Acessibilidade / Reportar erro

Fatores socioculturais envolvidos no processo de aquisição da linguagem escrita

Resumos

OBJETIVOS:

verificar a influência do meio sociofamiliar no processo de aquisição da linguagem escrita de crianças em atendimento fonoaudiológico e conhecer o perfil sociocultural de seus familiares.

MÉTODOS:

a investigação, de caráter qualitativo, teve como participantes, pais ou responsáveis de crianças atendidas no Estágio de Leitura/Escrita do curso de Fonoaudiologia de uma universidade pública. Para o levantamento sociodemográfico realizaram-se consultas a prontuários destas crianças além de entrevistas semiestruturadas a partir de um roteiro enfocando os hábitos culturais e familiares relativos à linguagem escrita.

RESULTADOS:

o estudo revelou que os familiares entrevistados eram na maioria de baixa renda, baixa escolaridade, provenientes de ambientes culturais de pouca valorização e estímulo ao uso da leitura e escrita, podendo repercutir no desempenho escolar de seus filhos.

CONCLUSÃO:

a carência socioeconômica e cultural observada no estudo pode ser minimizada através do apoio de redes sociais comunitárias e de políticas publicas de cultura e educação, visto que há interesse e expectativa das famílias na melhoria da educação de seus filhos.

Linguagem; Fonoaudiologia; Aprendizagem; Fatores Socioeconômicos


PURPOSES:

verifying the influence of social-familial factors in the children's process of written language acquisition while attending speech therapy, and learning about their families' sociocultural profile.

METHODS:

this qualitative research has, as subjects, parents or guardians of children enrolled in the reading/writing training of the Speech-Language Pathology course of a public university. For the demographic survey, consultations to the children's records were done, as also semi-structured interviews based on a guide that focused the cultural and family habits related to written language.

RESULTS:

the study showed that the interviewed families were mostly poor, with poor education, and came from cultural environments with little valorisation and encouragement for reading and writing, and this might have consequences in the academic performance of their children.

CONCLUSION:

the socioeconomic and cultural deficiency observed in the study can be minimized through the support of social community network and investments in culture and education, since there is interest and expectation of the families in the education of their children.

Language; Speech Language and Hearing Sciences; Learning; Socioeconomic Factors


Introdução

A aquisição da linguagem oral é parte do processo de desenvolvimento do homem que ocorre de modo natural, diferentemente do processo de aprendizagem, que por sua vez, é consciente e dá-se através de processos formais de ensino. A leitura e a escrita, portanto, são adquiridas através da aprendizagem, em geral, na escola. Portanto, a linguagem escrita não é uma herança biológica, mas produto da cultura, aprendida e mediada por adultos em situação formal 11. Cruz A, Rebello C, Scherer APR. Aquisição da linguagem. Verba Volant, v. 2, nº 1. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária da UFPel, 2011.. Desta forma, entende-se que há diversos fatores que podem interferir na aquisição e desenvolvimento da linguagem escrita. A dificuldade de leitura e escrita pode ter origem no ambiente familiar em decorrência da ausência de estímulos ou de fornecimento de modelos compatíveis com aqueles utilizados pela escola, somados os fatores socioculturais e econômicos. Por outro lado, o desenvolvimento da leitura pode ser beneficiado quando no ambiente familiar ocorre a prática de eventos em torno da escrita como, por exemplo, o hábito de leitura de livros infantis antes de dormir, a interpretação de instruções de jogos além de comerciais veiculados na televisão22. Menezes D. A idade das letras: Enquanto avança o processo de alfabetização, aproximar os pequenos dos livros pode fazer toda a diferença [base de dados na internet]. São Paulo: Revista Nova Escola. 2008; 18 [acesso em 12 de março de 2014]. Disponível em: http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/materias_296165.shtml?page=page1
http://educarparacrescer.abril.com.br/le...
. A quantidade e a qualidade de estímulos que a criança recebe dependem, porém, de suas condições de vida e das características da comunidade em que vive33. Lúcio PS, Pinheiro AMV, Nascimento E. A Influência de Fatores Sociais, Individuais e Linguísticos no Desempenho de Crianças na Leitura em Voz Alta de Palavras Isoladas. Psicologia: Reflexão e Crítica. 2010;23(3):496-505.. É possível observar diferenças nesse processo em crianças que crescem em ambientes culturais em que a leitura e a escrita não são valorizadas, daquelas cujas famílias incentivam o contato com esses objetos 44. Becker KT, Costa MJ, Lessa AH. Speech recognition in students from seven to ten years old from two different socioeconomic-cultural levels. Rev CEFAC. 2013;15(5):1148-55..

Signor 55. Signor R. Os gêneros do discurso como proposta de ação fonoaudiológica voltada para sujeitos com queixas de dificuldades de leitura e escrita. Revista Bakhtiniana. 2011;1(5):54-71. ao referir-se a teoria baktiniana de gêneros do discurso destaca o papel importante da mediação no processo de desenvolvimento da linguagem que emerge por meio das interações sociais nas/pelas práticas discursivas. Assim, pode-se dizer que o sujeito se constitui discursivamente através das relações sociais, e se apropria da linguagem a partir da relação com o outro55. Signor R. Os gêneros do discurso como proposta de ação fonoaudiológica voltada para sujeitos com queixas de dificuldades de leitura e escrita. Revista Bakhtiniana. 2011;1(5):54-71.. As distintas orientações de letramento das comunidades a que as crianças pertencem condizem com os modos de vida e tipos de interações peculiares a este meio social. Desse modo, entende-se que a variação entre os contextos socioculturais em que os indivíduos vivem pode desencadear diferentes tipos de letramento33. Lúcio PS, Pinheiro AMV, Nascimento E. A Influência de Fatores Sociais, Individuais e Linguísticos no Desempenho de Crianças na Leitura em Voz Alta de Palavras Isoladas. Psicologia: Reflexão e Crítica. 2010;23(3):496-505..

Acredita-se que a personalidade, as crenças e percepções dos pais sobre as motivações e capacidades de seus filhos são significativas e podem modelar práticas mais efetivas de aprendizagem. Tais práticas que se dão no decorrer do processo de socialização da criança permitem a transmissão de hábitos, valores e crenças que os pais reputam necessários para a inserção de seus filhos na sociedade66. Diniz PKC, Salomão NMR. Metas de socialização e estratégias de ação maternas e paternas. Paidéia. 2010;20(46):145-54..

Todavia, muitas pesquisas na área de intervenção fonoaudiológica em linguagem escrita, ainda se baseiam em concepções de linguagem que não consideram a história pregressa do sujeito. O fonoaudiólogo precisa considerar o sujeito como parte integrante de determinada cultura, vislumbrando as interações sociais possíveis a partir dela55. Signor R. Os gêneros do discurso como proposta de ação fonoaudiológica voltada para sujeitos com queixas de dificuldades de leitura e escrita. Revista Bakhtiniana. 2011;1(5):54-71..

Dessa forma, todos esses aspectos devem ser também considerados atributos relevantes para o campo da saúde e a busca de intervenção terapêutica para o atraso ou dificuldades da linguagem, é fundamental para garantir qualidade de vida às crianças assim diagnosticadas. Devido a essa complexidade de fatores devem ser acompanhados por equipe multidisciplinar composta por fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos, assistentes sociais entre outros.

A linguagem está diretamente ligada à profissão do fonoaudiólogo, considerada como área que estuda a comunicação humana. Mas não cabe ao fonoaudiólogo apenas tratar patologias ou garantir a reabilitação de aspectos funcionais do paciente. Há outras formas de atuação desse profissional. Mais recentemente, observa-se também maior inserção do fonoaudiólogo no campo escolar, a Fonoaudiologia Educacional. A literatura77. Cavalheiro MTP. A saúde e a educação na prática e na formação do fonoaudiólogo. In: Lacerda CBF, Panhoca I. Tempo de Fonoaudiologia. Taubaté: Cabral Editora Universitária;1996/1997: p. 179-86. afirma que o fonoaudiólogo não pode ser reconhecido apenas como um profissional voltado para as questões da saúde, nem tampouco, exclusivamente como profissional da educação. Para Cavalheiro77. Cavalheiro MTP. A saúde e a educação na prática e na formação do fonoaudiólogo. In: Lacerda CBF, Panhoca I. Tempo de Fonoaudiologia. Taubaté: Cabral Editora Universitária;1996/1997: p. 179-86. (1996/1997, p.184).

(...) A dialética saúde-educação deveria ser uma constante na sua prática e valorizada na sua formação, pois é na interface entre o Sistema de Ensino e o Sistema de Saúde que se pode pretender otimizar o atendimento à população em geral.

A fim de normatizar a atuação fonoaudiológica na área da educação; conscientizar e valorizar o trabalho deste profissional nos espaços escolares; promover a saúde; e prevenir/orientar a comunidade escolar quanto às alterações de audição, linguagem, voz e motricidade orofacial, o Conselho Federal de Fonoaudiologia publicou a Resolução 309 de 01 de Abril de 2005. Essa resolução define que o fonoaudiólogo pode desenvolver ações junto aos educadores, tais quais: capacitação e assessoria, desenvolvimento de programas, observações e triagens, ações que favoreçam condições adequadas para o processo de ensino e aprendizagem e, por fim, contribuições na realização do planejamento e das práticas pedagógicas na instituição.

Por acreditar na importância dessas ações, esta investigação teve como objetivos conhecer o perfil socioeconômico e cultural das crianças atendidas em um Estágio de Leitura/ Escrita e verificar a influência do meio sócio-familiar no processo de aquisição da linguagem e escrita dessas crianças.

Métodos

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas/UNICAMP com o parecer nº 304/2009.

A investigação de caráter exploratório utilizou-se dos métodos qualitativo de análise de dados e quantitativo cujos dados tabulados foram apresentados descritivamente em tabelas para a apresentação dos resultados. O estudo contou com a participação de 18 pais ou responsáveis de crianças atendidas no Estágio de Leitura/Escrita do Curso de Fonoaudiologia de uma universidade pública. O critério de inclusão no estudo foi ser pai ou responsável de crianças que frequentavam referido estagio e que após esclarecimentos quanto aos objetivos da pesquisa concordaram em participar voluntariamente do estudo. Foram excluídos aqueles sujeitos que não quiseram participar no período da pesquisa. Os sujeitos que concordaram em participar assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Resolução MS/CNS/CNEP no 196/96 de 10 de outubro de 1996).

Para se conhecer as características da amostra estudada, foram levantados dados de prontuários das crianças atendidas e paralelamente, realizadas entrevistas semiestruturadas com os participantes a partir de um roteiro norteador enfocando aspectos socioeconômicos e culturais além dos hábitos familiares referentes à utilização da linguagem e escrita.

As entrevistas foram realizadas na própria instituição enquanto os pais/responsáveis aguardavam os atendimentos de seus filhos. As mesmas foram gravadas mediante o consentimento dos entrevistados e transcritas na íntegra para análise qualitativa de conteúdo sendo os achados agrupados nas seguintes categorias: Hábitos familiares de Leitura e Escrita, Acesso à Tecnologia, Acompanhamento familiar da escolaridade das crianças e Expectativas quanto ao futuro do filho.

Resultados

Na Tabela 1 são apresentadas as características da amostra estudada, constituída por 18 sujeitos sendo mães (66,7%), pais (5,5%), avós (22,3%) e um membro não familiar (5,5%), responsável por uma criança institucionalizada.

Tabela 1:
Distribuição dos pais/responsáveis quanto a características sociodemográficas (n=18)

Observou-se que 94,4% dos sujeitos entrevistados eram do sexo feminino, confirmando a relação de gênero no tocante ao cuidado dos filhos. A faixa etária dos entrevistados variou de 24 a 53 anos, com media de idade de 37 anos. Dados de escolaridade revelaram que 5,5% eram analfabetos e 27,8% tinham o primeiro grau ainda que incompleto. Os achados revelaram, portanto que a maioria da amostra estudada foi constituída por pessoas com baixa escolaridade e baixa renda. Quanto à procedência, a maioria dos entrevistados vivia em bairros periféricos da cidade de Campinas (72,2%) e demais municípios da região.

No que se refere ao estado civil observou-se que a maioria entrevistada era casada ou vivia em união estável confirmando a variedade de arranjos familiares próprios da sociedade atual, revelando que mesmo que alguns entrevistados não fossem os pais legítimos assumiram o cuidado das crianças.

Os arranjos familiares observados na atualidade podem ser compreendidos no contexto das interações sociais e econômicas, recolocando a centralidade das relações entre o trabalho e a família, como eixos organizadores da vida das pessoas. Considera-se que o aumento nas taxas de participação da mulher na força de trabalho, e o aumento nas separações e divórcios, são fundamentais para a mudança nos arranjos familiares e padrões de convivência88. Goldani AM. Família, gênero e políticas: Famílias brasileiras nos anos 90 e seus desafios como fator de proteção. Rev Brasileira de Estudos de População. 2002;19(1):30-43..

No presente estudo, a maior parte das crianças (55,5%) vivia com ambos os pais biológicos. Dentre aquelas que não residem com os pais biológicos, observou-se que 72,2% viviam em famílias reconstruídas com as mães biológicas, a maioria em união estável ou outros arranjos familiares. Observou-se ainda que uma das crianças residia somente com a mãe biológica sem vinculo com a figura paterna, e outra encontrava-se sob os cuidados de uma instituição.

Na Tabela 2 são apresentadas as características e queixas que motivaram a busca de atendimento fonoaudiológico. Observa-se que as queixas apresentadas referem-se com maior frequência às dificuldades em leitura, escrita e fala (72,2%), dificuldade de fala devido a fissura lábio-palatina (11,1%), dificuldade de concentração em classe (11,1%) e ainda dificuldade de fala devido a deficiência física e mental (5,6%). Essas crianças encontravam-se na faixa etária entre 07 e 13 anos de idade, com média de idade de 11 anos.

Tabela 2:
Caracterização das crianças quanto a queixas apresentadas, tipo de escola que frequentam e escolaridade (n=18)

A maioria das crianças atendidas no Estagio de Leitura/Escrita (88,9%) estudava na rede pública de ensino, em escolas próximas de suas residências. Todas frequentavam o ensino fundamental, confirmando os dados do IBGE de que grande parte de crianças entre sete e catorze anos de idade mesmo matriculadas em escolas ainda não sabe ler e escrever. Grande parte das crianças se encontrava nos primeiros anos do ensino fundamental, período em que constroem as hipóteses em relação ao funcionamento da leitura/escrita.

Após a transcrição das gravações e releituras das entrevistas com os pais ou responsáveis pelas crianças em atendimento fonoaudiológico, os dados foram organizados nas seguintes categorias: Hábitos familiares de Leitura e Escrita, Acesso à Tecnologia, Acompanhamento familiar da escolaridade das crianças e Expectativas quanto ao futuro do filho.

Hábitos Familiares de Leitura e Escrita

Um dos aspectos importantes desta investigação se refere aos hábitos de leitura e escrita adotados pelos familiares, que podem influenciar a atitude dos filhos diante da leitura. A experiência primeira do mundo é a relação de familiaridade com o meio social, ou seja, a criança se identifica com o meio social no qual vive, e esse meio é mediador dos hábitos que ela irá desenvolver. Assim, os hábitos familiares são aprendidos desde os primeiros tempos de vida. Tal fato pode ser explicado através do conceito de habitus, desenvolvido por Bourdieu, para quem habitus é um estado geral dos indivíduos, estado interior e profundo, que orienta suas ações de forma durável 99. Setton MGJ. A teoria do habitus em Pierre Bourdieu: Uma leitura contemporânea. Rev Brasileira de Educação. 2002;20:60-70..

Os achados deste estudo revelaram que a maioria dos entrevistados (72,2%) referiam gostar de ler, entretanto, quando questionados sobre o último livro lido, contraditoriamente não souberam responder, como pode ser observado nos relatos abaixo.

" Eu gosto de ler, eu não tive a chance de estudar mais, mas eu gosto."

" ...meu marido gosta, ele lê jornal todo dia, e fica bravo porque eu não leio já que o jornal ta lá."

Todos os sujeitos entrevistados afirmaram possuir algum material de leitura em casa, sendo que os mais citados foram livros, revistas e a bíblia. Como a bíblia foi fortemente mencionada, cabe ressaltar que dentre os entrevistados 44,4% se diziam católicos, 33,3% evangélicos e os demais de outras religiões cristãs, sendo, portanto praticantes. Desta forma, cabe enfatizar que a Igreja, junto com a escola e a família, se constitui uma das principais agências de letramento.

Quanto aos hábitos de leitura no lar, 66,6% dos pais referiram ter hábito de ler para os seus filhos e aqueles que não o fazem (33,4%) justificaram que os filhos já sabem ler sozinhos.

Outro aspecto mencionado nas entrevistas diz respeito ao hábito de ir à bancas de jornais e revistas, sendo que 44,4% dos participantes o fazem assiduamente, 38,8% admitiram que apesar de frequentarem estes estabelecimentos geralmente vão em busca de figurinhas, jogos, doces, materiais de conveniência que não dizem respeito à leitura. Os demais referem adquirir jornais, revistas ou histórias em quadrinhos para os filhos.

Questionados sobre o hábito de tomar material de leitura emprestado, 55,5% refere que não utilizam essa prática, e os demais fazem uso de materiais das bibliotecas da escola onde os filhos estudam.

No que diz respeito ao interesse pela escrita, todos os entrevistados atribuíram alguma importância a ela, inclusive aqueles considerados analfabetos funcionais, que por alguma razão não tiveram acesso à escolarização. Em muitas famílias socialmente desfavorecidas, escrever pode estar associado somente a assinar o nome ou ainda a redigir lista de palavras e recados curtos. Uma das funções da escrita para essas pessoas é poder assinar.

"Ah eu acho muito bom, porque eu não sei escrever. Nossa como é importante, às vezes eu vou numa loja, tem que escrever e não consigo... Às vezes pedem endereço e eu não sei escrever, eu sofri por isso."

Quanto às formas de uso da escrita, 47,0% dos entrevistados apontaram que os "bilhetes" são a forma mais frequentemente utilizada no cotidiano.

"Escrevo bilhete para o professor dela, tudo o que eu vou escrever fico com o dicionário do lado para ver se estou escrevendo certo."

"... Assinatura, bilhete, coisas do serviço.."

Para grande parte dos entrevistados o valor da escrita está relacionado às funções escolares, de lazer e de informação.

"...[ a escrita] serve pra tudo né? Porque você se aprimora né.. Às vezes eu me pego escrevendo alguma palavra né, daí dá um branco de como que escreve aquela palavra, aí vou eu atrás daquela palavra."

Acesso à Tecnologia

A investigação revelou ainda que apesar da amostra ser proveniente das classes sociais menos favorecidas, a maioria teve acesso a algum tipo de tecnologia. Todos os participantes possuíam televisor em casa, 83,3% tem aparelho de DVD e 27,7% dispõe do serviço de televisão a cabo. No que se refere à programação de televisão mais assistida pelos filhos 83,3% referem que o desenho animado é o programa favorito, e os demais demonstraram preferência por filmes, novelas ou seriados.

Quanto ao acesso à tecnologia digital 94,4% dos entrevistados referem possuir computador na residência sendo que 44,4% destes possuem o acesso à Internet. Tais dados são extremamente importantes considerando-se que nos dias atuais o meio digital possibilita o acesso a diversos tipos de informação. Questionados sobre o meio de comunicação que permite maior acesso a notícias e informações sobre os acontecimentos atuais, 88,8% dos entrevistados apontaram os telejornais, além de outros meios de comunicação como internet, jornal e rádio. A televisão por ser considerada o veículo de comunicação mais popular é também o mais cômodo e economicamente acessível para se atualizar sobre o que acontece na sociedade, dispondo de várias opções de programação, como observado no excerto abaixo. Contudo, na entrevista de uma das mães aparece:

"... eu não gosto de jornal da televisão porque eu acho que eles não falam minha língua; o jornal da Globo pra mim é um bicho de sete cabeças, eu gosto mesmo mais de jornal popular"

Esse relato demonstra que existem diferenças entre a língua que usa (variedade sem prestígio do português) e aquela veiculada pelos apresentadores de telejornais (norma culta), ou seja, há percepção das diferentes variantes linguísticas existentes entre a fala popular e a fala da televisão, o que nos remete novamente aos graus de letramentos e às diferentes maneiras das comunidades usarem a escrita. Na fala desse participante nota-se o quanto é por vezes, ininteligível a fala do locutor do jornal da televisão para esse grupo de pessoas ("bicho de sete cabeças).

Acompanhamento familiar da escolaridade das crianças

Dados sobre o acompanhamento no desenvolvimento escolar dos filhos revelam que a maioria das crianças e adolescentes necessita apoio para realização das tarefas escolares a serem realizadas em casa e os depoimentos indicam que no geral cabe às mães a função de dar esse suporte aos filhos. Atualmente com o alargamento dos papéis sociais da mulher, não centrados apenas no ambiente familiar, essa ajuda às crianças passou também a ser fornecida por terceiros. No presente estudo, o apoio das mães na realização das tarefas escolares, foi bastante expressivo (44,4%). Algumas crianças recebem ajuda de outros familiares, como pais e avós (22,2%), e os demais (22,2%), não solicitam ajuda ou realizam suas tarefas somente no ambiente escolar, com o apoio pedagógico de suas professoras (11,2%). Apesar de muitos entrevistados delegarem a ajuda dos deveres de casa a outras pessoas, todos referem acompanhar o desenvolvimento das crianças, participando das reuniões da escola, verificando as tarefas, atentos a essas questões.

Entretanto a grande presença das mães observada no acompanhamento escolar dos filhos deve-se ao fato de a maior parte delas se encontravam desempregadas ou não trabalhavam fora de casa.

"Atualmente eu estou desempregada

(...)Eu leio muitos livros da escola com eles. Vem pra ler para lição. A gente lê bastante. Quando eles vão pra ONG é na ONG porque lá tem pedagoga ajudando eles, mas de terça, quinta, e sexta sou eu que ensino."

"No fim da noite eu leio, pelo menos uma estrofe eu leio para eles.. No outro dia eu abro e continuo outro parágrafo.. A gente tá sempre comprando gibis e historinhas (...) Então a gente estimula de todas as formas.."

Expectativas em relação ao futuro

Os pais sempre sonham com o futuro de seus filhos, imaginam quais os caminhos que por eles serão seguidos, e às vezes manifestam desejos de que sigam determinadas profissões. No presente estudo, os pais e responsáveis, foram levados a refletir sobre as suas expectativas sobre o futuro de seus filhos. Observou-se que a expectativa mais citada refere-se à superação das dificuldades que hoje estão vivenciando, para posteriormente desenvolverem seus estudos e optar por uma profissão de seu interesse como pode ser observado nos excertos abaixo:

"Ah pro meu filho eu desejo que ele seja uma criança bastante estudada, que ele consiga bastante coisa boa pela frente, que ele tenha bastante estudo e que ele consiga arrumá um

emprego que ele queira ser né, isso que eu desejo pra ele né..."

"Ah, que ele ultrapasse essas dificuldades que ele ta tendo, porque ele é muito inteligente. E que faça o que ele quiser, por que com força de vontade ele pode ser o que ele quiser ..."

"Bom.. a primeira coisa que eu queria mesmo é que ele aprendesse a ler e a escrever. Porque se ele estivesse escrevendo talvez ele dependesse menos de mim...,que ele consiga as coisas que ele sonha porque ele fala que quer ser bombeiro..E pra ser bombeiro também precisa de um estudo(...)"

Discussão

Nesta investigação identificou-se a influencia dos fatores socioculturais no processo de aquisição da linguagem escrita, uma vez que a maioria da amostra estudada era constituída por pessoas com baixa escolaridade e baixa renda.

Estudos revelam que no Brasil, somente 50% das crianças de baixa renda estão aptas a passarem para a 2ª série do ensino fundamental, comprovando a importância do letramento no ambiente familiar1010. Deuschle VP. Análise comparativa do desempenho textual estudantes de quarta e quinta série do ensino fundamental com e sem queixas de dificuldades na linguagem escrita [Dissertação]. Santa Maria (RS): Universidade Federal de Santa Maria; 2009.. Tal fato reflete a realidade da maioria das famílias que convive com privações no meio social acarretando consequências no aprendizado de seus filhos, somente percebidas quando do ingresso na escola.

A influência da cultura da família também pode ser observada pelo desenvolvimento de habilidades específicas em crianças, algumas das quais são privilegiadas e reforçadas na escola, tais como a leitura e a escrita. Além disso, o valor que a família atribui à escola pode fazer a diferença na representação que a criança terá do objeto escrita, mais tarde, ao entrar para o ensino formal. Pais que não tiveram acesso à escola podem não dar a devida importância ao processo de aprendizagem de seus filhos, e esse fato não os permite promover e estimular o letramento dos mesmos33. Lúcio PS, Pinheiro AMV, Nascimento E. A Influência de Fatores Sociais, Individuais e Linguísticos no Desempenho de Crianças na Leitura em Voz Alta de Palavras Isoladas. Psicologia: Reflexão e Crítica. 2010;23(3):496-505..

Os efeitos de condições sociais adversas podem gerar diferenças nos níveis de aprendizagem e de estimulação que a criança recebe da sua família, isto é, baixos níveis de educação materna, pouca interação verbal entre pais e filhos, baixa expectativa de escolaridade por parte dos pais; dificuldades nas relações afetivas, entre outros, condições cotidianas estressantes que além de dificultarem a ação educativa dos pais, podem afetar a vida escolar das crianças e adolescentes1111. Szymansky H. Práticas educativas familiares: A família como foco de atenção psicoeducacional. Revista Estudos de Psicologia. 2004;21(2):5-16..

Ao se analisar as características das famílias entrevistadas, um dado bastante evidente no estudo foi quanto às novas formas de arranjos familiares da atualidade. A literatura88. Goldani AM. Família, gênero e políticas: Famílias brasileiras nos anos 90 e seus desafios como fator de proteção. Rev Brasileira de Estudos de População. 2002;19(1):30-43. aponta que a maioria dos brasileiros reside em unidades domésticas organizadas ao redor do casal e grupo de parentesco, embora as taxas de crescimento de arranjos familiares alternativos tenham aumentado nas últimas décadas. Afirma ainda que 28 em cada 100 crianças com até 15 anos de idade, não vivem com ambos os pais biológicos, sendo que a maioria (60,0%) vivia somente com a mãe. Dentre aquelas que não viviam com ambos os pais biológicos, estima-se que aproximadamente 10,0% vivem em famílias reconstruídas, devido ao recasamento de um ou ambos os pais 88. Goldani AM. Família, gênero e políticas: Famílias brasileiras nos anos 90 e seus desafios como fator de proteção. Rev Brasileira de Estudos de População. 2002;19(1):30-43.. Tais dados concretizam os novos arranjos familiares, como o identificado em na amostra.

Com relação à escolarização das crianças e visando favorecer a aprendizagem e alfabetização na escola, o Ministério da Educação estabeleceu em 2012, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Espera-se que até os 8 anos de idade e até o final do 3° ano do Ensino Fundamental a criança esteja alfabetizada. Desse modo, até essa idade, a criança deve estar apta a compreender o funcionamento da escrita, a fluência da leitura, e o domínio de estratégias de compreensão e produção de textos 1212. Brasil. Ministério da Educação. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Brasília, DF. Ministério da Educação, 2012. Disponível em: http://pacto.mec.gov.br/ .Acesso em 10 jun. 2013.
http://pacto.mec.gov.br/...
.

Desta forma, independentemente da diversidade do espaço educativo, a escola deve garantir que todos os alunos tenham acesso à leitura e à escrita. A alfabetização é uma das prioridades nacionais, uma vez que cabe também ao professor alfabetizador, a função de auxiliar a formação do seu aluno na prática da cidadania 1212. Brasil. Ministério da Educação. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Brasília, DF. Ministério da Educação, 2012. Disponível em: http://pacto.mec.gov.br/ .Acesso em 10 jun. 2013.
http://pacto.mec.gov.br/...
.

Há, portanto, um grande desafio, tanto para as famílias quanto para a equipe escolar, que se constitui na busca por estratégias de promoção de ambientes em que a leitura e a escrita se façam presentes de forma significativa, gerando melhor compreensão das crianças em relação ao funcionamento da escrita, propriamente dito, e sobre as funções sociais da escrita em nossa sociedade.

No tocante aos hábitos familiares de leitura e escrita adotadas pelos entrevistados, pode-se dizer que a maioria não usa a leitura ou a escrita no seu cotidiano de forma sistemática, ou seja, apesar de dizerem que é importante ler e escrever não as utiliza em sua rotina diária, em casa ou no trabalho. Essa situação explica, também porque muitos referem nas entrevistas gostar de ler, mas efetivamente não leem. Grande parte dos pais considera a escrita importante, mas utiliza tais atividades apenas em algumas situações como, por exemplo, em bilhetes e quando o fazem, necessitam em geral de dicionários à disposição.

Instâncias tradicionais da educação, como a escola e a família, são socializadoras e coexistem numa relação de interdependência. Desse modo, a família exerce papel fundamental no desenvolvimento escolar da criança. A escola necessita apoio dos pais para que estes ajudem a desenvolver no ambiente doméstico os conteúdos que se ensina na escola, tais como nas tarefas escolares que devem ser realizadas em casa. Da mesma maneira, as famílias necessitam o apoio da escola, a fim de garantirem a educação de seus filhos 99. Setton MGJ. A teoria do habitus em Pierre Bourdieu: Uma leitura contemporânea. Rev Brasileira de Educação. 2002;20:60-70..

Quanto ao acesso à tecnologia, sabe-se que os meios de comunicação de massa são grandes difusores de informações na sociedade contemporânea. Dados de uma reportagem jornalística, a produção e a circulação de mensagens na sociedade atual são extremamente dependentes das atividades da mídia 1313. Alexandre M. O papel da mídia na difusão das representações sociais. Rev Comum. 2001;6:111-25.. O papel da mídia está relacionado à disseminação de ideias e informações, sendo, portanto formadora de opiniões. A sociedade tem acesso às notícias através dos meios de comunicação e essa interação entre a sociedade e os acontecimentos, tem o intuito de situar o receptor da notícia no contexto histórico 1414. Andaki A, Mendes EL. Reflexões sobre o lazer e trabalho no contexto da infância. Revista Digital [periódico na Internet]. 2007 Set [acesso em 12 de abril de 2013];112. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd112/lazer-e-trabalho-no-contexto-da-infancia.htm
http://www.efdeportes.com/efd112/lazer-e...
. Entretanto, como referido por um familiar, algumas pessoas dificilmente conseguem compreender a mensagem veiculada nos meio de comunicação devido às diferenças entre a língua que usa e a língua culta de telejornais, ou seja, há percepção das diferentes variantes linguísticas, decorrentes dos graus de letramentos e de diferentes maneiras de uso da escrita.

Nesta investigação observou-se a grande presença das mães no acompanhamento escolar de seus filhos, e isso decorre do fato de a maior parte delas se encontravam desempregadas ou não trabalharem fora de casa por ocasião da entrevista. No presente estudo apenas 38,8% destas encontravam-se inseridas no mercado de trabalho, confirmando que a taxa de desemprego para mulheres é maior que para indivíduos do sexo oposto. É significante, porém o aumento do número de mulheres que se tornam provedoras de suas famílias88. Goldani AM. Família, gênero e políticas: Famílias brasileiras nos anos 90 e seus desafios como fator de proteção. Rev Brasileira de Estudos de População. 2002;19(1):30-43.. Além dos fatores estruturais, observa-se ainda fortemente a questão de gênero que define como função da mulher a ajuda nas tarefas escolares dos filhos, e mesmo trabalhando fora ainda dispõem de tempo para tal.

Sobre a expectativa quanto ao futuro dos filhos, percebe-se na fala desses pais que reconhecem o valor e a importância da escrita em sociedades grafocêntricas como a que vivem, além disso, que o domínio da escrita confere ao indivíduo uma "vida melhor" que inclui tanto a mobilidade social, quanto a abertura de janelas para o desenvolvimento cognitivo1515. Cavalcanti MC, Silva IR. Já que ele não fala, podia ao menos escrever: O grafocentrismo naturalizado que insiste em normalizar o surdo. In: Kleiman A, do Couto CM. Lingüística Aplicada, Suas Faces e Interfaces. 1ed. Campinas: Mercado de Letras, 2007. P. 219-42. , 1616. Zorzi JL, Ciasca SM. Caracterização dos erros ortográficos em crianças com transtornos de aprendizagem. Rev CEFAC; 2008;10(3):321-31.. Mesmo demonstrando não usar a escrita em sua rotina diária, acabam revelando o valor que a escrita tem para a sociedade, demonstrando perceber que esta rege a vida da escola e que, quem não vai bem na escola é descriminado, de alguma forma, na vida profissional.

Conclusão

Os achados desse estudo mostraram que os familiares de crianças que participaram do estagio de leitura e escrita, eram na maioria de baixa renda, e baixa escolaridade, provenientes de um meio sócio-cultural de pouco estímulo ao uso da leitura e escrita, refletindo no desempenho escolar de seus filhos. Entretanto a maioria referiu acompanhar a escolarização de seus filhos.

Embora todos os familiares tenham referido possuir em casa algum tipo de material de leitura, grande parte (44,4%) não tinha o hábito de leitura desenvolvido em família a ponto de servir como referencia de leitor para seus filhos.

Apesar da baixa condição cultural observou-se que todos os entrevistados possuíam acesso à tecnologia, todos possuíam televisores e 94,4% possuíam computador (44,4% com acesso à internet). Porém, verificou-se que tais equipamentos eram pouco ou mal utilizados como facilitadores das condições de estudo dos filhos e na vida dessas pessoas.

A maior expectativa dos pais com relação ao futuro de seus filhos foi a superação das dificuldades e a finalização da escolaridade para a concretização de uma profissão que seja melhor que a de seus pais.

A carência socioeconômica e cultural observada na amostra estudada poderia ser minimizada com o apoio de redes sociais comunitárias, implantação de bibliotecas municipais e mais investimento em material de leitura e escrita nas escolas públicas, de onde veem grande parte das crianças. O interesse das famílias na educação de seus filhos, presente no acompanhamento das suas trajetórias escolares e a expectativa expressada em relação ao futuro escolar e profissional, mostra que há demanda para essas ações.

Agradecimento

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo auxílio na modalidade de bolsa de Iniciação Científica.

  • 1
    Cruz A, Rebello C, Scherer APR. Aquisição da linguagem. Verba Volant, v. 2, nº 1. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária da UFPel, 2011.
  • 2
    Menezes D. A idade das letras: Enquanto avança o processo de alfabetização, aproximar os pequenos dos livros pode fazer toda a diferença [base de dados na internet]. São Paulo: Revista Nova Escola. 2008; 18 [acesso em 12 de março de 2014]. Disponível em: http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/materias_296165.shtml?page=page1
    » http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/materias_296165.shtml?page=page1
  • 3
    Lúcio PS, Pinheiro AMV, Nascimento E. A Influência de Fatores Sociais, Individuais e Linguísticos no Desempenho de Crianças na Leitura em Voz Alta de Palavras Isoladas. Psicologia: Reflexão e Crítica. 2010;23(3):496-505.
  • 4
    Becker KT, Costa MJ, Lessa AH. Speech recognition in students from seven to ten years old from two different socioeconomic-cultural levels. Rev CEFAC. 2013;15(5):1148-55.
  • 5
    Signor R. Os gêneros do discurso como proposta de ação fonoaudiológica voltada para sujeitos com queixas de dificuldades de leitura e escrita. Revista Bakhtiniana. 2011;1(5):54-71.
  • 6
    Diniz PKC, Salomão NMR. Metas de socialização e estratégias de ação maternas e paternas. Paidéia. 2010;20(46):145-54.
  • 7
    Cavalheiro MTP. A saúde e a educação na prática e na formação do fonoaudiólogo. In: Lacerda CBF, Panhoca I. Tempo de Fonoaudiologia. Taubaté: Cabral Editora Universitária;1996/1997: p. 179-86.
  • 8
    Goldani AM. Família, gênero e políticas: Famílias brasileiras nos anos 90 e seus desafios como fator de proteção. Rev Brasileira de Estudos de População. 2002;19(1):30-43.
  • 9
    Setton MGJ. A teoria do habitus em Pierre Bourdieu: Uma leitura contemporânea. Rev Brasileira de Educação. 2002;20:60-70.
  • 10
    Deuschle VP. Análise comparativa do desempenho textual estudantes de quarta e quinta série do ensino fundamental com e sem queixas de dificuldades na linguagem escrita [Dissertação]. Santa Maria (RS): Universidade Federal de Santa Maria; 2009.
  • 11
    Szymansky H. Práticas educativas familiares: A família como foco de atenção psicoeducacional. Revista Estudos de Psicologia. 2004;21(2):5-16.
  • 12
    Brasil. Ministério da Educação. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Brasília, DF. Ministério da Educação, 2012. Disponível em: http://pacto.mec.gov.br/ .Acesso em 10 jun. 2013.
    » http://pacto.mec.gov.br/
  • 13
    Alexandre M. O papel da mídia na difusão das representações sociais. Rev Comum. 2001;6:111-25.
  • 14
    Andaki A, Mendes EL. Reflexões sobre o lazer e trabalho no contexto da infância. Revista Digital [periódico na Internet]. 2007 Set [acesso em 12 de abril de 2013];112. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd112/lazer-e-trabalho-no-contexto-da-infancia.htm
    » http://www.efdeportes.com/efd112/lazer-e-trabalho-no-contexto-da-infancia.htm
  • 15
    Cavalcanti MC, Silva IR. Já que ele não fala, podia ao menos escrever: O grafocentrismo naturalizado que insiste em normalizar o surdo. In: Kleiman A, do Couto CM. Lingüística Aplicada, Suas Faces e Interfaces. 1ed. Campinas: Mercado de Letras, 2007. P. 219-42.
  • 16
    Zorzi JL, Ciasca SM. Caracterização dos erros ortográficos em crianças com transtornos de aprendizagem. Rev CEFAC; 2008;10(3):321-31.
  • Fonte de auxilio: CNPq/PIBIC

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar-Apr 2015

Histórico

  • Recebido
    29 Jan 2014
  • Aceito
    23 Jul 2014
ABRAMO Associação Brasileira de Motricidade Orofacial Rua Uruguaiana, 516, Cep 13026-001 Campinas SP Brasil, Tel.: +55 19 3254-0342 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revistacefac@cefac.br