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Educação Médica: Pressupostos e Referências

Considerações iniciais

A Educação tem como uma de suas características fundamentais a necessidade constante de proceder mudanças. É, em si mesma, causa e efeito de permanente procura. Esse caráter dinâmico da Educação tem feito surgir, ao longo dos tempos, as mais diversas teorias educacionais, as quais, sem embargo, espelham as épocas, os estágios vivenciados por determinada sociedade.

Algumas formas de “pensar e agir em Educação” podem ser observadas como mais precisas e de maior penetração social, conduzindo a mudanças de resultados mais duradouros. Não se pretende neste estudo, analisar em pormenores essas colocações filosóficas; a tentativa restringe-se a uma apresentação bastante sumária de algumas posições, procurando destacar seus pontos de maior relevância.

Uma segunda abordagem deste trabalho diz respeito à atuação do professor universitário (com ênfase ao desempenho do docente médico). É evidente que o docente, tanto quanto o aluno, ocupa posição ímpar no processo educacional: ambos são fatores de mudanças cujos resultados têm reflexos imediatos sobre os propositores e autores dessas mesmas mudanças. Operadas pelos mais diretos agentes do processo, aliam-se a elas decisões e propostas de modificações, de cunho estritamente legal e que trazem em seu espírito ideologias que definem (e muitas vezes impõe) determinada política educacional.

A simultaneidade de ser agente e receptor, implica em que o professor, quando não se apresenta como mero executor de ordens advindas de diferentes níveis hierárquicos, procure uma posição de equilíbrio, no sentido de uma possível conciliação entre suas idéias e as aberturas existentes para praticá-las.

Não é de todo desnecessário relembrar que, numa visão histórica, a Escola - em que pese as tentativas para alterar essa imagem - ocupou sempre um lugar mais de análise e discussão de situações existentes e raramente se colocou na vanguarda dos acontecimentos. Contudo, suas tentativas de influir são no sentido de modernização e não de inovação.

O final do estudo é um relato do Programa de Preparo e/ou Atualização Pedagógica para Docentes de Área da Saúde. A finalidade está em mostrar que a linha de atuação do Programa é traçada em função de um embasamento filosófico que vem atendendo às necessidades didático-pedagógicas sentidas e declaradas pelo docente da área de saúde. Reputam os autores ser este, no momento, programa de grande relevo da Associação e que reflete as aspirações maiores da instituição.

1. Modos de pensar em educação

A Educação é, freqüentemente, objeto de estudo de interessados dos mais diversos campos do conhecimento: de sociólogos a economistas, de pedagogos a políticos.

As duas concepções tradicionais da Educação consideram-na um processo, cujo percurso é contínuo e estável. Ambas reconhecem o conceito de formabilidade como pressuposto básico de educar.

A primeira dessas concepções é a da Educação como uma produção artesanal. Tomando como modelo a ciência física, a educação é descrita como um processo em que o artífice, de acordo com um plano preestabelecido, produz o objeto, partindo de um material recebido e utilizando-se de instrumentos adequados.

O educador - o artífice - segundo um modelo ideal, “produz” o educando servindo-se de meios apropriados para atingir aquele modelo. Nesse trabalho, em que predomina a interferência da técnica a serviço da meta educacional proposta, há implicações de linearidade e continuidade.

Educar é, pois, produzir. As metas finais são ditadas pela ética; os conhecimentos sobre o educando são fornecidos pela psicologia e por outras ciências. Como o produzir mecânico artesanal, a Educação consiste na manipulação do “material” humano, a ser transformado na imagem que dele se quer.

A segunda concepção é a da Educação como um processo orgânico, isto é, “a Educação é uma arte de cultivar e de deixar crescer”, no dizer de Bollnow, resultante da constatação de que o processo de formação do homem segundo um modelo apriorístico seria irrealizável. A formação do homem não pode ser feita de fora, obedecendo a modelos prévios, pela simples ação de outrem. A intenção destes, aliás, pode ver-se frustrada porque o homem interfere nessa ação, alterando-a ou burlando-a.

Assim, tomando como modelo a ciência biológica, a concepção orgânica descreve a Educação como um processo em espiral, embora guardando uma linha central de orientação, O crescimento do educando faz-se de dentro para fora. Não há um modelo fixo, um ponto de chegada ideal e obrigatório para todos - cada um chega onde pode chegar. Os fins não são rigidamente previstos.

Essas duas concepções traduzem posições fundamentais em Pedagogia, sem excluir outros posicionamentos.

Embora menos conhecidas e aceitas, há formas de uma atuação pedagógica instável e descontínua, consoante com a concepção de homem expressa na moderna Filosofia da Existência. Segundo esta, há no homem um cerne, o mais íntimo e interno, que foge a qualquer forma de constituição durável, porque se processa sempre e só no momento-instante, desaparece de novo com o fluir do instante. Não há, em princípio, a continuidade dos fenômenos da vida. O que há é somente o “elan individual que surge da concentrada dinâmica global do homem e que se processa no instante, decai em seguida num estado de vida inautêntica sem projeção, da qual, no instante seguinte, pode eventualmente brotar um novo elan”, ainda repetindo palavras, de Bollnow. Nesta perspectiva, a educação, nas formas concebidas e consagradas, apresenta-se como impossível.

Diante do exposto, a proposta estaria em questionar sobre qual a concepção mais adequada do educar. Talvez a resposta esteja direta e fundamentalmente presa à concepção que o homem faz de si e do mundo, o que, em última instância, é reflexo e resultado das convicções, das crenças, dos dogmas, do momento e do espaço histórico em que vive. O desempenho do professor decorre, conscientemente ou não, da sua concepção de Educação.

2. O preparo pedagógico do professor

Assim como hoje a atuação do médico difere muito da exigida de seus colegas de décadas passadas, também o desempenho do professor na sociedade moderna sofreu profundas alterações, se o compararmos com o de seus predecessores. Ao médico, além de seu interesse e consideração pelo bem-estar de seus pacientes, solicitam-se apurados conhecimentos técnicos e científicos; ao professor requer-se uma sempre maior e mais aprofundada bagagem de conceitos e conhecimentos, que variam constantemente em razão das transformações extremamente rápidas por que passa a sociedade atual. O docente-médico acumula as responsabilidades de ambas as profissões. Parece-nos importante abordar as maneiras como vem sendo qualificado o professor.

Uma das concepções antigas mais divulgadas é a do professor como transmissor de informações. O processo tem início com o professor (fonte de sabedoria) e termina com o aluno (receptor das informações). Ao professor basta ser um profissional competente na própria especialidade, com grande domínio do conteúdo a ser ensinado. Se, por sorte, a natureza premiá-lo com “dotes inatos” de uma boa comunicação, tanto melhor.

Hoje, entretanto, o professor não é mais um simples transmissor de saber: o processo de ensino não apenas propicia ao aluno a aquisição de conhecimentos, mas também e principalmente influencia suas atitudes, interesses, valores e ações. Atualmente, apenas uma coisa é garantida no setor educacional - a mudança -, e o aluno prepara-se não para conhecer verdades imutáveis, mas para aprender a aprender. A tarefa do professor não se restringe a “ajudar” o aluno a aprender, ele deve também estar interessado com o que ocorre ao aluno como conseqüência de sua aprendizagem.

Não se coloca em dúvida que o professor deve ter o domínio do conteúdo da disciplina que ensina, nem se discute que atualize constantemente seus conhecimentos. O que se quer destacar é que os professores, como outros profissionais, podem ser preparados para o bom desempenho de suas funções. As características inatas do indivíduo ampliam ou interferem em suas habilidades profissionais. O professor pode facilitar, interromper ou mesmo impedir a aprendizagem de seus alunos.

Nas palavras de E. O. Melby “para aprender, o aluno necessita convencer-se de que pode aprender, conhecer a forma de consegui-lo, aumentar a confiança em si mesmo e saber que os que o rodeiam o aceitam como pessoa e acreditam nele". O magistério, como outras profissões que envolvem interação humana, será melhor desempenhado por indivíduos que sejam emocionalmente equilibrados e que tenham interesse, respeito e confiança nas outras pessoas.

A qualidade do ensino tem relação não só com a competência do professor na sua especialidade, como também com suas características pessoais, com seu relacionamento com os alunos e com sua habilidade na aprendizagem dos alunos. Apesar das generalizações que possam ser feitas sobre o processo ensino-aprendizagem, o trabalho do professor não consiste na aplicação de princípios e regras fixas, pois cada professor, cada aluno e cada situação de ensino-aprendizagem é singular.

O professor, como profissional, domina métodos e técnicas de ensino e para cada situação particular considera o conteúdo da disciplina, os objetivos, as características dos alunos e os princípios gerais à situação real do momento com todas as peculiaridades.

O preparo didático do professor universitário fornece os instrumentos (conhecimentos e habilidades) que permitem selecionar a melhor alternativa compatível consigo, com a estrutura da sua disciplina e com a situação particular de aprendizagem.

A formação didático-pedagógica do professor permite atitudes profissionalmente válidas, diferenciando-o do leigo. Segundo Kierkegaard, “ser um professor não significa simplesmente afirmar que se é, ou pronunciar uma conferência, etc. Não; ser professor no verdadeiro sentido da expressão é ser um estudante”.

3. O programa de preparo pedagógico

A iniciativa para acesso ou aperfeiçoamento de instrumental didático-pedagógico do docente médico, há muito é preocupação da Associação Brasileira de Educação Médica. Desde sua fundação, a ABEM demonstra nítido interesse pelo assunto, procurando atender às escolas nesse particular, quer seja mediante tentativas de aproximação entre Faculdades de Educação e de Medicina, muitas vezes com auxílio de órgãos governamentais, quer seja promovendo debates e pretendendo, ela própria, desenvolver um programa pedagógico.

Assim é que, em 1964, “Pedagogia Aplicada à Medicina” foi tema da II Reunião Anual da ABEM. Na ocasião, foram abordados e questionados, dentre outros, tópicos relativos à metodologia do ensino médico, valor da aula magistral, importância da pesquisa e função do professor. Dentre pré-requisitos para o exercício da atividade docente, foram destacados o Internato e a Residência, havendo sido proposto um programa de bolsas de estudo em centros de treinamento avançados, o que poderia ser alcançado com apoio governamental. De acordo com o Relatório Final da Reunião, elaborado por Roberto Santos, os participantes do conclave defenderam o estabelecimento, em cada Faculdade de Medicina, de um Departamento de Pesquisa sobre Educação Médica, o qual, em princípio, cuidaria da “coordenação e divulgação de informações relativas a problemas de Educação Médica”. Parece-nos ser este o marco do movimento pedagógico da ABEM, posto que, pela primeira vez, as escolas de medicina, em conjunto, propugnaram pela necessidade, urgência e importância do preparo docente.

Em 1966, na VI Reunião Anual, falou-se sobre “Planejamento Didático nas faculdades de Medicina do Brasil”, propondo-se não apenas a formação do professor para atividades docentes em suas escolas mas, além disso, que as Faculdades se reformulassem no sentido de promover, através de seus corpos docentes e discentes, entrosamento com os serviços regionais de saúde. Professores e alunos estariam voltados não somente para o debate e assimilação de técnicas mas, dentro do espírito que norteou a organização da Faculdade de Ciências Médicas de Brasília, encarando todo o processo formador através de uma ótica comunitária. Esta maior abrangência e mais intensa participação das Faculdades de Medicina na Comunidade tornavam imperiosa uma mudança de comportamento didático-pedagógico do docente médico, a fim de atender à nova proposta.

Conseqüência de aspiração das Faculdades de Medicina, e resultado da obstinação e idealismo de José Roberto Ferreira e Aloysio Amâncio, no mesmo ano de 1966, novembro, foi constituída a Seção de Pedagógica Médica e Pesquisa em Educação da ABEM, que ficou a cargo de Célia Lúcia Monteiro de Castro. A esta Seção estariam afeitos, inicialmente, estudos da situação das escolas e dos docentes médicos, para posterior elaboração de um programa de Preparo Pedagógico e Pesquisa em Educação.

Se já havia preocupação com a precariedade das condições didático-pedagógicas do professor de Medicina, o surgimento indiscriminado de novas escolas médicas, tornou mais flagrante o problema, devido a disparidade na relação professor/aluno. Em sua V Reunião Anual, em 1967, a ABEM reforçou sua posição quanto à necessidade de preparo pedagógico do docente-médico, ao selecionar para debates o tema “Preparo Pedagógico do Pessoal Docente em Medicina”. Dentre as recomendações da Reunião surgiram afirmativas de que o preparo “deveria ser orientado no sentido dos fundamentos da educação (psicologia, sociologia e filosofia) e no sentido das técnicas gerais de ensino e aprendizagem”. Consubstanciava-se ali uma das metas da Associação, já que o assunto passou a merecer estudos mais profundos, com análise de diferentes propostas surgidas tanto nas escolas de Medicina, quanto emanadas da Diretoria Executiva da ABEM.

A VIII Reunião Anual, em 1970, tratou largamente da questão, tendo ocorrido, como parte do programa, dois seminários específicos, um deles sobre “Avaliação de estudantes e ensino” e outro sobre “Objetivos educacionais e planejamento curricular”, além de um dos temas centrais da Reunião ter sido “Avaliação científica: um instrumento indispensável para a tomada da decisão”, introduzido por Christine McGuire.

Correndo o ano de 1971, a Diretoria Executiva da ABEM elaborou um Programa de Preparo Pedagógico, que procurou sistematizar o movimento. Nos meses de julho e novembro daquele ano, a ABEM, em conjunto com a FEPAFEM e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, ministrou cursos de “Objetivos de ensino médico e planejamento curricular”.

Durante o ano de 1972, além de inúmeros contatos com entidades outras vinculadas à Educação Médica, foram realizados pela ABEM dois cursos (Goiânia, fevereiro e Recife, abril) sobre “Pedagogia Médica”, ambos ministrados por Célia Lúcia Monteiro de Castro. A X Reunião Anual da ABEM, ratificando as aspirações surgidas e refletindo o desempenho da Associação no setor, teve como um de seus temas “A Formação do Docente”.

Finalmente, em 1973, consolidou-se definitivamente o Programa de Preparo e/ou Atualização Pedagógica da ABEM, com a realização do “I Seminário de Objetivos e Metodologia Educativa”, em João Pessoa, PB, promovido pela ABEM e patrocinado pela FEPAFEM. De então para agora, as atividades se desenvolvem de forma contínua, com o Programa atuando mediante realização de cursos, encontros e assessoramento constante às Escolas Médicas.

4. O programa de preparo pedagógico em sua forma presente

O Programa de Preparo e/ou Atualização Pedagógica para Docentes de Área da Saúde possui como objetivos:

  1. aumentar a produtividade do aparelho formador do setor saúde, melhorando as condições de ensino-aprendizagem mediante o preparo e/ou atualização pedagógica do professor;

  2. Iniciar e/ou orientar atividades didático-pedagógicas já existentes ou em planejamento nas escolas da área;

  3. estabelecer, a médio prazo, centros regionais de formação pedagógica, localizados em áreas estratégicas e contando com a imprescindível participação das Faculdades de Educação;

  4. propiciar aos professores de Medicina, através de cursos, elementos que permitam, num enfoque pedagógico, analisar as características e os problemas básicos do ensino universitário como um todo e da área específica de sua docência, em particular;

  5. oferecer assessoramento no campo didático-pedagógico.

Com uma linha de ação continuada, o Programa está alicerçado em três frentes de atuação interligadas:

  1. cursos

  2. assessoria

  3. investigação.

Para maior clareza de entendimento, é conveniente explicitar cada um desses setores de atuação.

I - Cursos

Os mesmos são realizados adotando-se metodologia que objetiva maior envolvimento possível do participante. O docente através da vivência de técnicas e da discussão de problemas educacionais, cria, ele mesmo, possibilidades de melhor adequar os conhecimentos adquiridos aos seus objetivos de ensino. Em outras palavras, técnicas de trabalho individual e de grupo, se transformam no instrumental a ser “trabalhado” pelo docente e por ele levado à prática na medida de suas conveniências e necessidades.

Os cursos, que atendem em média a 30 (trinta) docentes, recrutados entre pessoal das áreas de saúde e educação, estão atualmente estruturados em oito unidades, a saber:

Unidade I - Processo Ensino-Aprendizagem

Conceituação de Pedagogia e Didática. Processo ensino-aprendizagem. Modernas correntes psicopedagógicas. Comunicação no processo ensino-aprendizagem. Visão geral dos elementos da ação didática.

Unidade II - Técnicas de Ensino­Aprendizagem

Considerações gerais sobre as técnicas de ensino - aprendizagem. Os trabalhos individualizados e em grupo e sua implicação na Educação. Aplicação e crítica de algumas técnicas de ensino-aprendizagem.

Unidade III - Objetivos Educacionais Conceituação de objetivos educacionais. Fontes de objetivos educacionais. Taxionomia dos objetivos educacionais. Formulação de objetivos educacionais. Análise de objetivos.

Unidade IV - Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem Conceitos. A avaliação no processo ensino-aprendizagem. Avaliação e Medida. Instrumentos de avaliação.

Unidade V - Recursos auxiliares no Processo Ensino-Aprendizagem. O emprego de recursos auxiliares no pro­ cesso ensino-aprendizagem. Processo de comunicação. Recursos audiovisuais. Análise das vantagens e limitações dos recursos.

Unidade VI - Planejamento de Ensino Conceitos. Níveis de planejamento educacional. Fases do Planejamento. Tipos de planejamento. Elaboração e análise de planos.

Unidade VII - Metodologia Científica Considerações gerais sobre Metodologia Cientifica. Evolução do conhecimento. Método, técnica e metodologia. Metodologia do trabalho científico. Como elaborar um projeto de pesquisa. A metodologia científica e a formação profissional do médico.

Unidade VIII - Filosofia da Educação O saber filosófico. Evolução do pensamento filosófico. Método fenomenológico. Existencialismo-Heidegger e Marcel.

Visando assegurar a seqüência lógica dos cursos, o planejamento, a seleção e o preparo do material neles utilizados são de responsabilidade dos membros da equipe pedagógica da ABEM, que também participam de sua execução prática.

Ressalte-se que o conteúdo de cada um dos cursos busca atender o mais possível às necessidades do grupo e fornecer fundamentação teórica para as atividades de ensino.

II - Assessoria

Através de uma Equipe Pedagógica permanente, é mantido estreito contato com as escolas cobertas pelo Programa. Sediada nas dependências da Diretoria Executiva da ABM, a Assessoria funciona como polo catalisador e distribuidor das atividades do Programa, atuando como órgão consultor e de promoção de assuntos de educação médica entre as escolas do setor saúde.

III - Investigação

Dentre as atividades de Investigação, ênfase tem sido dada ao levantamento de bibliografia especializada em Educação, em particular Educação Médica, existindo já listagem bastante ampla de documentos e considerável acervo na Biblioteca da ABEM.

Paralelamente, estão em andamento, ou sendo iniciados, estudos sobre:

  • currículo médico;

  • análise do Programa através de depoimentos prestados por participantes de Cursos;

  • a Pedagogia Médica no Brasil: importância e limitações.

Considerações finais

No que se refere a preparo e aperfeiçoamento didático-pedagógico do pessoal de área de saúde, a contribuição da A BEM tem sido a de despertar o docente para os problemas gerais da Educação, tendo em vista:

  1. as transformações tecnológicas e sociais do momento presente, que exigem do docente nova forma de ação;

  2. participação do docente no questionamento, análise e defesa de novos posicionamentos e novas formas de ação;

  3. o papel atual do docente universitário como agente de transformação e não o de um mero transmissor de conhecimentos.

O Programa de Preparo Pedagógico não oferece soluções nem fórmulas a serem seguidas; propicia condições para que cada um crie e encontre, dentro de si e com os recursos disponíveis, sua forma peculiar de ação em função dos objetivos e da realidade em que atua.

ANEXOS

  1. A Associação Brasileira de Educação Médica - antecedentes e atividades

  2. Atividades desenvolvidas pelo Programa de Preparo Pedagógica

Anexo 1. A Associação Brasileira de Educação Médica _ Antecedentes e Atividades

A Associação Brasileira de Educação Médica - ABEM é uma sociedade civil, de âmbito nacional, fundada em 21 de agosto de 1962, e tem sua Diretoria Executiva localizada no Rio de Janeiro.

Considerada de utilidade pública pelo Decreto n° 64.571, de 23 de maio de 1969 e registrada no Conselho Nacional de Serviço Social sob o n° 250.723/77, a Associação (filiada à Federação Pan­Americana de Associações de Faculdades - Escolas - de Medicina) é constituída por todas as Faculdades, Escolas, Centros, Institutos e Cursos vinculados à Educação Médica no Brasil.

Surgida por iniciativa de um grupo de educadores médicos liderados por Oscar Versiani Caldeira, a criação da ASEM decorreu da necessidade de congregar as Faculdades de Medicina, mediante propósitos definidos de ação. Hoje, aglutinando oitenta e duas entidades, a ABEM apresenta-se como uma instituição consolidada no panorama educacional médico de nosso País.

Dois são os propósitos que norteiam a ABEM:

  • o aprimoramento contínuo da educação médica em todos os seus sentidos;

  • a vinculação da educação médica às necessidades de saúde da população brasileira.

A fim de orientar operacionalmente no sentido de seus propósitos, a ABEM exerce atividades que podem ser grupadas em: atividades de planejamento, aperfeiçoamento, assessoramento e intercâmbio.

Planejamento: planejamento a longo prazo da educação médica no Brasil, com inquéritos e levantamentos das situações vigentes para projeção no futuro; de novas escolas médicas; de reformas de currículos e administração das escolas; da política de ensino de cada escola;

Aperfeiçoamento: aperfeiçoamento constante dos métodos de ensino, das diversas formas de avaliação do processo ensino-aprendizagem, incluindo formas de admissão de candidatos aos cursos médicos e reciclagem do pessoal docente;

Assessoria: assessoria à pesquisa cientifica na área das ciências da saúde, especificas e conexas; aos estudos pedagógicos em Medicina; aos programas de participação das escolas na vida das suas comunidades; à implantação do Internato e da Residência;

Intercâmbio: intercâmbio entre as diversas Faculdades e Escolas de Medicina (do Brasil e do estrangeiro); intercâmbio com as demais Associações Nacionais de outros países; intercâmbio com a Organização Pan-Americana da Saúde e com todos os órgãos que cuidam da saúde e da educação no Brasil.

Entre as principais realizações da ABEM, podem ser ressaltadas:

  • Reuniões e Congressos de Educação Médica - Recife (1963); Poços de Caldas (1964); Porto Alegre (1965); Salvador (1966); Campos do Jordão (1967); Fortaleza (1968); Niterói (1969); Brasília (1970); Curitiba (1971); João Pessoa (1972); Rio de Janeiro (1973); São Paulo (1974); Salvador (1975); Rio de Janeiro (1976); Belém (1977);

  • publicação de treze (13) anais contendo a matéria tratada em cada uma das reuniões anuais;

  • publicação de uma série de estudos relativos à administração e organização das faculdades e/ou escolas de Medicina;

  • seminários nacionais e regionais;

  • pesquisas e levantamentos de dados no campo da educação médica;

  • participação de vários de seus membros em comissões de Especialistas em Ensino Médico, em níveis nacional e internacional;

  • colaboração em exames unificados de habilitação aos cursos médicos;

  • colaboração em cursos de pós-graduação e congressos de especialidades;

  • criação de um centro de intercâmbio do ensino da medicina preventiva;

  • cadastramento de pessoal docente das faculdades médicas e de um catálogo das faculdades de medicina;

  • desenvolvimento de projetos especiais, tais como o Programa Livro de Medicina e Programa “A Formação do Médico de Família”, o primeiro com o apoio da OPAS/OMS e o segundo com o apoio da Fundação Kellogg;

  • participação em projetos de reestruturação das escolas mais antigas e de criação de novas faculdades;

  • desenvolvimento do Programa de Preparo e/ou Atualização Pedagógica, em nível de docência (cursos oferecidos) e de assessoramento pedagógico e investigação com a colaboração do DAU/MEC;

  • criação e publicação, desde agosto de 1963, do Boletim da Associação Brasileira de Educação Médica, totalizando no momento uma coleção de sessenta e quatro (64) Boletins;

  • criação e publicação da Revista Brasileira de Educação Médica órgão oficial da ABEM, lançada em novembro de 1977.

Anexo 2

Atividades Desenvolvidas pelo Programa de Preparo e/ou Atualização Pedagógica da ABEM
  1. Primeiro Encontro para debates sobre Educação Médica. ABEM/NUTES/Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 17, 18, 19/09/1973.

  2. Curso de Atualização Pedagógica para Docentes de Medicina. Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense, Niterói, 28/01 a 01/02/1974.

  3. Curso de Atualização Didática I - “Técnicas de Ensino-Aprendizagem”. Escola de Ciências Médicas da Universidade do Estado da Guanabara. Rio de Janeiro, 01 a 05/04/1974.

  4. Curso de Atualização Didática I - “Técnicas de Ensino-Aprendizagem”. Faculdade de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques. Rio de Janeiro, 13 a 17/05/1974.

  5. Curso de Atualização Didática I - “Técnicas de Ensino-Aprendizagem”. Centro de Ciências de Saúde da Universidade Federal do Piauí. Teresina, 08 a 12/07/1974.

  6. Curso de Atualização Didática I - “Técnicas de Ensino-Aprendizagem”. Faculdade de Medicina da Fundação Universidade do Maranhão. São Luís, 15 a 13 19/07/1974.

  7. Curso de Atualização Didática I - “Técnicas de Ensino-Aprendizagem”. Faculdade Estadual de Medicina. Belém, Pará, 23 a 26/07/1974.

  8. Curso de Atualização Didática I - “Técnicas de Ensino-Aprendizagem”. Faculdade de Medicina da Universidade do Amazonas. Manaus, 29/07 a 02/08/1974.

  9. Curso de Atualização Didática I - “Técnicas de Ensino-Aprendizagem”. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. São Paulo, 02 a 06/09/1974.

  10. Curso de Atualização Didática I - “Técnicas de Ensino-Aprendizagem”. Faculdade de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques. Rio de Janeiro, 28 a 31/10/1974.

  11. Curso de Atualização Didática I - “Técnicas de Ensino-Aprendizagem”. Escola de Ciências Médicas de Volta Redonda. Volta Redonda, 14 a 18/01/1975.

  12. Curso de Atualização Didática II - “O Processo Ensino-Aprendizagem”. Escola de Ciências Médicas de Volta Redonda. Volta Redonda, 22 a 25/07/1975.

  13. Encontro para debates. Promoção do NEP (Núcleo de Estudos Pedagógicos) da Escola de Ciências Médicas de Volta Redonda, e assessorado pela ABEM. Volta Redonda, 12/09/1975.

  14. Curso de Atualização Didática II - “O Processo Ensino-Aprendizagem”. Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco. Recife, 19 a 23/01/1976.

  15. Curso de Atualização Didática III - “Objetivos Educacionais e 24 Avaliação do Rendimento Escolar”. Escola de Ciências Médicas de Volta Redonda. Volta Redonda, 09 a 13/02/1976.

  16. Curso de Atualização Didática II - “O Processo Ensino-Aprendizagem”. Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual de Londrina. Londrina, 21 a 25/06/1976.

  17. Curso de Atualização Didática IV - “Avaliação do Processo Escolar”. Escola de Ciências Médicas de Volta Redonda. Volta Redonda, 19 a 23/07/1976.

  18. Curso de “Planejamento Educacional”. Escola de Ciências Médicas de Volta Redonda. Volta Redonda, 07 a 11/02/1977.

  19. Curso de “Recursos Auxiliares do Processo Ensino-Aprendizagem”. Escola de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques. Rio de Janeiro, 11 a15/06/1977.

  20. Curso de “Metodologia Científica”. Escola de Ciências Médicas de Volta Redonda. Volta Redonda, 18 a 22/07/1977.

  21. Curso de “Objetivos Educacionais e Avaliação do Ensino-Aprendizagem”. Escola de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 19 a 23/09/1977.

  22. Curso de “Técnicas de Ensino­Aprendizagem”. Escola de Ciências Médicas de Volta Redonda. Volta Redonda, 13 a 17/02/1978.

  23. Curso de “Filosofia da Educação”. Escola de Ciências Médicas de Volta Redonda. Volta Redonda, 20 a 24/02/1978.

  24. Encontro de Docentes Médicos do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 13 e 14/04/1978.

  25. Encontro para discussão sobre Pedagogia e Didática. Campos. Rio de Janeiro, 17/04/1978.

  26. Ençontro para estudo da Fenomenologia. Escola de Ciências Médicas de Volta Redonda. Volta Redonda, 05 e 06/05/1978.

  27. Curso de “Técnicas de Ensino­Aprendizagém”. Faculdade de Ciências Médicas Dr. José Antonio Garcia Coutinho. Pouso Alegre - Minas Gerais, 08 a12/05/1978.

  28. Reunião entre a Equipe do PPP e Professora de Campos, para traçar programa de ação. Rio de Janeiro24/05/1978.

  29. Curso de “Técnicas de Ensino Aprendizagem”. Faculdade Regional de Medicina de São José do Rio Preto. São José do Rio Preto05 a 09/06/1978.

  30. Curso de “Técnicas de Ensino-Aprendizagem”. Centro Biomédico da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 17 a 21/07/1978.

  31. Curso de “Técnicas de Ensino Aprendizagem”. Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 24 a 28/07/1978.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Abr 2022
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 1978
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