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RESUMOS DE ARTIGOS

RESUMOS DE ARTIGOS

Toxicidade pulmonar em pacientes recebendo baixas doses de amiodarona

Ott MC, Khoor A, Leventhal JP, Paterick TE, Burger CD. Pulmonary toxicity in patients receiving low-dose amiodarone. Chest 2003;123: 646-51.

OBJETIVO: Demonstrar que a amiodarona, mesmo quando utilizada em baixas doses, acarreta efeitos adversos para o pulmão, através do estudo de casos de oito pacientes.

MATERIAL E MÉTODO: Foram avaliados oito pacientes, sete deles masculinos, recebendo 200 mg de amiodarona diários, com média de idade de 77 anos. Os pacientes vinham recebendo a medicação por um período médio de dois anos. Para se chegar ao diagnóstico, foram realizadas radiografias, biópsias, broncoscopias, exames laboratoriais, ecocardiografia, além do registro de todos os achados clínicos.

RESULTADOS: Os sintomas apresentados pelos pacientes foram dispnéia (sete pacientes) e tosse (três pacientes). Um dos pacientes teve início dos sintomas após cirurgia cardíaca. Todos os pacientes foram submetidos à radiografia de tórax e seis fizeram tomografia computadorizada do tórax. Os achados foram variados, mas sempre bilaterais. Nenhum paciente tinha evidência clínica de insuficiência cardíaca. O tratamento envolveu a interrupção do uso de amiodarona e três pacientes receberam corticóides. Cinco pacientes apresentaram melhora dos sintomas e quatro melhoraram radiologicamente apenas com a interrupção do uso da amiodarona. Os três pacientes que receberam corticóides obtiveram melhora; no entanto, um deles voltou a apresentar sintomas com a descontinuidade do uso destes. Um paciente morreu de insuficiência respiratória progressiva e em outro não pôde ser feito o seguimento. O diagnóstico de toxicidade pulmonar induzida pela amiodarona foi feito clinicamente em seis pacientes. Um dos pacientes, um homem branco de 67 anos, ilustra bem a típica evolução que resultou no diagnóstico clínico positivo. Ele era portador de doença miocárdica isquêmica, que evoluiu com fibrilação e "flutter" atrial com alta resposta ventricular, sendo iniciado o uso de amiodarona em dose de 200 mg, que foi aumentada após três dias para 400 mg ao dia. Aproximadamente três meses depois, o paciente iniciou quadro de dispnéia, sem outros comemorativos. Radiografia de tórax revelou infiltrações alvéolo-intersticiais bilaterais, sem alterações no tamanho cardíaco, vasculatura pulmonar normal e sem derrame pleural. Apenas com a descontinuidade do uso da amiodarona, dois meses mais tarde, a dispnéia já tinha sido resolvida e após quatro meses, a infiltração pulmonar já havia desaparecido. O seguimento durou três anos, sem alterações clínico-radiológicas subseqüentes.

CONCLUSÃO: Fibrilação atrial é uma arritmia extremamente comum em pacientes idosos e naqueles com doença cardíaca. Pesquisas recentes mostraram que a amiodarona em baixas doses é efetiva e associada a poucos efeitos colaterais. Toxicidade pulmonar induzida pela amiodarona tem sido observada em até 10% dos pacientes que fazem uso desta droga, que pode variar desde afecção subaguda a até rapidamente progressiva e fatal. Seus efeitos tóxicos parecem ter relação com a dose utilizada e a duração do tratamento, sendo maior o risco com doses maiores ou iguais a 400 mg por dia. O objetivo deste artigo é ressaltar o fato de que baixas doses de amiodarona estão associadas com algum risco de toxicidade pulmonar.

Leticia Pereira Gonçalves

Médica pós-graduanda do Departamento

de Radiologia da UFF

Toxicidade pulmonar por amiodarona no pós-operatório tardio

Fernández AA, Sala AR, Mediano O, Torres I, Moreno I. Toxicidad pulmonar por amiodarona en el post-operatorio tardio. Med Interna (Madrid) 2003;20:419-20.

OBJETIVO: Apresentação de um caso de toxicidade pulmonar pela amiodarona em um paciente masculino de 55 anos, tabagista, em que foram analisados, principalmente, os aspectos clínicos, patológicos e radiológicos.

RESULTADOS: O paciente em questão é um cardiopata que fora submetido à cirurgia de substituição de válvula cardíaca por doença reumática prévia e, desde então, faz uso de amiodarona, entre outras medicações. O tratamento, inicialmente, foi feito com 400 mg diários de amiodarona e, a posteriori, 200 mg ao dia. Ao exame físico, o paciente apresentava-se em mau estado geral, taquicárdico e com crepitações pulmonares bilaterais. As radiografias do tórax evidenciaram infiltrações alvéolo-intersticiais bilaterais. Estes achados se confirmaram na tomografia computadorizada. O paciente foi submetido à broncoscopia diagnóstica. No lavado broncoalveolar não houve crescimento de germes nas culturas e a baciloscopia foi negativa, sendo encontrada grande quantidade de macrófagos. O paciente teve o diagnóstico de pneumonite tóxica secundária ao uso de amiodarona e iniciou o tratamento com oxigenioterapia, diuréticos, digoxina e metilprednisona, além de ter cessado o uso da amiodarona. Apresentou melhora clínica e teve alta após 44 dias de internação.

CONCLUSÃO: A amiodarona é um fármaco anti-arrítmico muito eficaz no tratamento de arritmias ventriculares e supraventriculares. Há anos são conhecidos os efeitos desta droga, como danos hepáticos, tireoidianos e pulmonares. Os efeitos do seu uso crônico são os mais conhecidos, embora ultimamente também têm sido relatados casos de toxicidade aguda. Atualmente, não se dispõe de nenhuma prova diagnóstica específica para diagnosticá-la, mas há de se estar atento a pacientes com sintomas respiratórios em uso de amiodarona. O diagnóstico baseia-se na história clínica e na detecção de macrófagos no lavado broncoalveolar, após terem sido descartadas outras possíveis causas de doenças pulmonares.

Leticia Pereira Gonçalves

Médica pós-graduanda do Departamento

de Radiologia da UFF

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Maio 2005
  • Data do Fascículo
    Abr 2005
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