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Tecendo uma rede de usuários da CIF

EDITORIAL

Tecendo uma rede de usuários da CIF

O Centro Colaborador da Organização Mundial de Saúde para a Família de Classificações Internacionais em Português (CBCD) realizou, nos dias 18 e 19 de junho de 2007, na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, a 1ª Reunião Nacional sobre a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). O objetivo do encontro foi divulgar a CIF e suas aplicações, assim como propiciar o contato e a troca de experiências entre pesquisadores com interesse na classificação. O evento contou com aproximadamente 200 pessoas de diferentes regiões do país e distintas áreas de atuação, destacando docentes, profissionais de saúde, estudantes de pós-graduação, representantes políticos e do movimento de pessoas com deficiência. Na oportunidade, foi oferecido um minicurso; palestras sobre a história das classificações; a CIF para crianças e jovens; o uso da CIF no ensino, na pesquisa e na clínica e qualidade de vida, direitos humanos e a CIF.

O modelo de funcionalidade e incapacidade da OMS adota uma abordagem biopsicossocial, refletindo a interação entre as várias dimensões da saúde (biológica, individual e social) descrita nos componentes: estrutura e função corporal, atividade e participação. A CIF introduz um novo paradigma para se pensar e trabalhar a deficiência e a incapacidade, considerando que as mesmas não resultam diretamente das condições de saúde, mas são determinadas também pelo contexto (físico e social), pelas diferentes percepções culturais e atitudes com relação à deficiência, pela disponibilidade de serviços e de políticas públicas1.

No evento, foram apresentadas diversas experiências com o uso da CIF enquanto um sistema de classificação e também como modelo conceitual de funcionalidade e de incapacidade. As aplicações do modelo da CIF incluem a utilização de sua estrutura conceitual para análise do impacto de uma condição de saúde sobre a funcionalidade humana2,3, análise da evidência científica disponível sobre determinado tema bem como modelo norteador do raciocínio clínico4. Em acréscimo, a CIF se propõe a orientar o desenvolvimento de estruturas curriculares como o caso do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação/UFMG e de políticas na área de saúde como exposto pela CORDE (Coordenadoria Nacional para Pessoa Portadora de Deficiência) e Ministério da Saúde.

O sistema de classificação ou os códigos da CIF têm sido usados na análise do conteúdo de funcionalidade ou de incapacidade abordado por diferentes instrumentos de avaliação5. Uma outra aplicação da CIF, voltada ao processo de avaliação, é ilustrada pelo desenvolvimento de agrupamentos elementares de códigos (do inglês core sets) que são considerados de maior relevância para determinada condição de saúde. Pesquisadores do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho/UFRJ, da Faculdade de Saúde Pública/USP e Hospital das Clínicas/USP apresentaram trabalhos direcionados a definição de core sets para diferentes condições de saúde.

A 1ª Reunião Nacional da CIF representou um passo importante no sentido de ampliar o uso da CIF no Brasil ao favorecer a troca de experiências entre os usuários da classificação e ao aproximar pesquisadores de diferentes instituições.

Rosana Ferreira SampaioI; Marisa Cotta ManciniII

IPrograma de Pós-graduação em Ciências da Reabilitação, Departamento de Fisioterapia, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional - EEFFTO, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Belo Horizonte, MG - Brasil

IIPrograma de Pós-graduação em Ciências da Reabilitação, Departamento de Terapia Ocupacional, EEFFTO, UFMG

  • 1. Faria N, Buchalla CM. A classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde da organização mundial de saúde: conceitos, usos e perspectivas. Rev Bras Epidemiol. 2005;8(2):187-93.
  • 2. Viana S, Sampaio R, Mancini MC, Drumond A. Life satisfaction of workers with work-related musculoskeletal disorders in Brazil: association with symptoms, functional limitations and coping. J Occup Rehabil. 2007;17:33-46.
  • 3. Mancini MC, Megale L, Brandão MB, Melo APP, Sampaio RF. Efeito moderador do risco social na relaçõa entre risco biológico e desempenho funcional infantil. Rev Bras Saúde Mat Inf. 2004;4(1):25-34.
  • 4. Sampaio RF, Mancini MC, Gonçalves GGP, Bittencourt NFN, Miranda AD, Fonseca ST. Aplicação da classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde (CIF) na prática clínica do fisioterapeuta. Rev Bras Fisioter. 2005;9(2):129-36.
  • 5. Drummond AS, Sampaio RF, Mancini MC, Kirkwood RN, Stamm TA. Linking the disability arm shoulder and hand (DASH) to the international classification of functioning, disability and health (ICF). J Hand Ther. No prelo 2007.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Jan 2008
  • Data do Fascículo
    Ago 2007
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