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Incidência e mortalidade por COVID-19 na população idosa brasileira e sua relação com indicadores contextuais: um estudo ecológico

Resumo

Objetivo:

analisar a incidência e mortalidade por COVID-19 na população idosa no Brasil e sua relação com variáveis contextuais.

Métodos:

foram incluídas as 22 Unidades Federativas brasileiras que apresentaram 50 óbitos ou mais por COVID-19 até o dia 25 de maio de 2020. Considerou-se como variáveis dependentes as taxas de incidência acumulada, mortalidade acumulada e letalidade acumulada em idosos. Entre as variáveis contextuais, foram incluídas a oferta de serviços e profissionais de saúde, indicadores demográficos, de renda e desenvolvimento. As variáveis foram analisadas de forma descritiva e bivariada pela correlação de Spearman.

Resultados:

o estado do Pará apresentou a maior taxa de incidência e mortalidade em idosos. As maiores taxas de letalidade acumulada entre os idosos foram observadas na Bahia (56,46%), Rio de Janeiro (48,10%) e Pernambuco (40,76%). Observou-se correlação moderada negativa significativa entre a taxa de incidência acumulada e o índice de envelhecimento (rho= -0,662; p=0,001) e a proporção de idosos (rho= -0,659; p=0,002); e entre a taxa de mortalidade e o índice de envelhecimento (rho= -0,520; p=0,013) e a proporção de idosos (rho= -0,502; p=0,017). A taxa de incidência acumulada e a taxa de mortalidade também apresentaram, respectivamente, correlação moderada positiva significativa com a proporção de pretos e pardos (rho=0,524; p=0,018 e rho=0,558; p=0,007) e com a razão de renda (rho=0,665; p=0,0001 e rho=0,683; p<0,001).

Conclusões:

a situação epidemiológica brasileira mostra que a mortalidade de idosos por COVID-19 no Brasil está relacionada a aspectos demográficos e de distribuição de renda.

Palavras-chave:
Infecções por Coronavirus; Coronavirus; Saúde do Idoso; Incidência; Mortalidade; COVID-19

Abstract

Objective:

to analyze the incidence of and mortality caused by COVID-19 in the older population in Brazil and its relationship with contextual variables.

Methods:

the 22 Brazilian states (including the Federal District) with 50 deaths or more due to COVID-19 by May 25th, 2020 were included. The rates of accumulated incidence, accumulated mortality and accumulated lethality among older adults were considered as dependent variables. Among the contextual variables, the provision of health services and professionals, and demographic, income and development indicators were included. The variables were analyzed in a descriptive and bivariate manner using Spearman’s correlation.

Results:

the state of Pará had the highest incidence and mortality rate among older adults. The highest accumulated lethality rates among this population were observed in Bahia (56.46%), Rio de Janeiro (48.10%) and Pernambuco (40.76%). There was a significant negative moderate correlation between the accumulated incidence rate and the aging index (rho=-0.662; p=0.001) and the proportion of older adults (rho=-0.659; p=0.002); and between the mortality rate and the aging index (rho=-0.520; p=0.013) and the proportion of older adults (rho=-0.502; p=0.017). The accumulated incidence rate and mortality rate also revealed, respectively, a significant positive correlation with the proportion of black (Afro-Brazilian) and brown (mixed race) skinned people (rho=0.524; p=0.018 and rho=0.558; p=0.007) and with the income ratio (rho=0.665; p=0.0001 and rho=0.683; p<0.001).

Conclusions:

the Brazilian epidemiological situation shows that the mortality of older adults due to COVID-19 in Brazil is related to demographic and income distribution aspects.

Keywords:
Coronavirus Infections; Coronavirus; Health of the Elderly; Incidence; Mortality; COVID-19

INTRODUÇÃO

Desde dezembro de 2019 as autoridades em saúde pública de todo o mundo estão em alerta devido as notificações de casos de pneumonia de etiologia desconhecida ocorridas na China. A partir de janeiro de 2020 foi descoberto que se tratava do coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2), e a doença causada por esse novo agente zoonótico foi denominada de Coronavirus Disease - 2019 (COVID-2019)11 Guo YR, Cao QD, Hong ZS, Tan YY, Chen SD, Jin HJ, et al. The origin, transmission and clinical therapies on coronavirus disease 2019 (COVID-19) outbreak: an update on the status. Mil Med Res. 2020;7(11):1-10.,22 Chan JFW, Yuan S, Kok KH, To KKW, Chu H, Yang J, et al. A familial cluster of pneumonia associated with the 2019 novel coronavirus indicating person-to-person transmission: a study of a family cluster. Lancet. 2020;395(10223):514-23..

Desde a sua descoberta, o novo coronavírus apresentou uma taxa de transmissão extremamente alta e em 30 de janeiro já haviam sido notificados 7.818 casos de pessoas infectadas em 18 países, e 170 pessoas já haviam falecido na China por conta da COVID-19, e frente a essa situação a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou situação de Emergência em Saúde Pública de Interesse Internacional33 World Health Organization. Coronavirus disease 2019 (COVID-19): Situation Report - 10 [Internet]. Genebra: WHO; 2019 [acesso em18 mar. 2020]. Disponível em: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/situation-reports/. Os casos de COVID-19 foram crescendo rapidamente em todo o mundo e em 11 de março a OMS decretou situação de pandemia, momento em que se registrava mais de 118 mil casos da doença em 113 países com mais de 4 mil óbitos44 World Health Organization. Coronavirus disease 2019 (COVID-19): Situation Report - 51[Internet]. Genebra: WHO; 2019 [acesso em 18 mar. 2020]. Disponível em: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/situation-reports/.

O Brasil registrou o primeiro caso da doença em 26 de fevereiro e tratava-se de um idoso com histórico de viagem pela Itália55 Croda J, Oliveira WK, Frutuoso RL, Mandetta LH, Baia-da-Silva DC, Brito-Sousa JD, et al. COVID-19 in Brazil: advantages of a socialized unified health system and preparation to contain cases. J Braz Soc Trop Med. 2020; 53:e20200167 [6 p.].. Desde então, os casos da doença tem apresentado um crescimento diário significativo no país e, até o dia 25 de maio, foram registrados mais de 374 mil casos e 23.473 mortes em todo o território nacional66 Brasil. Ministério da Saúde. COVID-19 - Painel Coronavirus [Internet]. 2020 [acesso em 25 maio 2020]. Brasília, DF: MS; 2020. Disponível em: https://covid.saude.gov.br/.

Ao analisar a distribuição dos casos da doença e de óbitos por faixa etária, no Brasil e no mundo, observa-se que há uma maior incidência da doença na população adulta, contudo, a letalidade é maior na população idosa77 Shahid Z, Kalayanamitra R, McClafferty B, Kepko D, Ramgobin D, Patel R, et al. COVID-19 and older adults: what we know. J Am Geriatr Soc. 2020;85(5):926-9.. A presença de morbidades associadas contribui significativamente para o incremento dessa taxa, e no Brasil verifica-se que 69,3% dos óbitos ocorreram em pessoas com mais de 60 anos e destes, 64% apresentavam ao menos um fator de risco88 Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico Especial 16 [Internet]. 2020 [acesso em 25 maio 2020]. Disponível em: https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/May/21/2020-05-19---BEE16---Boletim-do-COE-13h.pdf
https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020...
. Situação semelhante já havia sido reportada pelos pacientes infectados pelo coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV) e pelo coronavírus da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV)99 Azhar EI, Lanini S, Ippolito G, Zumla A. The Middle east respiratory syndrome Coronavirus: a continuing risk to global health security. In: Rezza G, Ippolito G, editores. Emerging and re-emerging viral infections. New York: Springer; 2016. (Advances in Microbiology, infectious diseases and public health, vol. 6).,1010 Zhong NS, Wong GWK. Epidemiology of severe acute respiratorysyndrome (SARS): adults and children. Paediatr Respir Rev. 2004;5:270-4..

Os dados da COVID-19 apontam que entre as pessoas com 80 anos ou mais 14,8% dos infectados morreram, comparado a 8,0% entre os idosos de 70 a 79 anos e 8,8% entre aqueles de 60 a 69 anos (taxa 3,82 vezes maior que a média geral), o que deveria alertar as autoridades sanitárias para o desenvolvimento de estratégias para proteção da saúde dos idosos, entretanto, não tem ocorrido. O risco de morrer por COVID-19 aumenta com a idade, já que a maioria das mortes ocorre em idosos, especialmente aqueles com doenças crônicas. A imunossenescência aumenta a vulnerabilidade às doenças infectocontagiosas e os prognósticos para aqueles com doenças crônicas são desfavoráveis1111 Hammerschmidt KSA, Santana RF. Saúde do idoso em tempos de pandemia COVID-19. Cogitare Enferm. 2020;25:e72849 [10p.]..

Além disso, nos países em desenvolvimento, o enfrentamento à pandemia de COVID-19 torna-se ainda mais desafiador devido à alta taxa de pobreza, conflitos e instabilidade política, violência, analfabetismo, laboratórios de diagnóstico deficientes e outras doenças infecciosas que competem pela escassez de recursos de saúde1212 Anser MK, Yousaf Z, Khan MA, Nassani AA, Alotaibi SM, Abro MMQ, et al. Does communicable diseases (including COVID-19) may increase global poverty risk?: a cloud on the horizon. Environ Res. 2020;187:e109668. [10 p.].. Condições socioeconômicas, de habitação e de acesso à infraestrutura precária contribuem para ampliar a vulnerabilidade socioespacial de contaminação, demandando medidas específicas para as diferentes porções do território.

Olhar para o território permite reconhecer as particularidades das dinâmicas de evolução da pandemia, favorecendo o desenho de estratégias específicas para seu enfrentamento, em suas diferentes escalas1313 Costa MA, Lui L, Santos RMD, Curi RLC, Albuquerque CGD, Tavares SR, et al. Apontamentos sobre a dimensão territorial da pandemia da Covid-19 e os fatores que contribuem para aumentar a vulnerabilidade socioespacial nas unidades de desenvolvimento humano de áreas metropolitanas brasileiras. In: Repositório do Conhecimento do IPEA [Internet]. Brasília, DF: IPEA; 2020 [acesso em 25 maio 2020]. Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/9985. No Brasil, alguns dados socioeconômicos afirmam que os idosos são, em sua maioria, mulheres; apresentam baixa escolaridade e vivem com renda domiciliar per capita de até ½ salário mínimo1414 Melo NCVD, Ferreira MAM, Teixeira KMD. Condições de vida dos idosos no Brasil: uma análise a partir da renda e nível de escolaridade. Oikos. 2014;25(1):4-19.. A identificação de características sociodemográficas relacionadas à COVID-19 pode contribuir para o entendimento da dinâmica da doença no país, além de ser crucial para o desenvolvimento de medidas de enfrentamento da pandemia e minimização dos danos nessa população específica.

Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo descrever e analisar os indicadores de incidência e mortalidade por COVID-19 na população idosa no Brasil e sua relação com variáveis contextuais.

MÉTODO

Trata-se de um estudo observacional, ecológico e analítico. Para unidades de análise, foram incluídas as Unidades Federativas brasileiras que apresentaram 50 óbitos ou mais por COVID-19 até o dia 25 de maio de 2020, sendo essas: Amazonas, Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.

Para coleta de dados, realizou-se uma busca nos boletins epidemiológicos dos respectivos estados, disponíveis nos endereços eletrônicos das secretarias estaduais de saúde. As informações coletadas foram inseridas em uma matriz para análise no Microsoft Excel 2016.

Considerou-se como variáveis dependentes relacionadas à COVID-19 em idosos (acima de 60 anos de idade): taxa de incidência acumulada por 100 mil idosos (número de casos novos acumulados/número de idosos no estado*100.000), taxa de mortalidade acumulada por 100 mil idosos (número de óbitos acumulados dividido/número de idosos no estado*100.000), e taxa de letalidade acumulada (número de óbitos acumulados/número de casos em idosos*100).

Como variáveis independentes, determinou-se: o número de leitos hospitalares por 1000 habitantes, número de médicos por 1000 habitantes, percentual de cobertura pela Estratégia Saúde da Família, percentual de cobertura de Atenção Básica, índices de sobrenvelhecimento1515 Melo LA, Ferreira LMBM, Santos MM, Lima KC. Socioeconomic, regional and demographic factors related to population ageing. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2017;20(4):493-501. e envelhecimento, proporção de idosos, índice de desenvolvimento humano (IDH), percentual de pretos e pardos, razão de renda e densidade demográfica por km². As informações foram obtidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), todos de domínio público.

As variáveis foram analisadas de forma descritiva e bivariada, através de análise de correlação de Spearman, considerando nível de significância de 5%, utilizando o software R ®.

RESULTADOS

Ao observar as características populacionais e de números de casos e óbitos por COVID-19 nos estados brasileiros, o estado de São Paulo apresenta o maior número de casos e de óbitos por COVID-19 no país, com 82.161 casos e 6.163 óbitos. O estado que apresenta o menor número de casos pela doença é Roraima com 2.514 casos, que também apresenta o menor número de óbitos pela doença, com 86 óbitos (Tabela 1).

Tabela 1
Características populacionais e de números de casos e óbitos por COVID-19 nos estados brasileiros. Brasil,2020.

O estado do Ceará apresenta o maior número de casos da COVID-19 em idosos com 6.896 casos, e o estado de Roraima apresenta menor número de casos na população idosa com 198 casos. Embora o estado de São Paulo não tenha apresentado dados de casos por faixa etária, o maior número de óbitos em idosos foi registrado nesse estado, que apresentou 4.495 óbitos. O menor número de óbitos nessa faixa etária também foi observado no estado do Roraima, com 43 óbitos (Tabela 1).

A maior proporção de casos e de óbitos em idosos, respectivamente, foram observadas nos estados do Pará (22,36%) e do Rio Grande do Sul (84,44%), e as menores proporções, respectivamente, nos estados da Bahia (3,90%) e Amazonas (37,66%) (Tabela 1).

A Tabela 2 apresenta as características socioeconômicas, de recursos e serviços de saúde e indicadores de envelhecimento da população nos estados analisados. Cerca de 12,47% da população nos estados avaliados é idosa, com um índice médio de envelhecimento de 58,40, em contrapartida, a cobertura de Atenção Básica é de cerca de 78,47% da população, com valor médio de 1,65 médicos e 2,38 leitos hospitalares para cada 1000 habitantes.

Tabela 2
Características socioeconômicas, de oferta de serviços de saúde e indicadores de envelhecimento dos estados analisados. Brasil, 2020.

A maior taxa de incidência acumulada e de mortalidade por COVID-19 foi registrada no estado do Pará sendo 763,37 casos por 100 mil idosos e 219,06 óbitos por 100 mil idosos. A menor incidência acumulada foi observada na Bahia com 28,24 casos por 100 mil idosos e a menor taxa de mortalidade no estado de Minas Gerais (5,16 óbitos por 100 mil idosos). Em relação à letalidade verificou-se que a maior taxa foi registrada na Bahia (56,46%) e a menor em Santa Cantarina (8,05%) (Tabela 3).

Tabela 3
Indicadores de casos e óbitos em idosos por COVID-19 nos estados brasileiros. Brasil, 2020.

Ao avaliar a correlação entre os indicadores de casos e de óbitos em idosos e as variáveis independentes sociodemográficas, de cobertura por serviços de saúde e indicadores de envelhecimento da população, observou-se uma correlação moderada negativa significativa entre a taxa de incidência acumulada e a taxa de mortalidade, respectivamente, com o índice de envelhecimento (rho= -0,662; p=0,001 e rho= -0,520; p=0,013) e a proporção de idosos (rho= -0,659; p=0,002 e rho= -0,502; p=0,017). A taxa de incidência acumulada e a taxa de mortalidade apresentaram, respectivamente, correlação moderada positiva significativa com a proporção de pretos e pardos (rho=0,524; p=0,018 e rho=0,558; p=0,007) e com a razão de renda (rho=0,665; p=0,0001 e rho=0,683; p<0,001) (Tabela 4).

Tabela 4
Correlação entre indicadores de casos e óbitos em idosos por COVID-19 e características socioeconômicas, de recursos e serviços de saúde e indicadores de envelhecimento da população nos estados brasileiros. Brasil, 2020.

DISCUSSÃO

Os resultados apontam que entre os estados brasileiros incluídos na análise houve correlação entre a taxa de incidência e de mortalidade de idosos e a cor da pele, e em relação a este aspecto demográfico, dados semelhantes têm sido observados na população dos Estados Unidos em que também se observa alta prevalência e alta mortalidade na população negra, e em alguns estados norte-americanos, mais de 70% das mortes por COVID-19 ocorreram nessa população1616 Morrow-Howell N, Galucia N, Swinford E. Recovering from the COVID-19 Pandemic: a focus on older adults. J Aging Soc Policy. 2020;32(4-5):1-10.,1717 Evelyn K. 'It's a racial justice issue': Black Americans are dying in greater numbers from COVID-19. The Guardian [Internet]. 08 abr. 2020 [acesso em 26 maio 2020]. Disponível em: https://www.theguardian.com/world/2020/apr/08/its-a-racial-justice-issue-black-americans-are-dying-in-greater-numbers-from-covid-19
https://www.theguardian.com/world/2020/a...
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A raça/cor enquanto constructo social, diante do processo histórico discriminatório e exploratório, passou a constituir-se em um determinante socioeconômico capaz de balizar as desigualdades nas condições de saúde, vida e morte1818 Romero DE, Maia L, Muzy J. Tendência e desigualdade na completude da informação sobre raça/cor dos óbitos de idosos no Sistema de Informações sobre Mortalidade no Brasil, entre 2000 e 2015. Cad Saúde Pública. 2019;35(12):e00223218 [10 p.].. A pandemia da COVID-19 expôs a geografia das desigualdades e refletiu impiedosamente os processos históricos passados.

Na composição racial dos vulneráveis pela COVID-19 no Brasil, os moradores de favelas e periferias, pessoas em situação de rua e o grupo com maior prevalência de morbidades especificas (diabetes e hipertensão, por exemplo) são expressivamente compostos por pessoas negras1919 Bernardes JA, Arruzzo RC, Monteiro DMLV. Geografia e COVID-19: neoliberalismo, vulnerabilidades e luta pela vida. Rev Tamoios. 2020;16(1):188-205.. A população com menor nível de escolaridade, que na conjuntura brasileira é composta majoritariamente por negros, também é a população com maior dificuldade de acesso aos serviços de saúde e elevada dependência exclusiva do Sistema Único de Saúde (SUS); de menor renda, e que vivem em áreas precárias de habitação e infraestrutura de serviços básicos e com os piores indicadores sociais e de saúde2020 Paradies Y, Truong M, Priest N. A Systematic review of the extent and measurement of healthcare provider racism. J Gen Intern Med. 2014;29(2):364-87.

21 Malta DC, Moura L, Bernal RTI. Diferenciais dos fatores de risco de Doenças Crônicas não Transmissíveis na perspectiva de raça/cor. Ciênc Saúde Colet. 2015;20(3):713-25.

22 Stopa SR, Malta DC, Monteiro CN, Szwarcwald CL, Goldbaum M, Cesar CLG. Use of and access to health services in Brazil, 2013 National Health Survey. Rev Saúde Pública. 2017;51 Suppl 1:1-10.
-2323 Oliveira BLCA, Thomaz EBAF, Silva RA. The association between skin color/race and health indicators in elderly Brazilians: a study based on the Brazilian National Household Sample Survey (2008). Cad Saúde Pública. 2014;30:1438-52.. Uma baixa escolaridade pode colaborar pra ampliar a dificuldade de acesso dos indivíduos por reduzir sua compreensão do sistema, dificultar o reconhecimento de situações de risco e problemas de saúde, comprometendo a capacidade de tomar decisões informadas sobre sua saúde e consequentemente redução da procura e utilização dos serviços de saúde2424 Saadi A, Himmelstein DU, Woolhandler S, Mejia NI. Racial disparities in neurologic health care access and utilization in the United States. Neurology 2017;88(24):2268-75..

E para a população idosa, essas vulnerabilidades são potencializadas. Os achados de um estudo realizado com dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (PNAD) de 2008 indicam que as desigualdades sociais, na saúde e nas condições de vida, estão presentes entre os idosos no Brasil, no qual os idosos pretos e pobres vivenciam o processo de envelhecimento com sobreposição de riscos2323 Oliveira BLCA, Thomaz EBAF, Silva RA. The association between skin color/race and health indicators in elderly Brazilians: a study based on the Brazilian National Household Sample Survey (2008). Cad Saúde Pública. 2014;30:1438-52., e a epidemia de COVID-19 no Brasil tem apontado o quão desafiadora essas desigualdades se constituem para a organização de um sistema de saúde baseado nos princípios da integralidade, universalidade e equidade, e que vivencia um cenário de intensa transição demográfica e epidemiológica.

A despeito das maiores taxas de incidência e mortalidade estarem inversamente relacionadas à proporção de idosos na população e ao índice de envelhecimento, esses achados corroboram a premissa de que as áreas mais afetadas pela pandemia de COVID-19 no Brasil são os estados das regiões Norte e Nordeste do Brasil, apontados como as regiões com a estrutura etária mais jovem. Analogamente ao que tem ocorrido em muitos países desenvolvidos, as mudanças demográficas vivenciadas no Brasil têm convergido para um rápido e acentuado processo de envelhecimento e aumento da longevidade populacional2525 Camargos MCS, Gonzaga MR, Costa JV, Bomfim WC. Estimativas de expectativa de vida livre de incapacidade funcional para Brasil e Grandes Regiões, 1998 e 2013. Ciênc Saúde Colet. 2019;24(3):737-47..

Todavia, esse processo não ocorreu de forma simultânea em todo território nacional, onde os ganhos na expectativa de vida observados ao longo da segunda metade do século XX mostraram disparidades regionais acentuadas, principalmente no que diz respeito às regiões menos desenvolvidas do país. Esse processo desigual se reflete nas pirâmides etárias e os indicadores de estrutura etária apresentados entre as regiões brasileiras, com menores taxa de envelhecimento no Norte e Nordeste2626 Vasconcelos AMN, Gomes MMF. Transição demográfica: a experiência brasileira. Epidemiol Serv Saúde. 2012;21(4):539-48..

Além disso, alguns debates suscitam a ideia de que o Brasil “rejuvenesceu” a pandemia de COVID-19, como resultado da combinação da pirâmide etária brasileira com o baixo grau de distanciamento social. A despeito do número de óbitos ser maior nas idades mais avançadas, existe um significativo percentual de jovens sendo internados. O percentual de mortes observado no país para pessoas com menos de 50 anos tem sido maior do que o verificado em outros países, como Itália, Espanha e Estados Unidos2727 No Brasil, maioria dos contaminados são mais jovens, diz estudo. O Globo (Rio de Janeiro) [Internet]. 05 maio 2020 [acesso em 26 maio 2020]. Disponível em: https://www.spriomais.com.br/2020/05/05/no-brasil-maioria-dos-contaminados-sao-mais-jovens-diz-estudo/
https://www.spriomais.com.br/2020/05/05/...
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Outro importante achado do presente estudo é a maior incidência e mortalidade por COVID-19 entre idosos nos estados mais pobres do Brasil. São diversas as variáveis que tornam a população de baixa renda mais propensa à infecção pelo novo Coronavírus, tais como o uso de transporte público, o maior número de moradores por domicílio, o deficitário acesso ao saneamento básico e à saúde e a dificuldade dos idosos e de seus familiares de manter o isolamento social sem perda importante da renda ou do trabalho2828 Mendonça FD, Rocha SS, Pinheiro DLP, Oliveira SV. Região Norte do Brasil e a pandemia de COVID-19: análise socioeconômica e epidemiológica. J Health NPEPS. 2020;5(1):20-37..

Apontam-se os estados da região Norte do país entre os menos desenvolvidos do Brasil2929 Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Desenvolvimento humano nas macrorregiões brasileiras [Internet]. Brasília, DF: 2016 [acesso em 25 maio 2020]. Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/6217/1/Desenvolvimento%20humano%20nas%20macrorregi%C3%B5es%20brasileiras.pdf
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream...
e que, nessa emergência sanitária atual, se destacaram pela grande carga de COVID-19. Uma possível explicação para as maiores taxas de mortalidade por COVID-19 entre idosos nessa região diz respeito à própria dificuldade de acesso e disponibilidade de serviços de saúde. Os dados da Pesquisa Nacional de Saúde mostram que existem grandes diferenças do acesso aos serviços de saúde entre as regiões no Brasil, com maiores proporções de consultas médicas nas regiões que apresentam as melhores condições de vida e os maiores Índices de Desenvolvimento Humano2121 Malta DC, Moura L, Bernal RTI. Diferenciais dos fatores de risco de Doenças Crônicas não Transmissíveis na perspectiva de raça/cor. Ciênc Saúde Colet. 2015;20(3):713-25.. As taxas mais elevadas de mortalidade observadas nos estados do Norte do país podem ser justificadas pela dimensão territorial da região, o sistema de transporte precário, composto por poucas rodovias e em mau estado de conservação, além de hidrovias com problemas de navegabilidade, o que prejudica a distribuição e organização de serviços de saúde de forma eficaz, dificultando a acessibilidade dos usuários3030 Rodrigues CG, Simões RF, Amaral PV. Distribuição da rede de oferta de serviços de saúde na região norte: uma análise espacial multivariada. Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar; 2007.. Além disso, a região Norte é, entre todas, a que possui, proporcionalmente, o menor número de leitos de UTI, de médicos e de respiradores, os quais são amplamente necessários no tratamento e no combate não só dessas enfermidades, mas também das complicações desencadeadas pelas infecções por COVID-192828 Mendonça FD, Rocha SS, Pinheiro DLP, Oliveira SV. Região Norte do Brasil e a pandemia de COVID-19: análise socioeconômica e epidemiológica. J Health NPEPS. 2020;5(1):20-37..

A baixa disponibilidade de testes de diagnóstico específicos, particularmente a RT-PCR em tempo real, é um desafio crucial para a detecção de COVID-19. O Brasil enfrenta o desabastecimento de kits para a detecção de agentes (primers, sondas, controle, dentre outros), e pequeno quantitativo de recursos humanos capacitados para a realização de exames, o que gera atraso na liberação de resultados produzidos localmente, gerando não apenas atraso na notificação, como sobrecarga nos laboratórios de referência e a subnotificação3131 Martins LR, Codeço CV, Gomes MFC, Cruz OG, Bastos LS, Villela DAM, et al. The novel coronavirus (SARS-CoV-2) emergency and the role of timely and effective national health surveillance. Cad Saúde Pública. 2020;36(3):e00019620 [10 p.].. Essa é uma das principais limitações para os estudos de base populacional que pretendem descrever o cenário da doença no país, já que grande parcela dos casos podem não ter sido notificados.

Acredita-se que o atual cenário da COVID-19 no Brasil esteja relacionado, também, à baixa adesão da população às orientações de distanciamento social, visto que os dados do dia 25 de maio apontam que o índice de isolamento social no país foi de 43,9%, valor abaixo do recomendado que é de 70%, e entre os estados, aquele que apresentou o maior índice foi o Amapá com 52,6% e o menor foi registrado em Goiás com 37,2%3232 Dolzan M. Monitor acompanha taxas de isolamento social no Brasil. Estadão [Internet]. 14 maio 2020 [acesso em 26 maio 2020]. Disponível em: https://www.estadao.com.br/infograficos/saude,monitor-acompanha-taxas-de-isolamento-social-no-brasil,1093828
https://www.estadao.com.br/infograficos/...
. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos para a efetividade de intervenções não farmacológicas durante a pandemia, como o distanciamento social, deve haver aceitação e participação da população, e para tanto é de extrema importância que a comunicação entre as autoridades do país e a população seja honesta, transparente e coesa, para que dessa maneira possa existir confiança por parte da população, e decorrente a isso passem a adotar as medidas de controle para mitigação da doença3333 Qualls N, Levitt A, Kanade N, Wright-Jegede N, Dopson S, Biggersataff M, et al. Diretrizes da comunidade para mitigação de prevenção da gripe pandêmica - Estados Unidos. Morbidity and Mortality Weed Report. Atlanta: CDC; april 21 2017. Recommendatios and reports. Report 66 (Nº RR-1):1-34.,3434 Garcia LP, Duarte E. Intervenções não farmacológicas para o enfrentamento à epidemia da COVID-19 no Brasil. Epidemiol Serv Saúde. 2020;29(2):e2020222 [10 p.]..

E quanto a essas medidas sanitárias a serem impostas para o controle da pandemia no Brasil, é crucial que sejam pensadas com especial cuidado na população idosa. A implantação de medidas como o isolamento social vertical poderá expor a uma maior vulnerabilidade essa parcela da população que já está bastante vulnerabilizada. Neste sentido, o isolamento vertical não será eficaz em proteger completamente os idosos, que possuem risco alto de desenvolver doença grave e morte, visto que, mesmo com a restrição da circulação dessas pessoas, a população idosa estará susceptível à transmissão intradomiciliar pelo fato de terem contato com indivíduos que saem de casa e, portanto, estarão mais expostos ao vírus, assim como a danos colaterais provenientes da mudança de rotina desse grupo, como maior risco ao desenvolvimento ou agravamento de problemas de saúde mental e doenças crônicas não transmissíveis, especialmente as cardiovasculares3535 Schuchmann AZ, Schnorrenberger BL, Chiquetti ME, Gaiki RS, Raimann BW, Maeyam MA. Isolamento social vertical X Isolamento social horizontal: os dilemas sanitários e sociais no enfrentamento da pandemia de COVID-19. Braz J Health Rev. 2020;3(2):3556-76..

É importante destacar, ainda, as limitações provenientes do desenho do estudo, o qual, por se tratar de um estudo ecológico, sua generalização aplica-se a agregados populacionais e não a nível individual. Além disso, por utilizar dados coletados pelos municípios e estados, deve-se considerar também a subnotificação dos casos pela falta de recursos para testagem em massa, como já discutido anteriormente. Entretanto, este estudo pode subsidiar as tomadas de decisões e a conformação de redes de proteção aos grupos populacionais identificados, bem como estimular o aumento da notificação e monitoramento da população idosa.

CONCLUSÃO

A epidemia de COVID-19 no Brasil revelou que, nos estados analisados, a incidência acumulada e a mortalidade na população idosa estão relacionadas às questões demográficas - idade, raça e renda, evidenciando a necessidade do cuidado e acompanhamento específico da pessoa idosa. No momento atual, em que o distanciamento social se configura como estratégia prioritária para o controle da doença, a Atenção Primária à Saúde (APS) configura-se como pilar essencial para o cuidado das pessoas idosas, tanto pelos seus princípios quanto pela sua abrangência territorial - especialmente nas áreas de maior vulnerabilidade, o que demonstra a necessidade de estruturação e de fortalecimento desse nível de atenção à saúde, o qual desempenha papel de extrema relevância para a redução das iniquidades em saúde.

Neste sentido, faz-se necessário repensar o processo de trabalho dos profissionais da APS e a introdução de tecnologias de informação e comunicação como estratégia complementar para o monitoramento da saúde das pessoas idosas, que mostra-se como importante ferramenta para a integralidade do cuidado nesse nível de atenção.

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  • Financiamento da pesquisa:

    Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), bolsa de pós-doutorado, processo 88887.372306/2019-00, bolsa de doutorado processo 88887.485091/2020-00 e processo 88887.505839/2020-00.

Editado por

Edição:

Ana Carolina Lima Cavaletti

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Out 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    01 Jun 2020
  • Aceito
    17 Jul 2020
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