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Revisão de Aegoschema Aurivillius (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae)

Revision of Aegoschema Aurivillius (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae)

Resumos

Aegoschema Aurivillius, 1923 e suas espécies são redescritas, ilustradas e chave para identificação é fornecida. Seis espécies neotropicais são reconhecidas, das quais A.migueli sp. nov. é descrita do Brasil (Mato Grosso).

Acanthoderini; espécie nova; Neotropical; taxonomia


Aegoschema Aurivillius, 1923 and its species are redescribed, illustrated and a key to identification is given. Six neotropical species are recognized, of which A.migueli sp. nov. is described from Brazil (Mato Grosso).

Acanthoderini; Neotropical; new species; taxonomy


Revisão de Aegoschema Aurivillius (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae)

Revision of Aegoschema Aurivillius (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae)

Marcela L. MonnéI; José Ricardo M. MermudesII

IMuseu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Quinta da Boa Vista, São Cristovão, 20940-040 Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

IIDepartamento de Zoologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rua São Francisco Xavier 524, sala 516, Maracanã, 20550-900 Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

RESUMO

Aegoschema Aurivillius, 1923 e suas espécies são redescritas, ilustradas e chave para identificação é fornecida. Seis espécies neotropicais são reconhecidas, das quais A.migueli sp. nov. é descrita do Brasil (Mato Grosso).

Palavras-chave: Acanthoderini; espécie nova; Neotropical; taxonomia.

ABSTRACT

Aegoschema Aurivillius, 1923 and its species are redescribed, illustrated and a key to identification is given. Six neotropical species are recognized, of which A.migueli sp. nov. is described from Brazil (Mato Grosso).

Key words: Acanthoderini; Neotropical; new species; taxonomy.

O gênero Aegoschema Aurivillius, 1923 apresenta cinco espécies que se distribuem na América do Sul (MONNÉ 2005). DEJEAN (1835) foi o primeiro a citar o nome Aegomorphus, sem uma descrição, listando sete espécies em nominanuda. O nome Aegomorphus não estaria disponível por não satisfazer o artigo 12.2 do ICZN (1999). HALDEMAN (1847) descreveu Aegomorphus para A.decipiens, espécie-tipo por monotipia. WHITE (1855) utilizou o nome Aegomorphus do catálogo de DEJEAN (1835), listando sete espécies sendo quatro nomina nuda, uma já descrita, A. pubicornis(Audinet-Serville, 1835), e duas descritas no trabalho: A.moniliferus White, 1855 e A.cultrifer White, 1855. Aegomorphus pubicornis, descrita em Oreodera, é atualmente espécie-tipo de Penaherreraus Roguet, 2004 (= Pycnomorphus Thomson, 1864 non Pycnomorphus Motschulsky, 1858). Aegomorphus cultrifer situa-se hoje em Anisolophia Melzer, 1934, na tribo Acanthocinini. Quando WHITE (1855) utilizou o nome Aegomorphus este já estava ocupado por Aegomorphus HALDEMAN (1847). THOMSON (1860) descreveu Aegomorphus, considerando Dejean o autor do nome genérico, para A.adspersus. AURIVILLIUS (1923) percebeu que o nome Aegomorphus tinha sido utilizado por HALDEMAN (1847) e propôs Aegoschema como um novo nome para Aegomorphus sensu Thomson, 1860 non Haldeman, 1847 nec White, 1855, tornando A.adspersus espécie-tipo por monotipia. Não considerou WHITE (1855) autor de Aegomorphus por não ter descrição genérica. LANE (1938, 1973) descreveu, respectivamente, Aegoschema cinereumdo Brasil e A.peruvianum do Peru. GILMOUR (1965) transferiu Aegomorphus moniliferus White, 1855 e A.adspersus var. obesusBates, 1861 para Aegoschema e MONNÉ (1994) deu status de espécie a A.obesum. SAMA (1994) abordou o histórico do gênero, citando Aegoschema adspersum como espécie-tipo. MONNÉ (2005) equivocou-se ao assinalar WHITE (1855) como autor de Aegomorphus e de que SAMA (1994) designou Aegoschema adspersum como espécie-tipo de Aegoschema.

O gênero e suas espécies são redescritos, é fornecida chave para identificação e descrita uma nova espécie do Mato Grosso (Brasil). O material examinado pertence ao Muséum National d’Histoire Naturelle, Paris (MNHN) e Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro (MNRJ). Considerando a publicação de um catálogo (MONNÉ 2005), as citações bibliográficas referentes a cada táxon limitam-se à descrição original, à citação de MONNÉ (2005) e, quando pertinente, são incluídas outras citações. As dimensões são fornecidas em milímetros.

Aegoschema Aurivillius, 1923

Aegoschema Aurivillius, 1923: 610; Monné, 2005: 165.

Aegomorphus Thomson, 1860: 336 (non Haldeman, 1847 necWhite, 1855).

Espécie-tipo: Aegomorphusadspersus Thomson, 1860 por monotipia.

Corpo alongado. Vértex ligeiramente intumescido. Olhos grosseiramente facetados; lobos oculares superiores tão distantes entre si quanto 1,5 vezes a largura de um lobo; lobos oculares inferiores desenvolvidos, pelo menos duas vezes mais largos que os superiores. Genas curtas e com ápices arredondados. Mandíbulas com borda externa carenada e ápice simples. Palpos maxilares mais longos que os labiais; segmento basal cerca da metade do comprimento do segundo que é subigual ao apical e 1/3 mais longo que o terceiro; segundo e terceiro cônicos; apical acuminado. Lábio com mento trapezoidal; palpos com segmento basal cerca de 1/3 do comprimento do seguinte; 2-3 subiguais em comprimento; segundo cônico; o apical acuminado. Tubérculos anteníferos pouco proeminentes. Antenas filiformes, com 11 artículos. Escapo cilíndrico, 1/3 mais curto que o antenômero III; III-XI gradualmente encurtados para o ápice e com cerdas eretas e esparsas na região ventral.

Protórax transverso, a cada lado com um tubérculo mediano rombo. Pronoto com cinco tubérculos rombos, dois a cada lado e um pós-mediano; margem posterior ligeiramente sinuosa e com pontos grossos, bem demarcados e moderadamente densos. Cavidades coxais anteriores arredondadas, angulosas aos lados e fechadas atrás. Processo prosternal cerca de 1/3 do diâmetro da cavidade procoxal. Mesosterno plano. Processo mesosternal tão largo quanto o diâmetro da cavidade mesocoxal. Cavidades mesocoxais fechadas aos lados. Escutelo curto, margem apical arredondada. Élitros cerca de quatro a cinco vezes o comprimento do protórax; lados convergentes para o ápice; pontuação grossa e profunda na metade basal; a cada lado do escutelo, com uma crista no quarto basal (exceto A.cinereum). Úmeros arredondados e apenas projetados anteriormente.

Pernas anteriores 1/3 mais curtas que posteriores. Fêmures clavados; tíbias deprimidas, ligeiramente expandidas para o ápice e tão longas quanto fêmures; pro- e mesotíbias com sulco. Esporões tibiais curtos, delgados e subiguais. Protarsômero I ligeiramente mais curto que meso- e metatarsômero I e estes, subiguais em comprimento. Escovas tarsais compactas.

Esternitos I-IV subiguais em comprimento; V gradualmente estreitado para o ápice e cerca de 1/3 mais longo que o anterior.

Dimorfismo sexual. As fêmeas apresentam o corpo ligeiramente mais robusto, com élitros subparalelos aos lados. Pernas pouco mais curtas. Esternito V com sulco mediano longitudinal que alcança o terço apical.

Discussão. Aegoschema assemelha-se a Aegomorphus Haldeman, 1847 pelo protórax transverso e tuberculado aos lados, pelo pronoto com tubérculos, os ápices externos dos élitros freqüentemente com espinho e pelos fêmures clavados. Aegoschema difere de Aegomorphus por apresentar o escapo cilíndrico, o pronoto com cinco tubérculos rombos e os lados do protórax com tubérculos arredondados. Em Aegomorphus o escapo é clavado, o pronoto tem, no máximo, três tubérculos rombos e os tubérculos laterais do protórax são aguçados.

Chave para identificação das espécies de Aegoschema

1. Pronoto com duas faixas longitudinais de pubescência castanho-escura (espinho manifesto no ápice elitral externo) (Fig. 5). Equador, Guiana Francesa, Brasil (Pará) ....................................................................... A.obesum (Bates, 1861)

1’. Pronoto sem faixas longitudinais de pubescência ............ 2

2. Pronoto com pontos, próximos à margem posterior, com diâmetro semelhante aos da base dos élitros; machos com pilosidade da região ventral do corpo amarelada exceto processo mesosternal e depressão do disco do metasterno, castanho-escura (Fig. 4). Guiana Francesa, Brasil (Pará) ....................................................... A.moniliferum (White, 1855)

2’. Pronoto com pontos, próximos à margem posterior, com diâmetro menor que os da base dos élitros; machos com pilosidade unicolor na região ventral do corpo ............... 3

3. Metade apical dos élitros com manchas irregulares depubescência, castanho-escura ou ferrugínea, ornadas de pontos grossos; protarsômeros, nos machos, com pilosidade longa ................................................................................... 4

3’. Metade ou terço apical dos élitros sem pontos grossos nas manchas; protarsômeros, nos machos, sem pilosidade longa ......................................................................................... 5

4. Élitros com manchas irregulares de pubescência ferrugínea esem crista na base; machos com antenômeros III-IV engrossados (Fig. 2). Brasil (Minas Gerais, Espírito Santo) ................................................................... A.cinereum Lane, 1938

4’. Élitros com manchas irregulares de pubescência castanho-escura e, na base, com crista rasa, longitudinal; antenômeros III-IV dos machos não engrossados (Fig. 3). Brasil (Mato Grosso) .................................................... A.migueli sp. nov.

5. Pronoto com os tubérculos látero-anteriores mais elevadosque os demais; élitros com predominância de pubescência esbranquiçada e manchas irregulares ou máculas de pubescência castanho-escura ou dourada (Fig. 1). Brasil (Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo) ......................................................... A.adspersum (Thomson, 1860)

5’. Pronoto com os cinco tubérculos pouco proeminentes; élitros com predominância de pubescência esverdeada ou acastanhada e manchas irregulares ou máculas de pubescência branca (Fig. 6). Brasil (Amazonas), Peru .................................................................................. A.peruvianum Lane, 1973



Aegoschema adspersum (Thomson, 1860)

Fig. 1

Aegomorphus adspersus Thomson, 1860: 337.

Aegoschema adspersum; Lane, 1938: 109; Monné, 2005: 166.

Aegoschema adspersa; Gilmour, 1965: 607.

Macho. Tegumento castanho-avermelhado a castanho-escuro. Região ventral com pilosidade amarelada. Região dorsal com pubescência esbranquiçada; ápice dos antenômeros III-XI e tubérculos do pronoto com pubescência castanho-escura; élitros com manchas irregulares e máculas,, de pubescência castanho-escura a dourada concentradas na metade apical; dorso dos fêmures e metade anterior e terço apical das tíbias com mancha de pubescência castanho-escura.

Antenas ultrapassam os ápices elitrais no antenômero IX ou X; escapo estreitado na base e no ápice. Pronoto com um par de tubérculos, próximos à margem anterior, mais elevados que os demais; pontos, próximos à margem posterior, com diâmetro menor que os dos élitros. Processo prosternal, mesosternal e disco do metasterno com pilosidade densa, ereta e concolor com a pubescência do corpo. Disco do metasterno deprimido. Metade basal dos élitros com pontuação densa e moderadamente organizada em fileiras longitudinais; crista basal pouco evidente; ápices obliquamente truncados e com ângulo externo espiniforme. Protarsômeros sem pilosidade longa. Esternito -V com margem apical arredondada.

Fêmea. Antenas quase alcançam os ápices elitrais. Processo prosternal, mesosternal e disco do metasterno sem pilosidade densa e ereta. Metasterno aplanado. Esternito V com margem apical truncada.

Dimensões, respectivamente macho/fêmea. Comprimento total, 16,5-21,8/16,3-23,8; comprimento do protórax, 2,5-3,8/ 2,4-3,8; maior largura do protórax, 4,5-6,8/4,7-8,2; comprimento do élitro, 11,8-16,2/11,2-18,3; largura umeral, 5,8-9,7/6,0-10,2.

Distribuição geográfica. Ocorre no Brasil, na Mata Atlântica (Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo).

Material examinado. BRASIL, macho (holótipo) (MNHN); Bahia: Encruzilhada, Estrada Rio-Bahia, km 965, 960 m (Motel da Divisa), 2 machos, 3 fêmeas, XI.1972, Seabra & Roppa leg.; macho, 3 fêmeas, XI.1974 (sem coletor). Espírito Santo: Colatina, macho, III.1972, F.M. Oliveira leg.; Barra do São Francisco, Córrego do Itá, macho, XI.1956, W. Grossmann leg.; Linhares, Parque Sooretama, 2 machos, 3 fêmeas, XI.1967, F.M. Oliveira leg.; Tijuco Preto, fêmea, 1940. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro (Corcovado), macho, 15.XII.1958, fêmea, III.1960, fêmea, XI.1961, fêmea, 31.XII.1962, fêmea, 13.V.1964, Alvarenga & Seabra leg. São Paulo: Peruíbe, macho, XII.1940, coleção H. Zellibor (todos no MNRJ).

Discussão. Aegoschema adspersum difere, de maneira geral, das demais espécies do gênero pela pubescência esbranquiçada dos élitros com manchas e máculas castanho-escuras a douradas.

Aegoschema cinereum Lane, 1938

Fig. 2

Aegoschema cinereum Lane, 1938: 108; Monné, 2005: 166.

Macho. Tegumento avermelhado. Corpo com pubescência esbranquiçada ou acinzentada; terço apical dos antenômeros III-XI com pubescência castanha; tubérculos do pronoto, região basal, máculas e manchas irregulares medianas e posteriores dos élitros com pubescência ferrugínea; terço apical das tíbias com pubescência castanho-escura.

Antenas alcançam os ápices elitrais; escapo não estreitado na base; antenômeros III-IV engrossados. Pronoto com um par de tubérculos, próximos à margem anterior, pouco mais elevados que os demais; pontos, próximos à margem posterior, com diâmetro menor que os dos élitros. Processo prosternal, mesosternal e disco do metasterno com pilosidade densa, ereta e concolor com a pubescência do corpo. Disco do metasterno deprimido. Metade basal dos élitros com pontos esparsos, organizados em fileiras longitudinais e adensados aos lados; metade apical com pontos esparsos que acompanham as manchas de pubescência ferrugínea; cristas basais ausentes; ápices obliquamente truncados, ápice externo curto e sem espinho. Protarsômeros com pêlos longos, densos e castanhos. Esternito V com margem apical truncada.

Fêmea. Antenas apenas alcançam o terço apical dos élitros. Antenômeros III-IV delgados. Processo prosternal, mesosternal e disco do metasterno sem pilosidade densa e ereta. Metasterno aplanado. Esternito V com margem apical sinuosa.

Dimensões, respectivamente macho/fêmea. Comprimento total, 24,0/26,2-29,3; comprimento do protórax, 3,4/3,9-4,3; maior largura do protórax, 7,2/7,3-9,2; comprimento do élitro, 20,0/20,4-23,2; largura umeral, 8,5/8,6-11,8.

Distribuição geográfica. Ocorre no Brasil, na Mata Atlântica (Minas Gerais, Espírito Santo).

Material examinado. BRASIL, Minas Gerais: Manhumirim, fêmea (holótipo), 30.III.1937. Espírito Santo: Jetibá, 800m, 2 fêmeas, X.1960; Tijuco Preto, macho, 1940 (todos no MNRJ).

Discussão. Aegoschema cinereum difere das demais espécies de Aegoschema, pelas características descritas na chave.

Aegoschema migueli sp. nov.

Fig. 3

Etimologia. Homenagem ao Prof. Miguel A. Monné (MNRJ), pelo incentivo no estudo dos Lamiinae.

Tegumento castanho-avermelhado. Região dorsal com pubescência esbranquiçada ou acinzentada e ventral, amarelada; pubescência castanho-escura nos tubérculos do pronoto e nos élitros, ao redor do escutelo e formando manchas irregulares nos 2/3 apicais; terço apical das tíbias com pubescência castanho-escura.

Antenas apenas ultrapassam os ápices elitrais; escapo ligeiramente deprimido próximo à base. Pronoto com um par de tubérculos, próximos à margem anterior, distintamente mais elevados que os demais; pontos, próximos à margem posterior, com diâmetro menor que os dos élitros. Processo prosternal e mesosternal com pilosidade densa, ereta e amarelada. Disco do metasterno aplanado. Élitros, na região ao redor do escutelo, com pontos esparsos e enfileirados, adensados nos lados e na região mediana;metade apical com pontos que acompanham as manchas irregulares de pubescência; crista basal baixa; ápices obliquamente truncados com ângulo externo mais longo que o interno e projetado. Protarsômeros com pêlos longos, densos e castanhos. Esternito V com margem apical truncada.

Fêmea. Antenas quase alcançam o ápice dos élitros. Processo prosternal, mesosternal e disco do metasterno sem pilosidade densa e ereta. Esternito V com margem apical truncada e pequena reentrância mediana.

Dimensões, respectivamente macho/fêmea. Comprimento total, 23,5/25,0; comprimento do protórax, 3,5/3,6; maior largura do protórax, 7,8/7,2; comprimento do élitro, 16,0/19,8; largura umeral, 8,5/9,0.

Distribuição geográfica. Ocorre no Brasil, na floresta Amazônica (Mato Grosso).

Material-tipo. Holótipo macho, BRASIL, Mato Grosso: Sinop, 12°31’S-55°37’W, X.1974, Alvarenga & Roppa leg. Parátipo fêmea, mesmos dados do holótipo (todos no MNRJ).

Discussão. Aegoschema migueli sp. nov. assemelha-se à A. cinereum e difere pelas características descritas na chave. Pelo aspecto geral do corpo, assemelha-se também à A. moniliferume difere, principalmente, por apresentar os élitros apenas com manchas de pubescência castanho-escura. Em A.moniliferum (Fig. 4) os élitros apresentam, além da pubescência castanho-escura, quatro faixas estreitas, longitudinais e descontínuas de pubescência branca alternada com castanho-escura. Ver discussão de A.moniliferum.

Aegoschema moniliferum (White, 1855)

Fig. 4

Aegomorphus moniliferus White, 1855: 374.

Aegoschema monilifera; Gilmour, 1965: 607.

Aegoschema moniliferum; Monné, 1994: 36; 2005: 167.

Macho. Tegumento castanho-avermelhado a castanho-escuro. Região ventral com pilosidade amarelada exceto no processo mesosternal e no metasterno, castanho-escura. Região dorsal com pubescência acinzentada; terço apical dos antenômeros V-XI, tubérculos do pronoto, terço basal da sutura elitral e ao redor do escutelo, com pubescência castanho-escura; élitros com quatro faixas estreitas, longitudinais e descontínuas de pubescência branca alternada com castanho-escura; terço apical das tíbias com pubescência castanho-escura.

Antenas ultrapassam os ápices elitrais no antenômero VIII ou IX; escapo gradualmente estreitado para a base. Pronoto com um par de tubérculos, próximos à margem anterior, distintamente mais elevados que os demais; pontos, próximos à margem posterior, com diâmetro semelhante aos dos élitros. Processo prosternal, mesosternal e disco do metasterno com pilosidade densa, ereta e amarelada. Disco do metasterno deprimido. Élitros, na região ao redor do escutelo, com pontos esparsos e enfileirados e abruptamente adensados aos lados; metade apical lisa; crista basal elevada e evidente; ápices obliquamente truncados. Protarsômeros com pêlos longos, densos e castanhos. Esternito V com margem apical arredondada.

Fêmea. Antenas quase alcançam o ápice dos élitros. Região ventral com pilosidade amarelada. Processo prosternal e mesosternal com pilosidade densa e decumbente. Disco do metasterno aplanado. Esternito V com região circular deprimida, mediana e próxima à margem apical e esta, truncada.

Dimensões, respectivamente macho/fêmea. Comprimento total, 14,2-24,4/14,3-23,2; comprimento do protórax, 2,1-4,0/ 2,2-3,8; maior largura do protórax, 4,5-7,0/4,6-7,7; comprimento do élitro, 10,3-18,2/11,2-18,3; largura umeral, 4,8-8,5/4,9-8,2.

Distribuição geográfica. Ocorre na Guiana Francesa, Peru, Brasil (Amazonas, Pará, Rondônia, Mato Grosso, Goiás) e, possivelmente, relacionada à Floresta Amazônica e nas matas de galeria.

Material examinado. GUIANA FRANCESA, Montjoly, macho, 18. XI.1982, S. Xiberras leg. BRASIL, Amazonas: Rio Javari, fêmea, X.1958, F.M. Oliveira leg.; Pará: Belém, fêmea, II.1976; Ilha Pará, Igarapé Juntinta, macho, XI.1995, Magno & C. Alvarenga leg.; Rondônia: Vilhena, macho, XI.1973, Alvarenga & Roppa leg.; Mato Grosso: Diamantino, fêmea, XI.1971, S.A. Fragoso leg.; Rosário Oeste, macho, XII.1959; Sinop, 12°31’S 55°37’W, 5 machos, 3 fêmeas, X.1974, Alvarenga & Roppa leg.; 2 machos, X.1975, Roppa & Alvarenga leg.; Goiás: Jataí, fêmea, X.1972, F.M. Oliveira leg. PERU, Loreto: Pucallpa, fêmea, 10.IX.1950, H. Zellibor leg.(todos no MNRJ).

Discussão. Aegoschema moniliferum difere das demais espécies do gênero pelas características descritas na chave; as fêmeas são as únicas que apresentam esternito V com região circular deprimida, mediana e próxima à margem apical.

Aegoschema obesum (Bates, 1861)

Fig. 5

Aegomorphus obesus Bates, 1861: 150.

Aegomorphus adspersus var. obesus; Gemminger & Harold, 1873: 3141.

Aegoschema adspersa var. obesus; Gilmour, 1965: 607.

Aegoschema obesum; Monné, 1994: 37; 2005: 167.

Macho. Tegumento castanho-avermelhado a preto. Corpo com pubescência esbranquiçada ou amarelada exceto antenas e pernas, acinzentada; terço apical dos antenômeros III-XI, duas faixas longitudinais no pronoto, manchas irregulares nos élitros, mancha no dorso dos fêmures e terço apical das tíbias, com pubescência castanho-escura.

Antenas apenas alcançam ou ultrapassam os ápices elitrais no antenômero X; escapo atenuado na base e no ápice e com depressão dorsal rasa no terço basal. Pronoto com tubérculos semelhantes em elevação; pontos, próximos à margem posterior, com diâmetro menor que os dos élitros. Processo prosternal, mesosternal e disco do metasterno com pilosidade densa, ereta e amarelada. Disco do metasterno deprimido. Terço basal dos élitros com pontos esparsos, enfileirados e gradualmente adensados aos lados; crista basal moderadamente elevada; ápices sinuosos e com espinho desenvolvido no ângulo externo. Protarsômeros sem pêlos longos e densos. Esternito V com margem apical sinuosa.

Fêmea. Antenas quase alcançam o terço ou o quarto apical dos élitros. Processo prosternal, mesosternal e disco do metasterno com pilosidade densa e decumbente. Metasterno aplanado. Esternito V com margem apical truncada e com entalhe mediano.

Dimensões, respectivamente macho/fêmea. Comprimento total, 17,2-22,2/18,5-27,2; comprimento do protórax, 2,8-4,3/ 3,0-4,2; maior largura do protórax, 4,5-7,1/5,2-8,7; comprimento do élitro, 13,3-16,8/14,8-21,3; largura umeral, 5,2-8,5/6,5-10,5.

Distribuição geográfica. Ocorre no Equador, Guiana Francesa, Brasil (Pará, Rondônia, Mato Grosso) e, provavelmente, está relacionada com a Floresta Amazônica.

Material examinado. BRASIL, Amazonas: Tabatinga, 2 fêmeas, macho, X.1956, F.M. Oliveira leg.; 2 machos, XII.1956, fêmea, macho, XI.1958, E.S. Lima leg.; Pará: fêmea (holótipo) (MNHN); Óbidos, macho, XII.1955, F.M. Oliveira leg.; Rondônia: Pimenta Bueno, macho, X.1986, Roppa, Magno & Becker leg.; Vilhena, fêmea, XI.1973, Alvarenga & Roppa leg.; MatoGrosso: Diamantino, fêmea, XI.1971, S.A. Fragoso leg.; Sinop, 12°31’S 55°37’W, 4 machos, 3 fêmeas, X.1974, Alvarenga & Roppa leg.; 2 machos, X.1975, Roppa & Alvarenga leg. (todos no MNRJ).

Discussão. Aegoschema obesum é a única espécie do gênero com duas faixas de pubescência castanho-escura no pronoto e espinho manifesto no ápice externo elitral.

Aegoschema peruvianum Lane, 1973

Fig. 6

Aegoschema peruvianum Lane, 1973: 394; Monné, 2005: 167.

Macho. Tegumento castanho-avermelhado a castanho-escuro. Cabeça com pubescência esverdeada exceto ao redor dos olhos, esbranquiçada; antenas e pronoto com pubescência acinzentada exceto terço apical dos antenômeros III-XI e tubérculos do pronoto com pubescência castanha; élitros com pubescência esverdeada ou acastanhada exceto manchas irregulares ou máculas de pubescência branca; pernas com pubescência acinzentada exceto mancha no dorso dos fêmures e terço apical das tíbias, castanho-escura. Região ventral com pubescência amarelada.

Antenas ultrapassam os ápices elitrais no antenômero XI; escapo gradualmente estreitado para a base. Pronoto com tubérculos pouco proeminentes; pontos, próximos à margem posterior, com diâmetro menor que os dos élitros. Processo prosternal, mesosternal e disco do metasterno com pilosidade densa, ereta e amarelada. Disco do metasterno deprimido. Terço basal dos élitros com pontos moderadamente densos, enfileirados e bem aparentes; crista basal rasa; ápices obliquamente truncados, ápice interno mais curto que o externo e este ligeiramente projetado. Protarsômeros sem pêlos longos. Esternito V com margem apical arredondada e com leve reentrância mediana.

Fêmea. Antenas alcançam o terço apical dos élitros. Disco do metasterno aplanado e sem pilosidade ereta. Esternito V com margem apical truncada.

Dimensões, respectivamente macho/fêmea. Comprimento total, 17,2/14,3-16,5; comprimento do protórax, 3,1/3,0-3,2; maior largura do protórax, 5,5/4,8-5,0; comprimento do élitro, 12,5/10,5-12,2; largura umeral, 6,5/6,2-6,4.

Distribuição geográfica. Ocorre na Guiana Francesa, Peru, Brasil (Amazonas) e está relacionada à Floresta Amazônica.

Material examinado. BRASIL, Amazonas: Manaus, macho (parátipo), IV.1958, C. Elias leg.; fêmea (parátipo), XI.1958, C. Elias leg.; fêmea, 7.XI.1957, C. Elias leg. PERU, Junin: Satipo, fêmea (holótipo), 1940, A. Maller leg. (MNRJ).

Discussão. Difere das demais espécies do gênero pelas características descritas na chave.

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pelo auxílio concedido (processo: 454591/2006-3).

Recebido em 16.II.2007; aceito em 04.VII.2007.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Out 2007
  • Data do Fascículo
    2007

Histórico

  • Aceito
    04 Jul 2007
  • Recebido
    16 Fev 2007
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