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Em Defesa da Teoria e da Contribuição Teórica Original em Administração

RESUMO

O objetivo deste texto é oferecer uma proposta de como construir contribuições teóricas originais diante de um contexto de desvalorização da teoria frente à prática, da miopia do que é teoria e do predomínio teórico anglo-saxão no campo científico da administração. A ideia central é que a aproximação entre teoria e prática só existe quando a teoria é construída no contexto no qual a prática acontece (mundo concreto), o que significa dizer que a importação de teorias de maneira acrítica para compreender realidades específicas é que leva à falsa impressão de ‘na teoria, a prática é outra’. Concluo dizendo que a contribuição teórica original deve levar em conta as multiplicidades de modo de vida, cultura e os elementos constituintes dos fenômenos sociais que se deseja pesquisar. Soma-se a isso a valorização dos conhecimentos locais (científicos ou não) já produzidos sobre a realidade na qual se pretende oferecer uma contribuição teórica original.

Palavras-chave:
teoria; contribuição teórica original; teoria-prática; teorização; decolonialismo

ABSTRACT

This editorial proposes how to build original theoretical contributions in a context that privileges practice over theory, where Anglo-Saxon theories dominate the scientific field of administration, and it is even unclear what “theory” means. The central idea is that the approximation between theory and practice only exists when the theory is constructed in the concrete world, i.e., where practice happens. This means that the uncritical adoption of theories to understand specific realities leads to the false impression that “in theory, practice is different.” My conclusion is that the original theoretical contribution must consider the multiple ways of life, culture, and the constituent elements of the social phenomena one wants to research. Added to this is the appreciation of indigenous knowledge (scientific or otherwise) on the reality where one aims to offer an original theoretical contribution.

Keywords:
theory; original theoretical contribution; theory-practice; theorizing; decolonialism

A MIOPIA DO PAPEL DA TEORIA EM RELAÇÃO À PRÁTICA

Um debate antigo, mas que continua provocando muitas inquietações no meio acadêmico, é a relação entre teoria e prática (Bispo, 2020Bispo, M. de S. (2020, April 29). Administração, pecado original e lei de natureza: O problema entre teoria e prática. Nuevo Blog. Retrieved from https://nuevoblog.com/2020/04/29/administracao-pecado-original-e-lei-de-natureza-o-problema-entre-teoria-e-pratica/
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, 2021b; Lundberg, 2004Lundberg, C. C. (2004). Is there really nothing so practical as a good theory? Business Horizons, 47(5), 7-14. https://doi.org/10.1016/j.bushor.2004.07.003
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; Van de Ven, 1989Van de Ven, A. H. (1989). Nothing is quite so practical as a good theory. Academy of Management Review, 14(4), 486-489. https://doi.org/10.5465/amr.1989.4308370
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). Na área de administração, esse debate está sob forte influência da noção de ‘impacto da pesquisa’ (Bispo & Davel, 2021; Bispo, 2021a; Donovan, 2011Donovan, C. (2011). State of the art in assessing research impact: Introduction to a special issue. Research Evaluation, 20(3), 175-179. https://doi.org/10.3152/095820211X13118583635918
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; Edwards & Meagher, 2020Edwards, D. M., & Meagher, L. R. (2020). A framework to evaluate the impacts of research on policy and practice: A forestry pilot study. Forest Policy and Economics, 114, 101975. https://doi.org/10.1016/j.forpol.2019.101975
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; MacIntosh et al., 2017MacIntosh, R., Beech, N., Bartunek, J., Mason, K., Cooke, B., & Denyer, D. (2017). Impact and management research: Exploring relationships between temporality, dialogue, reflexivity and praxis. British Journal of Management, 28(1), 3-13. https://doi.org/10.1111/1467-8551.12207
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; Sandes-Guimarães & Hourneaux, 2020Sandes-Guimarães, L. V., & Hourneaux, F. Junior. (2020). Research impact - what is it, after all? Editorial impact series part 1. RAUSP Management Journal, 55(3), 283-287. https://doi.org/10.1108/RAUSP-07-2020-202
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). Um dos pontos de discussão acerca do impacto da pesquisa está baseado em uma percepção de que a teoria está descolada da prática (Man, Luvison, & Leeuw, 2022Man, A.-P., Luvison, D., & Leeuw, T. (2022). A temporal view on the academic-practitioner gap. Journal of Management Inquiry, 31(2), 181-196. https://doi.org/10.1177/1056492620982375
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; Mello & Pedroso, 2018Mello, A. M., & Pedroso, M. (2018). Applied research articles: Narrowing the gap between research and organizations. Revista de Gestão, 25(4), 338-339. https://doi.org/10.1108/REGE-10-2018-075
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) e que a prática deve ser protagonista no trabalho acadêmico em administração (McGahan, 2007McGahan, A. M. (2007). Academic research that matters to managers: On zebras, dogs, lemmings, hammers, and turnips. Academy of Management Journal, 50(4), 748-753. https://doi.org/10.5465/AMJ.2007.26279166
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; Nobel, 2016Nobel, C. (2016, September 19). Why isn’t business research more relevant to business practitioners?. Harvard Business School Working Knowledge, 19 September. Retrieved from https://hbswk.hbs.edu/item/why-isn-t-business-research-more-relevant-to-business-practitioners#:~:text=Why%20Isn’t%20Business%20Research%20More%20Relevant%20to%20Business%20Practitioners%3F,-by%20Carmen%20Nobel&text=There’s%20a%20pervasive%20paradox%20in,enhance%20the%20relevance%20of%20research
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). A minha posição é que teoria e prática são interdependentes e devem constituir uma simbiose (ver Bispo, 2020; 2021b). Entretanto, há um aspecto relevante que deve ser considerado no debate entre teoria e prática que é a necessidade da produção de teoria para que a relação teoria-prática continue existindo. Este papel é atribuição dos pesquisadores que precisam garantir que teorias guardem correspondência com o mundo concreto e a prática. Toda vez que dizemos que a teoria está longe da prática, estamos detectando que a teoria utilizada não é adequada para a situação em questão ou que ela precisa de algum refinamento. Afinal, toda teoria é uma simplificação da realidade que é bem mais complexa do que a teoria em si (Bourgeois, 1979Bourgeois, L. J. III. (1979). Toward a method of middle range theorizing. Academy of Management Review, 4(3), 443-447. https://doi.org/10.2307/257201
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; Suddaby, 2014Suddaby, R. (2014). Editor’s comments: Why theory? Academy of Management Review, 39(4), 407-11. https://doi.org/10.5465/amr.2014.0252
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). Essa simplificação da realidade é mais evidente no conhecimento produzido nas ciências humanas, sociais e sociais aplicadas (incluindo a administração) porque as variações de comportamentos e costumes são vastas e constantes.

É justamente o caráter limitado da teoria frente à complexidade do mundo concreto que cria a necessidade de avançar no desenvolvimento de mais teorias para ampliar as possibilidades de explicações, descrições e entendimentos acerca dos fenômenos sociais. Desenvolver teorias que ofereçam uma capacidade de correspondência com o mundo concreto é um desafio complexo para os pesquisadores. A relevância de desenvolver teorias está em cobrir o maior número possível das realidades existentes no mundo concreto. Quando eu digo de teorias (no plural) e não teoria (no singular) para cobrir o maior número possível de realidades sociais, eu estou em alinhamento com Robert Merton (1970Merton, R. K. (1970). Sociologia: Teoria e estrutura. São Paulo: Mestre Jou.) sobre a relevância do que ele chamou de ‘teorias de médio alcance’. As teorias de médio alcance partem do pressuposto de que o mundo concreto do ponto de vista social é complexo demais para que haja teorias universais, o pressuposto está em que teorias ‘menores’ têm maior potencial de guardar correspondência com alguma realidade e a soma dessas teorias é que contribui para entendimentos mais amplos dos fenômenos sociais (Bourgeois, 1979Bourgeois, L. J. III. (1979). Toward a method of middle range theorizing. Academy of Management Review, 4(3), 443-447. https://doi.org/10.2307/257201
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; Merton, 1970). Tal perspectiva nos leva à conclusão de que não apenas teorias devem guardar correspondência com o mundo concreto, mas deve haver correspondência entre ‘famílias’' de teorias também.

O meu objetivo neste texto é oferecer uma proposta de como construir contribuições teóricas originais frente a um contexto de desvalorização da teoria frente à prática (McGahan, 2007McGahan, A. M. (2007). Academic research that matters to managers: On zebras, dogs, lemmings, hammers, and turnips. Academy of Management Journal, 50(4), 748-753. https://doi.org/10.5465/AMJ.2007.26279166
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; Nobel, 2016Nobel, C. (2016, September 19). Why isn’t business research more relevant to business practitioners?. Harvard Business School Working Knowledge, 19 September. Retrieved from https://hbswk.hbs.edu/item/why-isn-t-business-research-more-relevant-to-business-practitioners#:~:text=Why%20Isn’t%20Business%20Research%20More%20Relevant%20to%20Business%20Practitioners%3F,-by%20Carmen%20Nobel&text=There’s%20a%20pervasive%20paradox%20in,enhance%20the%20relevance%20of%20research
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), da miopia do que é teoria (Sandberg & Alvesson, 2021Sandberg, J., & Alvesson, M. (2021). Meanings of theory: Clarifying theory through typification. Journal of Management Studies, 58(2), 487-516. https://doi.org/10.1111/joms.12587
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) e do predomínio teórico anglo-saxão no campo científico da administração (Barros & Alcadipani, 2022Barros, A., & Alcadipani, R. (2022). Decolonizing journals in management and organizations? Epistemological colonial encounters and the double translation. Management Learning. https://doi.org/10.1177/13505076221083204
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; Muzio, 2022Muzio, D. (2022). Re-conceptualizing management theory: How do we move away from western-centred knowledge? Journal of Management Studies, 59(4), 1032-1035. https://doi.org/10.1111/joms.12753
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). Considerando que a Revista de Administração Contemporânea (RAC) tem como exigência a contribuição teórica nos artigos das modalidades teórico-empíricos e ensaios teóricos, o que guarda semelhança com os periódicos considerados de maior relevância no campo da administração, avançar no debate sobre contribuição teórica e desenvolvimento de teorias continua sendo algo prioritário no fazer científico (Cornelissen & Durand, 2014Cornelissen, J. P., & Durand, R. (2014). Moving forward: Developing theoretical contributions in management studies. Journal of Management Studies, 51(6), 995-1022.; Faria, 2022Faria, J. H. (2022). It has gone and no one knows if it will return: The progressive disappearance of the original theory. Revista de Administração Contemporânea. Advance online publication. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2022220065.en
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; Sandberg & Alvesson, 2021; Suddaby, 2014Suddaby, R. (2014). Editor’s comments: Why theory? Academy of Management Review, 39(4), 407-11. https://doi.org/10.5465/amr.2014.0252
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).

A minha fala não está direcionada aos pesquisadores do Norte Global e sim aos do Sul Global, especialmente do Brasil, os quais pouco se arriscam a produzir teoria original. Em geral, os pesquisadores do Sul Global terminam sendo treinados a reproduzir conhecimentos produzidos no Norte Global e são docilizados (Foucault, 1987Foucault, M. (1987). Vigiar e punir: Nascimento da prisão. Petrópolis (RJ): Vozes.) para assumir uma posição subalterna na produção de conhecimento e teorias originais (Banerjee, 2022Banerjee, S. B. (2022). Decolonizing management theory: A critical perspective. Journal of Management Studies, 59(4), 1074-1087. https://doi.org/10.1111/joms.12756
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; Bruton, Zahra, Van de Ven, & Hitt, 2022Bruton, G. D., Zahra, S. A., Van de Ven, A. H., & Hitt, M. A. (2022). Indigenous theory uses, abuses, and future. Journal of Management Studies, 59(4), 1057-1073. https://doi.org/10.1111/joms.12755
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; Muzio, 2022Muzio, D. (2022). Re-conceptualizing management theory: How do we move away from western-centred knowledge? Journal of Management Studies, 59(4), 1032-1035. https://doi.org/10.1111/joms.12753
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; Williams & Chrisman, 2015Williams, P., & Chrisman, L. (2015). Colonial discourse and post-colonial theory. London: Routledge. https://doi.org/10.4324/9781315656496
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). A continuidade da aceitação de que a teoria estrangeira em administração produzida no Norte Global deve servir como prioritária nas pesquisas nacionais e que a nossa função enquanto pesquisadores é reproduzi-la no contexto nacional visando a resolver um problema prático local trará sérios problemas (ver Ramos, 1996Ramos, A. G. (1996). A redução sociológica. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ.). Ao invés de produzirmos uma prática administrativa robusta e que dê conta da realidade local, caminharemos para ter uma prática manca e, em última instância, o fim da administração como um campo científico nacional. Concordo com o professor José Henrique de Faria (2022Faria, J. H. (2022). It has gone and no one knows if it will return: The progressive disappearance of the original theory. Revista de Administração Contemporânea. Advance online publication. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2022220065.en
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) quando ele diz que a contribuição teórica original (brasileira) ‘entrou de férias’ ou está em estado de ‘hibernação’. Parte desse diagnóstico está relacionada à formação de doutores no Brasil que praticamente não dá atenção suficiente à produção de teoria original focando na reprodução do que já foi produzido (em geral) no Norte Global.

A IMPORTÂNCIA DA TEORIA E A BUSCA DA CONTRIBUIÇÃO TEÓRICA ORIGINAL

Não é à toa que várias universidades reconhecidas como de excelência no contexto global focam em ter pesquisadores capazes de publicar nos que são considerados os principais periódicos das várias áreas de conhecimento. Publicar nesses periódicos faz com que as universidades tenham mais prestígio de modo a atrair mais e melhores estudantes, assim como financiamento para suas atividades. Em administração, as revistas que mais brilham os olhos dos pesquisadores (em geral) buscam publicar artigos que ofereçam uma contribuição teórica original (ver Cornelissen & Durand, 2014Cornelissen, J. P., & Durand, R. (2014). Moving forward: Developing theoretical contributions in management studies. Journal of Management Studies, 51(6), 995-1022.; Sandberg & Alvesson, 2021Sandberg, J., & Alvesson, M. (2021). Meanings of theory: Clarifying theory through typification. Journal of Management Studies, 58(2), 487-516. https://doi.org/10.1111/joms.12587
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; Suddaby, 2014Suddaby, R. (2014). Editor’s comments: Why theory? Academy of Management Review, 39(4), 407-11. https://doi.org/10.5465/amr.2014.0252
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). Tal entendimento não é por um acaso. A produção de teoria carrega consigo o poder de dizer como as coisas são ou deveriam ser, molda as formas de pensar e fazer das pessoas sem que (muitas vezes) elas percebam. Teorias são um meio simbólico sutil para exercício do poder. Quando uma comunidade acadêmica ou mesmo um país desiste de produzir conhecimento teórico original para apenas importar o que é produzido em outros contextos, cria-se uma posição de subordinação e dependência em que os ‘outros’ terminam determinando como as coisas são ou deveriam ser naquela localidade.

Eu não estou defendendo que os conhecimentos produzidos em contextos estrangeiros devam ser evitados ou mesmo descartados. A minha defesa é que a produção de conhecimento (especialmente teórico) deve ser um processo democrático em que não apenas o consumo, mas a produção deva ser estimulada em contexto global e diverso. Tal posição é baseada na ideia de que a internacionalização da ciência deva ser um processo de troca e não de subordinação ou mesmo de colonização (Banerjee, 2022Banerjee, S. B. (2022). Decolonizing management theory: A critical perspective. Journal of Management Studies, 59(4), 1074-1087. https://doi.org/10.1111/joms.12756
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; Barros & Alcadipani, 2022Barros, A., & Alcadipani, R. (2022). Decolonizing journals in management and organizations? Epistemological colonial encounters and the double translation. Management Learning. https://doi.org/10.1177/13505076221083204
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; Muzio, 2022Muzio, D. (2022). Re-conceptualizing management theory: How do we move away from western-centred knowledge? Journal of Management Studies, 59(4), 1032-1035. https://doi.org/10.1111/joms.12753
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; Williams & Chrisman, 2015Williams, P., & Chrisman, L. (2015). Colonial discourse and post-colonial theory. London: Routledge. https://doi.org/10.4324/9781315656496
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). Se é a teoria que nos move adiante na pesquisa e melhora a prática ou o entendimento dela (Sandberg & Alvesson, 2021Sandberg, J., & Alvesson, M. (2021). Meanings of theory: Clarifying theory through typification. Journal of Management Studies, 58(2), 487-516. https://doi.org/10.1111/joms.12587
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; Shepherd & Suddaby, 2017Shepherd, D. A., & Suddaby, R. (2017). Theory building: A review and integration. Journal of Management, 43(1), 59-86. https://doi.org/10.1177/0149206316647102
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; Swedberg, 2014Swedberg, R. (2014). Theorizing in social science: The context of discovery. Stanford, CA: Stanford University Press.), logo se trata de um recurso valioso que deve receber atenção dos pesquisadores do Sul Global no sentido de produzi-las também.

A relação da teoria com a prática se torna mais estreita quando a teoria é pensada e produzida considerando contextos locais (Ramos, 1996Ramos, A. G. (1996). A redução sociológica. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ.). Portanto, a minha tese é que a contribuição teórica original é aquela que guarda bom nível de correspondência com o mundo concreto, isso ocorre quando ela é construída com fortes influências do contexto em que ela é produzida e das teorias locais já existentes. Os pesquisadores devem levar em consideração que a contribuição teórica original ganha potência quando está baseada no que há de singular nos contextos locais (Bruton et al., 2022Bruton, G. D., Zahra, S. A., Van de Ven, A. H., & Hitt, M. A. (2022). Indigenous theory uses, abuses, and future. Journal of Management Studies, 59(4), 1057-1073. https://doi.org/10.1111/joms.12755
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).

Um bom exemplo do que estou defendendo aqui é o trabalho de Bádéjo e Gordon (2022Bádéjọ, F. A., & Gordon, R. (2022). See finish! Scunnered!! A vernacular critique of hierarchies of knowledge in marketing. Marketing Theory, 22(2), 229-249. https://doi.org/10.1177/14705931221074724
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) em que os autores, uma nigeriana e outro escocês, criticam o caráter totalizante do conhecimento e do vernáculo produzido em marketing. A partir de um exercício teórico de um diálogo entre uma mulher nigeriana e um homem escocês, eles evidenciam como a filosofia Ifá e a ontologia Yorùbá (ambas nigerianas) possibilitam uma teorização em marketing com um pensar e um vocabulário distintos do que é predominante no campo de marketing com origem norte-americana e europeia. A proposta dos autores não é fazer do conhecimento de origem Ifá um modismo ou mesmo um novo paradigma dominante em marketing, mas colocar uma forma diferente de pensar marketing de modo que seja um estímulo para múltiplas formas de pensar e fazer marketing para além do contexto americano e eurocêntrico.

Se trouxermos o exemplo mencionado para a produção científica em administração brasileira, quantos dos nossos trabalhos estão orientados por formas de vida, filosofias e autores nacionais? Quantos dos nossos trabalhos refletem realmente a diversidade cultural e os modos de vida brasileiros? Há uma vasta literatura produzida no Brasil sobre o próprio Brasil que praticamente não aparece e muito menos subsidia o fazer científico em administração nacional. Onde estão autores como Sérgio Buarque de Holanda, Raimundo Faoro, Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Celso Furtado, Caio Prado Junior, Darcy Ribeiro, Gilberto Freyre, Clóvis Moura ou Jessé Souza? Reconheço que alguma coisa com base em Alberto Guerreiro Ramos e Paulo Freire existe de maneira modesta na produção em administração no Brasil, mas notem que não mencionei o nome de nenhuma mulher. Isso quer dizer alguma coisa! A boa notícia é que no contexto contemporâneo algumas mulheres vêm se destacando como, por exemplo, Djamila Ribeiro, Lilia Moritz Schwarcz, Debora Diniz, Rosana Pinheiro-Machado e Mônica de Bolle. Espero que elas e outras mulheres brasileiras sirvam de inspiração para pensarmos teorias originais em administração no contexto nacional.

A ideia de uma administração global e uníssona termina nos cegando para a necessidade de produzirmos conhecimentos e teorias a partir do nosso lugar, o potencial da nossa produção científica para contribuição teórica original está aí. Tendo isso em mente, fica mais fácil perceber que a nossa relação com a prática será mais próxima se nós estivermos orientados para os principais problemas do país onde pesquisamos. A administração brasileira não pode desconsiderar (e fingir que não vê) elementos estruturantes da sociedade nacional que certamente moldam as nossas relações sociais e formas de pensar e fazer administração. De maneira mais específica, eu estou falando de como a desigualdade, o machismo, o coronelismo, o patrimonialismo, o familismo, o racismo, a insegurança alimentar, a pobreza, a miséria e as múltiplas formas de violência influenciam a nossa forma de fazer e pensar a administração. No que tange ao fazer administração, é mais simples identificar como esses elementos estão presentes. Basta observar como eles se dão (concretamente), por exemplo, nas relações de trabalho no Brasil em que a uberização (ver Abílio, Amorim, & Grohmann, 2021) ganha o nome de empreendedorismo de si mesmo, ou ainda como estão historicamente estabelecidas as relações entre a elite nacional (normalmente conhecida como mercado) e o Estado brasileiro (Souza, 2017Souza, J. (2017). A elite do atraso: Da escravidão à Lava Jato. São Paulo: LeYa.).

Apesar de essas características estarem presentes na prática dos administradores brasileiros, onde isso aparece nas nossas contribuições teóricas? Em geral tais problemas não estão presentes na nossa produção teórica em administração no Brasil. Minha percepção está ancorada em três aspectos: (a) teorizamos a nossa realidade a partir do que vem de ‘fora’; (b) desconsideramos o contexto local enquanto inspiração de teorização; (c) não temos o costume e utilizar autores(as) que se propuseram ou se propõem a pensar o Brasil. Nem mesmo os pesquisadores nacionais que buscaram contribuir no campo da administração (com raras exceções) com teoria original são considerados.

Afinal, quantas teses de doutorado nós vemos que são construídas a partir das ideias de algum(a) autor(a) brasileiro(a)? Diante desse contexto, como não haver um hiato em teoria e prática?

Olhar para a prática a partir de uma posição científica demanda do pesquisador fazer uma leitura e uma interpretação do contexto no qual ela acontece. Esse contexto não é a-histórico, neutro e muito menos desinteressado. Portanto, toda prática acontece em meio a disputas de poder, posições políticas e visões de mundo. Tal entendimento nos remete a perceber que se a teoria deve guardar correspondência com o mundo concreto, então qualquer teoria deve ser capaz de capturar os elementos sociais estruturantes que orientam, moldam e contribuem na constituição de qualquer prática sobre a qual queremos teorizar. Daí a importância de considerar a noção de teorias de médio alcance (Bourgeois, 1979Bourgeois, L. J. III. (1979). Toward a method of middle range theorizing. Academy of Management Review, 4(3), 443-447. https://doi.org/10.2307/257201
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; Merton, 1970Merton, R. K. (1970). Sociologia: Teoria e estrutura. São Paulo: Mestre Jou.) para que se evite chamar de ‘generalização’ o que, na verdade, ou é uma imposição de visão de mundo sob a égide de ciência, ou mesmo uma inocência científica de reprodução da visão dominante como ‘a verdade’. Múltiplas teorias com forte identificação local podem colaborar em conjunto com um entendimento mais amplo de como a administração acontece em diferentes contextos, abrindo espaço para novas ideias e uma leitura que de fato esteja mais próxima das várias realidades existentes.

A nossa relação com as teorias ‘importadas’ precisa passar por aquilo que Guerreiro Ramos chamou de redução sociológica (Ramos, 1996Ramos, A. G. (1996). A redução sociológica. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ.). Em linhas gerais, a redução sociológica busca promover uma assimilação crítica da produção estrangeira evitando assumir uma transposição acrítica do que é produzido ‘fora’ para explicar uma realidade local. A ideia é evitar que replicação direta de uma teoria estrangeira represente uma interpretação viciada da realidade de um local distinto de onde ela foi produzida. Portanto, a redução sociológica não se trata de uma pesquisa de gabinete e deve ser orientada pela realidade local. A ideia é que teorias estrangeiras sejam confrontadas com a realidade local de modo que a realidade não seja enlatada pela teoria. Isso só é possível por meio da atitude parentética que é o exercício do pesquisador de se livrar de condicionamentos prévios que moldam sua forma de perceber a teoria e a realidade pesquisada.

A redução sociológica (Ramos, 1996Ramos, A. G. (1996). A redução sociológica. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ.) é uma condição necessária para que pesquisadores do Sul Global consigam exercitar a imaginação sociológica (Mills, 1959Mills, C. W. (1959). The sociological imagination. Oxford: Oxford University Press.). A imaginação sociológica é a busca por promover a tomada de consciência por meio da capacidade do pesquisador de articular situações da realidade. O foco é perceber que a sociedade não se apresenta de determinadas formas por acaso, uma vez que é preciso capturar os interesses em disputa na realidade estudada. Portanto, as contribuições teóricas originais surgem na diversidade (e não na totalidade) de contextos sociais e como as práticas acontecem nesses contextos. As nacionalidades e regionalidades dos autores das pesquisas e artigos científicos devem ganhar mais atenção e relevância, não por classificações apriorísticas como ‘desenvolvido’ ou ‘subdesenvolvido’. O foco deve ser na oportunidade de acessar formas distintas de vida, cultura e possibilidades de produção de conhecimento que levem à identificação de similaridades e diferenças que ampliem a nossa capacidade de entender, por meio de teorias, o mundo concreto no seu aspecto mais amplo.

PALAVRAS FINAIS

Convido os potenciais autores da RAC a refletirem sobre como as suas realidades podem ser transformadas em contribuição teórica original de modo que possamos ampliar a diversidade teórica no campo da administração. Penso que esta postura pode contribuir para que superemos falas como ‘na teoria, a prática é outra’ porque somos capazes de aprender que a teoria só pode compor uma simbiose com a prática se ela for oriunda da própria prática dentro do contexto no qual a teoria é construída. A amplitude da compressão dos fenômenos sociais e suas práticas correspondentes está na soma das teorias de médio alcance produzidas que evidenciam semelhanças e diferenças que nos mostram como o mundo concreto acontece nas suas múltiplas realidades.

Certamente, a minha posição também nos leva a considerar que a noção de teoria não está ancorada unicamente na tradição positivista em que teorias são formas de explicações de causa e efeito que são capazes de revelar leis gerais que usualmente chamamos de generalizações. Não estou dizendo que qualquer coisa possa ser chamada de teoria, mas que existe mais de uma possibilidade de considerar o que se encaixa nesse termo e penso ser pertinente assumir que em ciências humanas e sociais (incluindo a administração), temos que entender que o poder de explicação de qualquer teoria tem um alcance mais limitado pelas razões que já expliquei no começo deste texto. Gosto da proposição de Sandberg e Alvesson (2021Sandberg, J., & Alvesson, M. (2021). Meanings of theory: Clarifying theory through typification. Journal of Management Studies, 58(2), 487-516. https://doi.org/10.1111/joms.12587
https://doi.org/10.1111/joms.12587...
), que apresentam cinco possibilidades de contribuições teóricas (explicativas, compreensivas, ordenadoras/classificatórias, emergentes e críticas/provocativas) porque os autores conseguem evidenciar uma amplitude de como construir teorias. Por outro lado, também reconheço que o contexto eurocêntrico no qual eles produziram a proposta deixa abertura para que outras formas de teorização também sejam possíveis.

Finalizo minha reflexão assumindo que as ideias defendidas aqui não devem ser encaradas como regras inquestionáveis e que muito do que está na proposta apresentada para construir contribuições teóricas originais também serve para mim como lição de casa para a continuidade da minha carreira como pesquisador.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Jul 2022
  • Data do Fascículo
    2022
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