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Colecistectomia videoassistida promove redução do risco de infecção cirúrgica

MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS

Colecistectomia videoassistida promove redução do risco de infecção cirúrgica

Ruy Jorge Cruz Jr; Luiz Francisco Poli de Figueiredo

A cirurgia laparoscópica, introduzida no final dos anos 80, tem sido utilizada como via de acesso preferida para a realização de colecistectomia nos EUA, com cerca de 770.000 casos/ano. Apesar das vantagens associadas à colecistectomia via laparoscópica, pouco se conhece sobre o impacto de sua realização relacionada à infecção cirúrgica. Em um estudo multiinstitucional, foram avaliados, num período de sete anos, 54.504 pacientes submetidos a colecistectomia, sendo 36.425 destas cirurgias realizada através de videocirurgia e o restante pela via convencional1. Para o diagnóstico de infecção cirúrgica foram utilizadas as definições recomendadas pelo CDC2 e os potenciais fatores de risco incluindo sexo, idade, escore da Associação Americana de Anestesiologia (ASA score), duração da cirurgia, procedimentos na urgência, classe da ferida operatória, número de procedimentos pela mesma incisão, uso de anestesia geral e procedimento relacionado a trauma.

Foi observado um aumento significativo do número de colecistectomias realizadas por videolaparoscopia de 59%, em 1992, para 79% em 1999. Aproximadamente 554 pacientes (1%) apresentaram infecção cirúrgica. Os patógenos associados à infecção cirúrgica foram semelhantes aos dois grupos, incluindo Enterobacter spp, Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Staphylococcus coagulase-negativo. O diagnóstico de infecção cirúrgica foi realizado na maioria das vezes (69%) no ambiente intra-hospitalar nas cirurgias convencionais e após a alta (38%) ou durante a readmissão (29%) nas cirurgias laparoscópicas. Em uma análise multivariada, o risco de infecção cirúrgica foi maior na cirurgia realizada via convencional (1,82% vs. 0,62%, risco relativo = 0,3, p = 0,001). Além disso, o risco de infecção foi maior nos pacientes com ASA score superior a 3, após cirurgias de urgência, múltiplos procedimentos realizados pela mesma incisão, sexo masculino e pacientes com idade superior a 60 anos.

Comentário

São várias as limitações deste estudo. Variáveis clínicas importantes como obesidade, antibioticoterapia profilática e doenças associadas podem ter sido subnotificadas. O diagnóstico de infecção pós-operatória superficial pode ter sido impreciso, pois os pacientes submetidos a laparoscopia geralmente tinham alta hospitalar mais precoce. Entretanto, infecção cirúrgica profunda e de cavidade foram mais freqüentes na colecistectomia aberta, sugerindo que as diferenças não foram causadas por subnotificação.

Apesar destas limitações, o estudo nos direciona a considerar a laparoscopia, quando tecnicamente viável, o método de escolha para a realização de colecistectomia pelo menor risco de infecção cirúrgica.

Referências

1. Richards C , Edwards J, Culver D, Emoni TG, Tolson J, Gaynes R. Does using a laparoscopic approach to cholecystectomy decrease the risk of surgical site infection? Ann Surg 2003; 237:358-62.

2. Horan TC, Gaynes RP, Martone WJ, Jarvis WR, Emoni TG. CDC definitions of nosocomial surgical site infections, 1992: a modification of CDC definitions of surgical wound infections. Infect Control Hosp Epidemiol 1992;13:606-8.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Jul 2003
  • Data do Fascículo
    Jun 2003
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