Acessibilidade / Reportar erro

Avaliação radiográfica da tonsila faríngea: proposição de um método de medição objetivo* * Trabalho realizado no Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp), São Paulo, SP, Brasil.

Resumos

Objetivo

O objetivo deste estudo foi avaliar parâmetros radiográficos atuais destinados à verificação da adenoide e obstrução nasofaríngea e apresentar um método de avaliação alternativo.

Materiais e Métodos

Crianças (4 a 14 anos) que apresentavam queixas de obstrução nasal e/ou respiração oral foram submetidas ao exame radiográfico de cavum faríngeo. Cento e vinte registros foram avaliados por parâmetros radiográficos quantitativos, e estes dados foram correlacionados ao exame de videonasofaringoscopia, aqui considerado como padrão ouro, em relação à porcentagem de obstrução coanal. Posteriormente, uma análise de regressão foi realizada com os mesmos parâmetros quantitativos, de modo que um modelo original fosse criado com o objetivo de predição do percentual de obstrução coanal.

Resultados

Os parâmetros quantitativos atuais demonstraram correlações moderadas, quando não fracas, ao percentual de obstrução. O modelo de regressão desenvolvido (110.119*A/N) demonstrou capacidade satisfatória de “prever” o real percentual de obstrução adenóidea.

Conclusão

Uma vez que os parâmetros radiográficos atuais apresentam limitações, o modelo original aqui apresentado deve ser considerado como um método de avaliação adenóidea alternativo, a ser utilizado quando a videonasofaringoscopia estiver indisponível.

Tonsila faríngea; Respiração bucal; Radiografia; Diagnóstico


Objective

The objective of the present study was to evaluate current radiographic parameters designed to investigate adenoid hypertrophy and nasopharyngeal obstruction, and to present an alternative radiographic assessment method.

Materials and Methods

In order to do so, children (4 to14 years old) who presented with nasal obstruction or oral breathing complaints were submitted to cavum radiographic examination. One hundred and twenty records were evaluated according to quantitative radiographic parameters, and data were correlated with a gold-standard videonasopharyngoscopic study, in relation to the percentage of choanal obstruction. Subsequently, a regression analysis was performed in order to create an original model so the percentage of the choanal obstruction could be predicted.

Results

The quantitative parameters demonstrated moderate, if not weak correlation with the real percentage of choanal obstruction. The regression model (110.119*A/N) demonstrated a satisfactory ability to “predict” the actual percentage of choanal obstruction.

Conclusion

Since current adenoid quantitative radiographic parameters present limitations, the model presented by the present study might be considered as an alternative assessment method in cases where videonasopharyngoscopic evaluation is unavailable.

Adenoids; Mouth breathing; Radiography; Diagnosis


INTRODUÇÃO

A avaliação radiográfica da tonsila faríngea tem sido amplamente discutida ao longo dos anos(1Crepeau J, Patriquin HB, Poliquin JF, et al. Radiographic evaluation of the symptom-producing adenoid. Otolaryngol Head Neck Surg. 1982;90:548–54.1717 Caylakli F, Hizal E, Yilmaz I, et al. Correlation between adenoid-nasopharynx ratio and endoscopic examination of adenoid hypertrophy: a blind, prospective clinical study. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2009;73:1532–5.). Contudo, as opiniões sobre a utilidade da radiografia do cavum faríngeo ainda variam. Tal incerteza pode estar relacionada à falta de estudos amplos que investiguem simultaneamente um número considerável de parâmetros radiográficos(1818 Major MP, Flores-Mir C, Major PW. Assessment of lateral cephalometric diagnosis of adenoid hypertrophy and posterior upper airway obstruction: a systematic review. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2006;130:700–8.,1919 Feres MF, Hermann JS, Cappellette M Jr, et al. Lateral X-ray view of the skull for the diagnosis of adenoid hypertrophy: a systematic review. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2011;75:1–11.). Discrepâncias entre amostras, assim como métodos diferentes, se não questionáveis, constituem outras razões para que tal questão continue sob dúvida no meio científico(1818 Major MP, Flores-Mir C, Major PW. Assessment of lateral cephalometric diagnosis of adenoid hypertrophy and posterior upper airway obstruction: a systematic review. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2006;130:700–8.,1919 Feres MF, Hermann JS, Cappellette M Jr, et al. Lateral X-ray view of the skull for the diagnosis of adenoid hypertrophy: a systematic review. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2011;75:1–11.).

Até o presente momento, a maioria dos estudos destinados a investigar a utilidade da radiografia de cavum faríngeo tem demonstrado diversas limitações metodológicas, já que os parâmetros radiográficos são comparados com exames de referência questionáveis(1Crepeau J, Patriquin HB, Poliquin JF, et al. Radiographic evaluation of the symptom-producing adenoid. Otolaryngol Head Neck Surg. 1982;90:548–54.,2Elwany S. The adenoidal-nasopharyngeal ratio (AN ratio). Its validity in selecting children for adenoidectomy. J Laryngol Otol. 1987;101:569–73.,8Kemaloglu YK, Goksu N, Inal E, et al. Radiographic evaluation of children with nasopharyngeal obstruction due to the adenoid. Ann Otol Rhinol Laryngol. 1999;108:67–72.) e analisam um espectro inadequado da “doença”(3Wormald PJ, Prescott CA. Adenoids: comparison of radiological assessment methods with clinical and endoscopic findings. J Laryngol Otol. 1992;106:342–4.,5Chami FAI. Endoscopic and roentgenographic approach in patients with adenoids hyperplasia. Rev Bras Med Otorrinolaringol. 1998;5:118–24.,7Cho JH, Lee DH, Lee NS, et al. Size assessment of adenoid and nasopharyngeal airway by acoustic rhinometry in children. J Laryngol Otol. 1990;113:899–905.,1111 Oliveira RC, Anselmo-Lima WT, Souza BB. The importance of nasal fiberoptic examination to diagnose adenoid hyperplasia in children with normal paranasal sinuses X-ray. Braz J Otorhinolaryngol. 2001;67:499–505.,1212 Mlynarek A, Tewfik MA, Hagr A, et al. Lateral neck radiography versus direct video rhinoscopy in assessing adenoid size. J Otolaryngol. 2004;33:360–5.1414 Kurien M, Lepcha A, Mathew J, et al. X-rays in the evaluation of adenoid hypertrophy: it's role in the endoscopic era. Indian J Otolaryngol Head Neck Surg. 2005;57:45–7.,1616 Ysunza A, Pamplona MC, Ortega JM, et al. Video fluoroscopy for evaluating adenoid hypertrophy in children. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2008;72:1159–65.). Embora a avaliação clínica seja obrigatória em casos de obstrução nasal e a videonasofaringoscopia (VNF) tenha provado ser absolutamente eficiente para identificar sua etiologia(2020 Bitar MA, Birjawi G, Youssef M, et al. How frequent is adenoid obstruction? Impact on the diagnostic approach. Pediatr Int. 2009;51:478–83.), a utilidade da radiografia lateral do cavum faríngeo ainda merece investigação. Considerando que este é o exame otorrinolaringológico complementar mais solicitado no sistema público de saúde brasileiro(2121 T-Ping C, Weckx LL. ENT care of children and adolescents in the Brazilian public health system in three different municipalities. Braz J Otorhinolaryngol. 2008;74:571–8.), justifica-se a submissão deste tópico a uma análise mais ampla.

O objetivo do presente estudo é avaliar a hipertrofia da tonsila faríngea e obstrução nasofaríngea, correlacionando múltiplas medidas radiográficas com os resultados de VNF, aqui considerada como padrão ouro. Além disso, destina-se a apresentar um método de avaliação alternativo e poten-cialmente útil.

MATERIAIS E MÉTODOS

A presente pesquisa é um estudo transversal metodológico e foi aprovada pela Comissão de Ética em Pesquisa da instituição (protocolo 0181/08).

Com o objetivo de formar a amostra, 170 crianças atendidas em um centro público de referência em otorrinolaringologia pediátrica, na faixa etária entre 4 e 14 anos, foram selecionadas para participar do estudo, entretanto, 43 não participaram por recusa dos pais ou responsáveis. Assim, 127 crianças compuseram a amostra da pesquisa, após detalhada descrição dos procedimentos e explicação apropriada sobre os objetivos, riscos, desconfortos e benefícios do estudo. Termo de consentimento livre e esclarecido foi assinado pelos pais ou responsáveis por todas as crianças participantes.

De acordo com os critérios de inclusão, os pacientes deviam relatar suas queixas sobre obstrução nasal ou respiração bucal suspeitas de serem causadas por hipertrofia da adenoide. Crianças portadoras de síndromes congênitas ou malformações de cabeça e pescoço foram excluídas do estudo, assim como aquelas com infecção aguda das vias respiratórias ou com história anterior de adenoidectomia.

Inicialmente, todas as crianças passaram por radiografia de cavum (Instrumentarium Ortopantomographic OP100; General Electric Healthcare, Tuusula, Finlândia), que foi realizada por um único especialista em radiologia. A distância foco-filme foi 140 cm, e os ajustes de exposição aos raios X foram 70 kV, 12 mA, por 0,40 a 0,64 segundo. Durante o procedimento, os pacientes ficavam em pé e eram instruídos a respirar exclusivamente pelo nariz, mantendo seus lábios levemente fechados. O feixe central de raios X era direcionado para a área anatômica nasofaríngea. Imagens mostrando elevação do palato mole ou rotação significativa da cabeça foram descartadas.

Radiografias laterais (Kodak; Rochester, EUA) receberam códigos numéricos e traçadas à mão por um dos investigadores que não estavam informados sobre a identificação dos pacientes, assim como sobre seus quadros clínicos. Diversas medidas radiográficas foram feitas pelo mencionado investigador (Tabela 1, Figura 1). Traços foram feitos nos filmes de acetato colocados sobre um negatoscópio (3Munitek; Campinas, Brasil). Medidas lineares foram feitas com um paquímetro digital (Starrett, 799A-8/200; Itu, Brasil).

Tabela 1—
- Parâmetros radiográficos e respectivos estudos de referência.

Figura 1.
Ilustração dos parâmetros radiográficos quantitativos. NpT, tonsila faríngea; Np, nasofaringe. B: A, adenoide; N, espaço nasofaríngeo. C: AA, antro-adenoide; PA, passagem da via aérea. D: AC, coluna aérea; SP, palato mole.

No mesmo dia, a amostra selecionada foi submetida a VNF, realizada por otorrinolaringologistas experientes, com um nasofaringoscópio de fibra ótica flexível (Olympus, ENFP4, 3,4 mm; Melville, EUA), com fonte de luz halógena de 250 watts, com aplicação de anestesia tópica (lidocaína a 2%) em ambas as narinas. A qualquer sinal de desconforto, o procedimento era interrompido.

Todos os exames foram gravados e em seguida editados de forma a se preservar a identificação dos pacientes. As gravações de VNF editadas receberam códigos numéricos e a seguir foram entregues em mãos a um outro investigador – um experiente otorrinolaringologista, diferente dos demais envolvidos na seleção da amostra do estudo, na realização da VNF, na gravação e na edição dos exames. O mencionado investigador também não estava informado sobre os resultados dos exames radiográficos, assim como sobre os sintomas respiratórios e as queixas dos pacientes.

Para avaliar as gravações de VNF, o investigador utilizou um método de avaliação destinado a quantificar o grau de obstrução causado pelo tecido adenóideo, ou seja, a “obstrução coanal mensurada” (OCM) que já tinha provado ser satisfatoriamente reproduzível(2626 Feres MFN, Hermann JS, Sallum AC, et al. Endoscopic evaluation of adenoids: reproducibility analysis of current methods. Clin Exp Otorhinolaryngol. 2013;6:36–40.). O investigador foi instruído a escolher a imagem que proporcionasse a melhor visão da adenoide em relação à coana, obtido a partir da porção mais distal da concha nasal. Nesta ocasião, o paciente devia respirar exclusivamente pelo nariz, sem nenhum sinal de elevação do palato mole. A imagem selecionada era, então, convertida em um arquivo digital (formato JPEG) e a OCM era finalmente calculada com a ajuda de um programa de processamento das imagens, o Image J(2727 ImageJ. [webpage]. Imaging processing analysis. US National Institutes of Health; 1997. [cited 2014 Mar 12]. Available from: http://imagej.nih.gov/ij/.
http://imagej.nih.gov/ij/...
), como a porcentagem de área coanal ocupada pelo tecido adenóideo (Figura 2). Nos casos em que imagens de ambas as narinas estavam disponíveis, a média entre os lados direito e esquerdo era calculada a fim de se minimizar variações ocasionais, de acordo com as recomendações de Feres et al.(2626 Feres MFN, Hermann JS, Sallum AC, et al. Endoscopic evaluation of adenoids: reproducibility analysis of current methods. Clin Exp Otorhinolaryngol. 2013;6:36–40.).

Figura 2.
Obstrução coanal medida. Ad, área adenóidea; Cho, área coanal.

Análise dos dados

Inicialmente, a amostra foi descrita segundo dados demográficos, queixas respiratórias e variáveis da pesquisa. Em seguida, realizou-se análise de correlação de Pearson (r) entre as variáveis radiográficas (TF A/N, AA, PA, CA, CA/PM e OVA) e a OCM. A correlação foi considerada “irrelevante” (0 < r ≤ 0,25), “fraca” (0,25 < r ≤ 0,50), “moderada” (0,50 < r ≤ 0,75) ou “forte” (0,75 < r ≤ 1,00)(2828 Vieira S. Introdução à bioestatística. 4ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2008.).

Com o objetivo de se criar um parâmetro alternativo de avaliação radiográfica, realizou-se análise de regressão linear em que todos os parâmetros radiográficos quantitativos foram considerados como variáveis independentes e a OCM, como variável dependente. A avaliação dos modelos conse-cutivos foi feita, entre outros critérios, com base na determinação do coeficiente ajustado (R2), que varia entre 0,00 e 1,00, indicando a precisão com que a OCM poderia ser prevista com base na variação dos parâmetros quantitativos radiográficos. Além disso, as diferenças médias entre o valor real da OCM e a porcentagem de obstrução coanal obtida da resolução de cada modelo foram também calculadas.

O nível de significância para fins de análise estatística foi 5% (α ≤ 0,05). Todos os cálculos e análises foram feitos com o auxílio do software SPSS 13.0.

RESULTADOS

Sete dos 127 pacientes iniciais foram excluídos devido a imperfeição da radiografia de cavum ou qualidade da VNF. O exame de VNF bilateral não foi realizado em 32 dos 120 pacientes (26,66%), que tiveram os valores de OCM calculados com base na avaliação de uma única narina.

A amostra final foi composta de 120 indivíduos (meninas: 59 / 49,16%; meninos: 61 / 50,83%), média de idades de 9,45 anos (desvio-padrão: 2,45; mínima: 4,08; máxima: 14,33). Respiração nasal foi relatada por poucos indivíduos (7 / 5,83%) e respiração exclusivamente bucal foi relatada por 56 indivíduos (46,66%). Entretanto, a maioria dos indivíduos relatou respiração mista (bucal/nasal) (57 / 47,50%). A maior parte da amostra (99 / 82,50%) foi composta de indivíduos com queixa de obstrução nasal, a maioria dos quais descrevia a obstrução como sendo bilateral (63/99) e irregular (69/99). Segundo relatos, 107 (89,16%) crianças apresentavam ronco com frequência e 61 crianças (50.83%) apresentavam interrupção da respiração durante o sono.

A Tabela 2 mostra a descrição da OCM, assim como uma análise descritiva dos parâmetros radiográficos. Segundo a avaliação pela VNF, os indivíduos apresentavam aproximadamente dois terços de obstrução adenóidea.

Tabela 2 —
- Análise descritiva da OCM, parâmetros radiográficos quantitativos e categóricos.

De acordo com a análise de correlação, todos os parâmetros quantitativos apresentaram correlação significante com a OCM, variando de “fraca” (CA/PM) a “moderada” (TF, A/N, AA, PA, CA e OVA) (Tabela 3).

Tabela 3—
- Correlação (r) entre parâmetros radiográficos quantitativos e OCM.

A análise de regressão linear foi realizada a fim de se gerar modelos matemáticos, com a inclusão de diferentes parâmetros radiográficos quantitativos diversamente combinados entre si. Entretanto, apenas dois modelos (modelo n° 1: 110.119*A/N, e modelo n° 2: 117,367*A/N – 0,557*PA) apresentaram desempenho significante (R2 = 0,970 e R2 = 0,971, respectivamente). O cálculo de modelo n° 1 “previu” o valor de OCM com um erro médio de 9,51% (desvio-padrão: 7,50%; mínimo: 0,14%; máximo: 40,20%). O modelo n° 2 apresentou diferença média de 9,61% (desvio-padrão: 7,20%; mínimo: 0,12%; máximo: 33,08%) entre sua resolução e o valor de OCM.

DISCUSSÃO

Embora tenha sido investigada por muitos estudos(1Crepeau J, Patriquin HB, Poliquin JF, et al. Radiographic evaluation of the symptom-producing adenoid. Otolaryngol Head Neck Surg. 1982;90:548–54.1717 Caylakli F, Hizal E, Yilmaz I, et al. Correlation between adenoid-nasopharynx ratio and endoscopic examination of adenoid hypertrophy: a blind, prospective clinical study. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2009;73:1532–5.), a utilidade da radiografia de cavum na avaliação da hipertrofia de tonsila faríngea e obstrução nasofaríngea ainda não foi determinada com precisão. Dois fatores principais podem ter contribuído para a persistência dessa discussão no meio científico: a diversidade metodológica e a presença de diversas falhas na maioria dos projetos e métodos de estudo(1818 Major MP, Flores-Mir C, Major PW. Assessment of lateral cephalometric diagnosis of adenoid hypertrophy and posterior upper airway obstruction: a systematic review. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2006;130:700–8.,1919 Feres MF, Hermann JS, Cappellette M Jr, et al. Lateral X-ray view of the skull for the diagnosis of adenoid hypertrophy: a systematic review. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2011;75:1–11.).

O presente estudo, baseado em literatura relevante(1212 Mlynarek A, Tewfik MA, Hagr A, et al. Lateral neck radiography versus direct video rhinoscopy in assessing adenoid size. J Otolaryngol. 2004;33:360–5.,2020 Bitar MA, Birjawi G, Youssef M, et al. How frequent is adenoid obstruction? Impact on the diagnostic approach. Pediatr Int. 2009;51:478–83.,2929 Kubba H, Bingham BJ. Endoscopy in the assessment of children with nasal obstruction. J Laryngol Otol. 2001;115:380–4.), entretanto, elegeu a VNF como padrão ouro, e os critérios de inclusão criaram necessariamente uma amostra característica representando a população, ou seja, indivíduos com suspeita de hipertrofia de tonsila faríngea para os quais geralmente se solicitam exames complementares como radiografia de cavum. Ademais, este estudo investigou um número significante de parâmetros radiográficos(1Crepeau J, Patriquin HB, Poliquin JF, et al. Radiographic evaluation of the symptom-producing adenoid. Otolaryngol Head Neck Surg. 1982;90:548–54.,2Elwany S. The adenoidal-nasopharyngeal ratio (AN ratio). Its validity in selecting children for adenoidectomy. J Laryngol Otol. 1987;101:569–73.,4Wang DY, Bernheim N, Kaufman L, et al. Assessment of adenoid size in children by fibreoptic examination. Clin Otolaryngol Allied Sci. 1997;22:172–7.,1212 Mlynarek A, Tewfik MA, Hagr A, et al. Lateral neck radiography versus direct video rhinoscopy in assessing adenoid size. J Otolaryngol. 2004;33:360–5.,1414 Kurien M, Lepcha A, Mathew J, et al. X-rays in the evaluation of adenoid hypertrophy: it's role in the endoscopic era. Indian J Otolaryngol Head Neck Surg. 2005;57:45–7.,2222 Jóhannesson S. Roentgenologic investigation of the nasopharyngeal tonsil in children of different ages. Acta Radiol Diagn (Stockh). 1968;7:299–304.2525 Cohen D, Konak S. The evaluation of radiographs of the nasopharynx. Clin Otolaryngol Allied Sci. 1985;10:73–8.) e cumpriu outras exigências metodológicas essenciais(3030 Cook C, Cleland J, Huijbregts P. Creation and critique of studies of diagnostic accuracy: use of the STARD and QUADAS methodological quality assessment tools. J Man Manip Ther. 2007;15:93–102.), por exemplo, a condição de os investigadores não estarem informados sobre os sintomas e queixas dos pacientes, assim como sobre os resultados dos outros exames, uma ampla descrição dos exames, e o momento durante o estudo em que estes foram realizados. Consequentemente, tais características asseguraram a confiabilidade científica dos achados do presente estudo.

A maioria dos parâmetros quantitativos demonstrou correlação apenas moderada com a OCM (TF, A/N, AA, PA, CA, OVA). Tais resultados são similares aos relatados na literatura(3Wormald PJ, Prescott CA. Adenoids: comparison of radiological assessment methods with clinical and endoscopic findings. J Laryngol Otol. 1992;106:342–4.,5Chami FAI. Endoscopic and roentgenographic approach in patients with adenoids hyperplasia. Rev Bras Med Otorrinolaringol. 1998;5:118–24.,7Cho JH, Lee DH, Lee NS, et al. Size assessment of adenoid and nasopharyngeal airway by acoustic rhinometry in children. J Laryngol Otol. 1990;113:899–905.,1212 Mlynarek A, Tewfik MA, Hagr A, et al. Lateral neck radiography versus direct video rhinoscopy in assessing adenoid size. J Otolaryngol. 2004;33:360–5.,1717 Caylakli F, Hizal E, Yilmaz I, et al. Correlation between adenoid-nasopharynx ratio and endoscopic examination of adenoid hypertrophy: a blind, prospective clinical study. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2009;73:1532–5.) e validam os esforços científicos para se criar um instrumento de avaliação alternativo capaz de estimar a porcentagem de obstrução adenóidea (OCM) com a maior precisão possível. Para isto, uma análise de regressão linear foi realizada para criar modelos. A despeito das muitas tentativas e combinações, apenas dois modelos apresentaram desempenhos dignos de nota (modelo n°1 e modelo n° 2), e constatou-se que o modelo n° 1 (110.119*A/N) foi ligeiramente superior, demonstrando a capacidade de estimar o valor real da OCM com confiabilidade razoável. Por meio de tal cálculo, foi possível “predizer” o valor da OCM com um mínimo de imprecisão (aproximadamente 10%). Além disso, o modelo n° 1(110.119*A/N) é mais prático do que o modelo n° 2 (117,367*A/N – 0,557*PA), já que seu cálculo se baseia em uma única variável (A/N). Os autores do presente estudo acreditam que tal instrumento pode tornar-se uma relevante ferramenta de avaliação alternativa, nos casos em que a VNP não estiver disponível.

Inferências à parte, estudos adicionais são necessários para se confirmar a eficiência desse método (110.119*A/N), isto é, para predizer a porcentagem de obstrução coanal. Além disso, estudos longitudinais também deveriam incluir amostras maiores com diferentes médias de idades para verificar se os parâmetros sugeridos pelo presente estudo também podem distinguir quais pacientes poderiam se beneficiar de abordagens terapêuticas específicas tais como a adenoidectomia. E, finalmente, os autores ainda encorajam futuros estudos destinados a adaptar o modelo n° 1 (110.119*A/N) como uma ferramenta de avaliação digital. A existência de um método computadorizado confiável de avaliação pode permitir a padronização e a universalização da avaliação radiográfica da tonsila faríngea.

CONCLUSÃO

Com base nas análises realizadas neste estudo, os autores concluem que os parâmetros quantitativos atuais de avaliação radiográfica da tonsila faríngea apresentaram limitações significantes, tais como correlação moderada com o exame videonasofaringoscópico. Por outro lado, o modelo n° 1 (110.119*A/N) mostrou ser uma ferramenta de avaliação alternativa segura para se estimar a gravidade da obstrução adenóidea nos cases em que a VNF não está disponível.

Agradecimentos

O presente estudo recebeu o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), sob n° 08/53538-0.

Endereço para correspondência: Dr. Murilo Fernando Neuppmann Feres. Rua Afonso Celso, 982, ap. 12, Vila Mariana. São Paulo, SP, Brasil, 04119-060. E-mail: mn-feres@uol.com.br *
Trabalho realizado no Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp), São Paulo, SP, Brasil.

REFERENCES

  • 1
    Crepeau J, Patriquin HB, Poliquin JF, et al. Radiographic evaluation of the symptom-producing adenoid. Otolaryngol Head Neck Surg. 1982;90:548–54.
  • 2
    Elwany S. The adenoidal-nasopharyngeal ratio (AN ratio). Its validity in selecting children for adenoidectomy. J Laryngol Otol. 1987;101:569–73.
  • 3
    Wormald PJ, Prescott CA. Adenoids: comparison of radiological assessment methods with clinical and endoscopic findings. J Laryngol Otol. 1992;106:342–4.
  • 4
    Wang DY, Bernheim N, Kaufman L, et al. Assessment of adenoid size in children by fibreoptic examination. Clin Otolaryngol Allied Sci. 1997;22:172–7.
  • 5
    Chami FAI. Endoscopic and roentgenographic approach in patients with adenoids hyperplasia. Rev Bras Med Otorrinolaringol. 1998;5:118–24.
  • 6
    Paradise JL, Bernard BS, Colborn DK, et al. Assessment of adenoidal obstruction in children: clinical signs versus roentgenographic findings. Pediatrics. 1998;101:979–86.
  • 7
    Cho JH, Lee DH, Lee NS, et al. Size assessment of adenoid and nasopharyngeal airway by acoustic rhinometry in children. J Laryngol Otol. 1990;113:899–905.
  • 8
    Kemaloglu YK, Goksu N, Inal E, et al. Radiographic evaluation of children with nasopharyngeal obstruction due to the adenoid. Ann Otol Rhinol Laryngol. 1999;108:67–72.
  • 9
    Monteiro ECM, Pilon RR, Dall'Oglio GP. Study of enlarged adenoids: endoscopy versus radiography of the nasophrynx. Braz J Otorhinolaryngol. 2000;66:9–12.
  • 10
    Souza BB, Hennemann GV, Anselmo-Lima WT. Importance of nasal fiberoptic examination in the presence of a normal X-ray of the cavum. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2000;55:29–32.
  • 11
    Oliveira RC, Anselmo-Lima WT, Souza BB. The importance of nasal fiberoptic examination to diagnose adenoid hyperplasia in children with normal paranasal sinuses X-ray. Braz J Otorhinolaryngol. 2001;67:499–505.
  • 12
    Mlynarek A, Tewfik MA, Hagr A, et al. Lateral neck radiography versus direct video rhinoscopy in assessing adenoid size. J Otolaryngol. 2004;33:360–5.
  • 13
    Lourenço EA, Lopes KC, Pontes Jr A, et al. Comparison between radiological and nasopharyngolaryngoscopic assessment of adenoid tissue volume in mouth breathing children. Braz J Otorhinolaryngol. 2005;71:23–7.
  • 14
    Kurien M, Lepcha A, Mathew J, et al. X-rays in the evaluation of adenoid hypertrophy: it's role in the endoscopic era. Indian J Otolaryngol Head Neck Surg. 2005;57:45–7.
  • 15
    Kindermann CA, Roithmann R, Lubianca Neto JF. Sensitivity and specificity of nasal flexible fiberoptic endoscopy in the diagnosis of adenoid hypertrophy in children. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2008;72:63–7.
  • 16
    Ysunza A, Pamplona MC, Ortega JM, et al. Video fluoroscopy for evaluating adenoid hypertrophy in children. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2008;72:1159–65.
  • 17
    Caylakli F, Hizal E, Yilmaz I, et al. Correlation between adenoid-nasopharynx ratio and endoscopic examination of adenoid hypertrophy: a blind, prospective clinical study. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2009;73:1532–5.
  • 18
    Major MP, Flores-Mir C, Major PW. Assessment of lateral cephalometric diagnosis of adenoid hypertrophy and posterior upper airway obstruction: a systematic review. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2006;130:700–8.
  • 19
    Feres MF, Hermann JS, Cappellette M Jr, et al. Lateral X-ray view of the skull for the diagnosis of adenoid hypertrophy: a systematic review. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2011;75:1–11.
  • 20
    Bitar MA, Birjawi G, Youssef M, et al. How frequent is adenoid obstruction? Impact on the diagnostic approach. Pediatr Int. 2009;51:478–83.
  • 21
    T-Ping C, Weckx LL. ENT care of children and adolescents in the Brazilian public health system in three different municipalities. Braz J Otorhinolaryngol. 2008;74:571–8.
  • 22
    Jóhannesson S. Roentgenologic investigation of the nasopharyngeal tonsil in children of different ages. Acta Radiol Diagn (Stockh). 1968;7:299–304.
  • 23
    Fujioka M, Young LW, Girdany BR. Radiographic evaluation of adenoidal size in children: adenoidal-nasopharyngeal ratio. AJR Am J Roentgenol. 1979;133:401–4.
  • 24
    Maw AR, Jeans WD, Fernando DC. Interobserver variability in the clinical and radiological assessment of adenoid size, and the correlation with adenoid volume. Clin Otolaryngol Allied Sci. 1981;6:317–22.
  • 25
    Cohen D, Konak S. The evaluation of radiographs of the nasopharynx. Clin Otolaryngol Allied Sci. 1985;10:73–8.
  • 26
    Feres MFN, Hermann JS, Sallum AC, et al. Endoscopic evaluation of adenoids: reproducibility analysis of current methods. Clin Exp Otorhinolaryngol. 2013;6:36–40.
  • 27
    ImageJ. [webpage]. Imaging processing analysis. US National Institutes of Health; 1997. [cited 2014 Mar 12]. Available from: http://imagej.nih.gov/ij/.
    » http://imagej.nih.gov/ij/
  • 28
    Vieira S. Introdução à bioestatística. 4ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2008.
  • 29
    Kubba H, Bingham BJ. Endoscopy in the assessment of children with nasal obstruction. J Laryngol Otol. 2001;115:380–4.
  • 30
    Cook C, Cleland J, Huijbregts P. Creation and critique of studies of diagnostic accuracy: use of the STARD and QUADAS methodological quality assessment tools. J Man Manip Ther. 2007;15:93–102.

Disponibilidade de dados

Citações de dados

ImageJ. [webpage]. Imaging processing analysis. US National Institutes of Health; 1997. [cited 2014 Mar 12]. Available from: http://imagej.nih.gov/ij/.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar-Apr 2014

Histórico

  • Recebido
    2 Jul 2013
  • Aceito
    17 Out 2013
Publicação do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem Av. Paulista, 37 - 7º andar - conjunto 71, 01311-902 - São Paulo - SP, Tel.: +55 11 3372-4541, Fax: 3285-1690, Fax: +55 11 3285-1690 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: radiologiabrasileira@cbr.org.br