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O ESTUDANTE DE MEDICINA E SUA DIFICULDADE DE DISPOR DE TEMPO LIVRE PARA PRÁTICA DE ATIVIDADES CULTURAIS EXTRA-ACADÊMICAS

Resumo:

O trabalho se propôs a enfocar o estudante de medicina e sua dificuldade na prática de atividades extra-acadêmicas. Os dados foram obtidos a partir de um questionário preenchido pelos alunos de graduação de todas as turmas médicas. Foram consideradas as respostas a três perguntas, que permitiram evidenciar o interesse dos estudantes pelas atividades culturais apresentadas, a freqüência relativa com que ele praticou a atividade no semestre de pesquisa em relação ao semestre anterior e os motivos que o levaram a não praticar, parar ou diminuir a atividade no semestre em que o entrevistado se encontrava. A partir das seis atividades que mais interessaram aos estudantes, observou-se que o maior índice de abandono se dava no final do curso e que o principal motivo desse abandono era o próprio curso de medicina, que absorve grande parte do tempo livre extra-classe do estudante. São discutidos aspectos que levam a este comportamento e conseqüências dessa situação para o estudante e a sociedade.

Abstracts:

This paper has the purpose to show the difficulty of the Medicine's Student concerning his extra-academic activities. The data were obtained from a questionary filled by graduation students from all medical classes. It was considered the answers of three questions. They permitted to evidence the students interest for cultural activities, the relative frequency of practicing the activity in the semester of the research comapring to the former semester and the reasons that lead him not to practice, to stop or to decrease the practicing in the semester he was. From six student's most interesting activities, it was observed that the highest index of abandon was found at the end of the course and the main reason for that was the course of Medicine itself: It takes a big amount of the free extra-class time of the student. It will be discussed aspects that lead them to have this behavior and also the consequences of such a situation to the students and to the society.

Introdução

Qualquer organização social que realmente objetive o desenvolvimento precisa estabelecer que o livre desenvolvimento de cada indivíduo é condição fundamental para garantir, na sua essência, princípios de liberdade e de democracia. A realização de atividades culturais (entende-se por cultura “o conjunto de todo conhecimento num sentido ampliado e todas as maneiras como esse conhecimento é expresso” 909. SANTOS, J. L. O que é cultura? 6 ed., São Paulo, Brasiliense, 1983.) representa uma oportunidade importante para cada indivíduo enriquecer-se. Ela deve ser caracterizada pela harmonia individual entre a atitude, o desenvolvimento integral e a disponibilidade de si mesmo.

A partir dessa premissa e da observação do comportamento dos estudantes de Medicina da UFRGS, percebe-se que eles, ao longo da vida acadêmica, utilizam a maior parte do seu tempo livre extra-classe em atividades relacionadas, direta ou indiretamente, com o curso de Medicina. Restam, portanto, menos oportunidades para a realização de outras atividades ligadas à cultura geral.

Essa diminuição do tempo disponível para atividades culturais causa uma defasagem no aprendizado de outras áreas do conhecimento humano, prejudicando o desenvolvimento integral do aluno como indivíduo. Essa condição, de acordo coma idéia de evolução social, terá como conseqüência o comprometimento do desenvolvimento harmonioso da própria sociedade.

O presente trabalho pretendeu avaliar essa situação. Ele baseou-se no interesse dos estudantes pelas atividades propostas, na freqüência com que eles realizaram as atividades durante o semestre (comparado com o anterior) e nas causas que levaram o estudante a não praticar, diminuir ou parar a prática de determinada atividade.

Materiais e Métodos

Nesse trabalhoo delineamento de pesquisa utilizado foi o de um estudo transversal com comparações entre grupos de semestres.

Para análise dos resultados, os doze semestres foram reunidos em quatro grupos assim discriminados:

Grupo 1 : 1 -, 2 - e 3 - semestres (início do curso)

Grupo 2 : 4 -, 5 - e 6 - semestres

Grupo 3 : 7 -, 8 - e 9 - semestres

Grupo 4 : 10 -, 11 - e 12- semestres (final do curso)

Foram selecionados da população-alvo (840 estudantes de Medicina da UFRGS) 140 unidades amostrais através de escolha sistemática (o primeiro a cada seis), trabalhando-se assim com um alfa de 6%.

A lista dos estudantes matriculados foi conseguida através de um ofício à Reitoria da UFRGS. Os estudantes foram abordados nas dependências do Instituto de Biociências, do prédio do Ciclo Básico e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), durante o segundo semestre de 1987. Para cada estudante foi esclarecido o objetivo do trabalho. O instrumento de escolha para a aferiçãodos dados foi um questionário que era composto de três perguntas. Cada indivíduo levou em média 15 minutos para responder o questionário.

A primeira pergunta visava aferir o grau de interesse dos estudantes por 18 atividades culturais. Por serem as que despertam um maior interesse dos estudantes, as seis atividades que obtiveram maior índice de resposta “E” na pergunta 1 foram selecionadas para posterior análise e discussão. Não se analisaram todas as 18 atividades para não tornar o trabalho excessivamente prolixo. Considerou-se que seis atividades eram suficientes para os objetivos do trabalho.

Lista de Atividades

  1. - Leitura de jornal diário

  2. - Leitura de revista ou jornal semanal

  3. - Leitura de romance

  4. - Leitura de livros de outras áreas

  5. - Leitura de poemas, contos e crônicas

  6. - Escrever romances, poemas e contos

  7. - Audição ou assistência de algum tipo de música ou dança

  8. - Estudo de instrumento musical

  9. - Estudo de canto

  10. - Estudo e prática de dança

  11. - Atividades artesanais

  12. - Cursos não relacionados com Medicina

  13. - Outros estudos não relacionados com Medicina

  14. - Teatro

  15. - Cinema

  16. - Fazer teatro ou dramatização

  17. - Shows e afins

  18. - Assistir a TV

Pergunta 1: Qual o valor que você atribui para o desenvolvimento intelectual e/ou cultural do indivíduo para cada atividade relacionada?

A - NÃO considero importante e NÃO aprecio.

B - NÃO considero importante, PORÉM aprecio.

C - Considero importante, PORÉM NÃO aprecio.

D - Considero importante, PORÉM sou indiferente.

E - Considero importante e aprecio.

A segunda pergunta tinha por finalidade medir a freqüência relativa com que o estudante realizou a atividade. Diz-se relativa porque ele devia comparar a sua freqüência no semestre atual (87/2) coma sua freqüência no semestre anterior (87/1).

Pergunta 2: Assinale com que freqüência você pratica a atividade durante ESSE SEMESTRE LETIVO (incluindo sábados e domingos), comparando com o SEMESTRE ANTERIOR:

A - Não pratiquei

B - Pratiquei mas tive que parar com a atividade

C - Pratico mas diminuí a freqüência durante o período de aula

D - Pratico com a mesma freqüência de sempre

E - Pratico com maior freqüência

Pergunta 3: Qual o principal motivo que o (a) leva (ou) a não praticar, a parar ou a diminuir a freqüência da atividade? (marque o principal motivo; caso houver outros de igual importância, marque-os também). Obs.: se você marcou as alternativas D ou E na PERGUNTA 2, NAO precisa responder a essa pergunta.

A - Falta de tempo devido ao curso de Medicina.

B - Falta de tempo porque realiza outras atividades relacionadas com o Curso de Medicina (estágios, cursos, monitorias, outros).

C - Falta de tempo livre porque, além de estudar, trabalha com jornada de trabalho definida remunerada ou não (relacionada com a Medicina).

D - Falta de tempo livre porque, além de estudar, trabalha com jornada de trabalho definida, remunerada ou não (não relacionada com a Medicina).

E - Falta de tempo livre porque realiza outras atividades não relacionadas com a Medicina, que não estão citadas nesse questionário (esportes, atividades sociais, militância política etc).

F - Trocou por outra atividade não relacionada com a Medicina que o motivasse mais.

G - Falta de condições econômicas e/ou oportunidades para praticar ou manter-se na atividade.

H - Tem ou tinha tempo livre, porém não se sente motivado para realizá-la.

1 - Caso você tenha outro motivo, especifique:

Resultados

No gráfico de barras 1, são apresentados os índices de interesse dos estudantes de Medicina da UFRGS pelas 18 atividades relacionadas anteriormente. Foi considerada apenas a alternativa E na pergunta 1, porque se pressupõe que, se o indivíduo considera importante e aprecia determinada atividade, obviamente terá real interesse em praticá-la.

A seguir, são apresentados os resultados da pergunta 2 (Figuras 2.1 a 2.6) e da pergunta 3 (Figura 3) para aquelas seis atividades de maior interesse dos estudantes.

As figuras são relativas à pergunta 2. Na abscissa estão indicados o total de indivíduos (“n”) que acham importante e apreciam aquela atividade, separados em seus grupos de semestres. A ordenada refere-se à percentagem de “n” que parou ou diminuiu a freqüência (os índices estão somados) da respectiva atividade em relação ao semestre anterior.

O gráfico de barras 3 indica o motivo pelo qual os indivíduos entrevistados não conseguiram praticar, pararam ou diminuíram a freqüência de cada atividade no semestre 87/2, apesar de a apreciarem e a considerarem importante. As letras referentes ao motivo relacionam-se com as respostas da pergunta 3 do questionário (ver Material e Métodos). Os itens com mais de uma letra significam escolha múltipla. Por exemplo: ABE significa escolha simultânea das alternativas A, B e E com idêntico nível de importância. O* indica escolhadas outras alternativas da lista ou alguma outra apresentada pelo entrevistado.

Gráfico de
Barras - 1

Figura 2.1
A 2.6 - A abscissa indica o total de indivíduos (“n”) que acha importante e aprecia a atividade, separado em seus grupos de semestres. A ordenada refere-se à percentagem de “n” que parou ou diminuiu a frequência da atividade em relação ao semestre anterior.

Discussão

A partir do interesse dos estudantes de Medicina pelas atividades culturais apresentadas, construiu-se o Gráfico de Barras 1. Conforme fora explicado anterior­ mente, serão analisadas apenas as seis atividades consideradas mais importantes e mais apreciadas. Utilizamos esse método por entendermos que ele representa uma maneira mais democrática de aferição, ou seja, o próprio entrevistado estabelece as atividades a serem discutidas.

Nas Figuras 2.1 a 2.6, verificou-se que nos últimos semestres do curso (Grupo 4) existe uma taxa de desistência ou diminuição acentuada nas atividades em relação ao semestre anterior. Esse achado pode estar relacionado ao término do curso, que exerce um efeito psicológico no acadêmico no sentido de buscar maiores informações a respeito da prática médica pelo fato de estar se aproximando sua condição de profissional de saúde, além dos concursos consequentes ao término da graduação.

Baseando-se nos dados expostos, chega-se à constatação de uma situação conflitante que envolve a relação do estudante de Medicina com seu Curso. Quer dizer, o estudante tem consciência da importância da prática de atividades culturais, gostaria de fazê-las mas sente esse desejo prejudicado pelo Curso de Medicina que, segundo o Gráfico de Barras 2, influi significativamente na sua disponibilidade de tempo livre.

Gráfico de
Barras - 2

De acordo com o afirmado na introdução deste trabalho, a evolução de uma sociedade depende da evolução de cada um de seus indivíduos. Segundo Alvin Gouldner, citado por Alves 101. ALVES, R. A. Conversas com quemgosta de ensinar. 6 ed., São Paulo, Cortez Editora, 1983., “muito do esforço do homem para conhecer o mundo ao seu redor resulta de um desejo de conhecer coisas que lhe são pessoalmente importantes”.

A impossibilidade dos estudantes de Medicina de praticar atividades culturais leva a uma dificuldade de compreender a relação dele, indivíduo, com a sociedade em que está inserido.

Rubens Alves101. ALVES, R. A. Conversas com quemgosta de ensinar. 6 ed., São Paulo, Cortez Editora, 1983. salienta que a escola é uma das instituições mais importantes no sentido de proporcionar oportunidades e de orientar os indivíduos em direção a seu desenvolvimento como pessoa. Afirma também que o aprendizado realizado com prazer e criatividade é fundamental para a formação de elementos socialmente participativos. Ele escreve:

“E nos queixamos de que não formamos pessoas criativas. Mas a essência da verdadeira atitude científica e filosófica é aprender a fazer perguntas... onde está a inversão emocional do educador? No aluno? Na pesquisa? Pouco é desenvolvida a tarefa filosófica implicada em duas fases: a primeira, crítica; a segunda, criativa”.

Rubens Alves202. ALVES, R. A. Estórias de quem gosta de ensinar. 10 ed., São Paulo, Cortez Editora, 1987. ainda evidencia e propõe que o prazer em aprender acompanha o desenvolvimento de pessoas inteligentes ecríticas: “Acontece que a inteligência se parece com sementes. Não basta que a semente seja boa. Ela precisa de terra para germinar, brotar e crescer".

Ao analisar-se o atual sistema educacional brasileiro (desde o ensino fundamental até o ensino superior), a conclusão a que se chega é de que o aprendizado associado ao prazer não está sendo adequadamente valorizado. Portanto, a tarefa de formar indivíduos capazes de contribuir para o desenvolvimento da sociedade está comprometida.303. COELHO NETO, J. T. Usos da cultura: política de ação cultural. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1986.),(808. MORAIS, R. Entre a educação e a barbárie. Campinas, Papirus, 1982.

No caso específico da Universidade, que é o objeto deste estudo, essa situação também se manifesta. Responsável pela formação de mão-de-obra mais qualificada tecnicamente, questiona-se muito se os profissionais que por ela passam são realmente qualificados e se o papel de formação de indivíduos criativos e socialmente transformadores está sendo cumprido. 606. GAELZER, L. Lazer. benção ou maldição? Porto Alegre, Sulina/UFRGS, s.d.),(808. MORAIS, R. Entre a educação e a barbárie. Campinas, Papirus, 1982.

Entretanto, no caso específico da Faculdade de Medicina da UFRGS, os alunos apontam que o tempo livre extra-classe está diminuído. A partir disso, forma-se uma situação alarmante dentro do ensino médico: além de formar profissionais deficientes, ele ainda absorve grande parte do tempo livre do estudante.

No mínimo, três aspectos podem estar inseridos nesse contexto: a organização do currículo médico, o incentivo à competição imposto pela sociedade capitalista e a própria ciência médica, que a cada dia se desenvolve mais e impõe estudo e atualização. A necessidade de revisão do atual currículo médico reside no fato de que ele absorve boa parte do tempo do estudante em atividades que poderiam ser suprimidas ou reformuladas, fazendo com que aumentasse o rendimento do estudante e o aproveitamento maior do tempo dedicado à sala de aula. Como esta situação ainda não está superada, o estudante necessita buscar outras informações nas horas que teria tempo livre para realizar atividades culturais. Soma-se a tudo isso a constante necessidade do indivíduo (no caso, o estudante de Medicina) de competir, mostrar maior competência e conquistar seu espaço no restrito mercado de trabalho (Figuras 2.1 a 2.6), necessidade imposta pelo modelo de produção capitalista, que tende a levar o indivíduo à especialização, em detrimento do conhecimento de outras áreas do saber humano.

Eessa tendência não está somente restrita à atividade médica. Nos países do Terceiro Mundo, principalmente, as péssimas condições de trabalho e a falta de tecnologia leva o indivíduo a alienar-se de seu ambiente social, concentrando grande parte de seu potencial exclusivamente em seu trabalho. O indivíduo perde, portanto, a noção de sua dimensão social e compromete o seu desenvolvimento e o da própria sociedade 404. DUMAZEDIER, J. Sociologia empírica do lazer. São Paulo, Perspectiva, 1974.),(505. DUMAZEDIER, J. Lazer e cultura popular. São Paulo, Perspectiva , 1973.),(1010. SEMINÁRIO MUNDIAL DE LAZER, 2. Bruxelas, abril de 1976..

Diante desse quadro, está clara a urgente necessidade de que se volte a valorizar a pessoa. É necessária uma discussão ampla a respeito de como racionalizar o tempo de trabalho do indivíduo, fazendo com que ele contribua não só com sua atividade profissional, mas também com sua participação política.

Gorz707. GORZ, A. Adeus ao proletariado: para além do socialismo. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1982. define de uma maneira bem clara essa proposta:

“Abolir o trabalho não significa, por conseguinte, abolir a necessidade do esforço, o desejo de atividade, o amor à obra, a necessidade de cooperar com os outros e de se tornar útil à coletividade. Ao contrário: a abolição do trabalho é apenas a supressão progressiva, e que jamais será total, da necessidade em que estamos, de comprar nosso direito à nossa vida.

Abolir o trabalho e liberar o tempo - liberar o tempo para que os indivíduos possam se tornar senhores de seu corpo, pelo emprego que fazem de si mesmos, da escolha de suas próprias atividades, de seus objetivos, de suas obras - são exigências a que “o direito à preguiça” deu uma tradução infelizmente reducionista. A exigência de “trabalhar menos” não tem por sentido e por finalidade “descansar mais”, mas “viver mais”.

A promoção do indivíduo como condição de crescimento social envolve uma série de mudanças a nível de organização social. Mas isso não impede que se reflita sobre o assunto. Reconhecer sua relevância é o primeiro passo da transformação.

Referências Bibliográficas

  • 01
    ALVES, R. A. Conversas com quemgosta de ensinar 6 ed., São Paulo, Cortez Editora, 1983.
  • 02
    ALVES, R. A. Estórias de quem gosta de ensinar 10 ed., São Paulo, Cortez Editora, 1987.
  • 03
    COELHO NETO, J. T. Usos da cultura: política de ação cultural Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1986.
  • 04
    DUMAZEDIER, J. Sociologia empírica do lazer São Paulo, Perspectiva, 1974.
  • 05
    DUMAZEDIER, J. Lazer e cultura popular São Paulo, Perspectiva , 1973.
  • 06
    GAELZER, L. Lazer benção ou maldição? Porto Alegre, Sulina/UFRGS, s.d.
  • 07
    GORZ, A. Adeus ao proletariado: para além do socialismo. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1982.
  • 08
    MORAIS, R. Entre a educação e a barbárie Campinas, Papirus, 1982.
  • 09
    SANTOS, J. L. O que é cultura? 6 ed., São Paulo, Brasiliense, 1983.
  • 10
    SEMINÁRIO MUNDIAL DE LAZER, 2. Bruxelas, abril de 1976.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Jul 2021
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 1993
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