaudióloga, além de outros profissionais, eram retextualizados por meio da escrita. Após a retextualização, os sujeitos surdos foram convocados a reler o texto e, caso julgassem necessário, a modificá-lo. Na sequência, eles reliam os textos em conjunto com os profissionais e o retextualizavam em uma versão final escrita. Nos textos analisados, as operações de reestruturações sintáticas, de reconstruções textuais em função da norma da língua, bem como as de tratamento estilístico com seleção de novas estruturas sintáticas e opções lexicais foram as mais usadas nos processos de retextualização. A partir dos processos de retextualização, os surdos passaram a refletir sobre a escrita e sua função social, assumindo essa modalidade da linguagem com mais disposição e autoconfiança.

Fonoaudiologia; Surdez; Escrita Manual


The use of retextualization resources is a helpful way to let deaf individuals to produce textual writing gender according to orthographic and grammatical Portuguese conventions. In this way, this work aims to discuss the retextualization processes used as a practice in speech language therapy group sessions as a way for this population to make use of writing Portuguese language. In this research there are writing samples wrote by 8 deaf individuals that use sign language and writing Portuguese language. These papers were produced in group sessions, with deaf individuals, a speech language therapist and other professionals. The deaf individuals at first produced the samples in sign language, after that, they commented and discussed and afterwards the samples were retextualized through writing language. After the retextualization, deaf individuals were asked to read the texts and if it was necessary modify it. Following that, the deaf individuals and the professionals read the text again and retextualizes it in a final writing version. In the analyzed texts the retextualization operations used with more frequency were: syntactic rebuilds, rebuilt some structures to make the sentences inside the language rules, and stylistics treatment selecting new syntactic and lexical structures Through retextualization processes, deaf individuals start to consider Portuguese writing language and its social function, using this modality of language with more disposition and confidence.

Speech; Language and Hearing Sciences; Deafness; Handwriting


Introdução

Os avanços acadêmicos têm evidenciado a necessidade de se abordar as práticas sociais de leitura e escrita de forma que a população possa fazer uso significativo dessa modalidade de linguagem, nos diferentes contextos em que ela está inserida11. Massi G, Torquato R, Guarinello AC, Berberian AP, Santana AP, Lourenço RC. Práticas de letramento no processo de envelhecimento. Rev Bras Geriatr Geront. 2010;13(1):59-72.. Nessa perspectiva, o conceito social de letramento, postulado em território brasileiro22. Soares M. (2004). Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Rev Bras Educação. 2004;25:5-17., tem sido o fio condutor de estudos e práticas diretamente ligadas aos processos de apropriação de leitura e da escrita tanto no campo educacional, quanto na saúde, bem distantes dos conceitos fundamentados apenas em atividades de decodificação e codificação para desenvolver habilidades básicas de leitura e escrita.

Letramento22. Soares M. (2004). Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Rev Bras Educação. 2004;25:5-17. é, então, o exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita, envolvendo o ato de ler e escrever para cumprir objetivos sociais diversos, ou seja, com o papel de informar, contar histórias, elaborar um requerimento, divertir, orientar, disseminar conhecimentos, entre outros. Ao passo que, alfabetização é o domínio da tecnologia para ler e escrever. Em outras palavras, alfabetização é processo pelo qual se adquire o código escrito fazendo relações entre letras e sons, aprendendo a forma que se escreve, dominando regras ortográficas. É fato que existe uma aproximação entre letramento e alfabetização, entretanto, ainda que o fenômeno do letramento tenha forte relação com o alfabetismo esses são processos que não se confundem.

Os estudos que relacionam o processo de letramento de crianças surdas ainda são incipientes33. Williams C. (2004). Emergent Literacy of Deaf Children. J Deaf Studies Deaf Educ. 2004;9(4):352-65. e precisam se desenvolver a partir de critérios abrangentes, capazes de aglutinar aspectos cognitivos, sociais e culturais envolvidos no processo de apropriação da escrita. Nessa direção, é preciso levar em consideração que fatores que contribuem para as dificuldades dos surdos com a língua na modalidade escrita dizem respeito à falta de exposição linguística e literária que as crianças surdas vivenciam cotidianamente44. Mueller V, Hurtig R. Technology-Enhanced Shared Reading With Deaf and Hardof-Hearing Children: The Role of a Fluent Signing Narrator. J Deaf Studies Deaf Educ. 2010;15(1):72-101.. Alguns estudos44. Mueller V, Hurtig R. Technology-Enhanced Shared Reading With Deaf and Hardof-Hearing Children: The Role of a Fluent Signing Narrator. J Deaf Studies Deaf Educ. 2010;15(1):72-101. , 55. Mayer C. (2007). What Really Matters in the Early Literacy Development of Deaf Children. J Deaf Studies Deaf Educ. 2007;12(4):411-31. afirmam que crianças surdas não desenvolvem a modalidade escrita da língua majoritária em uma idade apropriada. Contudo, para que isso ocorra, é preciso considerar que a interação social e a promoção de ações voltadas a práticas significativas de letramento entre crianças surdas, seus pais, seus amigos, seus professores são fundamentais66. Swanwick R, Watson L. Parents Sharing Books With Young Deaf Children in Spoken English and in BSL: The Common and Diverse Features of Different Language Settings. J Deaf Studies Deaf Educ. 2007;12(3):385-405.

7. Guarinello AC, Berberian AP, Santana AP, Bortolozzi KB, Schemberg S, Figueiredo LC. Surdez e letramento: pesquisa com surdos universitários de Curitiba e Florianópolis. Rev Bras Educ Esp. 2009;15(1):99-120.
- 88. Ribeiro N, Souza LAP. Efeitos do(s) letramento(s) na constituição social do sujeito: considerações fonoaudiológicas Rev CEFAC. 2012;14(5):808-15..

Um estudo brasileiro99. Guarinello AC, Pereira MCC, Massi G, Santana AP, Berberian AP . Anaphoric reference strategies used in written language productions of deaf children. American Annals of the Deaf. 2008;152(5):450-8. que analisou escritas produzidas por crianças e adolescentes surdos, durante terapias fonoaudiológicas, demonstrou que eles podem aprender a usar os recursos da língua portuguesa e estratégias de referenciação, desde que para isso interajam com parceiros que sejam proficientes no uso tanto do português, quanto da língua de sinais.

A respeito da clínica de linguagem, pesquisas 88. Ribeiro N, Souza LAP. Efeitos do(s) letramento(s) na constituição social do sujeito: considerações fonoaudiológicas Rev CEFAC. 2012;14(5):808-15. , 1010. Guarinello AC, Massi G, Berberian AP, Rivabem KD. A clínica fonoaudiológica e a linguagem escrita: estudo de caso. Rev CEFAC. 2008;10(1):38-44. , 1111. Guarinello AC, Massi G, Berberian AP . Surdez e Linguagem Escrita: um estudo de Caso. Rev Bras Educ Esp. 2007;13(2):205-18. demonstram que o processo interativo estabelecido entre o sujeito que busca a clínica e o fonoaudiólogo é fundamental e que a apropriação da língua na modalidade escrita depende de uma vinculação intersubjetiva entre o sujeito e o terapeuta. E que é por meio dessas interações, pautadas em uma visão discursiva da linguagem, que os sujeitos podem usar a escrita de maneira significativa e apresentar mudanças na sua relação com essa realidade linguística.

Entende-se, então, que o fonoaudiólogo é o profissional habilitado para trabalhar com a língua portuguesa em sua modalidade escrita desenvolvendo atividades, por meio das quais seja possível que os sujeitos surdos reflitam, discutam, opinem, possibilitando a vivacidade e a discursividade da linguagem.

Assim, as terapias fonoaudiológicas individuais e em grupo1212. Machado MLCA, Berberian AP, Massi G . A terapêutica grupal na clínica fonoaudiológica voltada a linguagem escrita. In:, Santana AP Berberian AP, Guarinello AC,. Massi G Abordagens grupais em fonoaudiologia: Contextos e aplicações. São Paulo: Plexus; 2007. P.58-75. possibilitam a emergência de processos favoráveis ao desenvolvimento da linguagem e do sujeito. O atendimento que vislumbre parcerias, favorecendo a construção de relações entre seus membros viabiliza a possibilidade de uma escuta significativa, de flexibilização de papéis e posicionamentos e o reconhecimento das diferenças entre o eu e o outro. Nessa direção, em função de um trabalho fonoaudiológico que toma a linguagem como ação interpessoal ininterrupta, é possível que os sujeitos envolvidos nessa ação com o outro e sobre o outro se reconheçam nas suas diferenças, compreendam suas possibilidades e ressignifiquem suas dificuldades.

Assumindo, portanto, que o sujeito se constitui pela linguagem, por meio da interação com o outro e que a linguagem é atividade constitutiva do sujeito1313. Bakhtin M, Voloshinov V. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Editora HUCITEC; 1995., entende-se que, para estudar a atividade da linguagem, é preciso levar em conta sua historicidade, os sujeitos e o contexto social no qual estão inseridos.

Nessas condições, não considera-se apenas a língua em si e em sua estrutura. Em outras palavras, não compreende-se a língua como um conjunto imanente de signos encerrados em si mesmos, restando ao sujeito o registro passivo desse código pronto e acabado. Ao contrário, entende-se que sujeito e linguagem são inconclusos, inacabados e, por isso, estão em constituição permanente a partir de ações que o sujeito faz com e sobre a linguagem, da mesma maneira em que sofre ações da linguagem, extrapolando o sentido de categorias gramaticais abstratas. Pois, a linguagem só pode ser efetivamente considerada a partir de seu uso concreto em dado meio social organizado. É no seu uso concreto que a enunciação fortalece o sentido de relações dialógicas1313. Bakhtin M, Voloshinov V. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Editora HUCITEC; 1995., reconhecendo o complexo sistema de relações entre pessoas socialmente organizadas e não somente as relações entre fonemas, grafemas e estruturas sintáticas desvinculadas de um sentido que só pode ser encontrado na relação interlocutiva.

Considerando que grande parte dos textos escritos produzidos por surdos constituem-se fora da norma padrão da língua portuguesa, o fonoaudiólogo torna-se um parceiro fundamental para trabalhar esse processo de apropriação da língua portuguesa na modalidade escrita como segunda língua. Para tanto, esse profissional pode considerar como relevante para o seu trabalho os recursos disponibilizados pela atividade de retextualização. Essa entendida como fundamental para que os surdos percebam as diferenças e similaridades entre a língua de sinais e a língua portuguesa e para que seu texto aproxime-se da norma padrão da língua escrita.

O uso da língua portuguesa fora da norma padrão faz com que, muitas vezes, a coerência do texto seja comprometida, desse modo a atividade de retextualização é um recurso importante para que os textos possam produzir um efeito de sentido1414. Guarinello AC . O papel do outro na escrita de sujeitos surdos. São Paulo: Plexus; 2007.. Para trabalhar com surdos os textos escritos durante terapias fonoaudiológicas em grupo, toma-se a retextualização como um processo dependente de operações complexas que interferem tanto na língua, enquanto sistematização aberta, como no sentido de uma produção textual e evidenciam uma série de aspectos da relação oralidade/escrita, bem como da relação escrita/escrita1515. Marcuschi LA. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez; 2001.. A partir do processo de retextualização, entende-se que é possível trabalhar sobre os aspectos formais da língua e também sobre seus aspectos dialógicos, organizando textos orais e escritos em função de gêneros textuais diversos.

O propósito da retextualização depende da finalidade de uma transformação1515. Marcuschi LA. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez; 2001., que pode ser feita tanto pelo próprio produtor do texto, como por outra pessoa. Geralmente, quando é o próprio autor quem retextualiza, as mudanças são muito mais drásticas. Já, quando outra pessoa retextualiza o texto, a tendência é ser fiel ao original o que resultará num número menor de mudanças no conteúdo, embora possa haver intervenções mais significativas na forma.

Alguns autores1515. Marcuschi LA. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez; 2001.

16. Marcuschi LA . Oralidade e letramento. São Paulo: Cortez; 2003.
- 1717. Dell'isola RLP. Retextualização de gêneros escritos. Rio de Janeiro: Lucerna; 2007. afirmam que na retextualização interfere-se tanto na forma e na substância da expressão, como no conteúdo. Advertem que esse processo envolve operações que evidenciam o funcionamento social da linguagem e que o movimento de passagem de um texto a outro não deve ser seguido como uma receita.

Para orientar práticas de retextualização, cabe ressaltar um modelo1515. Marcuschi LA. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez; 2001., utilizado durante as sessões em grupo de fonoaudiologia, do qual adotou-se nove operações, que serão mostradas no diagrama 1, logo abaixo, as quais foram divididas em dois grupos:

  1. I - operações (1 a 4) que seguem regras de regularização e idealização, descritas no diagrama abaixo, e baseiam-se em estratégias de eliminação e inserção;

  2. II - operações (5 a 9) que seguem regras de transformação e baseiem-se em estratégias de substituição, seleção, acréscimo, reordenação e condensação.

As quatro primeiras operações contêm as estratégias mais comuns. Para realizar uma retextualização não é necessário que se efetivem todas as operações e nem que a ordem proposta seja seguida. O diagrama 1 apresenta um modelo das operações textuais-discursivas1515. Marcuschi LA. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez; 2001..

Figura 1:
Modelo das operações textuais-discursivas na passagem do texto oral para o texto escrito

Nessa direção, esse trabalho tem o objetivo discutir o processo de retextualização usado como prática nas terapias fonoaudiológicas em um grupo de surdos como um meio desses sujeitos se apropriarem da língua portuguesa em sua modalidade escrita.

Apresentação do caso

Essa pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa da Sociedade Evangélica Beneficente de Curitiba sob o número 8910/11 e teve como fonte de auxílio à pesquisa: Bolsa de produtividade em Pesquisa CNPq 302721/2010-0. Além disso, todos os participantes assinaram um termo, consentindo o uso das produções e imagens para fins de pesquisa.

Participaram do estudo oito sujeitos surdos com idades entre 14 e 23 anos. Os dados foram coletados de agosto a dezembro de 2011, durante terapias fonoaudiológicas em grupo. Estas terapias ocorriam semanalmente por um período de duas horas cada encontro. Todos os participantes tinham perda auditiva profunda bilateral, eram usuários da Libras (Língua Brasileira de Sinais) e faziam leitura orofacial. Além disso, todos os participantes do grupo eram filhos de pais ouvintes. Um estava cursando o ensino médio, quatro haviam concluído o ensino médio, um estava cursando o ensino superior e dois já haviam concluído o ensino superior. Ressalte-se que o critério para participar do grupo terapêutico fonoaudiológico era estar cursando ou já ter concluído o ensino médio, já que a hipótese é que até esse período os participantes já haviam participado de práticas de letramento.

Durante os encontros em grupo, estavam presentes quatro pesquisadores de uma Universidade: uma fonoaudióloga, docente de um curso de Graduação em Fonoaudiologia e do Programa de Mestrado e Doutorado, coordenadora do grupo; uma psicóloga, discente de um Programa de Doutorado; uma educadora, discente do Programa de Mestrado e um discente do Curso de Graduação em Fonoaudiologia. Ressalte-se que todos possuem proficiência em língua de sinais, sendo que os três últimos são intérpretes de Libras.

Todos os encontros foram filmados e transcritos. Além disso, os registros diários contendo objetivos e estratégias utilizados, bem como as observações feitas pelos pesquisadores foram anotados em um caderno próprio.

Para priorizar a natureza interativa da linguagem, foram utilizados diferentes gêneros textuais, dentre esses, notícias de jornais, tirinhas de gibi, filmes, relatos autobiográficos, histórias de surdos famosos, críticas de cinemas, entre outros. O trabalho com gêneros foi enfatizado por ser um meio social de produção do discurso e porque os gêneros dão forma e viabilizam a materialização das atividades enunciativas.

Em todos os encontros procurou-se enfatizar a escrita em contextos significativos, nos quais os sujeitos fossem capazes de interiorizar a língua portuguesa e perceber sua funcionalidade. Todas as interações ocorridas nos encontros foram estabelecidas por meio da língua brasileira de sinais e da língua portuguesa em sua modalidade escrita.

Durante os encontros, a língua portuguesa na modalidade escrita foi produzida por

meio de duas estratégias:

  1. Os pesquisadores traziam materiais escritos para os encontros (histórias, jornais, livros, vídeos) e os participantes eram encorajados a ler. Os participantes liam individualmente, em dupla, ou trios e se pedissem ajuda, principalmente com relação ao vocabulário da língua portuguesa, um dos pesquisadores fornecia a explicação por meio da língua brasileira de sinais. Após a leitura e a compreensão dos textos, os pesquisadores solicitavam aos participantes que produzissem algo por escrito sobre o que haviam lido.

  2. Os pesquisadores e os participantes do grupo conversavam sobre tópicos de seu interesse e, após a discussão, os participantes escreviam a respeito dos tópicos discutidos.

Em todos os encontros, a língua portuguesa em sua modalidade escrita foi enfatizada em contextos significativos. Durante os encontros foram produzidos vários textos escritos. Porém para esse artigo, apenas a título de ilustração, optou-se por analisar três produções escritas.

Cabe destacar que cada produção passava por um processo de construção conjunta do texto, que algumas vezes durava mais do que uma sessão terapêutica. Neste contexto, após o término de cada produção, os pesquisadores solicitavam que relessem seus textos e modificassem o que achassem necessário. Após essa etapa, os pesquisadores passavam para o computador os textos produzidos pelos participantes e apresentavam a escrita em um telão. Assim, em um último momento, os pesquisadores e os participantes, em conjunto, liam cada texto e o retextualizavam em uma versão escrita final, tentando modificar o mínimo possível do texto original.

Durante esse processo de releitura, os pesquisadores e o próprio grupo perguntavam aos participantes por meio da língua de sinais os enunciados que não entenderam. Cada participante, dupla ou trio, explicava sua ideia e o grupo todo, discutindo a respeito daquela produção escrita, preenchia as lacunas que faltavam, modificava estruturas truncadas, introduzia a pontuação, enfim, aproximava o texto do português escrito padrão, reconstruindo sentidos que aproximassem o leitor e o autor.

O trabalho consistia na retextualização de um texto em português, usando as ideias dos autores e o conhecimento de língua dos pesquisadores e dos outros participantes. Essa atividade tornou-se fundamental, pois, é a mediação que irá permitir que o sujeito se transforme pelo fato de dispor, cada vez que lê, de outras possibilidades de escolha de estratégias de dizer o que tem a dizer1717. Dell'isola RLP. Retextualização de gêneros escritos. Rio de Janeiro: Lucerna; 2007..

Ressalte-se que este trabalho só se tornou possível porque os sujeitos e os pesquisadores partilhavam a língua brasileira de sinais.

Para análise, dos 3 textos selecionados serão utilizadas tabelas para que o leitor tenha acesso às diferenças entre o texto original e o texto retextualizado em grupo e as operações realizadas pelo grupo e os pesquisadores. Assim, o texto original é apresentado de forma integral, com numeração de linhas e na vertical; a retextualização aparece na coluna a seguir com numeração própria e na vertical; as operações e análises são apresentadas em quatro colunas divididas de acordo com a necessidade de quem está retextualizando o texto. Assim, uma dessas colunas indica o tipo de operação; e as outras três o tipo do fenômeno observado, ou seja, eliminação, substituição ou acréscimo/alteração.

Resultados e Discussão

O texto 1 foi produzido em dupla por dois sujeitos um com 14 e outro com 23 anos durante uma terapia em grupo. Neste dia, os pesquisadores estavam conversando com o grupo sobre o gênero descrição, dessa forma, propôs-se ao grupo que saísse para andar pelo bairro observando o meio ambiente, na volta foi solicitado que os participantes conversassem sobre o que haviam visto no caminho, conforme estratégia 2 explicitada na metodologia, e em seguida a dupla deveria fazer a descrição do que haviam visto no caminho. Após a escrita do texto, os pesquisadores apresentaram o texto 1 em um telão e o grupo o retextualizou em conjunto.

Figura 2:
Retextualização de descrição

Na retextualização desse texto, foram utilizadas a 6a operação- Reconstrução de estruturas truncadas, concordâncias, reordenação sintática, encadeamentos (estratégia de reconstrução em função da norma escrita) e a 7ª operação- Tratamento estilístico com seleção de novas estruturas sintáticas e novas opções lexicais (estratégia de substituição visando a uma maior formalidade). Assim, foram necessários alguns acréscimos, principalmente com relação a artigos e preposições, elementos que não estão presentes na língua de sinais. Pode-se observar isso: na linha 3 /perto polícia / foi acrescentada a preposição /da/ /perto da polícia/. Também foram acrescentados verbos e outras informações na linha 4 - o enunciado /nuvem e sol, árvores/ foi modificado para /O dia estava ensolarado com poucas nuvens. Nesse lugar tem algumas árvores/. Foi feita apenas 1 eliminação e algumas substituições.

Cabe esclarecer que o trabalho realizado durante esse processo de retextualização está de acordo com a literatura1515. Marcuschi LA. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez; 2001. , 1717. Dell'isola RLP. Retextualização de gêneros escritos. Rio de Janeiro: Lucerna; 2007. que declara que neste processo interfere-se na forma, na expressão e no conteúdo do texto.

O texto 2 foi feito individualmente por um participante de 18 anos. Neste dia os participantes sugeriram conversar sobre surdos famosos, o grupo então leu textos sobre as histórias de vida desses sujeitos e então solicitou-se que cada sujeito escrevesse um relato de sua vida. A retextualização foi feita pelo grupo.

Figura 3:
Retextualização de relato pessoal

Em todo texto verifica-se também a 6.a operação e a 7.a operação. Nessa atividade de retextualização, percebe-se um total de 19 substituições e 37 acréscimos e alterações. As substituições relacionam-se principalmente a concordância verbal e nominal como, por exemplo, na linha 2 o enunciado /crescer aprender/ foi substituído por /cresci e aprendi/, na linha 3 /brincar com meu pai/ foi substituído por /meu pai e eu sempre brincávamos/. Com relação aos acréscimos, nota-se que foram introduzidos artigos, preposições, verbos e alguns substantivos. Por exemplo, na linha 1 - o enunciado /Meu pai conselho como do futebol, eu tinha 3 ou 4 anos/ foi alterado para /Quando eu tinha 3 ou 4 anos, meu pai me ensinava a jogar futebol/. Quanto às eliminações, foram 17. A maioria dos casos de retextualização está relacionada a verbos. Por exemplo, na linha 7 o enunciado /Eu queira aprende de português/ foi substituído por /Eu quero aprender no curso de português/; e na linha 6 / Eu tenho muito vontade novos amigos de ouvir, mas que difícil/ foi substituído por /Eu tenho muita vontade de fazer novos amigos ouvintes, mas tenho dificuldade de comunicação/.

Novamente nesse texto foram necessários alguns acréscimos, principalmente com relação às preposições, verbos e mudança de vocabulário da língua portuguesa. Essas mudanças estão de acordo com a literatura1414. Guarinello AC . O papel do outro na escrita de sujeitos surdos. São Paulo: Plexus; 2007. da área da surdez que certifica que, em geral, nos textos dos surdos faltam os elementos que inexistem na língua de sinais, tais como preposições ou artigos, ou os elementos que nesta língua são organizados de maneira diferente, como, por exemplo, os verbos.

No texto 3, primeiramente assistiu-se um filme chamado Black, no qual uma atriz faz o papel de surda cega. Ressalte-se que como os participantes são surdos, o filme era legendado. Após o filme, o grupo e os pesquisadores conversaram e discutiram o mesmo e então os pesquisadores apresentaram ao grupo o gênero crítica de cinema. Com ajuda de um telão e da internet o grupo e os pesquisadores conceituaram o gênero crítica e depois disso leram algumas críticas de cinema para que o grupo entendesse do que se trata esse gênero. Depois da leitura das críticas e do trabalho com esse gênero textual, solicitou-se que cada integrante do grupo escrevesse sua crítica do filme Black. O texto abaixo foi escrito por uma surda de 26 anos individualmente.

Figura 4:
Retextualização de crítica de filme

Na retextualização desse texto, o grupo todo participou por meio de sua leitura no telão e posterior reescrita. Percebe-se que a participante entendeu do que se trata o gênero textual crítica de cinema e foram precisos algumas substituições e acréscimos, principalmente com relação ao vocabulário da língua portuguesa. Novamente as operações de retextualização utilizadas foram a 6ª e a 7ª.

De acordo com a literatura1515. Marcuschi LA. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez; 2001.

16. Marcuschi LA . Oralidade e letramento. São Paulo: Cortez; 2003.
- 1717. Dell'isola RLP. Retextualização de gêneros escritos. Rio de Janeiro: Lucerna; 2007. a respeito do processo de retextualização, esse processo não significa a passagem do caos para a ordem, mas sim a passagem de uma ordem para outra ordem. Assim, a partir do conhecimento de mundo dos pesquisadores e do grupo, dos conhecimentos partilhados e da negociação de sentidos1414. Guarinello AC . O papel do outro na escrita de sujeitos surdos. São Paulo: Plexus; 2007. foi possível transformar os textos a aproximá-los do português padrão escrito, assim cada surdo do grupo de acordo com suas possibilidades pode comparar e visualizar as semelhanças e diferenças entre a língua de sinais e a língua portuguesa.

Na Tabela 1, considerou-se, apenas a título de ilustração, 8 textos produzidos por esse grupo, dentre esses os 3 descritos acima, e somou-se as estratégias de retextualização utilizadas nesse processo.

Tabela 1:
Soma total das estratégias realizadas durante o processo de retextualização

Do total, de 8 (oito) textos analisados, considerou-se os 8 textos retextualizados em grupo, percebe-se que no quesito acréscimos ou alterações realizadas sobre o texto original, obteve-se o total de 240 ações realizadas, no quesito eliminações obteve-se 169 ações e no quesito substituições realizou-se um total de 135 ações.

A Tabela 2 demonstra as operações realizadas nos 8 textos.

Tabela 2:
Soma total das operações de retextualização

Por meio do teste de diferença de proporções, ao nível de significância de 0,05 (5%), verifica-se que as operações 6ª e 7ª apresentam proporções de resultados significantes (p < 0,05) em relação aos demais tipos de operações.

O uso dessas duas operações na maioria dos textos, também está de acordo com a literatura1414. Guarinello AC . O papel do outro na escrita de sujeitos surdos. São Paulo: Plexus; 2007. , 1818. Guarinello AC, Claudio DP, Festa PSV, Carvalho HAS. Grupo terapêutico Fonoaudiológico: português para surdos. In: Berberian AP, Santana AP . (org). Fonoaudiologia em contextos grupais. Referenciais teóricos e práticos. São Paulo: Plexus; 2012. P. 161-82. que demonstra que para que os textos dos surdos fiquem mais coerentes é preciso que haja uma reordenação sintática de uma língua para outra, acréscimos de informações, substituição lexical, reordenação estilística e redistribuição dos tópicos discursivos.

Cabe ressaltar que para que esse trabalho de retextualização ocorresse, os investigadores e os participantes do grupo precisaram perguntar várias vezes ao autor do texto o que ele quis dizer com determinado enunciado. Além disso, este processo foi um trabalho feito em conjunto, assim, cada participante podia dar opiniões, questionar, sugerir, intervir, enfim, participar. Desse modo, foram surgindo outros textos mais próximos da língua portuguesa padrão e assim, cada participante podia fazer suas reflexões a respeito dessa língua de acordo com suas vivências.

Outro aspecto notado durante as terapias em grupo é que o vínculo entre os participantes foi se consolidando e fez com que eles começassem a discutir, trocar ideias, experiências entre si, estabelecer relações, compartilhar interesses, dificuldades e motivações sem que houvesse a interferência dos profissionais.

Observando esses dados, é possível afirmar que os elementos que faltam nesses textos, tais como, preposições, artigos, conjunções e alguns verbos, são, em sua maioria, exatamente aqueles elementos que inexistem ou se manifestam de outra maneira na língua de sinais, a língua materna dos surdos1919. Moura ML. As práticas de bilinguismo e a interação entre surdos e ouvintes no contexto das escolas inclusivas. O que está faltando? Rev Trama. 2011;7(14):83-95.

20. Grassi D, Zanoni GG, Valentin SML. Língua Brasileira de Sinais: aspectos linguísticos e culturais. Rev Trama. 2011;7(14):57-68.

21. Rodrigues MGG, Abdo AGR, Cárnio MS. Influência do tipo de estímulo visual na produção escrita de surdos sinalizadores sem queixas de alterações na escrita. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2012;17(2):208-15.
- 2222. Almeida EOC, Filasi CR, Almeida LC. Coesão textual na escrita de um grupo de adultos surdos usuários da Língua de Sinais Brasileira. Rev Cefac. 2010;12(2):1-5..

Outro fator relevante na escrita desses sujeitos refere-se à importância da interação com pessoas que conhecem a língua portuguesa na modalidade escrita, pois são esses sujeitos que responderão às pistas dos aprendizes a respeito dessa língua. Assim, foi por meio da interação com o outro2323. Guarinello AC . O papel do outro no processo de produções escritas por sujeitos surdos. [tese] Curitiba (PR): Universidade Federal do Paraná - Programa de Pós-Graduação em Letras , área de concentração em Estudos Linguísticos; 2004. que esses sujeitos puderam construir hipóteses sobre a língua escrita e negociar sentidos. Essa negociação se deu pela confirmação de pedidos de esclarecimento, clarificação, repetição, contestação e questionamentos e é considerada a condição necessária para o uso desta língua.

Destaca-se que por meio do processo de escrever e reescrever é que esses sujeitos passaram a refletir sobre a língua escrita e sua função social, perdendo o receio inicial que tinham com a mesma. Eles começaram a fazer hipóteses, planejar seus textos e construir suas histórias. É fato que ainda não dominam todos os aspectos formais e o conjunto de convenções que regulamentam o uso social da escrita, mas, por meio da mediação do outro terapeuta/pesquisador, provedor da escrita e criador de oportunidades para que esses aspectos se tornem evidentes, esses sujeitos foram capazes de aceitar o desafio de escrever e produzir textos com coerência, criatividade e sem medo de errar. Pois, apesar de lhes faltarem palavras na língua portuguesa, não lhes faltavam o que dizer. O fato dos sujeitos e de seus interlocutores compartilharem a língua de sinais permitiu que conversassem sobre suas histórias e experiências, e que produzissem uma escrita com alternâncias e justaposições entre as duas línguas envolvidas. A escrita tornou-se, assim, um espaço a mais de manifestação de singularidades e reconstrução de suas histórias e de suas relações com a linguagem.

Cabe esclarecer que a atividade de retextualização não é o principal aspecto de todo o processo de produção textual, isto é, esta prática não deve ser usada com intuito apenas de "corrigir" o texto. Antes da retextualização houve uma proposta de produção textual conjunta por meio de atividades significativas. Neste processo, foi possível analisar linguisticamente as produções textuais, evidenciar o papel do outro na construção textual2323. Guarinello AC . O papel do outro no processo de produções escritas por sujeitos surdos. [tese] Curitiba (PR): Universidade Federal do Paraná - Programa de Pós-Graduação em Letras , área de concentração em Estudos Linguísticos; 2004., bem como a importância deste ser fluente em língua de sinais, além da relação singular que cada sujeito estabelece com a linguagem.

Conclusão

Com este trabalho, é possível perceber que a prática de retextualização é um processo por meio do qual os sujeitos surdos podem compreender e reconstruir o sentido dos seus textos. Além disso, este processo proporciona um exercício de compreensão do texto e de domínio dos gêneros textuais, viabilizando o resgate do sentido e da coerência dos textos, auxiliando o fonoaudiólogo durante suas terapias individuais e em grupo. A partir da retextualização, os sujeitos puderam perceber algumas diferenças e similaridades entre a língua brasileira de sinais e o português escrito. Este processo também possibilitou que os sujeitos passassem a dominar certos aspectos formais do conjunto de convenções que regulamentam o uso social da escrita. A retextualização tornou-se um exercício fundamental para o melhor desempenho desses sujeitos, além de ter sido motivador, pois os sujeitos que participaram deste estudo passaram a aceitar de maneira mais tranquila o desafio da escrita. Eles assumiram a posição de autores, manifestando disposição para, a partir de critérios formais e textuais, elaborar suas produções escritas em função de critérios capazes de lhes conferir coerência.

Agradecimento

Agradecemos ao CNPq pela Bolsa produtividade Brasil concedida a pesquisadora Ana Cristina Guarinello.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Oct 2014

Histórico

  • Recebido
    01 Jul 2013
  • Aceito
    22 Out 2013
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