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RBO impressa ou eletrônica?

O avanço de novas tecnologias tem sido muito rápido e na maioria das vezes não tem vindo acompanhado do crivo dos mecanismos de análise e contenção de que dispomos. Esses mecanismos, que se baseiam em aspectos éticos, econômicos, sociais e vários outros específicos de cada tema em questão, não avançam na velocidade da tecnologia de informática, pois dependem de outros sistemas não eletrônicos de controle.

Hoje alguém pode postar uma mensagem na internet e divulgá-la na rapidez da luz, divulgar um fato totalmente inverídico, sem que qualquer mecanismo de bloqueio possa ser usado. Não houve tempo de gerarmos dispositivos de seleção, qualificação e defesa contra uma mídia tão rápida e penetrante.

Não há como desenvolver ética e responsabilidade instantaneamente.

Outro aspecto que vem sendo atropelado pela velocidade da evolução nos meios de comunicação é o lúdico. Os jovens não conversam mais, enviam mensagens, as graciosas expressões faciais, o rubor de algumas situações constrangedoras, o olho no olho da confiança desapareceram. Hoje uma mensagem cifrada inicia e termina um relacionamento, abre ou fecha um negócio.

No nosso meio há pouco tempo surgiu a grande dúvida: mantemos a RBO impressa ou partimos para a forma eletrônica? Várias revistas existem somente na forma eletrônica, nós nunca vimos suas capas, desconhecemos seus corpos editoriais, pois acessamos apenas os seus trabalhos ou os resumos de seus trabalhos, localizados por sites de busca. São mais baratas, dispensam o correio, não ocupam espaço, usam imagens de boa definição, são acessíveis em qualquer lugar do mundo, divulgam rapidamente as ideias (não exigem uma fila de publicação), permitem uma rápida pesquisa bibliográfica.

Parece óbvio que esse é o único caminho de uma revista científica. Mas...

A revista impressa é algo manuseável, palpável, arquivável, transportável, sem necessidade de tomada para fonte de luz, e tem um valor lúdico indiscutível.

Outro fato importante na escolha do caminho a seguir é o patrocínio, difícil na forma eletrônica. As revistas, para sobreviver, cobram dos autores para que os trabalhos sejam publicados.

Temos muita dúvida sobre que caminho seguir e contatamos editores de algumas publicações importantes para trocarmos vivências.

A Revista Argentina de Ortopedia, publicada desde 1936 e editada pelo Dr. Ernesto Bersusky, nosso companheiro na revista da Sociedade Latino-Americana de Ortopedia e Traumatologia (Slaot), há dois anos começou a ser editada somente na forma eletrônica. No último congresso da Asociación Argentina de Ortopedia y Traumatología (AAOT), em dezembro de 2014, foi perguntado aos sócios qual a opinião sobre esse "avanço". A resposta foi contundente: 75% propõem o retorno à forma impressa.

Nós, da Revista Brasileira de Ortopedia, estamos analisando a possibilidade de uma RBO exclusivamente eletrônica, uma vez que já temos essa forma eletrônica que publica a revista na íntegra e os trabalhos, assim que aprovados pelo corpo editorial, são publicados rapidamente. O acesso é feito pelo ScienceDirect, no site http://www.sciencedirect.com/Science/journal/aip/01023616.

No momento acreditamos que temos duas formas distintas e não excludentes de ter uma revista científica.

Uma, a tradicional forma impressa, com capa, corpo editorial, trabalhos por índice, um verdadeiro objeto de atualização, consulta e arquivamento; outra, uma forma eletrônica de acesso imediato oferecida de forma universal, não só para os sócios e assinantes, que possibilita um rápido acesso ao tema que se deseja estudar, porém sem personalidade.

Entendemos que devem conviver, pois são acessados por razões diferentes e em momentos diferentes de nossa vida profissional: o leitor e o pesquisador.

Como leitores, recebemos a revista impressa bimensalmente, sentamo-nos confortavelmente, consultamos seu índice e lemos em um momento de relax o tema que nos interessa, nos atualizamos no ritmo que desejamos; como pesquisadores, procuramos nos sites de busca um tema ou um assunto que, se por um acaso foi publicado na RBO, leremos; retiramos do trabalho ou do resumo o que nos interessa e seguimos a busca em outra publicação.

É claro que o leitor poderá baixar em seu computador toda a RBO, percorrê-la na sua forma eletrônica e selecionar o que julgar interessante.

É a diferença entre ir a um bom restaurante, sentar-se em boa companhia e selecionar uma comida ou pedir um prato pela internet e comer em casa; ou assistir a um jogo em um campo de futebol, sentir a vibração da torcida, ou ver os gols em algum site.

Não acredito que essa escolha seja algo relativo à idade ou atualidade de conceitos. São, na verdade, novas opções que os avanços tecnológicos nos trazem, sem necessariamente anular os antigos. O telefone móvel não anulou o telefone fixo, apenas aprimorou a comunicação.

A forma eletrônica de consulta e busca é fundamental, necessária e atual, mas a tradicional revista impressa é um símbolo da SBOT, que renova a sua presença a cada dois meses.

A RBO, na última reunião do conselho editorial, por ocasião do 46° Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia (CBOT), resolveu que persiste na sua forma impressa e se aprimora cada vez mais na sua forma eletrônica de busca e consulta.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2015
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