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A EQUIPE DE SAÚDE: COMPOSIÇÃO E FUNÇÕES

A composição e as funções dessa equipe de que tanto se fala variam enormemente. Na verdade, ela sempre desempenhou na área da saúde tarefas de maior ou menor complexidade a exigirem a co-participação harmoniosa e responsável de pessoas com diferentes níveis e tipos de preparação técnico-administrativa. O sucesso de certos trabalhos de campo, como o da erradicação do A. gambiae do Nordeste do País, deve ser atribuído ao funcionamento adequado de equipes dedicadas à execução de tarefas pré-determinadas, com seus membros bem preparados para trabalhar solidariamente, respeitando-se uns aos outros. Não é fácil, porém organizar equipes para atuarem de modo contínuo no campo da saúde comunitária. Seu bom funcionamento dependerá, inicialmente, da identificação das necessidades locais de saúde e da caracterização dos recursos disponíveis. Uma vez estabelecidas as prioridades de ação haverá que distribuir judiciosamente as funções a serem desempenhadas pelos membros da equipe. Seja qual for o seu tamanho, composição, ou amplitude de atuação, convirá que todos recebam uma orientação formativa claramente formulada que vise a delimitar as responsabilidades operacionais de cada um. A equipe necessitará, sem dúvida, de um líder. Tradicionalmente esse papel tem sido desempenhado pelo médico, mas o conceito de liderança nesse campo vem sendo substituído, nestes últimos tempos, pelo da "ação coordenadora", isto é, pela atribuição a um dos membros da equipe - não necessariamente ao de mais alto nível profissional - da responsabilidade de observar se as ações prioritárias programadas estão sendo cumpridas adequadamente e se os membros da equipe estão se desincumbindo satisfatoriamente das funções que lhes haviam sido originalmente atribuídas. A idéia de um "coordenador", ao invés de um líder, ou de um chefe, pode ser pouco realista, mas as rápidas mudanças que estão ocorrendo no campo do bem-estar social, pode resultar no aparecimento dessa figura mais cedo do que se pensa. Com a medicina cada vez mais se orientando para os problemas de saúde comunitária, tanto o médico quanto os demais profissionais de saúde estarão inevitavelmente relacionados a setores afins, como os da habitação, do saneamento, do trabalho, da educação, dos transportes ou da legislação, só para citar os principais. Nesse processo integrador o conceito de saúde, em sua mais ampla conotação, indo do indivíduo à família e desta à comunidade há de predominar, e da mesma forma com que aqueles profissionais terão que se ligar aos que atuam em outros campos - como os arquitetos, urbanistas, engenheiros, sociólogos, economistas, administradores, etc. - a qualquer deles poderá ser conferida a responsabilidade da coordenação das ações de promoção e desenvolvimento de programas de saúde.

Ernani Braga
Vice-Presidente de Recursos Humanos da FIOCRUZ Diretor da Escola Nacional de Saúde Pública.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Jan 2022
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 1980
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