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Análise do Gerenciamento de Resultados e o Rodízio de Firmas de Auditoria nas Empresas de Capital Aberto

Analysis of Earnings Management and Turnover of Auditors Firms in Companies Traded

Análisis de la Gestión por Resultados y la Alternancia de las Firmas de Auditoría en las Empresas de Capital Abierto

RESUMO

Os auditores independentes têm função de atestar as demonstrações contábeis, de modo a atender com a fidedignidade da situação financeira e econômica da empresa. Assim acredita-se que a troca da firma de auditoria contribui para o aumento da independência entre o relacionamento da auditoria e do cliente, que se pode desgastar durante o tempo. Espera-se que o novo auditor seja severo em relação à prática do Gerenciamento de Resultados (GR) e, como consequência, ocorra um menor nível de gerenciamento de resultados. Neste sentido, o objetivo desta pesquisa é verificar se o rodízio de auditoria influencia no gerenciamento de resultados das empresas de capital aberto dos setores econômicos da Bovespa, utilizando o modelo de Kang e Sivaramakrishnan (1995). Tem-se, como hipótese, que no ano da troca da firma de auditoria o gerenciamento de resultados tende a diminuir e que nos anos subsequentes tende a aumentar. A pesquisa foi realizada nos dados das três empresas com maior ativo de cada setor econômico, que possuem papéis negociados na Bovespa no exercício de 2008, excluindo o setor financeiro. Desta forma, a pesquisa se caracteriza como descritiva e documental com abordagem quantitativa. Os resultados evidenciam que a troca de firma de auditoria não está diretamente relacionada à diminuição do gerenciamento de resultados. Alguns setores apresentam uma tendência para tal, porém, não se pode aceitar as hipóteses em sua totalidade.

Palavras-chave:
Gerenciamento de resultados; Rodízio de auditoria; Modelo Kang e Sivaramakrishnan

ABSTRACT

The job of Independent auditors is to certify the financial statements in order to demonstrate the real of financial and economic situation of the company. Thus it is believed that the change of accounting firm contributes to the independence increase of the relationship between the audit and the client that can be worn out during the time. It is expected that the new auditor be severe in the practice of earnings management and, consequently, a lower level of earnings management occur. In this sense, the objective of this research is to verify if the rotation of audit influences the earnings management of companies traded in all Bovespa´s economic sector, using the model of Kang and Sivaramakrishnan (1995). The work presents the hypothesis that in the year of change of Independent auditors the earnings management tends to fall and in subsequent years it tends to increase. The survey was conducted using the data of three companies with great asset of each economic sector which have traded at Bovespa in fiscal year of 2008, excluding the financial sector. Thus, the research is characterized as descriptive, documentary with a quantitative approach. The results show that the change of audit firm is not directly related to the decrease in earnings management. Some sectors have a tendency to do so, however, the assumptions cannot be accepted entirely.

Key words:
Earnings management; Turnover of audit; Kang and Sivaramakrishnan model

RESUMEN

Los auditores independientes tienen la función de certificar los estados financieros con el fin de atender fehacientemente la situación financiera y económica de la empresa. Así, se cree que el cambio de la firma de auditoría contribuye a aumentar la independencia de la vinculación entre auditoría y cliente, que se puede debilitar con el tiempo. Se espera que el nuevo auditor sea estricto con relación a la práctica de la gestión por resultados (GR) y que, como consecuencia haya un menor grado de gestión por resultados. En este sentido, esta investigación tiene como objetivo verificar si la alternancia de auditores influye en la gestión por resultados de las empresas de capital abierto de los sectores económicos de la Bovespa, utilizando el modelo de Kang y Sivaramakrishnan (1995). Se ha formulado la hipótesis de que en el año del cambio de la firma de auditoría, la gestión por resultados tiende a disminuir y en los años subsiguientes tiende a aumentar. La investigación se realizó con los datos de tres empresas con más activos en cada sector económico que poseen papeles negociados en la Bovespa en el ejercicio 2008, excluyendo el sector financiero. Así, la investigación se caracteriza por ser descriptiva y documental con enfoque cuantitativo. Los resultados muestran que el cambio de la firma de auditoría no está directamente relacionado con la disminución de la gestión por resultados. Algunos sectores tienen una tendencia a hacerlo, sin embargo, no se pueden aceptar las hipótesis en su totalidad.

Palabras-clave:
Gestión por resultados; Alternancia de auditoría; Modelo Kang y Sivaramakrishnan

1 INTRODUÇÃO

As informações contábeis influenciam as decisões dos gestores e dos stakeholders, refletindo diretamente na alocação dos recursos e no funcionamento dos mercados (RODRIGUES; PAULO; CARVALHO, 2007 RODRIGUES, A.; PAULO, E.; CARVALHO, L. N. Gerenciamento de resultados por meio das transações entre companhias brasileiras interligadas. RAUSP: Revista de Administração da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 42, n. 2, p. 216-226, abr./jun. 2007.). A Contabilidade é vislumbrada com uma das principais fontes de informação para a tomada de decisão, e para Martins (1994MARTINS, E. et al. Normas e práticas contábeis no Brasil. 2. ed. São Paulo: Atlas , 1994. , p. 39) a contabilidade pode ser entendida “como um Sistema de Informação e Avaliação cujo objetivo maior é fornecer informações úteis a seus usuários, de forma a apoiá-los na tomada de decisões de natureza econômica e financeira ou na formação de suas avaliações.” Portanto, levando em consideração as minúcias de cada entidade, cultura de sua região, aspectos específicos, o objetivo é proporcionar informação adequada aos usuários.

Martins (1994MARTINS, E. et al. Normas e práticas contábeis no Brasil. 2. ed. São Paulo: Atlas , 1994. , p. 42) destaca que ao praticar a ciência contábil deve-se atentar aos princípios fundamentais da contabilidade que “visam ao tratamento contábil uniforme dos atos e fatos administrativos e das demonstrações deles decorrentes. Havendo mudanças de tratamento, o efeito deve ser informado”.

A divulgação contábil empresarial não é realizada em função apenas do objetivo de garantir a confiabilidade e fidedignidade das informações prestadas, mas outros fatores, como interesses particulares dos preparadores das demonstrações contábeis, que exercem decisiva influência sobre o que será divulgado, podendo prejudicar a neutralidade da divulgação financeira (GOULART, 2008GOULART, A. M. C. Gerenciamento de resultados contábeis em instituições financeiras no Brasil. 2008. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) - Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Departamento de Contabilidade e Atuária, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.).

Na visão de Cardoso (2005CARDOSO, R. L. Regulação econômica e escolhas de práticas contábeis: evidências no mercado de saúde suplementar. 2005. 155 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.) os administradores utilizam critérios discricionários para alterar as informações contábeis, cujo objetivo é de enganar alguns usuários dessas demonstrações sobre o efetivo desempenho econômico da entidade, ou para influenciar os resultados contratuais que dependem dos números contábeis divulgados. Martinez (2001MARTINEZ, A. L. “Gerenciamento” dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. 2001. 154 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) -Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001., p. 13) infere que gerenciamento de resultados contábeis não se caracteriza como fraude contábil, afirma que opera-se de acordo com os limites da legislação contábil, porém, em situações em que “as normas contábeis facultam certa discricionariedade para o gerente, esse realiza suas escolhas não em função do que dita a realidade concreta dos negócios, mas em função de outros incentivos, que o levam a desejar reportar um resultado distinto”.

As empresas objetivam atingir seus propósitos e, para melhorar seu desempenho de modo que consigam bons resultados econômicos, os gestores estimam resultados futuros que podem também ser manipulados, evidenciando, desta forma, acumulações (accruals). Martinez (2001MARTINEZ, A. L. “Gerenciamento” dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. 2001. 154 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) -Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001., p. 16) define accruals como “a diferença entre o lucro líquido e o fluxo de caixa líquido”, acumulações seriam todas as contas de resultado que entraram no cômputo do lucro, e que não implicam necessariamente em movimentação de disponibilidades. De acordo com Almeida et al. (2006ALMEIDA, J. E. F. et al. Earnings management no Brasil: grupos estratégicos como nova variável explanatória. In: CONGRESSO USP CONTROLADORIA E CONTABILIDADE, 6., 2006, São Paulo. Anais... São Paulo: FEA/USP, 2006. 1 CD-ROM., p. 3), “a grande dificuldade encontrada reside na estimação dos accruals discricionários, os quais consistem na porção dos accruals que sofrem intervenção dos gestores”.

Diante do exposto, é possível constatar a importância da auditoria realizada nas empresas por firmas independentes. Cabe a essas firmas contratadas, auditar e apresentar um parecer de modo que reflita a situação das divulgações financeiras. Por serem firmas independentes, as empresas não necessitam renovar o contrato, logo, há maior rotatividade na prestação de serviços por parte destas firmas. Essa rotatividade pode causar alterações no gerenciamento de resultados de uma empresa. Azevedo (2007AZEVEDO, F. B. Efeito da troca da firma de auditoria no gerenciamento de resultados das companhias abertas brasileiras. 2007. 56 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças - FUCAPE, Vitória, 2007.) pesquisou os impactos da troca de firma de auditoria no gerenciamento dos resultados de empresas brasileiras de capital aberto no período de 1997 a 2005, e encontrou indícios que com a troca de firma de auditoria ocorre redução no nível de gerenciamento de resultados.

Neste sentido, a questão de pesquisa que se apresenta é: Existe relação entre o rodízio de empresas de auditoria e o gerenciamento de resultados nas empresas de capital aberto dos setores econômicos da Bovespa? Diante a questão de pesquisa apresentada, têm-se as seguintes hipóteses:

H1: No ano da troca de firma de auditoria independente o gerenciamento de resultados tende a diminuir.

De acordo com Oliveira (2005OLIVEIRA, A. Q. O rodízio de firmas de auditoria e seus impactos nas demonstrações contábeis. 2005. 201 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.) o rodízio de firmas de auditoria caracteriza-se pela ruptura do relacionamento comercial e profissional da auditoria independente com a empresa auditada.

H2: Nos anos subsequentes a troca de firma de auditoria independente o gerenciamento de resultados tende a aumentar.

Partindo da premissa que relacionamentos de longo prazo entre auditor e cliente colocam em risco a objetividade no processo de auditoria Oliveira (2005OLIVEIRA, A. Q. O rodízio de firmas de auditoria e seus impactos nas demonstrações contábeis. 2005. 201 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.) menciona que no curto prazo existe uma tendência à atenção de o auditor voltar-se mais para o interesse do acionista, e menos para o da administração, já com o passar do tempo a atenção pode voltar-se para a administração.

Neste sentido, objetiva-se verificar se o rodízio de auditoria influencia no gerenciamento de resultados das empresas de capital aberto dos setores econômicos da Bovespa utilizando o modelo de Kang e Sivaramakrishnan (1995KANG, S. H.; SIVARAMAKRISHNAN, K. Issues in testing earnings management and an instrumental variable approach. Journal of Accounting Research, Chicago, v. 33, n. 2, p. 353-367, Autumn 1995.).

Martinez (2001MARTINEZ, A. L. “Gerenciamento” dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. 2001. 154 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) -Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.) destaca alguns estudos relevantes para o tema gerenciamento de resultados na revisão de literatura internacional, como as pesquisa de Healy e Wahlen (1999HEALY, P. M.; WAHLEN, J. M. A review of the earnings management literature and its implications for standard setting. Accounting Horizons, Sarasota, v. 13, n. 4, p. 365-383, Dec. 1999.) e Schipper (1989SCHIPPER, K. Commentary: earnings management. Accounting Horizons, Sarasota, v. 3, n. 2, p. 91-102, Dec. 1989.). Schipper (1989SCHIPPER, K. Commentary: earnings management. Accounting Horizons, Sarasota, v. 3, n. 2, p. 91-102, Dec. 1989.) é citada em diversos estudos relacionados ao tema, a autora destaca o processo de divulgação externa, incluindo gerenciamento dos componentes do lucro, assim como o gerenciamento das informações complementares. Healy e Wahlen (1999HEALY, P. M.; WAHLEN, J. M. A review of the earnings management literature and its implications for standard setting. Accounting Horizons, Sarasota, v. 13, n. 4, p. 365-383, Dec. 1999.) fazem uma revisão de literatura e identificam diversas oportunidades para pesquisas futuras, os autores classificam a pesquisa empírica sobre gerenciamento de resultados de acordo com incentivos relacionados ao mercado de capitais, incentivos contratuais e incentivos relacionados à regulação.

No Brasil os estudos são mais recentes, os quais pode-se destacar: Martinez (2001MARTINEZ, A. L. “Gerenciamento” dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. 2001. 154 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) -Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.) que é o pioneiro no Brasil a abordar gerenciamento de resultados, demonstrando que as companhias abertas brasileiras gerenciam os seus resultados contábeis como resposta a estímulos do mercado de capitais; Tukamoto (2004TUKAMOTO, Y. S. Contribuição ao estudo do gerenciamento de resultados: uma comparação entre as companhias abertas brasileiras emissoras de ADRs. 2004. 143 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Faculdade de Economia, Administração, e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.) investiga e compara os níveis de gerenciamento da informação contábil das empresas listadas na Bovespa que emitem American Depositary Receipt (ADRs); Fuji (2004FUJI, A. H. Gerenciamento de resultados contábeis no âmbito das instituições financeiras atuantes no Brasil. 2004. 139 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Faculdade de Economia, Administração, e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.) e Zendersky (2005ZENDERSKY, C. H. Gerenciamento de resultados em instituições financeiras no Brasil: 2000 a 2004. 2005. 134 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade de Brasília, da Universidade Federal da Paraíba, da Universidade Federal de Pernambuco e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasília, 2005) pesquisaram o gerenciamento de resultados contábeis em instituições financeiras; Cardoso (2005CARDOSO, R. L. Regulação econômica e escolhas de práticas contábeis: evidências no mercado de saúde suplementar. 2005. 155 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.) verifica o gerenciamento de resultados por meio de créditos de liquidação duvidosa no mercado de saúde suplementar brasileiro; Goulart (2008GOULART, A. M. C. Gerenciamento de resultados contábeis em instituições financeiras no Brasil. 2008. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) - Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Departamento de Contabilidade e Atuária, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.) investiga o gerenciamento de resultados por meio de operações de crédito, títulos e valores mobiliários e derivativos para fins de Gerenciamento de Resultados (GR); Paulo (2007PAULO, E. Manipulação das informações contábeis: uma análise teórica e empírica sobre os modelos operacionais de detecção de gerenciamento de resultados. 2007. 2 v. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.) verifica a validade teórica empírica dos modelos operacionais para mensurar os accruals discricionários utilizados na detecção de gerenciamento de resultados; Azevedo (2007AZEVEDO, F. B. Efeito da troca da firma de auditoria no gerenciamento de resultados das companhias abertas brasileiras. 2007. 56 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças - FUCAPE, Vitória, 2007.) examina o efeito da troca da firma de auditoria no gerenciamento de resultados das companhias abertas brasileiras, sendo este também o foco principal da presente pesquisa; Rodrigues (2008RODRIGUES, A. Gerenciamento da informação contábil e regulação: evidências no mercado brasileiro de seguros. 2008. 150 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.) analisa o gerenciamento de resultados em entidades seguradoras, buscou verificar se gerenciam informações como resposta a regulação econômica e tributária do setor.

Esse estudo contribui para a evolução das pesquisas sobre gerenciamento de resultados contábeis e diferencia-se dos demais por abordar o gerenciamento de resultados nos diferentes setores econômicos da Bovespa, analisando o efeito da troca de auditoria independente no resultado dos setores analisados.

Essa pesquisa se justifica devido à relevância dos dados contábeis divulgados pelas empresas que se repercutem no mercado e pela aplicação de um modelo mais robusto que, conforme afirma Martinez (2001MARTINEZ, A. L. “Gerenciamento” dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. 2001. 154 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) -Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.), no contexto nacional, o modelo de Kang e Sivaramakrishnan (1995KANG, S. H.; SIVARAMAKRISHNAN, K. Issues in testing earnings management and an instrumental variable approach. Journal of Accounting Research, Chicago, v. 33, n. 2, p. 353-367, Autumn 1995.) representa avanço sobre os demais modelos que podem ser aplicados. Thomas e Zhang (2000THOMAS, J.; ZHANG, X. J. Identifying unexpected accruals: a comparison of current approaches. Journal of Accounting and Public Policy, New York, v. 19, n.4/5, p. 347-376, Winter 2000.) estuda seis modelos de gerenciamento de resultados e concluiu que somente o modelo de Kang e Sivaramakrishnan (1995KANG, S. H.; SIVARAMAKRISHNAN, K. Issues in testing earnings management and an instrumental variable approach. Journal of Accounting Research, Chicago, v. 33, n. 2, p. 353-367, Autumn 1995.) se ajustou melhor aos dados.

A justificativa pela escolha das empresas dos setores da Bovespa faz-se frente às análises dos setores, permitindo demonstrar os resultados por segmentos de mercado. Segundo a Bovespa (2009BOVESPA - BOLSA DE VALORES DE SÃO PAULO. [2009]. Disponível em: <Disponível em: http://www.bovespa.com.br/ >. Acesso em: 11 mar. 2009.
http://www.bovespa.com.br/...
) a Classificação Setorial das Empresas permite segmentar as atividades de acordo com os tipos e usos dos produtos ou serviços desenvolvidos pelas empresas, com propósitos de fornecer uma identificação mais objetiva dos setores de atuação das empresas, permitir uma visão sobre empresas que, embora com atividades diferentes, atuem em estágios similares da cadeia produtiva ou com produtos/serviços relacionados e respondam ao mercado de forma semelhante às condições econômicas. Permite ainda aproximar-se de critérios utilizados pelo mercado financeiro nacional e internacional.

Esse artigo está estruturado em sete seções, iniciando com a presente introdução. Na sequência é feita uma revisão de literatura abordando Gerenciamento de Resultados, Accruals e Rodízio de Auditoria Independente. Na quinta seção apresenta-se a metodologia da pesquisa, trazendo o modelo aplicado ao estudo. A sexta seção apresenta a análise dos resultados obtidos por meio dos testes estatísticos. E, por fim, na sétima seção são apresentadas as conclusões desse estudo.

2 GERENCIAMENTO DE RESULTADOS

Gerenciamento de resultados, conforme Decourt, Martinewski e Pietro Neto (2007DECOURT, R. F.; MARTINEWSKI, A. L.; PIETRO NETO, J. Existe gerenciamento de resultados nas empresas com ações negociadas na Bovespa?. In: CONGRESSO USP DE CONTROLADORIA E CONTABILIDADE, 7., 2007, São Paulo. Anais... São Paulo: FEA/USP , 2007. 1 CD-ROM., p. 5), “é a manipulação dos dados com objetivo de atender os interesses do administrador, e não dos acionistas de modo geral”, assim, é uma prática altamente reprovada, não é algo desejado pelos investidores, pois ao ser praticado, o gerenciamento de resultados, esconde a realidade desejada. Azevedo (2007AZEVEDO, F. B. Efeito da troca da firma de auditoria no gerenciamento de resultados das companhias abertas brasileiras. 2007. 56 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças - FUCAPE, Vitória, 2007.) também afirma que gerenciamento de resultados é fruto das escolhas contábeis por razões oportunísticas e acaba por interferir no resultado da empresa, geralmente expropriando algum outro stakeholder, como investidores, credores ou governo. Neste caso, os gestores se beneficiam da assimetria de informação existente.

Para Martinez (2001MARTINEZ, A. L. “Gerenciamento” dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. 2001. 154 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) -Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001., p. 12) gerenciamento dos resultados contábeis “caracteriza-se fundamentalmente como alteração proposital dos resultados contábeis (intencional), visando alcançar, atender motivação particular”. O autor refere-se ao manejo artificial dos resultados com propósitos definidos, que não expressam a realidade da empresa. De acordo com Schipper (1989SCHIPPER, K. Commentary: earnings management. Accounting Horizons, Sarasota, v. 3, n. 2, p. 91-102, Dec. 1989.), gerenciamento de resultados ocorre quando os gestores usam julgamento sob a informação financeira e sobre as atividades operacionais para alterar os dados financeiros, ou enganar algumas das partes interessadas sobre o desempenho econômico da empresa, ou ainda, para influenciar resultados contratuais que dependam dos números reportados pela contabilidade. Healy e Wahlen (1999HEALY, P. M.; WAHLEN, J. M. A review of the earnings management literature and its implications for standard setting. Accounting Horizons, Sarasota, v. 13, n. 4, p. 365-383, Dec. 1999.) salientam que gerenciamento de resultados pode induzir ao erro os interessados no desempenho econômico da empresa. Também pode ocorrer que os gestores têm acesso a informações que não estão disponíveis para os stakeholders, de maneira a gerenciar resultados, que não ficarão evidentes para interessados externos à organização.

Schipper (1989SCHIPPER, K. Commentary: earnings management. Accounting Horizons, Sarasota, v. 3, n. 2, p. 91-102, Dec. 1989., p. 92), afirma que gerenciamento de resultados pode-se entender “gerenciamento da divulgação”, no sentido de uma intervenção proposital no processo de divulgação financeira externa, com a intenção de obter algum beneficio particular (ao contrário de simplesmente facilitar a operação natural do processo). Neste sentido, Martinez (2001MARTINEZ, A. L. “Gerenciamento” dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. 2001. 154 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) -Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.) destaca que gerenciamento de resultados não se trata de fraude contábil, pois, a atuação ocorre onde a legislação e as normas contábeis permitem certa discricionariedade ao gestor, podendo optar por fazer suas escolhas em função da realidade do negócio. Contudo, Fuji (2004FUJI, A. H. Gerenciamento de resultados contábeis no âmbito das instituições financeiras atuantes no Brasil. 2004. 139 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Faculdade de Economia, Administração, e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.) atenta que o gerenciamento de resultados contábeis, apesar de não englobar fraudes e atos ilícitos, pode afetar, negativamente, a função primordial das demonstrações contábeis, que é o de prover informações úteis e confiáveis ao processo decisório dos usuários.

Para Paulo (2007PAULO, E. Manipulação das informações contábeis: uma análise teórica e empírica sobre os modelos operacionais de detecção de gerenciamento de resultados. 2007. 2 v. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.), na teoria, pode-se considerar que a manipulação das informações contábeis pode ter um importante papel econômico, podendo ser uma resposta à má regulamentação contábil para alguns eventos econômicos. Este autor ainda menciona Scott (2003) argumentando que, em certos casos, os administradores gerenciam os resultados da empresa, quando as informações reproduzidas estão inadequadas ou incompletas devido à observância rígida de normas e contratos.

Cardoso (2005CARDOSO, R. L. Regulação econômica e escolhas de práticas contábeis: evidências no mercado de saúde suplementar. 2005. 155 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.) entende que a utilização de alguns critérios para alterar as demonstrações contábeis e alterar o desempenho econômico da entidade, que pode distorcer a visão dos usuários dessas informações, pode-se considerar gerenciamento de resultados. Sendo esse considerado manipulação das informações contábeis.

A existência de critérios alternativos de mensuração e evidenciação na contabilidade influenciam a representação da informação contábil. Desta forma, abre-se um leque de opções, em que o gestor pode escolher dentre as normas e práticas permitidas pela regulação contábil, àquela que melhor atenda as suas necessidades. Neste sentido, Paulo et al. (2008 PAULO, E . et al. A influência da cobertura das empresas de rating sobre o gerenciamento de resultados das companhias abertas brasileiras. In: CONGRESSO USP DE CONTROLADORIA E CONTABILIDADE, 8., 2008, São Paulo. Anais... São Paulo: FEA/USP , 2008. 1 CD-ROM. , p. 5) menciona que “o amplo conjunto de critérios de mensuração e evidenciação permitem que os administradores escolham uma das alternativas válidas a fim de divulgarem os relatórios da forma desejada”, abrindo-se precedentes para o gerenciamento de resultados.

3 ACCRUALS

A diferença entre o lucro líquido e o fluxo de caixa líquido é conhecida como accrual, que, em português, pode ser traduzida por “acumulação”. As acumulações seriam todas as contas de resultado que entraram no cômputo do lucro e que não implicam necessariamente em movimentação de disponibilidades (MARTINEZ, 2001MARTINEZ, A. L. “Gerenciamento” dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. 2001. 154 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) -Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001., p. 16).

Os accruals são baseados em pressupostos e estimativas da administração, com relação às expectativas futuras de recebimentos e pagamentos dos fenômenos econômicos ocorridos no período. O accrual surge da diferença temporal entre os efeitos econômicos das transações e eventos e os fluxos de caixa correspondentes não realizados ou realizados anteriormente. Tendo função de ajustar o efeito econômico da empresa no período, pois o desempenho econômico fica melhor representado do que se fossem mensurados pelo fluxo de caixa (PAULO, 2007PAULO, E. Manipulação das informações contábeis: uma análise teórica e empírica sobre os modelos operacionais de detecção de gerenciamento de resultados. 2007. 2 v. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.).

Xavier (2007XAVIER, P. H. M. Gerenciamento de resultados por bancos comerciais no Brasil. 2007. 125 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.) cita que os gestores podem registrar essas acumulações que não possuem efeitos imediatos no caixa, em virtude de determinações legais ou regulamentações, ou podem ser registradas discricionariamente em função de conveniência e oportunidade. Para Martinez (2001MARTINEZ, A. L. “Gerenciamento” dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. 2001. 154 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) -Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.) não existe nada de errado no registro dos accruals, eles têm o intuito de mensurar o lucro no seu sentido econômico. Sendo o registro que representa acréscimo econômico efetivo na riqueza patrimonial da unidade econômica, independente da movimentação financeira. O autor ainda menciona que o problema está no fato de o gestor discricionariamente aumentar ou diminuir os accruals com objetivo de influenciar o lucro.

Kang e Sivaramakrishnan (1995KANG, S. H.; SIVARAMAKRISHNAN, K. Issues in testing earnings management and an instrumental variable approach. Journal of Accounting Research, Chicago, v. 33, n. 2, p. 353-367, Autumn 1995.) mencionam que em estudos empíricos sobre gerenciamentos de resultados a origem principal é a estimação do componente gerenciado, que seriam os accruals discricionários, já os agentes externos observam a soma dos números contábeis gerenciados ou não gerenciados, os números não gerenciados são accruals não discricionários.

São conhecidos por accruals discricionários aqueles que manipulam o resultado contábil e os accruals não-discricionários como inerentes às atividades empresariais, e a principal dificuldade na decomposição dos accruals, reside nos métodos para detecção de gerenciamento de resultados dos mesmos, as características institucionais e organizacionais do ambiente analisado e o comportamento oportunístico dos leitores (PAULO, 2007PAULO, E. Manipulação das informações contábeis: uma análise teórica e empírica sobre os modelos operacionais de detecção de gerenciamento de resultados. 2007. 2 v. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.). Martinez (2001MARTINEZ, A. L. “Gerenciamento” dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. 2001. 154 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) -Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.) apresenta accruals discricionários e não-discricionários conforme a Figura 1.

Figura 1:
Accruals discricionários e accruals não-discricionários

Portanto, accruals discricionários caracterizam-se como a parcela da diferença entre o lucro contábil e o fluxo de caixa das operações, sendo que essa diferença é resultado de manipulação intencional dos gestores (ERFURTH; SILVA; BEZERRA, 2008ERFURTH, A. E.; SILVA, A. J.; BEZERRA, F. A. Gerenciamento de resultados nos diferentes níveis de governança corporativa. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 15., 2008, Curitiba. Anais... São Leopoldo: Associação Brasileira de Custos, 2008. 1 CD-ROM.). Assim, de acordo com Goulart (2008GOULART, A. M. C. Gerenciamento de resultados contábeis em instituições financeiras no Brasil. 2008. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) - Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Departamento de Contabilidade e Atuária, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.), accruals discricionários são utilizados como medida de gerenciamento de resultados, quanto maiores os accruals, mais forte é a prática de gerenciamento de resultados. Sendo positivas entende-se que o interesse é aumentar o resultado, e negativas constata-se que o interesse é diminuir o resultado.

Martinez (2001MARTINEZ, A. L. “Gerenciamento” dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. 2001. 154 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) -Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.) menciona que no longo prazo tanto os regimes de caixa como de competência proporcionam o mesmo resultado, porém no curto prazo o reconhecimento de receitas e despesas cria diferenças. Deste modo, utilizando-se desses dois sistemas pode-se gerenciar o resultado das companhias, para o resultado mais próximo da conveniência do momento.

A acumulação, de acordo com Martinez (2001MARTINEZ, A. L. “Gerenciamento” dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. 2001. 154 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) -Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.), bem como Coelho e Lopes (2007COELHO, A. C. D.; LOPES, A. B. Avaliação da prática de gerenciamento de resultados na apuração de lucro por companhias abertas brasileiras conforme seu grau de alavancagem financeira. Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, v. 11, n. 2, p. 121-144, 2007. Disponível em: <Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552007000600007& lng=en&nrm=iso >. Acesso em: 07 abr. 2009.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
) afirmam que a questão repousa na intenção de se efetuar a apropriação. Apropriação refere-se ao ato de adequar, de forma conveniente as informações. Se ela é devida no sentido de atender aos Padrões Contábeis vigentes ou se é escolhida no sentido de reduzir a assimetria informacional entre os gestores e os demais públicos da empresa, diz-se que as apropriações são não-discricionárias. Ao contrário, se a apropriação é efetuada para atender a propósitos dos gestores de iludir os usuários da informação contábil, são consideradas apropriações discricionárias, que serão o objetivo da análise do presente estudo.

4 RODÍZIO DE AUDITORIA INDEPENDENTE

Na tentativa de minimizar a assimetria de informações entre os acionistas e o gestor, destaca-se a relevância do papel do auditor na verificação da autenticidade das demonstrações contábeis financeiras (MARTINEZ, 2001MARTINEZ, A. L. “Gerenciamento” dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. 2001. 154 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) -Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.). Os investidores de uma companhia aberta, por exemplo, não sabem se o capital alocado na empresa está sendo aplicado pelos gestores da forma mais vantajosa para eles e, por isso, necessitam de mecanismos que minimizem essa assimetria informacional, sendo as demonstrações financeiras da corporação as mais comumente utilizadas (AZEVEDO, 2007AZEVEDO, F. B. Efeito da troca da firma de auditoria no gerenciamento de resultados das companhias abertas brasileiras. 2007. 56 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças - FUCAPE, Vitória, 2007.).

Para Ramos e Martinez (2006RAMOS, G. M.; MARTINEZ, A. L . Governança corporativa. Revista Contemporânea de Contabilidade, Florianópolis, v. 1, n. 6, p. 143-164, jul./dez. 2006.) o objetivo da auditoria é determinar a adequação das demonstrações das companhias aos princípios contábeis geralmente aceitos, atestando se tais demonstrações atendem com fidedignidade à situação financeira e econômica da empresa. A independência é a base do profissional de auditoria, em virtude do auditor ser neutro em relação à entidade auditada, portanto, o auditor deve ser objetivo, neutro e “realmente” independente (BOYNTON, 2002BOYNTON, W. C.; JOHNSON, R. N.; KELL, W. G. Auditoria. Tradução: José Evaristo dos Santos. São Paulo: Atlas, 2002. ).

O rodízio de firmas de auditoria é caracterizado pela ruptura do relacionamento comercial e profissional da auditoria independente com a empresa auditada. Tendo como premissa que os relacionamentos de longo prazo entre auditor e cliente colocam em risco a objetividade no processo de auditoria (OLIVEIRA, 2005OLIVEIRA, A. Q. O rodízio de firmas de auditoria e seus impactos nas demonstrações contábeis. 2005. 201 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.). O autor ainda menciona que o rodízio de auditorias possibilita maior independência aos usuários dos dados contábeis. Conforme Oliveira (2005OLIVEIRA, A. Q. O rodízio de firmas de auditoria e seus impactos nas demonstrações contábeis. 2005. 201 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.), existe uma tendência à atenção de o auditor voltar-se mais para o interesse do acionista e menos para o da administração em relações de longo prazo. Já no curto prazo o relacionamento entre o auditor e a administração de uma empresa não possibilitaria muita aproximação e, em consequência, dificultando ou até impossibilitando distorção dos interesses e obrigações.

Existe, ainda, a rotatividade periódica do auditor imposta pelo regulador, que tem o propósito de melhorar a qualidade dos serviços prestados pelas empresas de auditoria, por meio do teórico aumento da independência (AZEVEDO, 2007AZEVEDO, F. B. Efeito da troca da firma de auditoria no gerenciamento de resultados das companhias abertas brasileiras. 2007. 56 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças - FUCAPE, Vitória, 2007.). Myers et al. (2003) apud Azevedo (2007AZEVEDO, F. B. Efeito da troca da firma de auditoria no gerenciamento de resultados das companhias abertas brasileiras. 2007. 56 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças - FUCAPE, Vitória, 2007.) destacam que a proposta de limitar o mandato do auditor é baseada na noção de que longos períodos resultam numa maior complacência e na possibilidade de cumplicidade nas decisões relativas à apresentação dos relatórios financeiros.

Nagy (2005NAGY, A. L. Mandatory audit firm turnover, financial reporting quality, and client bargaining power: the case of Arthur Andersen. Accounting Horizons, Sarasota, v. 19, n. 2, p. 51-69, June 2005.) afirma que os defensores do rodízio compulsório de firmas de auditoria argumentam que o novo auditor é mais desconfiado e realiza seu trabalho com nova perspectiva, que talvez possa estar faltando aos profissionais com longos anos de relação. Azevedo (2007AZEVEDO, F. B. Efeito da troca da firma de auditoria no gerenciamento de resultados das companhias abertas brasileiras. 2007. 56 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças - FUCAPE, Vitória, 2007.) conclui que apesar do caráter legal, espera-se do auditor o constrangimento à prática do gerenciamento de resultados, visto que essas discricionariedades podem ser utilizadas pelo gestor em benefício próprio.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVMCVM - COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. [2009]. Disponível em: <Disponível em: http://www.cvm.gov.br/ >. Acesso em: 11 mar. 2009.
http://www.cvm.gov.br/...
) evidencia a importância da independência das atividades de auditoria frente a outras atividades, de modo a coibir conflito de interesses, sendo que a exigência de divulgação de informações reflete a necessidade de maior transparência no mercado de capitais. A CVM Regulamenta as questões relacionados à auditoria independente nas Instruções n° 308/99 (CVM, 1999CVM - COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS . Instrução nº 308, de 14 de maio de 1999. Dispõe sobre o registro e o exercício da atividade de auditoria independente no âmbito do mercado de valores mobiliários, define os deveres e as responsabilidades dos administradores das entidades auditadas no relacionamento com os auditores independentes, e revoga as Instruções CVM nos. 216, de 29 de junho de 1994, e 275, de 12 de março de 1998. Disponível em: <Disponível em: http://www.cvm.gov.br/asp/cvmwww/atos/exiato.asp?File=%5Cinst%5Cinst308.htm >. Acesso em: 30 abr. 2009.
http://www.cvm.gov.br/asp/cvmwww/atos/ex...
) e n° 381/03 (CVM, 2003CVM - COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS . Instrução nº 381, de 14 de janeiro de 2003. Dispõe sobre a divulgação, pelas Entidades Auditadas, de informações sobre a prestação, pelo auditor independente, de outros serviços que não sejam de auditoria externa. Disponível em: <Disponível em: http://www.cvm.gov.br/asp/cvmwww/atos/exiato.asp?File=/inst/inst381.htm. >. Acesso em: 30 abr. 2009.
http://www.cvm.gov.br/asp/cvmwww/atos/ex...
). Pode-se ressaltar o art. 31 da Instrução n° 308/99 (CVM, 1999CVM - COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS . Instrução nº 308, de 14 de maio de 1999. Dispõe sobre o registro e o exercício da atividade de auditoria independente no âmbito do mercado de valores mobiliários, define os deveres e as responsabilidades dos administradores das entidades auditadas no relacionamento com os auditores independentes, e revoga as Instruções CVM nos. 216, de 29 de junho de 1994, e 275, de 12 de março de 1998. Disponível em: <Disponível em: http://www.cvm.gov.br/asp/cvmwww/atos/exiato.asp?File=%5Cinst%5Cinst308.htm >. Acesso em: 30 abr. 2009.
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), que estabelece que a auditoria independente não pode prestar serviços para o mesmo cliente por mais de cinco anos consecutivos, e deve haver um intervalo de no mínimo três anos para a sua recontratação. O intuito é coibir o relacionamento entre as empresas de auditoria e os seus clientes, pois chega-se à conclusão de que quando o relacionamento perdura por muito tempo, pode diminuir a independência do trabalho de auditoria (AZEVEDO, 2007AZEVEDO, F. B. Efeito da troca da firma de auditoria no gerenciamento de resultados das companhias abertas brasileiras. 2007. 56 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças - FUCAPE, Vitória, 2007.; NAGY, 2005NAGY, A. L. Mandatory audit firm turnover, financial reporting quality, and client bargaining power: the case of Arthur Andersen. Accounting Horizons, Sarasota, v. 19, n. 2, p. 51-69, June 2005.; OLIVEIRA; 2005OLIVEIRA, A. Q. O rodízio de firmas de auditoria e seus impactos nas demonstrações contábeis. 2005. 201 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.).

A Lei nº 11.638/07 introduziu importantes alterações na lei das sociedades, e no período de adaptações da Lei nº 11.638/07 (BRASIL, 2007BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm >. Acesso em: 30 abr. 2009.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_At...
), a CVM por meio da Deliberação nº 549/08, menciona que o rodízio de auditoria poderia representar instabilidade indesejada para as entidades e também para os auditores independentes (CVM, 2008CVM - COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Deliberação 549, de 10 de setembro de 2008. Dispõe sobre a rotatividade dos auditores independentes na prestação de serviços de auditoria independente de demonstrações contábeis para um mesmo cliente, no âmbito do mercado de valores mobiliários. Disponível em: <Disponível em: http://www.cvm.gov.br /port/infos/deli549.pdf >. Acesso em: 30 abr. 2009.
http://www.cvm.gov.br /port/infos/deli54...
). O rodízio obrigatório poderia não permitir que os auditores independentes avaliassem da melhor forma as informações contábeis divulgadas nesse período de relevantes alterações, alterações que objetivam alinhar a contabilidade as normas internacionais de contabilidade.

Assim a CVM por meio da Deliberação nº 549/08, que dispõe sobre a rotatividade dos auditores independentes no âmbito do mercado de valores mobiliários, faculta as companhias abertas não substituam seus atuais auditores independentes até a data de emissão do parecer de auditoria para as demonstrações financeiras relativas ao exercício social a se encerrar em 2011 (CVM, 2008CVM - COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Deliberação 549, de 10 de setembro de 2008. Dispõe sobre a rotatividade dos auditores independentes na prestação de serviços de auditoria independente de demonstrações contábeis para um mesmo cliente, no âmbito do mercado de valores mobiliários. Disponível em: <Disponível em: http://www.cvm.gov.br /port/infos/deli549.pdf >. Acesso em: 30 abr. 2009.
http://www.cvm.gov.br /port/infos/deli54...
). Ainda obriga as companhias abertas que substituírem voluntariamente seus auditores independentes em data anterior a 2011, a contar normalmente o prazo de cinco anos para a substituição da auditoria independente, contados a partir da data em que contratar seus auditores independentes.

Azevedo (2007AZEVEDO, F. B. Efeito da troca da firma de auditoria no gerenciamento de resultados das companhias abertas brasileiras. 2007. 56 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças - FUCAPE, Vitória, 2007.) relata que se existir a possibilidade da utilização do gerenciamento de resultados em benefício dos gestores ou acionistas, causando prejuízos ou perdas a outros stakeholders, a auditoria deve conter esses procedimentos, reprimindo a prática, permitindo, desta forma, supor que quanto menor o nível de gerenciamento de resultados verificado na empresa, melhor a qualidade da auditoria independente.

5 METODOLOGIA DE PESQUISA

A pesquisa caracteriza-se de acordo com o objetivo como descritiva. Raupp e Beuren (2004RAUPP, F. M.; BEUREN, I. M. Caracterização da pesquisa em contabilidade. In. BEUREN, I. M . (Org). Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas , 2004. cap. 1., p. 81) mencionam que “a pesquisa descritiva configura-se como um estudo intermediário entre a pesquisa exploratória e a explicativa, ou seja, não é tão preliminar como a primeira e não tão aprofundada como a segunda”. O estudo, quanto aos procedimentos, classifica-se como documental. De acordo com Gil (2002GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas , 2002., p. 45) “a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser re-elaborados de acordo com os objetos da pesquisa”.

Quanto à abordagem, caracteriza-se como quantitativa, que consiste no “emprego de quantificação tantos nas modalidades de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas” (RICHARDSON, 1989RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 2. ed. São Paulo: Atlas , 1989., p. 70).

Para realizar essa pesquisa foram selecionadas as empresas de acordo com a classificação setorial da Bovespa. Foram utilizadas as três empresas de cada setor econômico que apresentavam o maior ativo total no exercício de 2008, excluindo o setor financeiro, pois o processo de análise desse setor não permite comparação com os demais setores. A escolha das três maiores empresas de cada setor se justifica por sua representatividade nos respectivos setores econômicos, a média das empresas da amostra ultrapassam 50% do total de participação nos Ativos Totais. Desta forma, apresenta-se no Tabela 1 a relação das empresas selecionadas para este estudo com os respectivos ativos totais (R$ mil).

Tabela 1:
Empresas por setor econômico

A amostra foi constituída por vinte e cinco 25 empresas. As empresas que possuíam o maior ativo total, por vezes não apresentavam dados suficientes para análise e foram substituídas pelas empresas subsequentes na classificação. O setor de Tecnologia da Informação não possuía as três empresas com os critérios necessários para a análise, logo, utilizou-se apenas a empresa que estava apta para o estudo.

Para realização dessa pesquisa foram coletados os dados das Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFP) consolidadas, disponíveis no sítio da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no período de 2000 a 2008. Inicialmente, verificou-se o período em que ocorreu a troca de firma de auditoria independente, permitindo a análise do rodízio das auditorias. Posteriormente, efetuou-se a coleta dos dados necessários para calcular os accruals. Para o tratamento dos dados utilizou-se como suporte estatístico o software LHStat, versão 2.1, possibilitando aplicar a análise de regressão linear múltipla.

Para estimar os accruals totais foi aplicado o modelo de regressão linear múltipla de Kang e Sivaramakrishnan (1995KANG, S. H.; SIVARAMAKRISHNAN, K. Issues in testing earnings management and an instrumental variable approach. Journal of Accounting Research, Chicago, v. 33, n. 2, p. 353-367, Autumn 1995.) utilizado também por Martinez (2001MARTINEZ, A. L. “Gerenciamento” dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. 2001. 154 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) -Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.) que apresenta o modelo da seguinte forma:

A T i t = Φ 0 + Φ 1 × δ 1 × R e c i t + Φ 2 × δ 2 × D e s p i t + Φ 3 × δ 3 × A . P e r i t + ε i t

Para obter os accruals descricionários utilizou-se a equação seguinte:

A D i t = A T i t - { Φ 0 + Φ 1 × δ 1 × R e c i t + Φ 2 × δ 2 × D e s p i t + Φ 3 δ 3 × A . P e r i t }

    Onde:
  • ADit   = Accruals discricionários (Acumulações discricionárias)
  • ATit  = Acumulações Totais = (ΔCGL - Depreciação & Amortizaçãot)
  • Recit  = Receita Líquida (excluindo tributação sobre faturamento)
  • Despit  = Custos e Despesas Operacionais antes da Depreciação & Amortização
  • CGL  = Capital de Giro Líquido, excluindo as Disponibilidades, Financiamento de Curto Prazo e Provisão para Impostos a Pagar
  • A.Perit  = Ativo Permanente (Investimentos + Imobilizado + Diferido)
  • Cri,t-1  = Contas a Receber no período t-1
  • DEPRi,t-1  = Despesas de Depreciação e Amortização no período t-1
  • δ1  = CRi,t-1/Reci,t-1, onde CR representa as Contas a Receber no período t-1
  • δ2  = (CGLi,t-1/CRi,t-1)/Despi,t-1
  • δ3  = DEPRi,t-1/A.Peri,t-1
  • 𝚽1,𝚽2,𝚽3  = Coeficientes estimados pela regressão
  • εit  = erro ou resíduo da regressão

As variáveis Reci,t-1, Despit, A.Perit, foram divididas pelos Ativos Totais das empresas, para utilização nas regressões.

Os accruals discricionários foram calculados pela diferença entre o accrual total calculado e accrual total estimado pela regressão. Esse modelo utilizado para regressão linear múltipla que, segundo Martinez (2001MARTINEZ, A. L. “Gerenciamento” dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. 2001. 154 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) -Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.), é um modelo mais robusto, pois demanda grande quantidade de dados contábeis, o que também pode ser considerado um item que dificulta a utilização do mesmo. A seguir, apresenta-se o desenho da pesquisa conforme Figura 2.

Figura 2:
Design da Pesquisa

A Figura 2 demonstra como foi realizada a pesquisa, iniciando pela pergunta pesquisa, em seguida as hipóteses que serão testadas, posteriormente o objetivo proposto para atender ao questionamento e, na sequência, demonstram-se as empresas que compõem a amostra, selecionadas de acordo com os maiores ativos totais por setor econômico da Bovespa. A segunda etapa corresponde às teorias de base que sustentam a pesquisa, em que utiliza-se o modelo proposto por Kang e Sivaramakrishnan (1995KANG, S. H.; SIVARAMAKRISHNAN, K. Issues in testing earnings management and an instrumental variable approach. Journal of Accounting Research, Chicago, v. 33, n. 2, p. 353-367, Autumn 1995.) para cálculo do gerenciamento de resultados, aplicado aos dados coletados nas DFPs disponíveis no sítio da CVM, analisados estatisticamente com auxílio do software LHStat, versão 2.1, permitindo chegar aos resultados sobre o gerenciamento de resultados nos diferentes setores econômicos da Bovespa.

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Foram analisados, nesse estudo, os accruals obtidos por meio da análise de regressão linear múltipla baseando-se no modelo de Kang e Sivaramakrishnan (1995KANG, S. H.; SIVARAMAKRISHNAN, K. Issues in testing earnings management and an instrumental variable approach. Journal of Accounting Research, Chicago, v. 33, n. 2, p. 353-367, Autumn 1995.), que permite evidenciar accruals discricionários e não-discricionários. Almeida et al. (2006ALMEIDA, J. E. F. et al. Earnings management no Brasil: grupos estratégicos como nova variável explanatória. In: CONGRESSO USP CONTROLADORIA E CONTABILIDADE, 6., 2006, São Paulo. Anais... São Paulo: FEA/USP, 2006. 1 CD-ROM., p. 3) define que “após a estimação dos accruals totais (as acumulações da diferença entre o regime de competência e regime de caixa), deve-se retirar a parcela não-discricionária que é de natureza das próprias contas patrimoniais, para identificar a parcela discricionária”.

Após a análise com base no modelo Kang e Sivaramakrishnan (1995KANG, S. H.; SIVARAMAKRISHNAN, K. Issues in testing earnings management and an instrumental variable approach. Journal of Accounting Research, Chicago, v. 33, n. 2, p. 353-367, Autumn 1995.), também foram realizados testes de correlação para verificar se existe tendência de suavização do gerenciamento de resultado na troca de firma de auditoria e posterior aumento nos períodos analisados, utilizando-se o coeficiente gama (γ), que mede o grau de associação com que duas categorias ordenadas de variáveis tendem a crescer ou decrescer juntas (VIEIRA, 2003VIEIRA, S. Bioestatística: tópicos avançados, testes não-paramétricos, tabelas de contingências e análise de regressão. Rio de Janeiro: Campus, 2003.).

6.1 Modelo Kang e Sivaramakrishnan (1995KANG, S. H.; SIVARAMAKRISHNAN, K. Issues in testing earnings management and an instrumental variable approach. Journal of Accounting Research, Chicago, v. 33, n. 2, p. 353-367, Autumn 1995.)

Os dados selecionados das demonstrações financeiras das empresas analisadas foram submetidos à aplicação do modelo, calculando primeiramente os accruals totais e, logo após, foi possível projetar accruals totais e, na subtração, obtiveram-se as acumulações discricionárias. Esse procedimento foi realizado com os dados anuais dos períodos de 2000 a 2008, calculando o gerenciamento de resultados em todos os anos.

O Resultado da regressão com os dados de todas as empresas dos setores analisados são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2:
Resultados da Regressão Linear Múltipla

O teste com 200 observações demonstrou significância, permitindo estimar os accruals das 25 empresas dos 9 setores analisados, demonstrando confiabilidade nos dados obtidos.

Na Tabela 3 apresentam-se as médias dos accruals discricionários obtidos por meio do modelo Kang e Sivaramakrishnan (1995KANG, S. H.; SIVARAMAKRISHNAN, K. Issues in testing earnings management and an instrumental variable approach. Journal of Accounting Research, Chicago, v. 33, n. 2, p. 353-367, Autumn 1995.). Para que a média fosse possível de ser calculada, foram utilizados os valores absolutos, pois, quando o gerenciamento de resultados era utilizado de forma a reduzir o resultado da empresa, para reduzir o lucro ou aumentar o prejuízo, os valores dos accruals apresentavam-se negativos, impedindo assim o cálculo da média. Por esse motivo, na Tabela 3, apresentam-se as médias representadas pelos valores absolutos, não distinguindo se os accruals são utilizados para aumentar o resultado (positivos) ou para reduzir os resultados (negativos). Ressalta-se que para análise utilizou-se o ano anterior a troca de auditoria e ano de troca de auditoria.

TABELA 3:
Média dos accruals discricionários por setor de atuação na Bovespa

Na Tabela 3 verifica-se que o setor de Petróleo, Gás e Biocombustíveis nas trocas de auditoria independente apresentam redução de gerenciamento de resultados de 42% nos períodos analisados, considerando o ano anterior a troca e o ano da troca em todas as empresas analisadas deste setor.

O setor de Materiais Básicos não apresentou grande oscilação, porém apresenta redução de gerenciamento de resultados na troca de auditoria independente, sendo de 16% menor que o ano anterior a troca de auditoria independente. O setor demonstrou a menor variação entre os setores analisados.

Ao analisarmos o setor econômico de Bens Industriais verifica-se que não seguiu a tendência dos outros setores, apresenta aumento no gerenciamento de resultados no ano da troca de auditoria independente. O setor passou de 0,058832 para 0,073919 no ano da troca de auditoria, representando um aumento no gerenciamento de resultados correspondente a 26%.

Assim como o setor de Bens Industriais o setor de Construção e Transporte aumentou o gerenciamento de resultados no ano de troca de auditoria independente. O setor apresentou um aumento de 36% no gerenciamento de resultados das empresas analisadas nesse setor. O setor de Construção e Transporte apresenta o maior gerenciamento de resultados dos setores analisados no ano da troca de auditoria independente.

O setor de Consumo não Cíclico apresenta o maior gerenciamento de resultados no ano anterior a troca de auditoria independente, no ano da troca está entre os menores níveis de gerenciamento de resultado, sendo 0,030973. Esse setor apresentou a maior redução de gerenciamento de resultados entre os setores analisados, a redução foi de 80% no ano em que ocorreu a troca de auditoria independente.

No setor de Consumo Cíclico ocorreu aumento de gerenciamento de resultados no ano da troca de auditoria independente, as acumulações discricionárias passaram de 0,030857 para 0,046805, representando aumento de 52%. O gerenciamento de resultados deste setor econômico mostrou-se intermediário quando relacionado aos outros setores analisados.

Verifica-se que o setor de Tecnologia da Informação apresenta o menor gerenciamento de resultados dos setores abordados nessa pesquisa. No ano da troca de auditoria independente este setor sofre aumento no gerenciamento de resultados de 239%, mas tanto antes quanto após a troca de auditoria o setor é o que tens as menores acumulações discricionárias dos setores econômicos analisados.

O setor de Telecomunicações apresentou redução de 18% nos anos de troca de auditoria independente na análise das empresas deste setor. O setor não destaca-se por maior gerenciamento de resultados nem por menor gerenciamento de resultados, na analise percebe-se que está gerenciando os resultados de forma intermediaria quando comparado com os outros setores.

No setor de Utilidade Pública verifica-se que o gerenciamento de resultados está entre os menores dos setores analisados. No ano em que ocorrem as trocas de auditoria independente nas empresas que compõem a amostra do setor, pode-se perceber que ocorre uma suavização de gerenciamento de resultados de 30%.

Observa-se que no ano anterior à troca de auditoria independente, o setor de Consumo Cíclico apresentou o maior gerenciamento de resultados entre os setores analisados, porém, no ano da troca de auditoria o maior índice de accruals discricionários passou a ser apresentado pelo setor de Construção e Transporte.

Os setores de atuação nos quais é possível perceber a suavização do gerenciamento de resultados com a troca de firma de auditoria são: Petróleo, gás e biocombustíveis; Materiais Básicos; Consumo não cíclico; Telecomunicações e Utilidade Pública, destacando o setor de Consumo não cíclico com redução dos accruals discricionários de 80%, apresentando maior redução com base na amostra calculada. Estes resultados convergem aos encontrados por Azevedo (2007AZEVEDO, F. B. Efeito da troca da firma de auditoria no gerenciamento de resultados das companhias abertas brasileiras. 2007. 56 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças - FUCAPE, Vitória, 2007.), existindo a tendência de redução de gerenciamento de resultados com a troca da auditoria independente.

Já os setores de Bens Industriais; Construção e transporte; Consumo cíclico e Tecnologia da Informação tiveram um aumento no gerenciamento de resultado no ano da troca de auditoria. O setor de Construção e Transporte apresentou o maior aumento no gerenciamento de resultados. Já o setor de Tecnologia da Informação, apesar de ter aumentado o gerenciamento de resultados no ano da troca de auditoria, foi o setor econômico que apresentou os menores accruals discricionários nos setores evidenciados. Acompanhado pelo setor de Utilidade Pública que também apresentou um dos menores índices de accruals discricionários tanto antes da troca, como após a troca de auditoria.

Em todos os setores analisados, o gerenciamento médio foi de 0,065864 antes da troca de auditoria, com uma redução de 21%, passando a 0,052320 para o período em que ocorreu a troca de auditoria. Essa redução foi proporcionada por a maioria dos setores ter evidenciado redução do gerenciamento de resultados no ano em que ocorreu a troca de auditoria.

Foram realizados testes de comparação entre as médias com dados emparelhados e distribuição unicaudal com a utilização do software LHStat, versão 2.1. Os resultados mostraram que as médias não são diferentes se analisadas estatisticamente, ou seja, com nível de 95% de significância não existe diferença entre as médias. Estes resultados não apresentaram alterações ao realizar o mesmo teste com significância de 90%. Isso permite inferir que a redução de gerenciamento de resultados estatisticamente não é significante, porém evidenciou-se que em alguns setores existe relação do gerenciamento de resultados com a troca de firma de auditoria, como apresentou-se anteriormente. Esses resultados não permitem confirmar a relação esperada na troca de auditoria conforme afirmam Azevedo (2007AZEVEDO, F. B. Efeito da troca da firma de auditoria no gerenciamento de resultados das companhias abertas brasileiras. 2007. 56 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças - FUCAPE, Vitória, 2007.), Nagy (2005NAGY, A. L. Mandatory audit firm turnover, financial reporting quality, and client bargaining power: the case of Arthur Andersen. Accounting Horizons, Sarasota, v. 19, n. 2, p. 51-69, June 2005.) e Oliveira (2005OLIVEIRA, A. Q. O rodízio de firmas de auditoria e seus impactos nas demonstrações contábeis. 2005. 201 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.), citando que a troca deve reduzir as possibilidade de gerenciamento de resultados pelas organizações.

6.2 Coeficiente de Correlação Gama

Após a realização dos testes de média, também foram realizados testes de correlação para verificar se existe tendência de suavização do gerenciamento de resultado na troca de firma de auditoria e posterior aumento no decorrer do tempo, analisando o período de 2001 a 2008. Para isso, utilizou-se o coeficiente gama (γ). De acordo com Vieira (2003VIEIRA, S. Bioestatística: tópicos avançados, testes não-paramétricos, tabelas de contingências e análise de regressão. Rio de Janeiro: Campus, 2003., p. 62), o coeficiente γ “mede o grau de associação com que duas categorias ordenadas de variáveis tendem a crescer e, portanto, decrescer - juntas”. A seguir apresenta-se a formula para obtenção do coeficiente γ.

γ = ( a d - b c ) ( a d + b c )

Vieira (2003VIEIRA, S. Bioestatística: tópicos avançados, testes não-paramétricos, tabelas de contingências e análise de regressão. Rio de Janeiro: Campus, 2003.) destaca que esse coeficiente varia de -1 até +1, e, portanto, deve ser interpretado da mesma forma que o coeficiente de correlação r, ou seja, quanto mais próximo de 1, maior será a associação entre as variáveis e se estiver próximo a -1 maior será o grau de associação negativa entre elas. Os testes foram realizados por setor de atuação e os resultados são apresentados na Tabela 4.

TABELA 4:
Média do Coeficiente de Correlação por setor de atuação na Bovespa

Pode-se perceber que o coeficiente de correlação γ varia nos setores analisados. Destaca-se o setor de Consumo não Cíclico que apresentou maior coeficiente de correlação positiva, demonstrando que este setor tende a diminuir o gerenciamento de resultados nas trocas de auditoria e aumentar o gerenciamento de resultados nos períodos posteriores à troca. Já o setor de Consumo cíclico apresenta um coeficiente de forte correlação negativa, o que mostra a tendência contrária ao setor de Consumo não Cíclico.

Nos setores de Petróleo, Gás e Biocombustíveis; Construção e Transporte; Consumo Cíclico; Tecnologia da Informação e Telecomunicações o coeficiente de correlação foi negativo, representando que nestes setores não é possível inferir que exista uma correlação entre o aumento de gerenciamento de resultados e a estabilidade de auditoria independente.

Já nos setores de Materiais Básicos; Bens Industriais; Consumo não Cíclico e Utilidade Pública o coeficiente de correlação foi positivo, o que leva a crer que exista relação entre a estabilidade da auditoria independente e o aumento de gerenciamento de resultados.

Nos setores analisados, verifica-se que a correlação varia muito, dificultando estabelecer uma mesma relação em todos os setores, porém os setores de Materiais Básicos; Construção e Transporte; Consumo não Cíclico; Consumo Cíclico; Tecnologia da Informação e Utilidade Pública apresentam relação com a Tabela 3, em que as empresas que têm suavização de resultados no ano da troca apresentam uma correlação positiva na Tabela 4, já as empresas que apresentam aumento dos accruals discricionários apresentam correlação negativa. Permitindo inferir que existe relação das trocas de auditoria em alguns setores analisados, os quais podem estar infringindo a independência citada por (BOYNTON, 2002BOYNTON, W. C.; JOHNSON, R. N.; KELL, W. G. Auditoria. Tradução: José Evaristo dos Santos. São Paulo: Atlas, 2002. ).

7 CONCLUSÕES

Essa pesquisa teve como objetivo verificar se o rodízio de auditoria influencia no gerenciamento de resultados das empresas de capital aberto dos setores econômicos da Bovespa utilizando o modelo de Kang e Sivaramakrishnan (1995KANG, S. H.; SIVARAMAKRISHNAN, K. Issues in testing earnings management and an instrumental variable approach. Journal of Accounting Research, Chicago, v. 33, n. 2, p. 353-367, Autumn 1995.). Esse modelo consistiu na aplicação da técnica de regressão linear múltipla para obter os accruals totais e, posteriormente, os accruals discricionários e não-discricionários.

A primeira hipótese apresentada, H 1 : No ano da troca de firma de auditoria independente o gerenciamento de resultados tende a diminuir. Verificou-se com a aplicação do modelo proposto, que existe uma tendência para tal, sendo que nos setores analisados houve uma redução de 21% do ano anterior a troca para o ano da troca.

Para a segunda hipótese, H 2 : Nos anos subseqüentes a troca de firma de auditoria independente o gerenciamento de resultados tende a aumentar. Os resultados, com base nos modelos utilizados, apontam que existe relação das trocas de auditoria em certos setores analisados.

Em alguns setores de atuação da Bovespa verificou-se a suavização do gerenciamento de resultados com a troca de firma de auditoria, sendo os setores de: Petróleo, gás e biocombustíveis; Materiais Básicos; Consumo não cíclico; Telecomunicações e Utilidade Pública, destacando o setor de Consumo não cíclico com redução do gerenciamento de resultados de 0,126044, apresentando maior redução entre os setores analisados.

O gerenciamento médio encontrado na pesquisa com base nos setores analisados foi de 0,065864 antes da troca de auditoria, com uma redução de 0,013544, passando a 0,052320 para o período em que ocorreu a troca de auditoria. Essa redução foi proporcionada pelo fato de a maioria dos setores ter evidenciado redução do gerenciamento de resultados no ano em que ocorreu a troca de auditoria. Verificou-se, portanto, que existe gerenciamento de resultados nos setores analisados

Em seguida, com os testes do coeficiente de correlação γ verificou-se que os setores econômicos da Bovespa apresentam coeficientes de correlação positiva e também negativa, sugerindo que em alguns setores a estabilidade do auditor independente propicia aumento no gerenciamento de resultados e em outros setores ocorre o inverso. Quando aplicado nos dados de todos os setores, o coeficiente de correlação γ não possibilitou afirmar se existe alguma relação entre a troca de auditoria independente e o gerenciamento de resultados nos diferentes setores econômicos da Bovespa.

A análise setorial do gerenciamento de resultados permitiu evidenciar que a correlação varia muito entre setores econômicos, dificultando estabelecer a relação em todos os setores, porém, os setores de Materiais Básicos; Construção e Transporte; Consumo não Cíclico; Consumo Cíclico; Tecnologia da Informação e Utilidade Pública apresentam relação entre os accruals discricionários e o coeficiente de correlação γ. As empresas que tem suavização de resultados no ano da troca de auditoria independente apresentam uma correlação positiva, já as empresas que apresentam aumento dos accruals discricionários apresentam correlação negativa. Permitindo inferir que existe relação das trocas de auditoria em alguns setores analisados.

Com base nos testes realizados, não se pode afirmar que a troca de firma de auditoria independente está diretamente relacionada à diminuição do gerenciamento de resultados. Alguns setores apresentam uma tendência para tal, porém, não se pode aceitar nenhuma das hipóteses em sua totalidade.

Neste sentido, a pesquisa limita-se ao estudo do rodízio de auditoria nos anos de 2000 até 2008, nos setores propostos pela Bovespa, com a aplicação do modelo KS e coeficiente de correlação gama. Como sugestão para outras pesquisas que, assim como esse estudo, podem contribuir para o desenvolvimento do tema gerenciamento de resultados, pode-se analisar o gerenciamento de resultados sugerindo novas métricas, que contribuam para a quantificação destes valores. Pode-se, ainda, realizar pesquisas abordando o gerenciamento de resultados e convergências às IFRS, principalmente a relação do poder discricionário e a aplicação da essência sobre a forma

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  • Processo de Avaliação: Double Blind Review

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2010

Histórico

  • Recebido
    23 Fev 2010
  • Aceito
    21 Set 2010
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