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História do Brasil: curso moderno, 1ª série ginasial (das origens à Independência)

RESENHA BIBLIOGRAFICA

História do Brasil: curso moderno, 1ª série ginasial (das origens à Independência)

Por Sérgio Buarque de Hollanda et alii. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1971. 155 p. II, com dois livros de apêndices.

Esta é a segunda vez que Sérgio Buarque de Hollanda tenta penetrar na faixa do livro didático. A primeira foi quando colaborou com Otávio Tarquinio de Souza, no trabalho que resultou nos dois volumes de História do Brasil, livros editados pela Livraria José Olympio, na década de 1950. Agora, o tipo de colaboração mudou, já que o plano é didática e esteticamente mais ambicioso: Carla de Queiroz, Virgílio Noya Pinto, Laima Mesgravis e Sílvia Barbosa Ferraz trabalharam na parte gráfica, na distribuição do material e citações, no Livro do professor e no Caderno de trabalhos práticos.

A obra abrange textos para o aluno e o livro do professor. A primeira parte consiste nos livros didático e prático. A inovação aparece no volume de História do Brasil I. Aí é que os autores usam de didática mais moderna, aproveitando-se da experiência européia e americana. Em cada capítulo existe abundância iconográfica, textos de autores da época, quadros cronológicos, um resumo e um vocabulário. A concatenação destes elementos torna a leitura agradável e facilita grandemente a compreensão intelectual e visual do momento estudado, pois, todo esse material serve para melhor ilustrar os aspectos da evolução histórica e suas peculiaridades, principalmente quando os autores nos mostram a série de fatores que condicionam cada um desses momentos.

É assim que existe em cada uma das oito partes em que o livro se divide, um subcapítulo sobre "panorama cultural". Além disso, os aspectos factuais são apresentados num contexto mais completo: "vimos o que significou para o Brasil a presença do Rei Dom João VI. Vamos ver o que significou para Portugal a ausência do rei. Quando os franceses, alguns meses depois da invasão, foram forçados a se retirarem de Portugal, o país ficou sob o governo dos ingleses e a situação dos portugueses se tomou difícil: o povo tinha empobrecido com a guerra; seu comércio estava prejudicado pela abertura dos portos brasileiros, seu rei encontrava-se no Brasil. O descontentamento entre a população generalizou-se até explodir em revolução".

Para o aluno, a visão globalizante torna a leitura mais agradável e completa. Porém, o texto escolar é mais genérico do que o Livro do professor; este pretende ser mais metodológico e factual, dando ao mestre maior soma de conhecimento- Ao lado de sugestões de como o professor deve ler, anotar, preparar um relatório, motivar uma aula, verificar a aprendizagem, etc, encontramos mais pormenores sobre todas as questões históricas da época colonial. Em cada capítulo de subsídios, temos sugestões, bibliografia, cronologia, chave de testes e o levantamento do material didático necessário.

O Caderno de trabalhos práticos é afinal o complemento escolar do volume de História do Brasil I. Fornece perguntas em forma de testes, relacionadas com os temas da época colonial e que servem para os exercícios que o professor deva dar aos alunos.

No entanto, certos reparos podem ser feitos: apesar do método moderno e da riqueza iconográfica e gráfica dos volumes, certas idéias continuam antiquadas e superadas. 0 sentido da história parece mais uma lição de moral:

"cada um de vocês (alunos) vai refletir sobre a experiência do passado, vai pensar, com senso de responsabilidade, sobre a maneira de contribuir, desde já, para o progresso cada vez maior do Brasil. Não se esqueçam de que o Brasil precisa de todos. De crianças e de adultos, dos mais moços e dos mais velhos. Êle espera que, todos unidos, ajudem, com inteligência, ordem, trabalho e boa vontade a resolver os seus problemas de cada dia".

No Caderno de trabalhos práticos pode-se notar que certos testes pecam pelo absurdo. Um exemplo, à página 37, indaga sobre o decreto do Regente D. Pedro, que possibilita o desenvolvimento da imprensa no Brasil: é porque o decreto manda abrir fábricas de papel no Brasil, importa papel da África, ou torna a imprensa livre?

Esses e outros senões não invalidam, contudo, a obra, que tem a seu favor um texto claro e indagador, e uma grande contribuição gráfica.

Edgard Carone

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Maio 2015
  • Data do Fascículo
    Set 1971
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