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As Exposições de Imprensa Escolar no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo (1933-1936)

The School Press Exhibitions in Rio de Janeiro, Minas Gerais and Espírito Santo (1933-1936)

Las Exposiciones de la Prensa Escolar en Río de Janeiro, Minas Gerais y Espírito Santo (1933-1936)

Resumo

Este trabalho tem por objetivo analisar como ocorreram as Exposições de Imprensa Escolar nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, entre os anos 1933 e 1936. A pesquisa problematizou os aspectos que motivaram a organização desses eventos. Nessa investida, analisaram-se periódicos disponíveis na Biblioteca Nacional, os quais os noticiaram. Na cobertura, a imprensa destacou o lugar da Sociedade dos Amigos de Alberto Torres, instituição responsável pela realização dos eventos e as notícias sobre a programação, normas e prêmios das exposições. A partir do presente estudo, foi possível perceber que as amostras procuravam dar visibilidade a esse tipo de publicação elaborada em escolas de distintas regiões do país, como estratégia adotada para afirmação cívica entre os estudantes.

Palavras-chave:
exposições escolares; imprensa escolar; Sociedade dos Amigos de Alberto Torres; história da educação

Abstract

The goal of this work is to analyze how the School Press Exhibition occurred in the states of Rio de Janeiro, Minas Gerais and Espírito Santo, between the years 1933 and 1936. The research contested the aspects that motivated the organization of those events. In this process, the journals available at the National Library were analyzed. In coverage, the press highlighted the place of the Society of Friends of Alberto Torres, the institution responsible for holding the events and spreading the news about the schedule, norms and awards of the exhibitions. From this study, it was possible to understand that the samples aimed to highlight this type of elaborate publications in schools from different areas of the country as the adopted strategy to civic affirmation between the students.

Keywords:
school exhibitions; school press; Society of Friends of Alberto Torres; history of education

Resumen

Este trabajo tiene como objetivo analizar cómo se llevaron a cabo las Exposiciones de Prensa Escolar en los estados de Río de Janeiro, Minas Gerais y Espírito Santo, entre 1933 y 1936. La investigación problematizó los aspectos que motivaron la organización de estos eventos. Se analizaron los periódicos disponibles en la Biblioteca Nacional que hicieron posible su circulación. En la cobertura, la prensa destacó el papel de la Sociedad de Amigos de Alberto Torres, la institución responsable de llevar a cabo los eventos, y las noticias sobre la programación, normas y premios de las exposiciones. A partir de este estudio, fue posible percibir que las muestras buscaban dar visibilidad a este tipo de publicación elaborada en escuelas de diferentes regiones del país, como estrategia adoptada para la afirmación cívica entre los estudiantes.

Palabras clave:
exposiciones escolares; prensa escolar; Sociedad de Amigos de Alberto Torres; historia de la educación

Introdução

A produção de jornais escolares tem uma longa tradição no Brasil. Desde meados do século XIX, há indícios da circulação de periódicos dedicados ao público infanto-juvenil no país (Arroyo, 2011Arroyo, L. (2011). Literatura infantil brasileira (3a ed. rev. e ampl.). Editora Unesp.; Bastos, 2013Bastos, M. H. C. B. (2013). Escritas estudantis em periódicos escolares - Student’s writings in school journals. Revista História da Educação, 17(40), 7-10. Recuperado de: https://seer.ufrgs.br/index.php/asphe/article/view/38763
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), assim como a produção de jornais em instituições de ensino. Essa elaboração deu-se como estratégia de estimulação à prática da leitura e da escrita, e ainda como veículo de divulgação das atividades escolares. Contudo, esse tipo de publicação intensificou-se a partir da década de 1920, em circunstância da propagação do jornal escolar como atividade extraclasse e como prática da pedagogia moderna proposta, principalmente, por adeptos da Escola Nova (Bastos, 2013; Almeida, 2013Almeida, A. (2013). Ainda há lugar para o jornal escolar? In J. M. H. Díaz (Ed.), Prensa pedagógica y patrimônio histórico educativo: contribuciones desde la Europa mediterrânea e Iberoamérica (pp. 67-78). Ediciones Universidad de Salamanca.), apoiados em ideias defendidas por Célestin Freinet1 1 As ideias de Célestin Freinet foram inspiradas nas experiências da Escola Decroly, na Bélgica, que começou a utilizar esse recurso na década de 1910, através do jornal Correio da Escola (Bastos, 2013; Freinet, 1974). , o que implica dizer que o “[...] jornal escolar constitui indubitavelmente um dos acontecimentos característicos da nova pedagogia, francesa e internacional” (Freinet, 1974, p. 11). No Brasil, em certa medida, a elaboração desses dispositivos também se baseava em apropriações dessas técnicas nos espaços escolares (Bastos, 2013, 2015); (Moreira & Galvão, 2022Moreira, K. H., & Galvão, A. M. O. (2022). Impressos estudantis secundaristas como fonte para a História da Educação: potencialidades e desafios no processo de produção de um repertório sobre o Sul de Mato Grosso (Brasil). Cadernos de História da Educação, 21(Contínua), e081. https://doi.org/10.14393/che-v21-2022-81
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). Portanto, como atividade, o jornal escolar estava colocado entre os recursos destinados a auxiliar na tarefa da educação (Casasanta, 1939Casasanta, G. (1939). Jornais escolares. Companhia Editora Nacional.).

Os jornais e revistas elaborados nas escolas compõem a imprensa escolar, a qual se vincula às publicações periódicas do campo educacional. Muitos pesquisadores as denominam como imprensa de educação e ensino (Nóvoa, 2002Nóvoa, A. (2002). A imprensa de educação e ensino: concepção e organização do repertório português. In D. B. Catani, & M. H. C. Bastos (Org.), Educação em revista: a imprensa periódica e a história da educação (p. 11-31). Escrituras.), e imprensa pedagógica (Bastos, 2002Bastos, M. H. C. (2002). A imprensa periódica educacional no Brasil: de 1808 a 1944. In D. B. Catani, & M. H. C. Bastos (Org.), Educação em revista: a imprensa periódica e a história da educação (p. 173-187). Escrituras Editora.), (Gondra, 2015Gondra, J. G. (2015). Los “soldados de la instrucción” y el surgimento de la prensa pedagógica en la capital de Brasil (1877-1878). Revista Mexicana De Historia De La Educación, 3(5), 97-117. https://doi.org/10.29351/rmhe.v3i5.57
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, 2018, 2020), (Nery & Gondra, 2018Nery, A. C. B., & Gondra, J. (2018). Imprensa pedagógica na ibero-américa: local, nacional e transnacional (1a ed.). Alameda.). Essa “[...] imprensa revela as múltiplas facetas dos processos educativos, numa perspectiva interna ao sistema de ensino” (Nóvoa, 2002, p. 13), assim como acerca do papel da família e de outras instâncias de formação. Portanto, ela “[...] constitui uma das melhores ilustrações de extraordinária diversidade que atravessa o campo educativo” (p. 13).

A imprensa escolar se refere aos periódicos produzidos por estudantes e suas associações, estimulados por professores e como parte da cultura escolar (Julia, 2012Julia, D. (2012). A cultura escolar como objeto histórico. Revista Brasileira de História da Educação, 1 (1), 9-43. Recuperado de: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/rbhe/article/view/38749
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), os quais serviam como veículo de divulgação das práticas, atividades, valores, assuntos de seu interesse e da escola. Para Casasanta (1939Casasanta, G. (1939). Jornais escolares. Companhia Editora Nacional., p. 37), “[...] o jornal tem por objetivo vitalizar os trabalhos, imprimir-lhes movimento, cooperar para que os programas tenham a eficácia educativa que deles se espera”. Dessa forma, esses impressos podem ser caracterizados como dispositivos de representação dos contextos escolares, visto que manifestavam as experiências cotidianas desencadeadas no interior das instituições nas quais estavam inseridos.

Como resultado da disseminação das ideias sobre a utilização desses dispositivos como atividade de ensino, na década de 1930, houve uma intensificação dessas publicações em várias regiões do país2 2 Os jornais consultados, dentre os quais Jornal do Brasil (RJ), Correio da Manhã (RJ), Diário da Manhã (ES) e Jornal do Comércio (RJ), noticiaram amplamente a presença dos estados participantes em cada edição das Exposições de Imprensa Escolar. Isso permitiu observar que, durante os eventos, houve a participação de estados de todas as regiões do país. , percebidas nas Exposições de Imprensa Escolar3 3 Nesta pesquisa, o termo “imprensa escolar” aplica-se ao conjunto de jornais e revistas produzidas por estudantes com o auxílio de outros agentes nas instituições escolares. , organizadas pela Sociedade dos Amigos de Alberto Torres (SAAT)4 4 A referida sociedade será abordada de forma mais detalhada, em tópico específico, mais adiante. , que ocorreram no Rio de Janeiro (1933), Minas Gerais (1935) e Espírito Santo (1936) e reuniram coleções de periódicos dos cursos primário, secundário e profissional.

Para tratar dessa temática, vale considerar que a imprensa tem ocupado um lugar privilegiado no campo da História da Educação. Seja como fonte e/ou objeto de estudo, as pesquisas dedicadas a essa abordagem têm permitido produzir outras interpretações e releituras de aspectos do passado educacional, uma vez que a imprensa educacional “[...] é um testemunho vivo dos métodos e concepções pedagógicas de uma época [...], é um guia prático do cotidiano educacional e escolar, [...] a partir da análise do discurso veiculado e da ressonância dos temas debatidos, dentro e fora do universo escolar” (Bastos, 2015Bastos, M. H. C. (2015). Imprensa e cultura escolar: percurso da pesquisa sobre a imprensa estudantil no Brasil. In J. M. H. Díaz (Coord.), La prensa de los escolares y Estudiantes. Su contribución AL patrimonio histórico educativo (pp. 21-43). Ediciones Universidad de Salamanca., p. 21-22).

O estudo da imprensa, por meio dela mesma, tem se constituído em um campo profícuo para compreender o passado, a partir do olhar de registros daqueles que testemunharam as experiências dos diferentes grupos sociais em um determinado tempo e lugar. Nessa perspectiva, como fonte e objeto de estudo no campo da História da Educação, os periódicos escolares têm se constituído em importantes meios para a compreensão de vários aspectos da cultura escolar das instituições. “Com formas e conteúdos variados, o jornal escolar registra em suas páginas elementos do cotidiano escolar, tornando possível compreender os discursos e as relações estabelecidas entre os alunos, professores, comunidade e Estado” (Ermel, 2015Ermel, T. F. (2015). Como elaborar o jornal escolar? Orientações para as professoras na revista de ensino/RS (1950-1960). In J. M. H. Díaz (Coord.). La prensa de los escolares y Estudiantes. Su contribución AL patrimonio histórico educativo (p. 103-114). Ediciones Universidad de Salamanca., p. 104).

Nesta investigação, as Exposições são tomadas como parte de um “[...] movimento crescente de escolarização das populações e dos discursos de modelação do campo da educação” (Gondra, 2020Gondra, J. G. (2020). Imprensa pedagógica e profissionalização do magistério: o caso do The American Journal of Education (1855-1881). Quaestio - Revista de Estudos em Educação, 22(1), 15-37. 10.22483/2177-5796.2020v22n1p15-37
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, p. 24), no qual os jornais e revistas passaram a ser incorporados à rotina escolar, como forma de dinamização das práticas de ensino, com vistas a promover atividades que despertassem a capacidade criativa do aluno. Portanto, os periódicos escolares integram um conjunto de normas, práticas, costumes, valores e experiências vivenciadas nas instituições de ensino, caracterizador da cultura escolar (Julia, 2012Julia, D. (2012). A cultura escolar como objeto histórico. Revista Brasileira de História da Educação, 1 (1), 9-43. Recuperado de: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/rbhe/article/view/38749
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), que influenciava na definição de conhecimentos e comportamentos a serem incorporados nesses espaços. Esses dispositivos faziam-se presentes nas escolas, especialmente, pelo seu caráter atrativo junto aos estudantes. A adesão das escolas a esse recurso dava-se pelos seguintes motivos:

O jornal escolar pode manter vivas as atividades, incentivando o entusiasmo entre os alunos, levando-os a empregar nelas todo o esforço e toda a atenção; o jornal une a escola à sociedade, pondo-a constantemente a par de sua vida e de suas realizações. Estabelece, assim, um entendimento recíproco, interessando o povo na obra escolar; o jornal leva aos pais, aos ex-alunos e a todos as notícias da escola. Mantem-se, dessa forma, sempre vivo o interesse daqueles que viveram na escola e cujas notícias lhes são particularmente gratas; as notícias da vida escolar, de suas iniciativas e atividades, suscitarão iguais procedimentos a outros estabelecimentos (Casasanta, 1939Casasanta, G. (1939). Jornais escolares. Companhia Editora Nacional., p. 40).

Considerando o manancial de possibilidades de investigação presentes nos periódicos escolares e o lugar que ocuparam na década de 1930, analisar como ocorreram as Exposições de Imprensa Escolar nesse período faz-se necessário, visto que essa abordagem tem sido pouco explorada no campo da História da Educação, mesmo diante da constatação de que “[...] o jornal seria uma forma de estabelecer intercâmbio entre as escolas, de registrar a história da mesma, de propagar a escola, de atrair para ela o interesse da população” (Amaral, 2013Amaral, G. L. (2013). Os jornais estudantis Ecos Gonzagueanos e Estudante: apontamentos sobre o ensino secundário católico e laico (Pelotas/RS, 1930 a 1960). Revista História da Educação, 17(40), 121-142. Recuperado de: https://seer.ufrgs.br/index.php/asphe/article/view/38090
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, p. 125-126).

Na operação de análise documental, a “grande” imprensa foi utilizada como principal fonte de consulta, na intenção de garimpar o que foi noticiado sobre a realização das edições do evento, “[...] na medida em que expressa discursos e expressões de protagonistas” (Neves, Morel, & Ferreira, 2006Neves, L. M. B. P., Morel, M., & Ferreira, T. M. B. C. (2006). História e imprensa: representações culturais e práticas de poder. DP&A / FAPERJ., p. 10), evidenciando assim as impressões analisadas em registros e versões que testemunharam a época. As exposições foram largamente noticiadas, especialmente na imprensa carioca, o que sugere que havia uma relação de proximidade entre os organizadores das exposições e parte expressiva da grande imprensa. Dentre os jornais examinados, encontram-se Jornal do Brasil (RJ), Correio da Manhã (RJ), Diário da Manhã (ES), Jornal do Comércio (RJ), além de outros. A mobilização dessas fontes é indispensável para a compreensão do tema, posto que

O interesse em se estudar periódicos para a realização de análises históricas reside na possibilidade da leitura de manifestações contemporâneas aos acontecimentos. Desta maneira, realizamos uma aproximação do momento de estudo não pela fala de historiadores da educação, mas pelos discursos emitidos na época (Vidal & Camargo, 1992Vidal, D., & Camargo, M. J. G. (1992). A imprensa periódica especializada e a pesquisa histórica: estudos sobre o Boletim de Educação Pública e a Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 73(175), 407-430. Recuperado de: http://rbep.inep.gov.br/ojs3/index.php/rbep/article/view/1102
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, p. 408).

No movimento de compreensão acerca de como as exposições foram pensadas e organizadas, considera-se pertinente conhecer a Sociedade dos Amigos de Alberto Torres e sua relação com as questões educacionais, uma vez que ela foi a idealizadora e responsável pela realização das Exposições na década de 1930.

Sociedade dos Amigos de Alberto Torres

A Sociedade dos Amigos de Alberto Torres foi fundada em novembro de 1932, no Rio de Janeiro, e congregou um grupo eclético de homens públicos e intelectuais, seguidores das ideias do seu patrono. Dentre seus fundadores e primeiros associados, constam os nomes de “Juarez Távora, Barbosa Lima Sobrinho, Humberto de Campos, Edgar Roquette-Pinto, Oliveira Viana, Rafael Xavier, Raul de Paula, Heloísa Torres [filha de Alberto Torres], Roberto Marinho, Félix Pacheco, entre outros” (Santos, 2015Santos, R. L. (2015). O nacionalismo brasileiro em uma área de imigração: São Leopoldo e as ações da Sociedade dos Amigos de Alberto Torres, durante o Estado Novo (1937-1945). MÉTIS: História & Cultura, 217-231. Recuperado de: http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/metis/article/view/3470/pdf_477
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, p. 218).

As ideias de Alberto Torres5 5 Alberto de Seixas Martins Torres nasceu em 26 de novembro de 1865 em Porto de Caixas - RJ e faleceu no dia 29 de maio de 1917 no Rio de Janeiro. “Formou-se em Direito pela Faculdade de São Paulo (1886). Como estudante colaborou na imprensa, lutando em defesa de dois ideais: a abolição do cativeiro e a República, depois vitoriosos. No novo regime, foi deputado federal pelo Rio de Janeiro, ministro do Interior no governo de Prudente de Morais, presidente de Estado do Rio de Janeiro (1/1/1898 - 31/12/1900) e, pouco depois, ministro do Supremo Tribunal Federal, cargo no qual se aposentou, em 1909, por motivo de saúde. Afastado da vida pública, pôde dedicar-se à leitura, à pesquisa e à arte de escrever. Foi nessa época que ele produziu algumas de suas obras maiores: Vers la Paix, Le Problème Mondial, O problema nacional brasileiro, A organização nacional, As fontes da vida no Brasil. Ansioso pela grandeza da pátria, formulou um projeto de revisão constitucional, promovendo ampla e nobre campanha nacionalista, a que dedicou os últimos anos de sua vida”. Recuperado de: https://ihgb.org.br/perfil/userprofile/adsmtorres.html. tiveram forte influência no meio político e social na década de 1930 e foram amplamente difundidas através da SAAT. Ele consagrou-se como homem público na cena fluminense, tendo ocupado importantes cargos no campo político, jurídico e executivo. Além disso, deixou importante obra escrita e foi colaborador assíduo na imprensa carioca. A organização estabeleceu como balizas de suas ações algumas das principais concepções defendidas por seu inspirador, com o intuito de contribuir para o desenvolvimento da nação. Para isso, “[...] promoviam reuniões, palestras e debates sobre questões como educação rural, agricultura, imigração, nacionalidade, trabalho, conservação da natureza e problemas da seca no Nordeste” (Pinho, 2007Pinho, S. O. C. (2007). Alberto Torres: uma obra, várias leituras [Dissertação de Mestrado]. Universidade Federal de Minas Gerais., p. 169), tendo no ensino rural sua principal tônica.

A Sociedade era composta por figuras que desfrutavam de considerável prestígio em diversos setores. “O que se percebe é que a SAAT contava com intelectuais, cientistas, diplomatas e políticos importantes. E sua ação foi dirigida principalmente por políticos e por cientistas” (Pinho, 2007Pinho, S. O. C. (2007). Alberto Torres: uma obra, várias leituras [Dissertação de Mestrado]. Universidade Federal de Minas Gerais., p. 169). Dessa forma, entre os requisitos para participar da organização, era necessário “[...] ser brasileiro nato ou naturalizado; ser proposto por um ou mais sócios efetivos quites; obter um parecer favorável do Conselho Fiscal; pagar uma determinada quantia em dinheiro; prestar compromisso de fidelidade ao programa e fins da SAAT” (Pinho, 2007, p. 170). Além disso, os associados deveriam contribuir com o pagamento de uma taxa de mensalidade.

Esses critérios indicam que a composição da entidade girava em torno de uma plêiade de cidadãos comprometidos em divulgar as ideias do seu patrono6 6 Para mais detalhes sobre sua vida e obra, leia: Alberto Torres e sua obra, de A. Saboia Lima, publicado em 1935 pela Companhia Editora Nacional. Recuperado de: https://bdor.sibi.ufrj.br/bitstream/doc/125/1/43%20PDF%20-%20OCR%20-%20RED.pdf. , com o intuito de desenvolver ações em favor da resolução dos problemas do país. Dentre suas pautas estava a educação, cuja agenda visava orientar os professores a promover um ensino menos livresco e literário, favorecendo práticas voltadas para as soluções daquela realidade através, especialmente, do ensino rural. Daí se justifica, por exemplo, a fundação dos clubes agrícolas escolares. Para isso, a SAAT encarregou-se de realizar cursos voltados para professores com o intuito de orientá-los a respeito da disseminação dessas práticas educativas.

Além disso, a Fundação mantinha correspondência direta com uma quantidade expressiva de docentes de grupos escolares das diferentes regiões do país, através da qual sugeria o dinamismo do ensino associado às condições em que viviam. Um dos meios utilizados para divulgar as experiências era o jornal escolar, que anunciava as atividades desenvolvidas e estimulava a criatividade do aluno. Dentre as ações realizadas pela SAAT, estava “[...] a difusão do ensino rural, com assistência à criança, com a prática de higiene e noções exatas de trabalho útil e proveitoso; a fundação de lactários; os cursos de escola regional a que compareceram 58 professores de todos os estados do Brasil” (Primeira Exposição..., 1933, p. 3).

Ainda que a organização se preocupasse com diferentes aspectos da sociedade brasileira, a educação estava entre suas principais prioridades. Assim, no campo pedagógico, procurava promover um ensino mais dinâmico, “[...] de acordo com a nossa civilização, menos aéreo, menos livresco, [...], menos inútil e mais consentâneo com a nossa gente” (1ª Exposição..., 1933, p. 21). Desse modo, o tipo de educação difundida associava-se às concepções da Pedagogia Moderna, voltadas para o ensino prático e dinâmico, que valorizava a cultura e as experiências dos alunos. Nessa perspectiva, a realização das exposições de imprensa escolar também visava difundir essas ideias e acompanhar o progresso das escolas e o desenvolvimento do ensino, pois a SAAT mantinha “[...] com cerca de 400 grupos escolares do Rio e dos Estados constante correspondência, na qual procura despertar o interesse das crianças pela vida intelectual, enviando-lhes pequenas histórias, contos, fábulas, pensamento etc” (Primeira Exposição..., 1933, p. 3). Portanto, acreditava-se que a formação escolar idealizada seria o caminho para tornar as crianças cidadãos úteis e capazes de, no futuro, conduzir o futuro do país. Nesse sentido,

Cumpre que as crianças que estão se educando, encontrem uma escola que as prepare para a vida e para o país. O contato que a Sociedade mantém com centenas de milhares de patriciozinhos e suas professoras, é o começo de uma renovação nacional que terminará quando elas, hoje crianças, dirijam nossa terra (Sociedade dos Amigos..., 1934, p. 13).

Conforme se observa, a SAAT buscava fomentar propostas de ensino voltadas para a realidade das crianças e para os valores da nação por meio da promoção de ações que contribuíssem para esse processo de formação. O acompanhamento das ações sugeridas dava-se através da troca de correspondências, de experiências, da realização de palestras e conferências realizadas nas exposições e em outros eventos que organizava. Nesse movimento, a imprensa constituiu-se num importante veículo de comunicação e circulação de sua agenda; o “[...] principal meio de divulgação da SAAT foram os jornais e revistas, para os quais enviava e pedia que publicassem notas dando notícias de suas atividades” (Pinho, 2007Pinho, S. O. C. (2007). Alberto Torres: uma obra, várias leituras [Dissertação de Mestrado]. Universidade Federal de Minas Gerais., p. 173).

A título de exemplo, em janeiro de 1934, o Jornal do Brasil destacou as atividades do Congresso do Nordeste, realizado no final do ano anterior, com o propósito de discutir a realidade e as reivindicações sertanejas. Além disso, anunciou a realização de outro congresso, em Salvador, para ser “[...] estudado o problema da educação rural [...], o saneamento, o cangaço, a proteção ao trabalhador rural, etc” (Sociedade dos Amigos..., 1934, p. 13). No início de 1935, o Diário da Manhã, de Vitória (ES), divulgou as atividades a serem realizadas pela SAAT naquele ano. A agenda revela a amplitude das ações desencadeadas, especialmente no campo educacional, em distintas regiões do país. Observe-se a programação:

PROGRAMA DOS TRABALHOS PARA 1935

É o seguinte o programa dos trabalhos, organizado por esta Sociedade, para o ano corrente.

2ª Exposição de Imprensa Escolar em Belo Horizonte, de 3 a 9 de fevereiro;

Semana dos Clubes Agrícolas Fluminenses e, Petrópolis, de 20 a 27 de fevereiro;

Campanha contra Kitschs raciais do Sul do Brasil;

Semanas Ruralistas em Uberlândia, Lavras, Barbacena, Botucatu, Franca, Guaratinguetá, Cachoeiro de Itapemirim, Campos, Feira de Santana, Ilhéus, Juazeiro e Sobral no Ceará e Teresina;

Semana Educativa Paranaense, em Curitiba;

Semana Educativa de Santa Catarina;

Semana dos Clubes Agrícolas nordestinos em Recife, de 1 a 6 de junho;

Campanha em prol de São Francisco;

Campanha pela realização das conclusões do Congresso de Ensino Regional;

Campanha contra a Saúva, em cooperação com o Ministro da Agricultura, pelos Clubes Agrícolas;

Quinzena do Reflorestamento em todo o Brasil.

Conferências sobre a obra de Alberto Torres;

2ª Congresso de Ensino Regional em Piracicaba, em dezembro;

Concentração em Porto Alegre dos Clubes Agrícolas do Rio Grande do Sul;

Fundação de mais de 500 Clubes Agrícolas Escolares;

Inauguração da Escola Normal Rural de Feira de Santana;

Concentração em Itanhandu dos Clubes Agrícolas Escolares de Minas;

Semana nordestina contra o Cangaço, realizada simultaneamente na Bahia, Aracaju, Maceió, Recife, João Pessoa, Natal e Fortaleza;

Concentração, em Belém, dos Clubes Agrícolas do Pará (Na Sociedade dos Amigos..., 1935, p. 3).

A pauta desses eventos voltava-se, prioritariamente, para as atividades educacionais, com destaque para a fundação dos Clubes Agrícolas Escolares, patrocinados diretamente pelos núcleos locais, estaduais ou pelo núcleo central da SAAT. Esses clubes foram utilizados com principais instrumentos de sua atuação (Pinho, 2007Pinho, S. O. C. (2007). Alberto Torres: uma obra, várias leituras [Dissertação de Mestrado]. Universidade Federal de Minas Gerais.). Tal conjunto de atividades demonstrou os esforços da Sociedade em contribuir para a causa da educação, debatendo seus problemas e colaborando com ações alternativas para solucioná-los.

Nota-se que a pedagogia desenvolvida pela Sociedade no campo educacional sugeria atividades dinâmicas baseadas no saber experimental (Pinho, 2007Pinho, S. O. C. (2007). Alberto Torres: uma obra, várias leituras [Dissertação de Mestrado]. Universidade Federal de Minas Gerais.). Nessa direção, as Exposições de Imprensa Escolar, que tinham o propósito de divulgar as atividades e promover o intercâmbio acerca das experiências escolares, dentre as quais a produção de jornais e revistas escolares, se constituíram em um dos principais eventos de promoção das atividades. Com essa perspectiva, foi organizado e inaugurado, em dezembro de 1933, o primeiro evento dessa natureza, nas dependências da Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro. Em anos posteriores, novas edições ocorreram em Minas Gerais e Espírito Santo, conforme se pode ver de maneira detalhada a seguir.

As Exposições de Imprensa Escolar

As Exposições de Imprensa Escolar reuniram jornais e revistas, produzidos nas escolas, por estudantes de diferentes níveis e modalidades de ensino de diversos estados do Brasil (Vilanova, 2022Vilanova, F. G. (2022). “Instruir a mocidade e espalhar a luz”: imprensa escolar como estratégia de formação dos estudantes no Piauí (1930 - 1948) [Tese de Doutorado]. Universidade do Estado do Rio de Janeiro.). A SAAT incumbiu-se de sua realização no Rio de Janeiro (RJ), em Belo Horizonte (MG) e em Vitória (ES) nos anos de edições de 1933, 1935 e 1936, respectivamente.

As Exposições de Imprensa Escolar inserem-se no conjunto de ações promovidas por organizações que empreenderam atividades com o objetivo de fomentar uma renovação na educação nacional. Serve como exemplo a atuação da Associação Brasileira de Educação (ABE)7 7 A Associação Brasileira de Educação (ABE) foi fundada no Rio de Janeiro, em 1924, por um grupo de intelectuais e buscou promover a difusão e aperfeiçoamento da educação, promovendo um movimento de renovação educacional no país. Para mais detalhes sobre o assunto, ver a obra de Marta Maria Chagas de Carvalho: Molde nacional e forma cívica: higiene, moral e trabalho no projeto da Associação Brasileira de Educação (1924-1931), Bragança Paulista, EDUSF, 1998. , responsável pela organização das Conferências Nacionais de Educação (CNE) e das Exposições Pedagógicas e Escolares. Ainda que essas exposições remontem ao século XIX (Souza, 1998Souza, R. F. (1998). Templos de Civilização: a implantação da escola primária graduada no Estado de São Paulo (1890 - 1910), Editora Unesp.), elas se intensificaram entre as décadas de 1920 e 1950, influenciadas pelo movimento da Escola Nova, cujos estudiosos vislumbravam promover transformações no campo educacional através de inovações no ensino.

As Exposições Pedagógicas foram utilizadas como meio estratégico de evidenciar e difundir as inovações educacionais em voga. Essas amostras ocorreram com o objetivo de apresentar à sociedade os trabalhos e materiais produzidos pelos alunos e professores nas escolas (Allgayer, 2020Allgayer, R. (2020). As exposições e eventos nas Conferências Nacionais de Educação: um repertório pedagógico para se dar a ver (1927-1956) [Dissertação de Mestrado]. Universidade Federal do Paraná.). Tais eventos podem ser vistos como desdobramentos das grandes exposições do país, dentre as quais a Exposição Nacional de 19088 8 Para informações mais detalhadas sobre o assunto, ver o livro 1908, um Brasil em exposição, organizado por Margareth da Silva Pereira e publicado em 2010 pela Editora Casa Doze. , que celebrou o centenário da abertura dos portos brasileiros ao comércio internacional e a Exposição do Centenário da Independência do Brasil, ocorrida no Rio de Janeiro em 19229 9 Mais detalhes sobre o tema podem ser vistos na dissertação A Exposição Internacional do Centenário da Independência: modernidade e política no Rio de Janeiro do início dos anos 1920, de Thaís Rezende da Silva de Sá Sant’Ana, apresentada ao departamento de História da Universidade Estadual de Campinas, em 2008. .

A Primeira Exposição de Imprensa Escolar ocorreu nos salões da Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro e teve sua abertura em 20 de dezembro de 1933. O evento foi amplamente noticiado na imprensa, conforme destacou o Correio da Manhã:

A Sociedade dos Amigos de Alberto Torres inaugura hoje, quarta-feira, às três horas da tarde no salão pedagógico da Biblioteca Nacional a “Primeira Exposição de Imprensa Escolar”. Compareceram mais de 400 jornais vindos do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Estado do Rio, Bahia, Sergipe, Pernambuco e Ceará. Havia uma série de lindas pastas enviadas por Grupos Escolares, Escolas Profissionais, Escolas Superiores, para guardar os respectivos jornais. A Exposição ficará aberta até o dia 30 deste mês, quando então será conferido pela comissão julgadora dois prêmios. Um, o “Tesouro da Juventude” para o melhor e mais interessante jornal; outro, um bronze da Escola Profissional Masculina de São Paulo, à pasta mais artística. O Estado que comparece com maior número de jornais é Minas Gerais, que enviou cerca de 300 (Primeira Exposição..., 1933, p. 12, grifo do autor).

De acordo com a matéria, a Exposição recebeu jornais escolares de vários estados brasileiros, com destaque para Minas Gerais, cuja quantidade de impressos enviados alcançou cerca de 300 exemplares, o que sugere ter sido um reflexo do número de escolas que adotavam essa cultura naquele estado (Casasanta, 1939Casasanta, G. (1939). Jornais escolares. Companhia Editora Nacional.). Além disso, também chama a atenção a ocorrência de publicações de distintos níveis e modalidades de ensino, o que revela que a elaboração de jornais escolares figurava entre as práticas da cultura escolar de parte considerável das instituições de ensino. As exposições também se tornaram espaços de estímulo à elaboração desses impressos, uma vez que a participação nesses eventos ocasionava visibilidade, troca de experiência e reconhecimento das atividades desenvolvidas nas instituições, pois muitas delas, através do seu jornal escolar, uniram-se em rede, colaborando umas com as outras, em busca de planos de melhoria para seus alunos, partilhando suas experiências e buscando soluções para seus problemas (Almeida, 2015Almeida, A. J. (2015). Um enxame de ideias. In J. M. H. Díaz (Coord.), La prensa de los escolares y Estudiantes. Su contribución AL patrimonio histórico educativo (pp. 45-57). Ediciones Universidad de Salamanca.).

Na primeira edição do evento, houve uma concentração de jornais escolares, oriundos das regiões Sul, Sudeste e Nordeste, em detrimento do Norte e Centro-Oeste10 10 A falta de inscrições de periódicos dessas duas regiões não ficou clara na documentação explorada. . Na Figura 1, pode ser observado um recorte de uma matéria do jornal Correio da Manhã (RJ) sobre a primeira edição do evento.

Figura 1
Amostra de jornais da Primeira Exposição de Imprensa Escolar, no Rio de Janeiro (1933)

O local onde a exposição foi realizada (Biblioteca Nacional), o interesse da sociedade, do meio político e a repercussão que ganhou dão indícios da relevância adquirida pelo evento. O êxito obtido naquela edição inaugurou uma série que culminou na realização de outros dois certames organizados pela SAAT em anos posteriores.

A Segunda Exposição de Imprensa Escolar do Brasil estava prevista para acontecer em dezembro de 1934, na cidade de Belo Horizonte (MG). O Correio da Manhã de 31 de outubro de 1934 noticiou que a realização do certame estava prevista para os dias entre 20 e 27 de dezembro de 1934. Segundo o informe, a escolha daquele estado como sede da segunda edição deveu-se ao elevado número de jornais escolares mineiros apresentados no evento anterior. Para se ter uma ideia, “[...] na primeira exposição de imprensa escolar do Brasil, Minas se fez representar por 357 jornaizinhos, de 109 cidades” (Casasanta, 1939Casasanta, G. (1939). Jornais escolares. Companhia Editora Nacional., p. 229), sem contar com os jornais das escolas normais e ginásios. A imprensa também destacou a distribuição de diversos prêmios ofertados pela SAAT, pelo Governo de Minas Gerais e por outras entidades apoiadoras do evento. Além disso, fez chamadas para inscrição no evento.

Os colégios interessados em participar do certame podem, desde já, enviar coleções de jornais publicados este ano, bem como uma pasta para guardar os mesmos. A exposição abrangerá os jornais de escolas primárias, das escolas normais, dos ginásios e das escolas profissionais. Os jornais poderão ser manuscritos, datilografados, mimeografados e impressos. Como todas as iniciativas realizadas por aquela Sociedade, a exposição terá cunho exclusivamente brasileiro, não interessando imprensa em línguas estrangeiras (2ª Exposição..., 1934, p. 9).

Essa classificação dos jornais sugere que a sua elaboração ocorria por meio de diversos recursos e técnicas, que variavam de acordo com as condições materiais ou a metodologia utilizada por cada escola. Entre as categorias mais comuns estavam os manuscritos, datilografados, mimeografados e impressos. Essa variedade de periódicos fazia parte da cultura de produção, pois Freinet (1974Freinet, C. (1974). O jornal escolar. Editorial Estampa.) já mencionava sua ocorrência na Europa, especialmente na França. Além disso, verifica-se uma preocupação em privilegiar as publicações na língua nacional, convergindo com a questão do combate à imprensa estrangeira no Brasil, legitimada no Governo Vargas (Weber, 2020Weber, A. F. (2020). O combate à imprensa em língua estrangeira no Brasil: políticas e ideias linguísticas na legislação da Era Vargas. In A. C. D. Cavalheiro, A. C. Marchesan, A. D. Stübe, C. Horst, L. M. Paula, & M. N. S. Luz. Entre as fronteiras do ensino, da pesquisa e da extensão: estudos na área de letras (p. 25-40). Editora UFFS.).

A previsão de que o evento ocorreria nos derradeiros dias de dezembro de 1934 não se confirmou. Sem explicar os motivos do adiamento, o Correio da Manhã de 13 de janeiro de 1935 voltou a tratar da exposição, informando que o certame seria realizado entre os dias 3 a 9 de fevereiro. Além disso, celebrou o sucesso da edição, divulgando a quantidade de jornais submetidos, pois “[...] mais de 1.000 jornais escolares já foram remetidos para aquele certame, dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Paraíba do Norte, Ceará, Paraná e Distrito Federal” (Segunda Exposição..., 1935a, p. 11).

Em Minas Gerais, a amostra deveria ser organizada da seguinte forma: “[...] a Exposição está dividida em três seções: Escolas Primárias, Normais e Ginásios e Escolas Profissionais. Os jornais da Escola Primária são impressos, datilografados ou manuscritos. Das outras seções são todos impressos” (Segunda Exposição..., 1935a, p. 11). Na programação constava ainda: exposição de jornais escolares, palestras sobre aspectos da imprensa escolar, sessões de cinema com filmes relacionados ao ensino rural, além de conferências a respeito da importância da elaboração do jornal escolar nas instituições de ensino e sua utilização como recurso educativo. Dessa forma,

A exposição não se limitou aos jornais e revistas expostos a que se pode acrescentar um grande número de lindas pastas para os jornais. Houve um trabalho paralelo intenso em prol das atividades do jornal na escola e da Sociedade Alberto Torres. Os professores Geraldo, Lucas, Oscar Guimarães, Aníbal Matos, Carmem Melo, Guiomar Maria de Medeiros, Floriano de Paula, fizeram para grandes auditórios, conferências sobre temas educativos de grande interesse para a escola primária, em particular. Como se deve organizar o jornal escolar, os jornais escolares em Minas, a proteção à natureza através do jornal escolar, e ilustração do jornal escolar, o clube agrícola e o jornal, foram os assuntos das conferências (Segunda Exposição ..., 1935b, p. 10).

Repare que as exposições organizaram diversas conferências com temas educativos, associados à economia e à sociedade, com o intuito de promover a construção da nacionalidade. Priorizou, para tanto, temas relacionados à elaboração e utilização do jornal escolar11 11 Acerca das orientações para elaboração desses dispositivos, as escolas seguiam as postulações de Freinet, cujas ideias foram reunidas no livro O jornal escolar (1974), que apresenta um roteiro de orientações sobre a elaboração de um jornal escolar, elencando as características de diversos tipos de jornais e os distintos modos de produzi-los. Guerino Casasanta, entusiasta da questão e participante ativo das Exposições, reuniu suas pesquisas no livro Jornais escolares (1939), que pontuou, de maneira detalhada, os tipos, níveis de ensino, motivações, vantagens, estrutura, material, títulos, capas, conteúdo, seções, além de outras informações sugeridas para a elaboração desses dispositivos. como recurso auxiliar nas atividades de ensino, enfatizando como organizá-lo e como utilizá-lo na divulgação dos assuntos de interesse dos estudantes e da escola.

A edição deu a perceber o lugar que os periódicos ocupavam no meio escolar em circunstância do volumoso número de inscritos, alcançando mais de 1.000 exemplares que inscrevia aquela produção como importante aspecto da cultura escolar (Julia, 2012Julia, D. (2012). A cultura escolar como objeto histórico. Revista Brasileira de História da Educação, 1 (1), 9-43. Recuperado de: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/rbhe/article/view/38749
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/...
) presente em parte significativa dos educandários brasileiros. Segundo o jornal A Nação (Segunda Exposição de Imprensa..., 1935), a edição mineira foi organizada em três seções. A primeira, correspondente aos jornais das escolas primárias, foi dividida nas categorias de jornais impressos, datilografados ou mimeografados e manuscritos. A segunda agrupava os jornais de escolas normais e secundárias; a terceira reuniu jornais de escolas profissionais. Essa organização mostra que a exposição recebia publicações dos diferentes níveis e modalidades de ensino, publicados de diferentes formas.

A expressividade do evento sediado em Minas Gerais abriu caminho para que a SAAT planejasse a terceira edição do evento, prevista, inicialmente, para acontecer em março de 1936, em Porto Alegre (RS), conforme noticiou a imprensa paranaense. O jornal O Dia, de 8 de agosto de 1935, anunciou as normas para participação naquele certame, pontuando os critérios que os periódicos inscritos deveriam seguir, para terem suas participações validadas. Ainda noticiou a distribuição de prêmios e previa a realização do evento na capital gaúcha. Contudo, esse prenúncio não se concretizou12 12 Importante destacar que, nas fontes exploradas, não há indicativos dos motivos que resultaram na mudança da cidade escolhida para sediar a mostra, de Porto Alegre (RS) para Vitória (ES). . Sem informar a mudança de estado, a imprensa carioca anunciou que a realização do terceiro evento ocorreria em Vitória (ES):

Realizar-se-á em março de 1936 na cidade de Vitória, a Terceira Exposição de Imprensa Escolar organizada pela Sociedade dos Amigos de Alberto Torres. A SAAT que tem em mira, deste modo, animar o intercâmbio de ideias e o espírito de cordialidade, que vem desenvolvendo com êxito entre a juventude colegial de todo o Brasil, tem mais essa oportunidade de tornar públicos, os progressos e os felizes resultados dessa campanha destinada a estimular e orientar os colegiais nas ideias que fazem progredir o sentimento da nacionalidade (Terceira Exposição..., 1935a, p. 7).

Note que a questão da nacionalização estava entre as principais preocupações da SAAT. Para tanto, a entidade via nas exposições um espaço de intercâmbio e anunciação das ideias voltado para a construção de tal sentimento entre crianças e jovens estudantes. O evento colaborou para que as discussões que estavam na agenda da Sociedade alcançassem os lugares mais distantes, em especial no meio rural, local em que essas concepções chegavam de forma mais tardia.

Havia uma forte expectativa dos organizadores com relação ao número de impressos inscritos. Segundo a imprensa, a SAAT recebeu periódicos escolares de parte dos estados brasileiros, conforme noticiou o Correio da Manhã (Terceira Exposição..., 1936a, p. 3): “Pelos jornais e revistas recebidos até agora, e intenso entusiasmo que, por esse concurso demonstram colegiais de todo o país, pode-se prever o extraordinário sucesso que alcançará a 3ª Exposição de Imprensa Escolar da SAAT”. A edição de Vitória (ES) foi inaugurada no dia 15 de abril de 1936 e estendeu-se até o dia 20 daquele mês, promovendo uma grande integração de experiências acerca das produções de jornais e revistas de escolas de diversos estados brasileiros. O início das atividades, a finalidade do evento e os estados participantes foram noticiados da seguinte forma:

A Sociedade dos Amigos de Alberto Torres efetuará em Vitória, Espírito Santo, de hoje a 20 do mês corrente, a III Exposição de Imprensa Escolar. A Imprensa Escolar, presta-se às finalidades da escola ativa, desenvolvendo o espírito de iniciativa, o sentimento de nacionalismo, de cooperação, de cordialidade, não só entre alunos da mesma escola, como entre crianças de várias escolas, de todos os estados do Brasil, por meio do intercâmbio desses jornais e revistas, órgãos de Grupos Escolares, Escolas Normais, Ginásios, Escolas Rurais e Clubes Agrícolas. Para a III Exposição de Imprensa Escolar, a SAAT recebeu, dos Estados de Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Ceará, Maranhão, Goiás e Pará, grande quantidade de jornais e revistas escolares, procedentes de Grupos Escolares, Escolas Normais, Ginásios, Escolas Profissionais, Clubes Agrícolas (III Exposição..., 1936, p. 8).

A programação não se limitava à exposição dos impressos. Incluía também festividades, visitas a clubes agrícolas, grupos escolares, reuniões, conferências, inaugurações de bibliotecas e excursões a distintos pontos da cidade de Vitória (ES). Além dos estados mencionados na citação, a imprensa registrou o ingresso dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, São Paulo (Terceira Exposição..., 1936b), evidenciando a presença acentuada dos estados do Norte/Nordeste, dando a perceber a sua efetiva integração ao movimento de elaboração de periódicos escolares. As atividades realizadas foram acompanhadas de grande público, dentre os quais estudantes, professores, intelectuais, políticos e outros sujeitos, como pode ser observado na Figura 2, que apresenta aspectos da Exposição de 1936, em Vitória (ES).

Figura 2
Aspectos de algumas atividades realizadas durante a Terceira Exposição de Imprensa Escolar em Vitória (ES)

A partir do que tem sido observado, pode-se inferir que essas exposições foram fundamentais na divulgação das experiências relacionadas à produção periodista nas escolas. O Quadro 1 detalha os locais de realização, as datas de inauguração e os estados participantes das exposições de imprensa escolar.

Quadro 1
Edições, locais e estados participantes das Exposições de Imprensa Escolar

As exposições do Rio de Janeiro (1933), de Minas Gerais (1935) e do Espírito Santo (1936) reuniram uma quantidade expressiva de jornais e revistas de escolas de diferentes níveis e modalidades de ensino de estados brasileiros de diferentes regiões. Certamente, a cooperação, a troca de experiências e as correspondências entre escolas, professores e estudantes participantes colaboraram para a consolidação do movimento em torno da imprensa escolar no país.

Normas, atividades e prêmios

A participação dos periódicos nas Exposições estava condicionada ao cumprimento de alguns critérios estabelecidos pela organização. As normas determinadas eram divulgadas pela imprensa. Em linhas gerais, nas três edições houve poucas alterações quanto às exigências para ingresso nos certames. A título de exemplo, um informe representativo das normas que balizavam as inscrições na Terceira Exposição estabelecia o seguinte:

Pode participar desta exposição qualquer jornal ou revista de escola primária, secundária, normal ou técnica profissional, dentro do seguinte plano: para as escolas primárias: ter colaboração de todas as classes; caso não seja possível imprimi-lo deve ser feito a tinta, em bom papel, com margens laterais e entre colunas, dando as principais notícias da escola e procurando focalizar os fatos mais importantes para circulação. Será inútil a ilustração que não se relacionar com o conteúdo do jornal. Cabe ao corpo de redatores selecionar as colaborações, corrigindo-as, sem, contudo, modificar-lhes o estilo. Os assuntos devem ser claros, úteis, instrutivos, contendo uma moral sã, aproveitável e devem ser uma escolha das ideias na redação, na ilustração, trabalho exclusivo do aluno. Para o julgamento levar-se-á em conta, assunto e estilo infantis, interesse pela circulação regular, intercâmbio. O curso secundário deve seguir as mesmas normas, naturalmente de acordo com o seu grau de adiantamento cultural (III Exposição..., 1935, p. 7).

Observe-se que, entre os critérios, havia a necessidade de que os assuntos dos jornais submetidos fossem instrutivos, “úteis” e com “moral sã”. Isso sugere que as exposições foram utilizadas como estratégia educativa de afirmação cívica, principalmente para atingir o meio rural, sendo as escolas espaços úteis para se chegar às crianças e à juventude. A obrigatoriedade do ingresso de todas as classes pode ser considerada como forma de garantir a integração de todos os estudantes de uma mesma escola nessa atividade. Outra questão a ser considerada decorre do fato de que, ao determinar que os jornais deveriam dar “as principais notícias da escola e procurando focalizar os fatos mais importantes para circulação”, a SAAT e os julgadores tomavam conhecimento do que ocorria nas escolas, estabelecendo, assim, uma espécie de mecanismo de monitoramento.

Durante as exposições, foi adotada a prática de premiar os melhores periódicos, função que cabia a uma comissão encarregada de julgá-los. O Correio da Manhã de 7 de janeiro de 1934 detalhou os jornais agraciados com os prêmios oferecidos na edição de 1933, conforme a transcrição a seguir:

Impressos - em número de 221

PRIMEIRO LUGAR: Prêmio Imprensa Escolar (Uma salva de bronze cinzelada, oferecida pela Escola Profissional Masculina do Braz - São Paulo), conferido ao Ideal da Escola da cidade de Prados, Minas Gerais.

SEGUNDO LUGAR: Prêmio Roquette Pinto, oferecido pelo Diretor do Museu Nacional, conferido ao O Brasileiro, da cidade de Presidente Alves - Estado de São Paulo.

SETE PRÊMIOS OFERECIDOS PELO TICO-TICO, conferidos aos seguintes jornaizinhos:

Yô-Yô - cidade de Cataguazes - Minas Gerais;

O Jornal de Brinquedo - Niterói - Estado do Rio;

19 de Dezembro - Curitiba - Paraná;

O Risicler - Caldas - Minas Gerais;

Caixotinho - Campanha - Minas Gerais;

A Abelha - Nepomuceno - Minas Gerais;

Vida Infantil - Belo Horizonte - Minas Gerais.

QUATRO PRÊMIOS - Exemplares das Memórias de Humberto de Campos.

A Boa Vontade - Gimirim - Minas Gerais;

Página Infantil - Belo Horizonte - Minas Gerais;

O Novo Jornal - Belo Horizonte - Minas Gerais;

O Blindado - Itanhandu - Minas Gerais.

Manuscritos - em número de 180

PRIMEIRO LUGAR: Prêmio Alberto Torres - Biblioteca de 18 volumes de Tesouro da Juventude conferido ao Semeador da Escola Rural Modelo Annibal Falcão - Recife - Pernambuco.

SEGUNDO LUGAR: Prêmio Noraldino de Lima - oferecido pelo Secretário de Educação de Minas Gerais conferido ao O Estudante, da Escola Vila-Nova - Sergipe.

SETE PRÊMIOS oferecidos pelo Tico-Tico, conferido aos seguintes concorrentes:

A Escola - Areado - Minas Gerais;

O Trabalho - Petrópolis - Estado do Rio;

O Escolar - Ferros - Minas Gerais;

Arauto - Curitiba - Paraná;

O Estudante - Santa Cruz do Escavado - Minas Gerais.

CURSO SECUNDÁRIO

Impressos - em número de 55

Prêmio Humberto de Campos - exemplares da Memória autografados pelo grande escritor;

Traço de União - Curso Jacobina - Distrito Federal;

A Oficina - Instituto Parobé - Porto Alegre - Rio Grande do Sul;

A escola - Escola de Aprendizes de Artes e Ofícios - Fortaleza - Ceará;

O Meu Jornal - Curitiba - Paraná;

O Cruzeiro - São Salvador - Bahia;

O Guará - Belém - Pará (Primeira..., 1934, p. 7).

A notícia sobre a premiação dos jornais inscritos mostra que sua maior parte era vinculada a escolas de ensino primário, divididos em duas categorias - impressos e manuscritos - com destaque para as publicações de Minas Gerais, que acumularam 13 dos 20 jornais premiados. Também tiveram impressos premiados: Rio de Janeiro (dois), Paraná (dois), São Paulo (um), Sergipe (um) e Pernambuco (um). O Correio da Manhã ainda mencionou 55 jornais impressos de cursos secundários, dos quais seis foram premiados. Estes, por sua vez, oriundos de escolas dos estados da Bahia, Ceará, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Pará e Paraná.

A relação de ganhadores revela a cultura de periodista nas escolas de diversos estados da federação. A título de ilustração, a Figura 3 mostra uma matéria do Diário da Manhã, de Recife (PE), celebrando a conquista obtida pelo jornal da Escola Modelo Annibal Falcão, na exposição realizada no Rio de Janeiro.

Figura 3
Recorte de matéria celebrando a conquista da Escola Rural Annibal Falcão (Recife - PE) na Exposição de Imprensa Escolar no Rio de Janeiro

Na mesma matéria ainda foi divulga uma carta do Dr. Raul de Paula, Secretário Geral da SAAT, endereçada ao estudante do 5º ano, Onesino Pinheiro das Chagas, presidente do Clube de Atividades Rurais da Escola Rural Modelo de Pernambuco, para cumprimentá-lo pela conquista do jornal da instituição na exposição do Rio de Janeiro:

Caro Onesino Chagas - Escola Rural Modelo - Peres - Recife - Saudações.

Sem carta sua, remeto-lhe hoje um recorte do Correio da Manhã de 31 de dezembro passado onde vem duas fotografias dos nossos amigos dessa boa Escola.

Você como tem passado? Há uma boa surpresa. O jornalzinho da Escola, O Semeador, tirou o primeiro prêmio na nossa Exposição Escolar. O prêmio é uma coleção do “Tesouro da Juventude”, que vou remeter. Espero que você possa dispor de alguns minutos e mandar-me notícias de todos.

Receba um abraço do amigo certo - Raul de Paula, Secretário Geral da Sociedade dos Amigos de Alberto Torres (A Exposição de Jornais..., 1934, p. 4, grifo do autor).

Na propaganda dos preparativos da Segunda Exposição, a imprensa enfatizava a existência de premiação para os impressos participantes. O Jornal do Brasil de 31 de outubro de 1934 anunciou que, para aquela edição, haveria inúmeros prêmios ofertados pela SAAT, pelo governo mineiro e por outras entidades patrocinadoras (Sociedade dos Amigos..., 1934). De igual modo, foi divulgada uma vasta premiação para os melhores jornais e revistas do terceiro evento. Observe-se os prêmios:

Escolas Primárias: 1º prêmio Alberto Torres - 1:000$0000. 2º - um pequeno prelo. 3º - um mimeógrafo. Para escolas normais, uma coleção de livros e o mesmo prêmio para escolas profissionais. Dois prêmios para revistas: curso primário e curso secundário. Cada estado receberá um prémio para o seu melhor jornal escolar, oferecido por outro estado (III Exposição de Impressa..., 1936, p. 8).

Alguns estados também se mobilizaram para agraciar seus melhores jornais presentes na exposição. “Num gesto expressivo de solidariedade e apoio educativo da SAAT, o governador de Goiás premiará com 500$000 o melhor jornal escolar do seu Estado. É este um exemplo digno de ser imitado pelos demais Estados do Brasil” (Terceira Exposição..., 1936b, p. 2). De modo semelhante, “[...] o governo do Estado do Espírito Santo instituiu um prêmio de 500$000 para o melhor jornal da Imprensa Escolar, feito exclusivamente por alunos, de acordo com o parecer da comissão julgadora” (III Exposição..., 1936, p. 8). Os eventos foram marcados por uma programação ampla e diversificada que envolvia conferências, sessões de cinema, inauguração de escolas e bibliotecas, aulas-passeios, dentre outras, conforme é possível observar:

A exposição estará aberta até 9 de fevereiro obedecendo ao seguinte programa:

Dia 3 - abertura da Exposição no salão Nobre da Escola Normal pelo Dr. Esmeraldino Lima, secretário de educação.

Palestra sobre o assunto pelos Srs. Raphael Xavier, Floriano de Paula e Raul de Paula;

Dias 4, 5 e 6 - Palestras sobre vários aspectos da imprensa Escolar, pelos professores Geraldo Lucas, Guiomar Maria de Medeiros, Guerino Casasanta, Mário Casasanta, Oscar Guimarães, Amélia Matta Machado, Baptista Santiago, Mário Mattos e Ema Giodoro;

Dia 7 - Conferência do Sr. Mário Cunha sobre a Imprensa Escolar em Minas.

Dia 8 - Sessão de cinema para os alunos dos 3º e 4º anos dos grupos de Belo Horizonte.

Dia 9 - Sessão de cinema para os alunos de 1º e 2º anos do grupo de Belo Horizonte.

Os filmes que serão exibidos são os seguintes: as escolas da agricultura de Viçosa e Piracicaba. A semana ruralista de Ponte Nova. A Serra Dourada em Goiás. A cultura da laranjeira em São Paulo. A sericicultura e sementes oleaginosas (Sociedade dos Amigos..., 1935, p. 14).

Chamam a atenção as estratégias de formação através de palestras e conferências de professores adeptos da utilização da imprensa nas escolas. Um exemplo disso foi uma conferência de Mário Cunha sobre a Imprensa Escolar em Minas Gerais, o que sugere a força dessa prática no estado. Guerino Casasanta foi outro importante divulgador do uso da imprensa escolar, através de palestras, conferências e da publicação do livro Jornais escolares (1939), que resultou de pesquisas sobre o tema nas escolas mineiras realizadas em 1933. Essa obra constitui-se em um roteiro detalhado sobre a elaboração desse tipo de jornal. Essas iniciativas ajudam a explicar a intensa participação de Minas Gerais nesses certames. Nas exposições também se destacou o cinema educativo, que foi fortemente utilizado nas escolas, com ampla produção de filmes pedagógicos, por parte do governo, sobre diversos temas referentes à economia, sociedade e cultura brasileira.

A imprensa capixaba detalhou algumas das atividades realizadas nos dois últimos dias da terceira edição. De acordo com o jornal Diário da Manhã, como parte dos trabalhos do evento, o governo estadual, representado pelo Secretário de Educação e Saúde Pública e pelo diretor do Departamento Geral de Educação, inaugurou bibliotecas e realizou visitas à Escola Normal Pedro II e ao Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. Foram realizadas sessões de cinema educativo para os alunos das escolas locais, além da realização de palestras sobre os clubes agrícolas e a reorganização do núcleo da SAAT daquela capital. Também estava programada uma excursão ao Vale do Canaã, a fundação de um clube agrícola no Grupo Escolar de Santa Teresa, palestras e números musicais.

Considerando esses programas, percebe-se que as exposições iam muito além da amostra de jornais e revistas. Elas se inscreviam como espaços pedagógicos de disseminação das ideias propagadas pela SAAT, com orientações educacionais e socialização das experiências escolares, promovendo intercâmbio entre as escolas, os professores e os estudantes participantes.

Considerações Finais

A ocorrência de Exposições de Imprensa Escolar, com uma vasta agenda de atividades, contou com considerável número de jornais e revistas de escolas, níveis e modalidades de ensino oriundos da Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba do Norte, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.

As edições organizadas pela Sociedade dos Amigos de Alberto Torres foram responsáveis pelo intercâmbio entre escolas de diferentes regiões do país, com base nas experiências compartilhadas acerca da produção de jornais e revistas, cujos resultados foram socializados nos eventos ocorridos no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Espírito Santo.

Quanto à SAAT, cabe destacar que seus empreendimentos em favor da educação, promovendo eventos como semanas ruralistas, conferências, exposições, além de publicações e distribuições de prêmios que tinham como horizonte discutir os problemas do país, disseminavam ideias de integração, alicerçadas no sentimento de nacionalidade. Para isso, utilizavam essas atividades como uma pedagogia de formação nacional por meio de mecanismos de controle e direcionamento que recaíam, especialmente, sobre a população jovem/estudantil.

As Exposições de Imprensa Escolar podem ser consideradas, portanto, espaços de formação, mobilização e disseminação da imprensa escolar, enfatizando sua importância para o desenvolvimento e formação escolar das crianças e da juventude brasileira. Com isso, a elaboração de jornais e revistas estava integrada às mobilizações que inscreveram a imprensa escolar como um importante recurso pedagógico e da cultura escolar de inúmeras instituições de diferentes regiões e estados da federação.

Referências

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  • Rodadas de avaliação:

    R1: dois convites; dois pareceres recebidos.
    R2: dois convites; um parecer recebido.
  • Financiamento:

    A RBHE conta com apoio da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE) e do Programa Editorial (Chamada Nº 12/2022) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
  • Licenciamento:

    Este artigo é publicado na modalidade Acesso Aberto sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 (CC-BY 4).
  • 1
    As ideias de Célestin Freinet foram inspiradas nas experiências da Escola Decroly, na Bélgica, que começou a utilizar esse recurso na década de 1910, através do jornal Correio da Escola (Bastos, 2013Bastos, M. H. C. B. (2013). Escritas estudantis em periódicos escolares - Student’s writings in school journals. Revista História da Educação, 17(40), 7-10. Recuperado de: https://seer.ufrgs.br/index.php/asphe/article/view/38763
    https://seer.ufrgs.br/index.php/asphe/ar...
    ; Freinet, 1974).
  • 2
    Os jornais consultados, dentre os quais Jornal do Brasil (RJ), Correio da Manhã (RJ), Diário da Manhã (ES) e Jornal do Comércio (RJ), noticiaram amplamente a presença dos estados participantes em cada edição das Exposições de Imprensa Escolar. Isso permitiu observar que, durante os eventos, houve a participação de estados de todas as regiões do país.
  • 3
    Nesta pesquisa, o termo “imprensa escolar” aplica-se ao conjunto de jornais e revistas produzidas por estudantes com o auxílio de outros agentes nas instituições escolares.
  • 4
    A referida sociedade será abordada de forma mais detalhada, em tópico específico, mais adiante.
  • 5
    Alberto de Seixas Martins Torres nasceu em 26 de novembro de 1865 em Porto de Caixas - RJ e faleceu no dia 29 de maio de 1917 no Rio de Janeiro. “Formou-se em Direito pela Faculdade de São Paulo (1886). Como estudante colaborou na imprensa, lutando em defesa de dois ideais: a abolição do cativeiro e a República, depois vitoriosos. No novo regime, foi deputado federal pelo Rio de Janeiro, ministro do Interior no governo de Prudente de Morais, presidente de Estado do Rio de Janeiro (1/1/1898 - 31/12/1900) e, pouco depois, ministro do Supremo Tribunal Federal, cargo no qual se aposentou, em 1909, por motivo de saúde. Afastado da vida pública, pôde dedicar-se à leitura, à pesquisa e à arte de escrever. Foi nessa época que ele produziu algumas de suas obras maiores: Vers la Paix, Le Problème Mondial, O problema nacional brasileiro, A organização nacional, As fontes da vida no Brasil. Ansioso pela grandeza da pátria, formulou um projeto de revisão constitucional, promovendo ampla e nobre campanha nacionalista, a que dedicou os últimos anos de sua vida”. Recuperado de: https://ihgb.org.br/perfil/userprofile/adsmtorres.html.
  • 6
    Para mais detalhes sobre sua vida e obra, leia: Alberto Torres e sua obra, de A. Saboia Lima, publicado em 1935 pela Companhia Editora Nacional. Recuperado de: https://bdor.sibi.ufrj.br/bitstream/doc/125/1/43%20PDF%20-%20OCR%20-%20RED.pdf.
  • 7
    A Associação Brasileira de Educação (ABE) foi fundada no Rio de Janeiro, em 1924, por um grupo de intelectuais e buscou promover a difusão e aperfeiçoamento da educação, promovendo um movimento de renovação educacional no país. Para mais detalhes sobre o assunto, ver a obra de Marta Maria Chagas de Carvalho: Molde nacional e forma cívica: higiene, moral e trabalho no projeto da Associação Brasileira de Educação (1924-1931), Bragança Paulista, EDUSF, 1998.
  • 8
    Para informações mais detalhadas sobre o assunto, ver o livro 1908, um Brasil em exposição, organizado por Margareth da Silva Pereira e publicado em 2010Pereira, M. S. (Org.). (2010). 1908, um Brasil em exposição. Casa Doze. pela Editora Casa Doze.
  • 9
    Mais detalhes sobre o tema podem ser vistos na dissertação A Exposição Internacional do Centenário da Independência: modernidade e política no Rio de Janeiro do início dos anos 1920, de Thaís Rezende da Silva de Sá Sant’Ana, apresentada ao departamento de História da Universidade Estadual de Campinas, em 2008Sant’Ana, T. R. S. (2008). A Exposição Internacional do Centenário da Independência: modernidade e política no Rio de Janeiro do início dos anos 1920 [Dissertação de Mestrado]. Universidade Estadual de Campinas..
  • 10
    A falta de inscrições de periódicos dessas duas regiões não ficou clara na documentação explorada.
  • 11
    Acerca das orientações para elaboração desses dispositivos, as escolas seguiam as postulações de Freinet, cujas ideias foram reunidas no livro O jornal escolar (1974Freinet, C. (1974). O jornal escolar. Editorial Estampa.), que apresenta um roteiro de orientações sobre a elaboração de um jornal escolar, elencando as características de diversos tipos de jornais e os distintos modos de produzi-los. Guerino Casasanta, entusiasta da questão e participante ativo das Exposições, reuniu suas pesquisas no livro Jornais escolares (1939), que pontuou, de maneira detalhada, os tipos, níveis de ensino, motivações, vantagens, estrutura, material, títulos, capas, conteúdo, seções, além de outras informações sugeridas para a elaboração desses dispositivos.
  • 12
    Importante destacar que, nas fontes exploradas, não há indicativos dos motivos que resultaram na mudança da cidade escolhida para sediar a mostra, de Porto Alegre (RS) para Vitória (ES).

Editado por

Editor-associado responsável:

Carlos Eduardo Vieira (UFPR)
E-mail: cevieira9@gmail.com
https://orcid.org/0000-0001-6168-271X

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Fev 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    20 Set 2023
  • Aceito
    06 Dez 2023
  • Publicado
    09 Jan 2024
Sociedade Brasileira de História da Educação Universidade Estadual de Maringá - Av. Colombo, 5790 - Zona 07 - Bloco 40, CEP: 87020-900, Maringá, PR, Brasil, Telefone: (44) 3011-4103 - Maringá - PR - Brazil
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