Acessibilidade / Reportar erro

Abordagem prática de lesões retroperitoniais primárias no adulto

Resumo

As massas retroperitoniais primárias correspondem a um grupo heterogêneo de lesões incomuns e representam um desafio diagnóstico, devido à superposição dos achados de imagem. Essas lesões, em sua maioria, são representadas por tumores malignos e são mais prevalentes em adultos, mas podem ser encontradas em qualquer idade. São classificadas como primárias, quando não se originam de órgão retroperitonial específico, e divididas, conforme o aspecto de imagem, em dois grandes grupos: sólidas ou císticas. As manifestações clínicas são inespecíficas e dependem da localização e comportamento em relação às estruturas adjacentes. Os principais métodos de imagem utilizados no estudo dessas lesões são a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, que servem para o estadiamento, planejamento cirúrgico e para selecionar e guiar o melhor local de biópsia. Na maioria dos casos, o tratamento é desafiador, em razão do tamanho das lesões e do comprometimento vascular ou de órgãos adjacentes. Neste artigo apresentamos uma revisão da anatomia retroperitonial e uma abordagem prática das características de imagem a serem avaliadas nas principais lesões retroperitoniais primárias do adulto, com vistas ao diagnóstico diferencial, que pode orientar a conduta clínica.

Unitermos:
Espaço retroperitonial/anatomia e histologia; Neoplasias retroperitoniais/diagnóstico; Tomografia computadorizada; Ressonância magnética

Abstract

Primary retroperitoneal masses constitute a heterogeneous group of uncommon lesions and represent a challenge due to overlapping imaging findings. Most are malignant lesions. Although they are more prevalent in adults, they can occur at any age. Such lesions are classified as primary when they do not originate from a specific retroperitoneal organ and are divided, according to the image findings, into two major groups: solid and cystic. The clinical findings are nonspecific and vary depending on the location of the lesion in relation to adjacent structures, as well as on its behavior. The main imaging methods used for staging and surgical planning, as well as for selecting the biopsy site and guiding the biopsy procedure, are computed tomography and magnetic resonance imaging. In most cases, the treatment is challenging, because of the size of the lesions, vascular involvement, or involvement of adjacent organs. In this article, we present a review of the retroperitoneal anatomy and a practical approach to the main imaging features to be evaluated, with a view to the differential diagnosis, which can guide the clinical management.

Keywords:
Retroperitoneal space/anatomy & histology; Retroperitoneal neoplasms/diagnosis; Tomography, X-ray computed; Magnetic resonance imaging

INTRODUÇÃO

As massas retroperitoniais constituem um grupo heterogêneo de lesões com origem nos espaços retroperitoniais que representam um desafio diagnóstico para os radiologistas(11 Nishino M, Hayakawa K, Minami M, et al. Primary retroperitoneal neoplasms: CT and MR imaging findings with anatomic and pathologic diagnostic clues. Radiographics. 2003;23:45-57.). A maioria dos casos é de tumores malignos, dos quais, aproximadamente 75% possuem origem mesenquimal(22 Goenka AH, Shah SN, Remer EM. Imaging of the retroperitoneum. Radiol Clin North Am. 2012;50:333-55.

3 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.
-44 Elsayes KM, Staveteig PT, Narra VR, et al. Retroperitoneal masses: magnetic resonance imaging findings with pathologic correlation. Curr Probl Diagn Radiol. 2007;36:97-106.). Esses tumores são mais prevalentes em adultos, mas podem ser encontrados em qualquer idade(22 Goenka AH, Shah SN, Remer EM. Imaging of the retroperitoneum. Radiol Clin North Am. 2012;50:333-55.).

Quando não se originam de órgãos como os rins, glândulas adrenais, pâncreas ou alças intestinais retroperitoniais, são classificadas como primárias e divididas, de maneira prática, em lesões sólidas ou císticas, conforme o aspecto da imagem(55 Scali EP, Chandler TM, Heffernan EJ, et al. Primary retroperitoneal masses: what is the differential diagnosis? Abdom Imaging. 2015;40:1887-903.,66 Tiu A, Sovani V, Khan N, et al. Primary retroperitoneal mature cystic teratoma (dermoid cyst) in a 51-year-old male: case report and historical literature review. SAGE Open Med Case Rep. 2017;5:2050313X17700745.) (Tabela 1). As lesões sólidas podem ser divididas em quatro grupos: tumores de origem mesenquimal, neural, germinativa e linfoproliferativa(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.). Dentre as lesões císticas, destacam-se o linfangioma e o mesotelioma cístico(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,77 Malgras B, Souraud JB, Chapuis O. Retroperitoneal gastric duplication cyst. J Visc Surg. 2014;151:479-80.,88 Ayyappan AP, Jhaveri KS, Haider MA. Radiological assessment of mesenteric and retroperitoneal cysts in adults: is there a role for chemical shift MRI? Clin Imaging. 2011;35:127-32.). Existem, ainda, os processos não neoplásicos, com destaque para a fibrose retroperitonial, a histiocitose não Langerhans (doença de Erdheim-Chester) e a hematopoese extramedular.

Tabela 1
Demonstração de alguns tipos de lesões retroperitoniais predominantemente sólidas e/ou císticas e suas subcategorias.

As manifestações clínicas são inespecíficas e dependem da localização e relação com as estruturas adjacentes(99 Gâtita CE, Georgescu I, Nemes R. Difficulties in diagnosis of primitive retroperitoneal tumors. Current Health Sciences Journal. 2010;36:132-5.). Os principais métodos de imagem para avaliação dessas lesões são a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM), e as características de imagem auxiliam no diagnóstico diferencial, estadiamento, definição da estratégia cirúrgica ou para guiar eventual sítio de biópsia(11 Nishino M, Hayakawa K, Minami M, et al. Primary retroperitoneal neoplasms: CT and MR imaging findings with anatomic and pathologic diagnostic clues. Radiographics. 2003;23:45-57.,55 Scali EP, Chandler TM, Heffernan EJ, et al. Primary retroperitoneal masses: what is the differential diagnosis? Abdom Imaging. 2015;40:1887-903.,1010 Hoarau N, Slim K, Da Ines D. CT and MR imaging of retroperitoneal schwannoma. Diagn Interv Imaging. 2013;94:1133-9.,1111 Brennan C, Kajal D, Khalili K, et al. Solid malignant retroperitoneal masses-a pictorial review. Insights Imaging. 2014;5:53-65.). Embora haja significativa interposição dos achados de imagem e o diagnóstico final seja definido por análise histopatológica, existem características específicas a determinadas lesões que podem orientar a conduta clínica. O tratamento é desafiador, principalmente pela localização anatômica, dimensões, comprometimento vascular ou de órgãos adjacentes(1212 Lee F, Huang TS, Ng XY, et al. Surgical management of primary retroperitoneal tumors - analysis of a single center experience. Journal of Cancer Research and Practice. 2017;4:49-52.,1313 Strauss DC, Hayes AJ, Thomas JM. Retroperitoneal tumours: review of management. Ann R Coll Surg Engl. 2011;93:275-80.).

No presente artigo apresentamos uma revisão da anatomia retroperitonial, com uma abordagem prática das características de imagem a serem avaliadas nas principais massas retroperitoniais primárias no adulto, e seu manejo clínico.

ANATOMIA RETROPERITONIAL

O espaço retroperitonial se estende desde o diafragma até a pelve e é delimitado pela fáscia transversal posteriormente e pelo peritônio parietal posterior anteriormente, sendo dividido em compartimentos1111 Brennan C, Kajal D, Khalili K, et al. Solid malignant retroperitoneal masses-a pictorial review. Insights Imaging. 2014;5:53-65.,1414 Osman S, Lehnert BE, Elojeimy S, et al. A comprehensive review of the retroperitoneal anatomy, neoplasms, and pattern of disease spread. Curr Probl Diagn Radiol. 2013;42:191-208.,1515 Coffin A, Boulay-Coletta I, Sebbag-Sfez D, et al. Radioanatomy of the retroperitoneal space. Diagn Interv Imaging. 2015;96:171-86. (Figura 1). O espaço pararrenal anterior é delimitado anteriormente pelo peritônio parietal posterior, pela fáscia renal anterior posteriormente e pela fáscia lateroconal lateralmente e, inclui o pâncreas, a segunda porção duodenal e os cólons ascendente e descendente. O espaço pararrenal posterior é delimitado pela fáscia renal posterior anteriormente e pela fáscia transversal posteriormente, e contém gordura. O espaço perirrenal localiza-se entre as fáscias renais anterior e posterior e contém os rins e as adrenais. O retroperitônio ainda inclui uma região central contendo a aorta e a veia cava inferior, assim como cadeias linfáticas e os plexos nervosos.

Figura 1
Anatomia retroperitonial. Espaço pararrenal anterior - É delimitado anteriormente pelo peritônio parietal posterior, pela fáscia renal anterior posteriormente e pela fáscia lateroconal lateralmente. Inclui o pâncreas (P), segunda porção duodenal (D) e os cólons ascendente e descendente (C). Espaço pararrenal posterior - É delimitado pela fáscia renal posterior anteriormente e a fáscia transversal posteriormente. Contém gordura. Espaço perirrenal - Localiza-se entre as fáscias renais anterior e posterior. Contém os rins e as adrenais. Região central - Inclui a aorta e a veia cava inferior, assim como cadeias linfáticas e estruturas nervosas. EPA, espaço pararrenal anterior; EPR, espaço perirrenal; EPP, espaço pararrenal posterior; PP, peritônio parietal posterior; FRA, fáscia renal anterior; FRP, fáscia renal posterior; FLC, fáscia lateroconal; FT, fáscia transversal.

AVALIAÇÃO RADIOLÓGICA DAS MASSAS RETROPERITONIAIS

Na avaliação inicial de uma massa retroperitonial deve-se confirmar a localização nesse espaço e identificar o compartimento acometido (por exemplo: pararrenal anterior)(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.). Achados de deslocamento anterior de estruturas abdominais, como a aorta ou o cólon, ou de órgãos retroperitoniais, como os rins, auxiliam na identificação do sítio da lesão. Contudo, existem situações em que a localização exata é difícil, em razão da distorção anatômica promovida pela lesão(11 Nishino M, Hayakawa K, Minami M, et al. Primary retroperitoneal neoplasms: CT and MR imaging findings with anatomic and pathologic diagnostic clues. Radiographics. 2003;23:45-57.,33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,55 Scali EP, Chandler TM, Heffernan EJ, et al. Primary retroperitoneal masses: what is the differential diagnosis? Abdom Imaging. 2015;40:1887-903.,1616 Messiou C, Moskovic E, Vanel D, et al. Primary retroperitoneal soft tissue sarcoma: imaging appearances, pitfalls and diagnostic algorithm. Eur J Surg Oncol. 2017;43:1191-8.). Nesse caso, o comprometimento retroperitonial deve ser pormenorizado pela descrição dos espaços envolvidos.

As próximas etapas devem excluir origem em órgão retroperitonial maior, com a finalidade de agrupá-la como lesão retroperitonial primária, classificá-la como lesão sólida ou cística, analisar as principais características de imagem (gordura macroscópica, calcificações, estroma mixoide, necrose/áreas císticas e vascularização) e explicitar sua relação com estruturas adjacentes. Existem sinais radiológicos ("sinal do crescente", "sinal do órgão embutido", "sinal do órgão invisível") que auxiliam na propedêutica e, quando negativos, podem confirmar o acometimento retroperitonial primário(11 Nishino M, Hayakawa K, Minami M, et al. Primary retroperitoneal neoplasms: CT and MR imaging findings with anatomic and pathologic diagnostic clues. Radiographics. 2003;23:45-57.). A avaliação conjunta desses achados visa estreitar os possíveis diagnósticos diferenciais e orientar a melhor conduta terapêutica(11 Nishino M, Hayakawa K, Minami M, et al. Primary retroperitoneal neoplasms: CT and MR imaging findings with anatomic and pathologic diagnostic clues. Radiographics. 2003;23:45-57.,33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,55 Scali EP, Chandler TM, Heffernan EJ, et al. Primary retroperitoneal masses: what is the differential diagnosis? Abdom Imaging. 2015;40:1887-903.,1414 Osman S, Lehnert BE, Elojeimy S, et al. A comprehensive review of the retroperitoneal anatomy, neoplasms, and pattern of disease spread. Curr Probl Diagn Radiol. 2013;42:191-208.).

Gordura

A gordura intralesional reduz significativamente a lista de diagnósticos diferenciais e engloba lesões com comportamento biológico distinto, como lipossarcoma, teratoma e hematopoese extramedular(1717 Craig W, Fanburg-Smith JC, Henry LR, et al. Fat-containing lesions of the retroperitoneum: radiologic-pathologic correlation. Radiographics. 2009;29:261-90.).

Lipossarcoma - É o sarcoma retroperitonial mais comum, acomete indivíduos na 5ª e 6ª décadas de vida e representa cerca de 30% dos sarcomas retroperitoniais. Pode ser classificado em bem diferenciado com ou sem componente de desdiferenciação, mixoide, células redondas e pleomórfico, os quais apresentam características clinicorradiológicas distintas. É frequente a localização no espaço perirrenal.

O lipossarcoma bem diferenciado é o subtipo mais comum, contém tecido adiposo maduro e se caracteriza por massa infiltrativa em relação às estruturas adjacentes(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,44 Elsayes KM, Staveteig PT, Narra VR, et al. Retroperitoneal masses: magnetic resonance imaging findings with pathologic correlation. Curr Probl Diagn Radiol. 2007;36:97-106.,1414 Osman S, Lehnert BE, Elojeimy S, et al. A comprehensive review of the retroperitoneal anatomy, neoplasms, and pattern of disease spread. Curr Probl Diagn Radiol. 2013;42:191-208.,1818 Sangster GP, Migliaro M, Heldmann MG, et al. The gamut of primary retroperitoneal masses: multimodality evaluation with pathologic correlation. Abdom Radiol (NY). 2016;41:1411-30.). Entre as características de imagem que favorecem esse diagnóstico, em detrimento de uma lesão benigna, está o tamanho da lesão superior a 10 cm e a presença de septos espessos (> 0,2 cm) e de focos de realce nodular(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,1919 Lubner MG, Hinshaw JL, Pickhardt PJ. Primary malignant tumors of peritoneal and retroperitoneal origin: clinical and imaging features. Surg Oncol Clin N Am. 2014;23:821-45.,2020 van der Byl G, Cerica A, Sala MG. Retroperitoneal lipomas: a case report. J Ultrasound. 2012;15:257-9.). Entretanto, a análise histopatológica com pesquisa de marcadores moleculares (anticorpos anti-CDK4 e anti-MDM2) auxilia nessa distinção. A ampla ressecção cirúrgica é o tratamento de escolha quando tecnicamente factível, com o objetivo de margens negativas para evitar recorrência local(2121 Butori N, Guy F, Collin F, et al. Retroperitoneal extra-adrenal myelolipoma: appearance in CT and MRI. Diagn Interv Imaging. 2012;93:e204-7.,2222 Matthyssens LE, Creytens D, Ceelen WP. Retroperitoneal liposarcoma: current insights in diagnosis and treatment. Front Surg. 2015;2:4.). Atualmente, algumas terapias-alvo para oncogenes amplificados têm se tornado promissoras no tratamento de alguns lipossarcomas, destacando-se os subtipos bem diferenciado e desdiferenciado(2323 Nassif NA, Tseng W, Borges C, et al. Recent advances in the management of liposarcoma. F1000Res. 2016;5:2907.,2424 Bill KL, Casadei L, Prudner BC, et al. Liposarcoma: molecular targets and therapeutic implications. Cell Mol Life Sci. 2016;73:3711-8.).

Teratoma retroperitonial - É um tumor de células germinativas derivado das camadas embrionárias e pode apresentar marcadores séricos elevados (alfafetoproteína, CEA, CA 19-9, β-HCG)(66 Tiu A, Sovani V, Khan N, et al. Primary retroperitoneal mature cystic teratoma (dermoid cyst) in a 51-year-old male: case report and historical literature review. SAGE Open Med Case Rep. 2017;5:2050313X17700745.,2525 Peyvandi H, Arsan F, Alipour-Faz A, et al. Primary retroperitoneal mature cystic teratoma in an adult: a case report. Int J Surg Case Rep. 2016;28:285-8.,2626 Kataoka M, Fukushima H, Nakanishi Y, et al. Retroperitoneal teratoma in an adult: a potential pitfall in the differential diagnosis of adrenal myelolipoma. Case Rep Urol. 2016;2016:5141769.). Caracteriza-se por gordura macroscópica, áreas císticas, calcificações, nível líquido- gordura, além de realce heterogêneo pelos meios de contraste(2626 Kataoka M, Fukushima H, Nakanishi Y, et al. Retroperitoneal teratoma in an adult: a potential pitfall in the differential diagnosis of adrenal myelolipoma. Case Rep Urol. 2016;2016:5141769.,2727 Xu Y, Wang J, Peng Y, et al. CT characteristics of primary retroperitoneal neoplasms in children. Eur J Radiol. 2010;75:321-8.) (Figura 2). A remoção cirúrgica do tumor é o principal tratamento(66 Tiu A, Sovani V, Khan N, et al. Primary retroperitoneal mature cystic teratoma (dermoid cyst) in a 51-year-old male: case report and historical literature review. SAGE Open Med Case Rep. 2017;5:2050313X17700745.,2525 Peyvandi H, Arsan F, Alipour-Faz A, et al. Primary retroperitoneal mature cystic teratoma in an adult: a case report. Int J Surg Case Rep. 2016;28:285-8.). Deve-se considerar a possibilidade de lesão retroperitonial secundária de origem gonadal em pacientes do sexo masculino, e os testículos sempre devem ser investigados(55 Scali EP, Chandler TM, Heffernan EJ, et al. Primary retroperitoneal masses: what is the differential diagnosis? Abdom Imaging. 2015;40:1887-903.).

Figura 2
Teratoma maduro em mulher de 23 anos. A imagem de TC demonstra massa retroperitonial com componentes de gordura, áreas císticas e calcificações de permeio (seta). Estes achados em conjunto, com destaque para componente adiposo, sugerem a possibilidade de lesão de origem germinativa. Observa-se deslocamento anterior da aorta em relação ao corpo vertebral - sinal indireto de localização retroperitonial (cabeça de seta). A confirmação diagnóstica foi por biópsia percutânea.

Hematopoese extramedular - É um mecanismo compensatório relacionado à redução da hematopoese na medula óssea e caracteriza-se por depósitos de tecido hematopoético em órgãos de origem mesenquimal (baço, fígado) e nos tecidos paravertebrais(1616 Messiou C, Moskovic E, Vanel D, et al. Primary retroperitoneal soft tissue sarcoma: imaging appearances, pitfalls and diagnostic algorithm. Eur J Surg Oncol. 2017;43:1191-8.). Na imagem, observam-se massas múltiplas e bilaterais, homogêneas e com discreto realce pelos meios de contraste, podendo conter gordura macroscópica(55 Scali EP, Chandler TM, Heffernan EJ, et al. Primary retroperitoneal masses: what is the differential diagnosis? Abdom Imaging. 2015;40:1887-903.). Os achados secundários de anemia crônica, incluindo dados clínicos e laboratoriais, contribuem para o diagnóstico.

Mielolipoma extra-adrenal - É uma lesão mesenquimal benigna rara, mais comumente unilateral, que contém tecido adiposo e hematopoético e que pode ocorrer no retroperitônio, mais comumente na região pré-sacral. Acomete mais frequentemente mulheres entre os 50-70 anos de idade. Geralmente são assintomáticos e descobertos incidentalmente em exames de imagem, mas podem cursar com dor abdominal decorrente de hemorragia, infarto tumoral ou compressão extrínseca. Os principais diagnósticos diferenciais são o teratoma retroperitonial, a hematopoese extramedular e o lipossarcoma, sendo praticamente indistinguível nos estudos de imagem deste último. A biópsia é frequentemente necessária para essa distinção e a presença de componentes hematopoéticos confirma o diagnóstico. As opções de tratamento variam desde controle por imagem das lesões assintomáticas e pequenas, até cirurgia para os casos sintomáticos, volumosos e com crescimento progressivo ou para os casos cuja natureza da lesão permanece indeterminada(2121 Butori N, Guy F, Collin F, et al. Retroperitoneal extra-adrenal myelolipoma: appearance in CT and MRI. Diagn Interv Imaging. 2012;93:e204-7.,2828 Hajiran A, Morley C, Jansen R, et al. Perirenal extra-adrenal myelolipoma. World J Clin Cases. 2014;2:279-83.

29 Temizoz O, Genchellac H, Demir MK, et al. Bilateral extra-adrenal perirenal myelolipomas: CT features. Br J Radiol. 2010;83:e198-9.
-3030 Hakim A, Rozeik C. Adrenal and extra-adrenal myelolipomas - a comparative case report. J Radiol Case Rep. 2014;8:1-12.).

O linfangioma cístico pode representar conteúdo lipídico nos estudos de imagem pela presença de material quiloso(88 Ayyappan AP, Jhaveri KS, Haider MA. Radiological assessment of mesenteric and retroperitoneal cysts in adults: is there a role for chemical shift MRI? Clin Imaging. 2011;35:127-32.).

Ponto chave: Existe um grupo específico de lesões retroperitoniais com comportamento biológico distinto que contém gordura. A pesquisa de conteúdo adiposo durante a avaliação por imagem reduz a lista de possíveis diagnósticos diferenciais.

Calcificação

Entre as lesões sólidas que podem conter calcificações estão os tumores neurogênicos, os lipossarcomas desdiferenciados, o teratoma e o sarcoma pleomórfico indiferenciado(55 Scali EP, Chandler TM, Heffernan EJ, et al. Primary retroperitoneal masses: what is the differential diagnosis? Abdom Imaging. 2015;40:1887-903.,1818 Sangster GP, Migliaro M, Heldmann MG, et al. The gamut of primary retroperitoneal masses: multimodality evaluation with pathologic correlation. Abdom Radiol (NY). 2016;41:1411-30.).

Lipossarcoma desdiferenciado - Apresenta calcificações em cerca de 30% dos casos, e quando essas calcificações estão associadas a nódulos com realce heterogêneo, sugerem áreas de desdiferenciação tumoral e pior prognóstico(22 Goenka AH, Shah SN, Remer EM. Imaging of the retroperitoneum. Radiol Clin North Am. 2012;50:333-55.,1818 Sangster GP, Migliaro M, Heldmann MG, et al. The gamut of primary retroperitoneal masses: multimodality evaluation with pathologic correlation. Abdom Radiol (NY). 2016;41:1411-30.,3131 Jagannathan JP, Tirumani SH, Ramaiya NH. Imaging in soft tissue sarcomas: current updates. Surg Oncol Clin N Am. 2016;25:645-75.,3232 Francis IR, Cohan RH, Varma DG, et al. Retroperitoneal sarcomas. Cancer Imaging. 2005;5:89-94.) (Figura 3). Na investigação dos lipossarcomas, a 18F-FDG PET/CT pode auxiliar na avaliação do grau tumoral, assim como no estadiamento e no seguimento pós-cirúrgico, por meio da captação dos componentes sólidos da lesão, sobretudo nos subtipos desdiferenciado e pleomórfico(1818 Sangster GP, Migliaro M, Heldmann MG, et al. The gamut of primary retroperitoneal masses: multimodality evaluation with pathologic correlation. Abdom Radiol (NY). 2016;41:1411-30.,2222 Matthyssens LE, Creytens D, Ceelen WP. Retroperitoneal liposarcoma: current insights in diagnosis and treatment. Front Surg. 2015;2:4.,3232 Francis IR, Cohan RH, Varma DG, et al. Retroperitoneal sarcomas. Cancer Imaging. 2005;5:89-94.). Alguns estudos apontam que o grau tumoral se correlaciona com o metabolismo glicolítico(2222 Matthyssens LE, Creytens D, Ceelen WP. Retroperitoneal liposarcoma: current insights in diagnosis and treatment. Front Surg. 2015;2:4.).

Figura 3
Lipossarcoma desdiferenciado. A: Homem, 58 anos. A imagem de TC demonstra lesão infiltrativa com componentes sólidos e adiposos (seta). Observa-se deslocamento do rim direito (cabeça da seta), inferindo localização no espaço pararrenal posterior e foco de calcificação sugerindo desdiferenciação tumoral (círculo). B,C: Mulher, 44 anos. A imagem de RM ponderada em T1 com saturação de gordura e após injeção de contraste (B) demonstra lesão infiltrativa contendo gordura (perda de sinal) e nódulos infiltrando a parede abdominal (seta). Foi realizada biópsia percutânea dos nódulos por ultrassonografia e a 18F-FDG PET/CT demonstrou hipermetabolismo (seta em C), correspondendo aos focos de desdiferenciação.

Teratoma retroperitonial - Caracteriza-se por lesão predominantemente cística contendo gordura e calcificações, sendo este achado sugestivo de teratoma maduro (Figura 2). Os teratomas imaturos, por outro lado, são incomuns e indistinguíveis da variante benigna apenas pelas características de imagem(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,55 Scali EP, Chandler TM, Heffernan EJ, et al. Primary retroperitoneal masses: what is the differential diagnosis? Abdom Imaging. 2015;40:1887-903.,3333 Morotti A, Busso M, Consiglio-Barozzino M, et al. Detection and management of retroperitoneal cystic lesions: a case report and review of the literature. Oncol Lett. 2017;14:1602-8.).

Tumor estromal extragastrintestinal - Neoplasia mesenquimal originária das células intersticiais de Cajal, localiza-se fora do trato gastrintestinal, sendo o retroperitônio raramente acometido. Caracteriza-se por mutações no gene c-kit, sendo histologicamente semelhante ao tumor estromal gastrintestinal. Manifestam-se como massas homogêneas ou heterogêneas, com necrose central e calcificações. O principal diagnóstico diferencial inclui os sarcomas(1818 Sangster GP, Migliaro M, Heldmann MG, et al. The gamut of primary retroperitoneal masses: multimodality evaluation with pathologic correlation. Abdom Radiol (NY). 2016;41:1411-30.).

Ponto chave: Calcificação é um achado comum na maior parte das lesões retroperitoniais e deve ser associada a outras características de imagem, como gordura, para estreitar o diagnóstico diferencial. Em relação ao lipossarcoma, a presença de calcificação, nódulos com realce e captação no estudo de 18F-FDG PET/CT sugerem componente tumoral desdiferenciado.

Estroma mixoide

O estroma mixoide corresponde a uma matriz mucoide rica em mucopolissacarídeos e é caracterizado pelo típico hipersinal nas imagens ponderadas em T2 na RM e pelo realce tardio pós-contraste(11 Nishino M, Hayakawa K, Minami M, et al. Primary retroperitoneal neoplasms: CT and MR imaging findings with anatomic and pathologic diagnostic clues. Radiographics. 2003;23:45-57.). As principais lesões que contêm matriz mixoide são os tumores neurogênicos, o lipossarcoma mixoide e o mixofibrossarcoma(22 Goenka AH, Shah SN, Remer EM. Imaging of the retroperitoneum. Radiol Clin North Am. 2012;50:333-55.,3131 Jagannathan JP, Tirumani SH, Ramaiya NH. Imaging in soft tissue sarcomas: current updates. Surg Oncol Clin N Am. 2016;25:645-75.). Destacamos o lipossarcoma mixoide e os tumores neurogênicos, que podem se originar da bainha neural, do sistema paraganglionar ou dos gânglios simpáticos(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.).

Tumores neurogênicos - São originários da bainha neural e englobam os schwannomas e os neurofibromas.

Os schwannomas são os tumores benignos de bainha neural mais frequentes, comuns em adultos jovens, e podem estar associados a neurofibromatoses(11 Nishino M, Hayakawa K, Minami M, et al. Primary retroperitoneal neoplasms: CT and MR imaging findings with anatomic and pathologic diagnostic clues. Radiographics. 2003;23:45-57.,1010 Hoarau N, Slim K, Da Ines D. CT and MR imaging of retroperitoneal schwannoma. Diagn Interv Imaging. 2013;94:1133-9.,1111 Brennan C, Kajal D, Khalili K, et al. Solid malignant retroperitoneal masses-a pictorial review. Insights Imaging. 2014;5:53-65.,3434 Hughes MJ, Thomas JM, Fisher C, et al. Imaging features of retroperitoneal and pelvic schwannomas. Clin Radiol. 2005;60:886-93.). Nos exames de imagem, manifestam-se como massas de morfologia oval ou esférica, circunscritas, com realce heterogêneo e frequentemente localizadas na região paravertebral(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,1111 Brennan C, Kajal D, Khalili K, et al. Solid malignant retroperitoneal masses-a pictorial review. Insights Imaging. 2014;5:53-65.). Na RM, a intensidade de sinal varia dependendo do tipo de tecido predominante, por exemplo, o característico hipersinal em T2 relacionado à maior quantidade de estroma mixoide(11 Nishino M, Hayakawa K, Minami M, et al. Primary retroperitoneal neoplasms: CT and MR imaging findings with anatomic and pathologic diagnostic clues. Radiographics. 2003;23:45-57.,1010 Hoarau N, Slim K, Da Ines D. CT and MR imaging of retroperitoneal schwannoma. Diagn Interv Imaging. 2013;94:1133-9.). Além disso, podem comprimir estruturas adjacentes, dependendo da localização e do tamanho(1010 Hoarau N, Slim K, Da Ines D. CT and MR imaging of retroperitoneal schwannoma. Diagn Interv Imaging. 2013;94:1133-9.,3434 Hughes MJ, Thomas JM, Fisher C, et al. Imaging features of retroperitoneal and pelvic schwannomas. Clin Radiol. 2005;60:886-93.). O tratamento de escolha consiste em cirurgia, principalmente se as lesões são grandes ou sintomáticas, ou no seguimento dos casos assintomáticos ou com alta morbidade cirúrgica(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,44 Elsayes KM, Staveteig PT, Narra VR, et al. Retroperitoneal masses: magnetic resonance imaging findings with pathologic correlation. Curr Probl Diagn Radiol. 2007;36:97-106.,1313 Strauss DC, Hayes AJ, Thomas JM. Retroperitoneal tumours: review of management. Ann R Coll Surg Engl. 2011;93:275-80.).

Os neurofibromas caracterizam-se pela proliferação de todos os elementos da estrutura nervosa e tendem a determinar expansão difusa do nervo(1010 Hoarau N, Slim K, Da Ines D. CT and MR imaging of retroperitoneal schwannoma. Diagn Interv Imaging. 2013;94:1133-9.). Manifestam-se como massas com atenuação de partes moles, hipointensas nas imagens ponderadas em T1 e com sinal variável em T2 na RM(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.). Outras características incluem a presença de degeneração mixoide, aspecto em alvo e realce variável pelo contraste(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,2727 Xu Y, Wang J, Peng Y, et al. CT characteristics of primary retroperitoneal neoplasms in children. Eur J Radiol. 2010;75:321-8.). Geralmente, apresentam morfologia fusiforme, com orientação longitudinal em relação ao trajeto do nervo acometido, ou podem cursar com alargamento de forame neural quando se originam das raízes nervosas espinais(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.). Os neurofibromas plexiformes retroperitoniais são tipicamente bilaterais e simétricos e seguem a distribuição do plexo lombossacral, sendo quase exclusivos da neurofibromatose tipo I(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,1111 Brennan C, Kajal D, Khalili K, et al. Solid malignant retroperitoneal masses-a pictorial review. Insights Imaging. 2014;5:53-65.). É importante ressaltar que os tumores malignos da bainha do nervo periférico correspondem a 10% dos sarcomas de tecidos moles e atualmente representam um grupo de neoplasias originárias de qualquer célula da bainha neural, incluindo o schwannoma maligno e os neurofibrossarcomas. Acometem uma faixa etária em torno dos 20-50 anos e estão fortemente associados à neurofibromatose tipo I(3535 Marçal NS, Teixeira E, Sotto-Mayor R, et al. Tumor maligno da bainha dos nervos periféricos do pulmão: a propósito de um caso clínico. Rev Port Pneumol. 2010;XVI:483-92.,3636 Diogo CJ, Formigo A, Florova E, et al. Tumor maligno da bainha do nervo periférico. Relato de caso. Rev Bras Clin Med. 2012;10:69-72.).

Em relação aos tumores neurogênicos originários do sistema paraganglionar, destacam-se os paragangliomas retroperitoniais, que são oriundos de células cromafins remanescentes em sítios extra-adrenais. O retroperitônio é a localização extra-adrenal mais comum dos paragangliomas, originando-se mais frequentemente nos corpos de Zuckerkandl (localizados na região para-aórtica próximos à origem da artéria mesentérica inferior)(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,1111 Brennan C, Kajal D, Khalili K, et al. Solid malignant retroperitoneal masses-a pictorial review. Insights Imaging. 2014;5:53-65.,1414 Osman S, Lehnert BE, Elojeimy S, et al. A comprehensive review of the retroperitoneal anatomy, neoplasms, and pattern of disease spread. Curr Probl Diagn Radiol. 2013;42:191-208.). São caracterizados por massas heterogêneas, com hemorragia, necrose central (40%), calcificações puntiformes e nível líquido-líquido. Na RM, apresentam hipersinal ou sinal heterogêneo em T2 e intenso realce pelo contraste(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,55 Scali EP, Chandler TM, Heffernan EJ, et al. Primary retroperitoneal masses: what is the differential diagnosis? Abdom Imaging. 2015;40:1887-903.,1111 Brennan C, Kajal D, Khalili K, et al. Solid malignant retroperitoneal masses-a pictorial review. Insights Imaging. 2014;5:53-65.). Alguns casos podem cursar com hipersecreção de catecolaminas(22 Goenka AH, Shah SN, Remer EM. Imaging of the retroperitoneum. Radiol Clin North Am. 2012;50:333-55.,33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,3333 Morotti A, Busso M, Consiglio-Barozzino M, et al. Detection and management of retroperitoneal cystic lesions: a case report and review of the literature. Oncol Lett. 2017;14:1602-8.). Aproximadamente 40% dos paragangliomas retroperitoniais são malignos, geralmente apresentando-se com necrose e metástases a distância(2727 Xu Y, Wang J, Peng Y, et al. CT characteristics of primary retroperitoneal neoplasms in children. Eur J Radiol. 2010;75:321-8.,3333 Morotti A, Busso M, Consiglio-Barozzino M, et al. Detection and management of retroperitoneal cystic lesions: a case report and review of the literature. Oncol Lett. 2017;14:1602-8.,3737 Ji XK, Zheng XW, Wu XL, et al. Diagnosis and surgical treatment of retroperitoneal paraganglioma: a single-institution experience of 34 cases. Oncol Lett. 2017;14:2268-80.). Os estudos de imagem funcionais são úteis para a localização do tumor e das metástases a distância, destacando-se a cintilografia com MIBG, a 18F-FDG PET/CT e a 68Ga-dotatate PET/CT, esta última superior para detecção de lesões(3838 Bellamy J, Ittah A, Perez N. Unexpected finding at 18-FDG PET-CT: abdominal paraganglioma. Ann Clin Case Rep. 2016;1:1071.,3939 Mojtahedi A, Thamake S, Tworowska I, et al. The value of (68)Ga-DOTATATE PET/CT in diagnosis and management of neuroendocrine tumors compared to current FDA approved imaging modalities: a review of literature. Am J Nucl Med Mol Imaging. 2014;4:426-34.) (Figura 4). A ressecção cirúrgica é o tratamento de escolha e mesmo nos casos metastáticos, pois se associa com a melhora da sobrevida(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,3737 Ji XK, Zheng XW, Wu XL, et al. Diagnosis and surgical treatment of retroperitoneal paraganglioma: a single-institution experience of 34 cases. Oncol Lett. 2017;14:2268-80.).

Figura 4
Paraganglioma retroperitonial em homem de 24 anos. As imagens de TC (A) e 18F-FDG PET/CT (B) demonstram lesões nodulares hipervascularizadas e com hipermetabolismo glicolítico adjacentes à bifurcação aortoilíaca.

O grupo dos tumores neurogênicos derivados de gânglios simpáticos compreende os ganglioneuromas, neuroblastomas e ganglioneuroblastomas, sendo esses dois últimos mais comuns na faixa etária pediátrica(2727 Xu Y, Wang J, Peng Y, et al. CT characteristics of primary retroperitoneal neoplasms in children. Eur J Radiol. 2010;75:321-8.). Os ganglioneuromas são tumores benignos de crescimento lento localizados ao longo do plexo simpático paravertebral, geralmente no mediastino posterior e no retroperitônio. Manifestam-se como massa bem definida, com atenuação inferior à do músculo, e podem conter estroma mixoide e calcificações puntiformes(11 Nishino M, Hayakawa K, Minami M, et al. Primary retroperitoneal neoplasms: CT and MR imaging findings with anatomic and pathologic diagnostic clues. Radiographics. 2003;23:45-57.,33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.) (Figura 5). Na RM, apresentam hipossinal homogêneo em T1 e sinal variável em T2. Na metade dos casos, podem ser funcionantes (produção de catecolaminas e hormônios androgênicos)(22 Goenka AH, Shah SN, Remer EM. Imaging of the retroperitoneum. Radiol Clin North Am. 2012;50:333-55.,1111 Brennan C, Kajal D, Khalili K, et al. Solid malignant retroperitoneal masses-a pictorial review. Insights Imaging. 2014;5:53-65.). O diagnóstico baseia-se no estudo anatomopatológico e a ressecção cirúrgica completa é o tratamento de escolha, principalmente quando sintomáticos(4040 Martinho D, Pereira S, Formoso R, et al. Ganglioneuroma retroperitoneal: envolvimento do pedículo vascular do rim esquerdo. Acta Urológica. 2008;25:63-6.). Entretanto, existem especialistas que preconizam o controle por imagem, que deve ser realizado com cautela pela possibilidade de coexistência de componentes pouco diferenciados(4040 Martinho D, Pereira S, Formoso R, et al. Ganglioneuroma retroperitoneal: envolvimento do pedículo vascular do rim esquerdo. Acta Urológica. 2008;25:63-6.,4141 Kumar S, Singh S, Chandna A. Organ preservation in a case of retroperitoneal ganglioneuroma: a case report and review of literature. Case Rep Surg. 2016;2016:6597374.).

Figura 5
Ganglioneuroma em mulher de 31 anos. A imagem de TC demonstra lesão retroperitonial com aspecto pseudocístico (seta).

Lipossarcoma mixoide - Acomete indivíduos numa faixa etária entre os 40-60 anos e é mais comum nas extremidades, principalmente nos planos profundos da coxa, mas podem se originar ocasionalmente no retroperitônio(1111 Brennan C, Kajal D, Khalili K, et al. Solid malignant retroperitoneal masses-a pictorial review. Insights Imaging. 2014;5:53-65.,3131 Jagannathan JP, Tirumani SH, Ramaiya NH. Imaging in soft tissue sarcomas: current updates. Surg Oncol Clin N Am. 2016;25:645-75.). Contém componentes não adiposos e adiposos mixoides, os quais determinam o aspecto pseudocístico nos estudos de imagem, assim como realce lento e progressivo pelo meio de contraste(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,1111 Brennan C, Kajal D, Khalili K, et al. Solid malignant retroperitoneal masses-a pictorial review. Insights Imaging. 2014;5:53-65.,1818 Sangster GP, Migliaro M, Heldmann MG, et al. The gamut of primary retroperitoneal masses: multimodality evaluation with pathologic correlation. Abdom Radiol (NY). 2016;41:1411-30.). O conteúdo adiposo corresponde, geralmente, a menos de 10% do volume tumoral(3131 Jagannathan JP, Tirumani SH, Ramaiya NH. Imaging in soft tissue sarcomas: current updates. Surg Oncol Clin N Am. 2016;25:645-75.).

Mixofibrossarcoma - Previamente denominado histiocitoma fibroso maligno mixoide, acomete indivíduos com idade média de 65 anos e se origina no retroperitônio em cerca de 8% dos casos. Os achados de imagem são inespecíficos, com padrão variável devido à presença de estroma mixoide, tecido fibroso e celular, hemorragia e necrose associados ou não a presença de nível líquido ou pseudocápsula(3131 Jagannathan JP, Tirumani SH, Ramaiya NH. Imaging in soft tissue sarcomas: current updates. Surg Oncol Clin N Am. 2016;25:645-75.).

Ponto chave: Estroma mixoide é um achado comum a um grande grupo de tumores retroperitoniais e é caracterizado pelo aspecto pseudocístico e característico hipersinal nas imagens ponderadas em T2 na RM. As relações anatômicas da lesão, como estruturas nervosas ou corpos de Zuckerkandl, assim como presença de síndromes genéticas, ajuda a estreitar o diagnóstico diferencial.

Necrose

A necrose é um achado característico de neoplasias de alto grau, geralmente indicando mau prognóstico e sendo encontrado nos tumores retroperitoniais malignos mais frequentes, descritos a seguir(11 Nishino M, Hayakawa K, Minami M, et al. Primary retroperitoneal neoplasms: CT and MR imaging findings with anatomic and pathologic diagnostic clues. Radiographics. 2003;23:45-57.,33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.).

Leiomiossarcoma - Corresponde ao segundo tumor retroperitonial primário mais comum em adultos entre 50-60 anos e se origina de tecido muscular liso retroperitonial, da parede vascular ou de remanescentes embrionários dos ductos de Wolff(1111 Brennan C, Kajal D, Khalili K, et al. Solid malignant retroperitoneal masses-a pictorial review. Insights Imaging. 2014;5:53-65.,1414 Osman S, Lehnert BE, Elojeimy S, et al. A comprehensive review of the retroperitoneal anatomy, neoplasms, and pattern of disease spread. Curr Probl Diagn Radiol. 2013;42:191-208.,1818 Sangster GP, Migliaro M, Heldmann MG, et al. The gamut of primary retroperitoneal masses: multimodality evaluation with pathologic correlation. Abdom Radiol (NY). 2016;41:1411-30.). Na imagem, caracteriza-se por massa volumosa com necrose, hemorragia ocasional e com envolvimento contíguo de estrutura vascular, sendo as calcificações e a gordura intralesional incomuns(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,1818 Sangster GP, Migliaro M, Heldmann MG, et al. The gamut of primary retroperitoneal masses: multimodality evaluation with pathologic correlation. Abdom Radiol (NY). 2016;41:1411-30.,3232 Francis IR, Cohan RH, Varma DG, et al. Retroperitoneal sarcomas. Cancer Imaging. 2005;5:89-94.) (Figura 6). São descritos três padrões de crescimento nos estudos de imagem, os quais compreendem o extravascular, o intravascular e o combinado(1111 Brennan C, Kajal D, Khalili K, et al. Solid malignant retroperitoneal masses-a pictorial review. Insights Imaging. 2014;5:53-65.,1919 Lubner MG, Hinshaw JL, Pickhardt PJ. Primary malignant tumors of peritoneal and retroperitoneal origin: clinical and imaging features. Surg Oncol Clin N Am. 2014;23:821-45.). O tratamento é difícil, pela complexidade cirúrgica, em razão do tamanho e da extensão tumoral, entretanto, a cirurgia permanece como o tratamento de escolha. A recorrência tumoral é frequente(1919 Lubner MG, Hinshaw JL, Pickhardt PJ. Primary malignant tumors of peritoneal and retroperitoneal origin: clinical and imaging features. Surg Oncol Clin N Am. 2014;23:821-45.,4242 Shindo S, Matsumoto H, Ogata K, et al. Surgical treatment of retroperitoneal leiomyosarcoma invading the inferior vena cava: report of three cases. Surg Today. 2002;32:929-33.). A quimioterapia também é uma opção terapêutica, mesmo com finalidade paliativa(1313 Strauss DC, Hayes AJ, Thomas JM. Retroperitoneal tumours: review of management. Ann R Coll Surg Engl. 2011;93:275-80.,2222 Matthyssens LE, Creytens D, Ceelen WP. Retroperitoneal liposarcoma: current insights in diagnosis and treatment. Front Surg. 2015;2:4.,4343 Gemici K, Buldu I, Acar T, et al. Management of patients with retroperitoneal tumors and a review of the literature. World J Surg Oncol. 2015;13:143.).

Figura 6
Leiomiossarcoma retroperitonial em mulher de 56 anos. A imagem de TC demostra volumosa lesão retroperitonial com realce heterogêneo e com focos de necrose. Observa-se amplo contato com a veia cava inferior (seta).

Sarcoma pleomórfico indiferenciado - Anteriormente conhecido por histiocitoma fibroso maligno, foi reclassificado pela Organização Mundial da Saúde em 2013(3131 Jagannathan JP, Tirumani SH, Ramaiya NH. Imaging in soft tissue sarcomas: current updates. Surg Oncol Clin N Am. 2016;25:645-75.). O sarcoma pleomórfico indiferenciado é considerado o terceiro tumor retroperitonial mais comum e geralmente surge entre os 50-70 anos de idade(1111 Brennan C, Kajal D, Khalili K, et al. Solid malignant retroperitoneal masses-a pictorial review. Insights Imaging. 2014;5:53-65.,3131 Jagannathan JP, Tirumani SH, Ramaiya NH. Imaging in soft tissue sarcomas: current updates. Surg Oncol Clin N Am. 2016;25:645-75.). Os achados de imagem caracterizam-se por massas volumosas e infiltrativas, com realce heterogêneo e áreas de necrose, hemorragia, fibrose, calcificações (20%) com ou sem pseudocápsula(44 Elsayes KM, Staveteig PT, Narra VR, et al. Retroperitoneal masses: magnetic resonance imaging findings with pathologic correlation. Curr Probl Diagn Radiol. 2007;36:97-106.,55 Scali EP, Chandler TM, Heffernan EJ, et al. Primary retroperitoneal masses: what is the differential diagnosis? Abdom Imaging. 2015;40:1887-903.,1818 Sangster GP, Migliaro M, Heldmann MG, et al. The gamut of primary retroperitoneal masses: multimodality evaluation with pathologic correlation. Abdom Radiol (NY). 2016;41:1411-30.,3131 Jagannathan JP, Tirumani SH, Ramaiya NH. Imaging in soft tissue sarcomas: current updates. Surg Oncol Clin N Am. 2016;25:645-75.). O tratamento de escolha é a ressecção cirúrgica e o prognóstico é diretamente relacionado ao grau tumoral, tamanho da lesão e presença de metástases(1919 Lubner MG, Hinshaw JL, Pickhardt PJ. Primary malignant tumors of peritoneal and retroperitoneal origin: clinical and imaging features. Surg Oncol Clin N Am. 2014;23:821-45.).

Lipossarcoma pleomórfico - É um tumor agressivo e heterogêneo, sendo o subtipo menos comum dentre os lipossarcomas, caracterizados por áreas de necrose e ausência de componente adiposo evidente nos estudos de imagem, sendo indistinguíveis de outros tumores sólidos retroperitoniais(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,1414 Osman S, Lehnert BE, Elojeimy S, et al. A comprehensive review of the retroperitoneal anatomy, neoplasms, and pattern of disease spread. Curr Probl Diagn Radiol. 2013;42:191-208.,1818 Sangster GP, Migliaro M, Heldmann MG, et al. The gamut of primary retroperitoneal masses: multimodality evaluation with pathologic correlation. Abdom Radiol (NY). 2016;41:1411-30.).

Ponto chave: Lipossarcoma, leiomiossarcoma e sarcoma pleomórfico indiferenciado são os tumores mesenquimais malignos mais frequentes do retroperitônio, sendo a necrose uma característica comum a este grupo e que denota agressividade.

Aspecto cístico

Alguns tumores retroperitoniais possuem aspecto cístico e o linfangioma é a principal lesão a ser considerada no diagnóstico diferencial.

Linfangioma cístico - É uma malformação linfática, benigna e de crescimento lento, causada por uma falha na comunicação dos canais linfáticos retroperitoniais com o sistema linfático principal(3333 Morotti A, Busso M, Consiglio-Barozzino M, et al. Detection and management of retroperitoneal cystic lesions: a case report and review of the literature. Oncol Lett. 2017;14:1602-8.). Pode apresentar conteúdo seroso, quiloso, hemorrágico ou misto e caracteriza-se por massa cística uni ou multilocular, de paredes finas e com atenuação variável, dependendo do conteúdo intralesional (Figura 7). O tratamento de escolha é a ressecção cirúrgica no caso de lesões volumosas, de crescimento rápido ou de pacientes sintomáticos. Para os demais pacientes, a conduta conservadora e o seguimento por imagem devem ser considerados(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,44 Elsayes KM, Staveteig PT, Narra VR, et al. Retroperitoneal masses: magnetic resonance imaging findings with pathologic correlation. Curr Probl Diagn Radiol. 2007;36:97-106.,88 Ayyappan AP, Jhaveri KS, Haider MA. Radiological assessment of mesenteric and retroperitoneal cysts in adults: is there a role for chemical shift MRI? Clin Imaging. 2011;35:127-32.).

Figura 7
Linfangioma cístico retroperitonial em homem de 37 anos. A imagem de TC demonstra lesão cística retroperitonial (seta), que desloca as alças intestinais anteriormente e apresenta contato com o pâncreas. Foi realizada ressecção cirúrgica e o anatomopatológico demonstrou proliferação de vasos linfáticos dilatados, sem atipias, compatível com linfangioma.

Mesotelioma cístico - É uma neoplasia benigna rara, de origem mesotelial, e caracteriza-se por lesão cística, de dimensões variadas, com paredes finas e indistintas de outras massas císticas do retroperitônio(1414 Osman S, Lehnert BE, Elojeimy S, et al. A comprehensive review of the retroperitoneal anatomy, neoplasms, and pattern of disease spread. Curr Probl Diagn Radiol. 2013;42:191-208.,3333 Morotti A, Busso M, Consiglio-Barozzino M, et al. Detection and management of retroperitoneal cystic lesions: a case report and review of the literature. Oncol Lett. 2017;14:1602-8.). Embora casos de transformação maligna já tenham sido descritos, alguns autores defendem que não existe potencial maligno para essas lesões(4444 Park JY, Kim KW, Kwon HJ, et al. Peritoneal mesotheliomas: clinicopathologic features, CT findings, and differential diagnosis. AJR Am J Roentgenol. 2008;191:814-25.). Dessa forma, recomenda-se controle periódico por imagem para pacientes não candidatos a cirurgia. Outras lesões císticas menos comuns incluem os cistos müllerianos, cistos epidermoides, pseudocistos não pancreáticos, cistoadenoma/cistoadenocarcinoma(11 Nishino M, Hayakawa K, Minami M, et al. Primary retroperitoneal neoplasms: CT and MR imaging findings with anatomic and pathologic diagnostic clues. Radiographics. 2003;23:45-57.,1414 Osman S, Lehnert BE, Elojeimy S, et al. A comprehensive review of the retroperitoneal anatomy, neoplasms, and pattern of disease spread. Curr Probl Diagn Radiol. 2013;42:191-208.,3333 Morotti A, Busso M, Consiglio-Barozzino M, et al. Detection and management of retroperitoneal cystic lesions: a case report and review of the literature. Oncol Lett. 2017;14:1602-8.). Ainda merece destaque que alguns schwannomas e paragangliomas podem ser completamente císticos e devem ser incluídos no diagnóstico diferencial(3333 Morotti A, Busso M, Consiglio-Barozzino M, et al. Detection and management of retroperitoneal cystic lesions: a case report and review of the literature. Oncol Lett. 2017;14:1602-8.,3434 Hughes MJ, Thomas JM, Fisher C, et al. Imaging features of retroperitoneal and pelvic schwannomas. Clin Radiol. 2005;60:886-93.).

Ponto chave: O manejo das lesões retroperitoniais císticas é um dilema clínico, em que as principais opções são a investigação por biópsia percutânea, seguimento clínico ou mesmo a excisão cirúrgica caso sejam sintomáticas(3333 Morotti A, Busso M, Consiglio-Barozzino M, et al. Detection and management of retroperitoneal cystic lesions: a case report and review of the literature. Oncol Lett. 2017;14:1602-8.).

Vascularização

A vascularização tumoral auxilia na caracterização das massas retroperitoniais. Dentre as lesões hipervasculares, destacamos os paragangliomas. Os tumores moderadamente hipervasculares incluem os leiomiossarcomas, mixofibrossarcoma e outros sarcomas. Por outro lado, os tumores hipovasculares compreendem os lipossarcomas de baixo grau, linfomas e a maioria dos tumores benignos(11 Nishino M, Hayakawa K, Minami M, et al. Primary retroperitoneal neoplasms: CT and MR imaging findings with anatomic and pathologic diagnostic clues. Radiographics. 2003;23:45-57.).

Lesões com "padrão em manto"

O comportamento da lesão auxilia no diagnóstico diferencial, principalmente pelos padrões de crescimento, extensão e relação com as estruturas adjacentes. O termo "padrão em manto" é utilizado para as lesões que envolvem as estruturas adjacentes, sem sinais evidentes de infiltração.

Linfoma - É a neoplasia maligna retroperitonial mais comum e corresponde ao principal tumor composto por células pequenas e redondas e tipicamente se apresenta como massa para-aórtica ou pélvica, que envolve as estruturas ao redor, de aspecto homogêneo e hipovascular(11 Nishino M, Hayakawa K, Minami M, et al. Primary retroperitoneal neoplasms: CT and MR imaging findings with anatomic and pathologic diagnostic clues. Radiographics. 2003;23:45-57.,33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.

4 Elsayes KM, Staveteig PT, Narra VR, et al. Retroperitoneal masses: magnetic resonance imaging findings with pathologic correlation. Curr Probl Diagn Radiol. 2007;36:97-106.
-55 Scali EP, Chandler TM, Heffernan EJ, et al. Primary retroperitoneal masses: what is the differential diagnosis? Abdom Imaging. 2015;40:1887-903.). A necrose e as calcificações são incomuns antes do tratamento(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.). Em relação ao diagnóstico, estadiamento e avaliação durante o tratamento, a 18F-FDG PET/CT é o exame padrão. No entanto, a avidez pela FDG depende de fatores como características histológicas, grau e proliferação tumoral(4545 Paes FM, Kalkanis DG, Sideras PA, et al. FDG PET/CT of extranodal involvement in non-Hodgkin lymphoma and Hodgkin disease. Radiographics. 2010;30:269-91.,4646 Johnson SA, Kumar A, Matasar MJ, et al. Imaging for staging and response assessment in lymphoma. Radiology. 2015;276:323-38.). Alguns estudos demonstraram que linfomas de baixo grau ou indolentes apresentam menor avidez pela FDG, quando comparados aos de alto grau ou agressivos (por exemplo: linfoma de grandes células B, linfoma de Hodgkin tipo esclerose nodular)(4545 Paes FM, Kalkanis DG, Sideras PA, et al. FDG PET/CT of extranodal involvement in non-Hodgkin lymphoma and Hodgkin disease. Radiographics. 2010;30:269-91.,4747 Bodet-Milin C, Eugène T, Gastinne T, et al. The role of FDG-PET scanning in assessing lymphoma in 2012. Diagn Interv Imaging. 2013;94:158-68.). O tratamento baseia-se na quimioterapia aliada a radioterapia consolidativa ou imunoterapia, conforme o subtipo histológico(4646 Johnson SA, Kumar A, Matasar MJ, et al. Imaging for staging and response assessment in lymphoma. Radiology. 2015;276:323-38.). Um diagnóstico diferencial importante é a linfonodomegalia metastática, que apresenta aspecto similar nos estudos de imagem(44 Elsayes KM, Staveteig PT, Narra VR, et al. Retroperitoneal masses: magnetic resonance imaging findings with pathologic correlation. Curr Probl Diagn Radiol. 2007;36:97-106.,55 Scali EP, Chandler TM, Heffernan EJ, et al. Primary retroperitoneal masses: what is the differential diagnosis? Abdom Imaging. 2015;40:1887-903.).

Doença de Erdheim-Chester - É uma histiocitose de células não Langerhans, rara e de origem desconhecida, que representa inflamação multissistêmica por histiócitos e comumente acomete indivíduos do sexo masculino com idade entre os 40-60 anos. Há acometimento retroperitonial em 29% dos casos, que se caracteriza por tecido de partes moles com atenuação homogênea na TC, hipossinal a isossinal em T1 e hipersinal em T2 na RM(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,55 Scali EP, Chandler TM, Heffernan EJ, et al. Primary retroperitoneal masses: what is the differential diagnosis? Abdom Imaging. 2015;40:1887-903.,4848 Diamond EL, Dagna L, Hyman DM, et al. Consensus guidelines for the diagnosis and clinical management of Erdheim-Chester disease. Blood. 2014;124:483-92.,4949 Matzumura M Arias-Stella J 3rd, Novak JE. Erdheim-Chester disease: a rare presentation of a rare disease. J Investig Med High Impact Case Rep. 2016;4:2324709616663233.). O envolvimento circunferencial da aorta e do espaço perirrenal bilateral e simétrico é característico. Os ureteres também podem estar envolvidos(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,4848 Diamond EL, Dagna L, Hyman DM, et al. Consensus guidelines for the diagnosis and clinical management of Erdheim-Chester disease. Blood. 2014;124:483-92.,4949 Matzumura M Arias-Stella J 3rd, Novak JE. Erdheim-Chester disease: a rare presentation of a rare disease. J Investig Med High Impact Case Rep. 2016;4:2324709616663233.) (Figura 8). O diagnóstico baseia-se na identificação de achados histopatológicos específicos em um contexto clinicorradiológico apropriado. São frequentes as alterações ósseas, e mesmo nos casos de elevada suspeita clínica a biópsia é usualmente necessária para confirmar o diagnóstico(4848 Diamond EL, Dagna L, Hyman DM, et al. Consensus guidelines for the diagnosis and clinical management of Erdheim-Chester disease. Blood. 2014;124:483-92.). Em razão da raridade da doença e dos escassos estudos randomizados, há pouco conhecimento sobre o tratamento específico, que se baseia em corticoterapia, uso de imunomoduladores e agentes citotóxicos, entre outros(4848 Diamond EL, Dagna L, Hyman DM, et al. Consensus guidelines for the diagnosis and clinical management of Erdheim-Chester disease. Blood. 2014;124:483-92.,4949 Matzumura M Arias-Stella J 3rd, Novak JE. Erdheim-Chester disease: a rare presentation of a rare disease. J Investig Med High Impact Case Rep. 2016;4:2324709616663233.).

Figura 8
Padrão em manto. Doença de Erdheim-Chester em homem de 62 anos. As imagens de TC (A,B) demostram tecido sólido perirrenal (padrão em manto) envolvendo o hilo renal (seta em B). Não foi observada hidronefrose bilateral.

Fibrose retroperitonial - É uma condição rara, mais comum no sexo masculino, e classificada nos subtipos idiopático ou secundário(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,44 Elsayes KM, Staveteig PT, Narra VR, et al. Retroperitoneal masses: magnetic resonance imaging findings with pathologic correlation. Curr Probl Diagn Radiol. 2007;36:97-106.,5050 Vaglio A, Salvarani C, Buzio C. Retroperitoneal fibrosis. Lancet. 2006;367:241-51.). A forma idiopática representa dois terços dos casos e a secundária está relacionada a neoplasias, infecções, traumas e outras condições. Nos exames de imagem, caracteriza-se por tecido com atenuação de partes moles e homogêneo, que circunda a aorta abdominal e as artérias ilíacas e que pode envolver estruturas adjacentes, como os ureteres e a veia cava inferior, determinando obstrução ureteral e trombose venosa(44 Elsayes KM, Staveteig PT, Narra VR, et al. Retroperitoneal masses: magnetic resonance imaging findings with pathologic correlation. Curr Probl Diagn Radiol. 2007;36:97-106.,5050 Vaglio A, Salvarani C, Buzio C. Retroperitoneal fibrosis. Lancet. 2006;367:241-51.). Na RM, apresenta intensidade de sinal em T2 e padrão de realce variáveis, conforme a atividade da doença(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.). O tratamento da forma idiopática consiste em corticoterapia, e em alguns casos o tamoxifeno tem sido bem efetivo. Nos casos secundários, o tratamento baseia-se no manejo da causa primária(33 Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.,44 Elsayes KM, Staveteig PT, Narra VR, et al. Retroperitoneal masses: magnetic resonance imaging findings with pathologic correlation. Curr Probl Diagn Radiol. 2007;36:97-106.,5050 Vaglio A, Salvarani C, Buzio C. Retroperitoneal fibrosis. Lancet. 2006;367:241-51.).

Ponto chave: Lesões retroperitoniais com padrão em manto englobam desde lesões benignas até malignas (por exemplo: linfoma), geralmente de tratamento medicamentoso/quimioterápico, sugerindo que a biópsia percutânea pode ser importante ferramenta no manejo clínico inicial.

ALGORITMO DIAGNÓSTICO E MANEJO CLÍNICO

Apresentamos um algoritmo com o objetivo de auxiliar no diagnóstico diferencial das principais massas retroperitoniais primárias por meio da análise das características de imagem citadas anteriormente (Figura 9). Na Figura 10 são abordadas as principais condutas no manejo das lesões retroperitoniais primárias.

Figura 9
Algoritmo demonstrando avaliação prática das massas retroperitoniais com base nas principais características de imagem (gordura, aspecto cístico, estroma mixoide, necrose e padrão em manto).

Figura 10
Manejo clínico das principais massas retroperitoniais.

CONCLUSÃO

As lesões retroperitoniais primárias são raras e representam um desafio diagnóstico, devido à superposição dos achados de imagem. O conhecimento das características de imagem ajuda a estreitar o diagnóstico diferencial e orientar a decisão clínica.

REFERENCES

  • 1
    Nishino M, Hayakawa K, Minami M, et al. Primary retroperitoneal neoplasms: CT and MR imaging findings with anatomic and pathologic diagnostic clues. Radiographics. 2003;23:45-57.
  • 2
    Goenka AH, Shah SN, Remer EM. Imaging of the retroperitoneum. Radiol Clin North Am. 2012;50:333-55.
  • 3
    Chaudhari A, Desai PD, Vadel MK, et al. Evaluation of primary retroperitoneal masses by computed tomography scan. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:1423-9.
  • 4
    Elsayes KM, Staveteig PT, Narra VR, et al. Retroperitoneal masses: magnetic resonance imaging findings with pathologic correlation. Curr Probl Diagn Radiol. 2007;36:97-106.
  • 5
    Scali EP, Chandler TM, Heffernan EJ, et al. Primary retroperitoneal masses: what is the differential diagnosis? Abdom Imaging. 2015;40:1887-903.
  • 6
    Tiu A, Sovani V, Khan N, et al. Primary retroperitoneal mature cystic teratoma (dermoid cyst) in a 51-year-old male: case report and historical literature review. SAGE Open Med Case Rep. 2017;5:2050313X17700745.
  • 7
    Malgras B, Souraud JB, Chapuis O. Retroperitoneal gastric duplication cyst. J Visc Surg. 2014;151:479-80.
  • 8
    Ayyappan AP, Jhaveri KS, Haider MA. Radiological assessment of mesenteric and retroperitoneal cysts in adults: is there a role for chemical shift MRI? Clin Imaging. 2011;35:127-32.
  • 9
    Gâtita CE, Georgescu I, Nemes R. Difficulties in diagnosis of primitive retroperitoneal tumors. Current Health Sciences Journal. 2010;36:132-5.
  • 10
    Hoarau N, Slim K, Da Ines D. CT and MR imaging of retroperitoneal schwannoma. Diagn Interv Imaging. 2013;94:1133-9.
  • 11
    Brennan C, Kajal D, Khalili K, et al. Solid malignant retroperitoneal masses-a pictorial review. Insights Imaging. 2014;5:53-65.
  • 12
    Lee F, Huang TS, Ng XY, et al. Surgical management of primary retroperitoneal tumors - analysis of a single center experience. Journal of Cancer Research and Practice. 2017;4:49-52.
  • 13
    Strauss DC, Hayes AJ, Thomas JM. Retroperitoneal tumours: review of management. Ann R Coll Surg Engl. 2011;93:275-80.
  • 14
    Osman S, Lehnert BE, Elojeimy S, et al. A comprehensive review of the retroperitoneal anatomy, neoplasms, and pattern of disease spread. Curr Probl Diagn Radiol. 2013;42:191-208.
  • 15
    Coffin A, Boulay-Coletta I, Sebbag-Sfez D, et al. Radioanatomy of the retroperitoneal space. Diagn Interv Imaging. 2015;96:171-86.
  • 16
    Messiou C, Moskovic E, Vanel D, et al. Primary retroperitoneal soft tissue sarcoma: imaging appearances, pitfalls and diagnostic algorithm. Eur J Surg Oncol. 2017;43:1191-8.
  • 17
    Craig W, Fanburg-Smith JC, Henry LR, et al. Fat-containing lesions of the retroperitoneum: radiologic-pathologic correlation. Radiographics. 2009;29:261-90.
  • 18
    Sangster GP, Migliaro M, Heldmann MG, et al. The gamut of primary retroperitoneal masses: multimodality evaluation with pathologic correlation. Abdom Radiol (NY). 2016;41:1411-30.
  • 19
    Lubner MG, Hinshaw JL, Pickhardt PJ. Primary malignant tumors of peritoneal and retroperitoneal origin: clinical and imaging features. Surg Oncol Clin N Am. 2014;23:821-45.
  • 20
    van der Byl G, Cerica A, Sala MG. Retroperitoneal lipomas: a case report. J Ultrasound. 2012;15:257-9.
  • 21
    Butori N, Guy F, Collin F, et al. Retroperitoneal extra-adrenal myelolipoma: appearance in CT and MRI. Diagn Interv Imaging. 2012;93:e204-7.
  • 22
    Matthyssens LE, Creytens D, Ceelen WP. Retroperitoneal liposarcoma: current insights in diagnosis and treatment. Front Surg. 2015;2:4.
  • 23
    Nassif NA, Tseng W, Borges C, et al. Recent advances in the management of liposarcoma. F1000Res. 2016;5:2907.
  • 24
    Bill KL, Casadei L, Prudner BC, et al. Liposarcoma: molecular targets and therapeutic implications. Cell Mol Life Sci. 2016;73:3711-8.
  • 25
    Peyvandi H, Arsan F, Alipour-Faz A, et al. Primary retroperitoneal mature cystic teratoma in an adult: a case report. Int J Surg Case Rep. 2016;28:285-8.
  • 26
    Kataoka M, Fukushima H, Nakanishi Y, et al. Retroperitoneal teratoma in an adult: a potential pitfall in the differential diagnosis of adrenal myelolipoma. Case Rep Urol. 2016;2016:5141769.
  • 27
    Xu Y, Wang J, Peng Y, et al. CT characteristics of primary retroperitoneal neoplasms in children. Eur J Radiol. 2010;75:321-8.
  • 28
    Hajiran A, Morley C, Jansen R, et al. Perirenal extra-adrenal myelolipoma. World J Clin Cases. 2014;2:279-83.
  • 29
    Temizoz O, Genchellac H, Demir MK, et al. Bilateral extra-adrenal perirenal myelolipomas: CT features. Br J Radiol. 2010;83:e198-9.
  • 30
    Hakim A, Rozeik C. Adrenal and extra-adrenal myelolipomas - a comparative case report. J Radiol Case Rep. 2014;8:1-12.
  • 31
    Jagannathan JP, Tirumani SH, Ramaiya NH. Imaging in soft tissue sarcomas: current updates. Surg Oncol Clin N Am. 2016;25:645-75.
  • 32
    Francis IR, Cohan RH, Varma DG, et al. Retroperitoneal sarcomas. Cancer Imaging. 2005;5:89-94.
  • 33
    Morotti A, Busso M, Consiglio-Barozzino M, et al. Detection and management of retroperitoneal cystic lesions: a case report and review of the literature. Oncol Lett. 2017;14:1602-8.
  • 34
    Hughes MJ, Thomas JM, Fisher C, et al. Imaging features of retroperitoneal and pelvic schwannomas. Clin Radiol. 2005;60:886-93.
  • 35
    Marçal NS, Teixeira E, Sotto-Mayor R, et al. Tumor maligno da bainha dos nervos periféricos do pulmão: a propósito de um caso clínico. Rev Port Pneumol. 2010;XVI:483-92.
  • 36
    Diogo CJ, Formigo A, Florova E, et al. Tumor maligno da bainha do nervo periférico. Relato de caso. Rev Bras Clin Med. 2012;10:69-72.
  • 37
    Ji XK, Zheng XW, Wu XL, et al. Diagnosis and surgical treatment of retroperitoneal paraganglioma: a single-institution experience of 34 cases. Oncol Lett. 2017;14:2268-80.
  • 38
    Bellamy J, Ittah A, Perez N. Unexpected finding at 18-FDG PET-CT: abdominal paraganglioma. Ann Clin Case Rep. 2016;1:1071.
  • 39
    Mojtahedi A, Thamake S, Tworowska I, et al. The value of (68)Ga-DOTATATE PET/CT in diagnosis and management of neuroendocrine tumors compared to current FDA approved imaging modalities: a review of literature. Am J Nucl Med Mol Imaging. 2014;4:426-34.
  • 40
    Martinho D, Pereira S, Formoso R, et al. Ganglioneuroma retroperitoneal: envolvimento do pedículo vascular do rim esquerdo. Acta Urológica. 2008;25:63-6.
  • 41
    Kumar S, Singh S, Chandna A. Organ preservation in a case of retroperitoneal ganglioneuroma: a case report and review of literature. Case Rep Surg. 2016;2016:6597374.
  • 42
    Shindo S, Matsumoto H, Ogata K, et al. Surgical treatment of retroperitoneal leiomyosarcoma invading the inferior vena cava: report of three cases. Surg Today. 2002;32:929-33.
  • 43
    Gemici K, Buldu I, Acar T, et al. Management of patients with retroperitoneal tumors and a review of the literature. World J Surg Oncol. 2015;13:143.
  • 44
    Park JY, Kim KW, Kwon HJ, et al. Peritoneal mesotheliomas: clinicopathologic features, CT findings, and differential diagnosis. AJR Am J Roentgenol. 2008;191:814-25.
  • 45
    Paes FM, Kalkanis DG, Sideras PA, et al. FDG PET/CT of extranodal involvement in non-Hodgkin lymphoma and Hodgkin disease. Radiographics. 2010;30:269-91.
  • 46
    Johnson SA, Kumar A, Matasar MJ, et al. Imaging for staging and response assessment in lymphoma. Radiology. 2015;276:323-38.
  • 47
    Bodet-Milin C, Eugène T, Gastinne T, et al. The role of FDG-PET scanning in assessing lymphoma in 2012. Diagn Interv Imaging. 2013;94:158-68.
  • 48
    Diamond EL, Dagna L, Hyman DM, et al. Consensus guidelines for the diagnosis and clinical management of Erdheim-Chester disease. Blood. 2014;124:483-92.
  • 49
    Matzumura M Arias-Stella J 3rd, Novak JE. Erdheim-Chester disease: a rare presentation of a rare disease. J Investig Med High Impact Case Rep. 2016;4:2324709616663233.
  • 50
    Vaglio A, Salvarani C, Buzio C. Retroperitoneal fibrosis. Lancet. 2006;367:241-51.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Nov 2018
  • Data do Fascículo
    Nov-Dec 2018

Histórico

  • Recebido
    06 Out 2017
  • Aceito
    15 Fev 2018
Publicação do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem Av. Paulista, 37 - 7º andar - conjunto 71, 01311-902 - São Paulo - SP, Tel.: +55 11 3372-4541, Fax: 3285-1690, Fax: +55 11 3285-1690 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: radiologiabrasileira@cbr.org.br