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The management of production

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

The management of production

J. D. Radford & D. B. Richardson, 2. ed. London, New York, Mac Millan, St. Martin Press, 1968. VIII + 320 p., 144 il. bibl. p/cap. Índice remissivo, 36 shillings.

Os autores pertencem ao departamento de engenharia mecânica e de produção do Brighton College of Technology, são engenheiros e têm prática industrial por meio de consultoria em diversas empresas inglesas. O livro foi escrito com a principal finalidade de preparar estudantes para o exame final em administração industrial e igualmente para a análise de sistemas de manufatura. Assim, recomenda-se para estudantes em administração e engenharia. Tem ainda como destino servir de livro de cabeceira para pessoal de controle físico ou financeiro da produção.

O conteúdo do livro acompanha a escola clássica de ensino de administração da produção. Não deve causar dificuldade o uso de uma linguagem técnica inglesa, levemente diferente da norteamericana, pois a terminologia segue o padrão britânico B. S. 3138:1959 do estudo do trabalho. Os 20 capítulos do livro são os seguintes:

1. O objetivo da administração.

2. Pesquisa, desenvolvimento e projeto.

3. Localização e construção fabril.

4. Seleção de equipamento, layout e manutenção.

5. Seleção e planejamento do processo.

6. Manuseio de materiais.

7. Análise de valor e padronização.

8. Estudo do trabalho e ergonomia.

9. Aspectos humanos da administração da produção.

10. Controle de qualidade.

11. Medida do desempenho industrial.

12. Controle da produção.

13. Planejamento da produção e peças.

14. Documentos internos e seu uso.

15. Organização e controle de estoques.

16. Carga de maquinas e prioridades.

17. Controle da produção por cartões perfurados.

18. Pesquisa operacional.

19. Análise de redes (PERT).

20. Engenharia de sistemas e PED.

Uma apreciação geral do livro demonstra que ele transmite aproximadamente o dobro das idéias e dos fatos que se esperam de um livro-texto de somente 320 páginas. O "milagre" é conseguido por meio de uma linguagem extremamente sintética, que reduz muitos assuntos a listas de enumeração, por exemplo: "Tempos predeterminados podem ser variados para cada therblig por: 1. Complexidade do trabalho. 2. Direção do movimento. 3. Quantidade de uso do corpo. 4. Coordenação mão-vista necessária. 5. Necessidades dos demais sentidos. 6. Posição do therblig no roteiro do movimento. 7. Número de therbligs no roteiro e repetição da ação."

Nessa síntese, o livro lembra, em alguns aspectos (simplificação do trabalho, por exemplo), os velhos cartões do TWI, tão em voga na década dos 50. O aluno e o industrial necessitam realmente de um bom professor para tirar o máximo de uma informação resumida, pois falta o exemplo, a explicação de cada linha de informação sintética.

Entretanto, é justamente a informação sintética que melhor prepara para os exames finais e melhor informa o homem que já está na ação diária da fábrica. Assim, o livro atinge plenamente o seu objetivo - preparar e servir de manual. Um outro fator que prende a atenção é a ausência de fatos controvertidos, habilmente evitados, como nos problemas de incentivos, escalas salariais e resistência à introdução de novos métodos de trabalho. Assim, nas 320 páginas deste livro se encontram interessantes curvas de desviopadrão comparativas pelo crescimento do tamanho da amostra no controle de qualidade e pelo crescimento do grupo-amostrado estudo do tempo de determinado trabalho. No capítulo da medida do desempenho industrial há o detalhado gráfico do ponto de paridade e uma série de gráficos relacionando volume de vendas com lucro ou volume da procura. Até a curva de aprendizado tem a sua fórmula, como também um estudo probabilistico da teoria de quantidade ótima em estoque, acompanhado de exercicio prático. Então, globalmente, o livro contém informações além do que se possa esperar.

Criticar um livro como esse é possível quando se encontram erros técnicos de semântica, ou de conceitos. Tal não acontece. Portanto, vale a pena enumerar alguns pontos que dão satisfação especial - como por exemplo a localização ótima para uma fábrica, o método gráfico de programação linear e todo capítulo sobre o planejamento da produção de peças/componentes. O que é Importante e o que é menos essencial num livro condensado é problema muito mais do autor que do crítico - e mais uma vez o ponto de vista dos autores mostrou-se acertado: nada falta no livro e somente poucos assuntos de menos importância foram tratados, como por exemplo o número de lâmpadas de iluminação.

Resumidamente, trata-se de um livro altamente satisfatório, que tem utilidade incrível para um curso condensado de administração da produção. A escola inglesa de nível superior, tal como a alemã e francesa, é diferente da norte-americana que, como a brasileira, se baseia em exames parciais e finais, enquanto na Europa o exame é global, de toda área, realizado após aproximadamente dois anos de estudos.

Desse modo, um livro inglês que prepara para um exame, pode ser de estrutura didática diferente da do norte-americano; este se destina a um curso, aquele a um exame, para o qual se devem ler outros livros também. Assim, um livro inglês da escola clássica pode ser mais coerente que o americano, desviando-se algo da restrição semestral, mesmo em menos páginas.

Conseqüentemente, os autores encontraram um sistema de ensino da produção que favorece o estudo autodidata e o uso em escolas superiores. Os livros existentes no Brasil, em português, são todos mais extensos, e contêm maior número de matérias (Buffa, Machline e colaboradores, Starr, Mayer, Maynard, etc). Mas o que não existe ainda no Brasil é um livro condensado e eficiente como este.

Kurt Ernst Weil

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Ago 2013
  • Data do Fascículo
    Out 1975
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