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Efeitos do Modelo de Fleuriet e Índices de Liquidez na Agressividade Tributária

Effects of the Fleuriet model and liquidity ratios on tax aggressiveness

Resumo

A necessidade de capital de giro e o índice de liquidez influenciam na agressividade fiscal? O artigo investiga se o nível de agressividade fiscal se altera dependendo da estrutura financeira de uma empresa, tendo por base o Modelo Fleuriet para análise dinâmica do capital de giro. O planejamento tributário é uma forma de se obter recursos internamente e, de acordo com a Pecking Order Theory, os recursos internos são os primeiros utilizados pelas empresas para financiarem suas atividades. Um modelo de regressão linear múltipla para dados em painel com efeitos fixos de empresa e ano foi adotado para testar a relação. Como variáveis de interesse utilizaram-se variáveis dummy, uma para cada tipo de estrutura financeira proposta pelo Modelo Fleuriet. Em uma amostra composta por 2.142 empresas-ano listadas na B3 entre 2010 a 2016 verificou-se que, tanto nas empresas mais saudáveis quanto nas menos saudáveis, não há diferença significativa no nível de agressividade fiscal entre as empresas classificadas de acordo com as estruturas do Modelo Fleuriet. Porém as análises adicionais para o Índice de Liquidez Dinâmico e o Índice de Liquidez Geral mostraram que quanto maior a liquidez menor é a agressividade fiscal. Os achados apontam que uma maior agressividade fiscal pode ser explicada em parte por uma dificuldade de liquidez.

Palavras-chave:
agressividade fiscal; capital de giro; liquidez e risco; estruturas financeiras; modelo Fleuriet

Abstract

Does the need for working capital and liquidity ratios influence tax aggressiveness? This article investigates If the level of fiscal aggressiveness changes depending on the financial structure of a Company, based on the Fleuriet model for dynamic analysis of the working capital. Tax planning is a way of obtaining resources internally and, according to the hierarchy proposed by pecking order theory, internal resources are the first used by companies to finance their activities. A multiple linear regression model for panel data with fixed company and year effects has been adopted to test the relationship. As a variable of interest, dummy variables were used, one for each type of financial structure proposed by the Fleuriet model. In a sample consisting of 2,142 companies-year listed in B3 between 2010 to 2016, it was found that in both healthier and less healthy companies, there is no significant difference in the level of tax aggressiveness between companies classified according to the structures of the Fleuriet model. However, the additional analyses for the dynamic liquidity ratio and the general liquidity ratio showed that the higher the liquidity, lower is the tax aggressiveness. The findings point out that greater tax aggressiveness can be explained in part by liquidity difficulties.

Keywords:
tax avoidance; working capital; liquidity and risk; financial structure; Fleuriet model

Introdução

O propósito deste estudo foi verificar o nível das práticas de agressividade fiscal das empresas brasileiras entre os anos de 2010 a 2016 de acordo com sua situação financeira. Para identificar a situação financeira foram utilizadas as seis estruturas de liquidez e risco de curto prazo apresentadas pelo Modelo Fleuriet para análise dinâmica do capital de giro.

Este estudo teve como motivação trazer a discussão da aplicação do Modelo Fleuriet no meio empresarial atrelado à análise de estratégias de planejamento tributário. O Modelo Fleuriet pode ser usado como ferramenta de análise de liquidez e risco de curto prazo, bem como para auxiliar na administração do capital de giro eficiente na verificação da saúde financeira das empresas.

Hanlon e Heitzman (2010)Hanlon, M., & Heitzman, S. (2010). A review of tax research. Journal of Accounting and Economics, 50(2/3), 127-178. https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2010.09.002
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alegam que há uma necessidade de que as pesquisas tributárias em contabilidade sejam pensadas de forma mais ampla, sendo incorporadas a elas mais teoria de economia e finanças que sejam relevantes para aumentar as vantagens comparativas e para melhor análise a respeito das decisões das empresas. Ainda nesta concepção, Rezende e Dalmácio (2016)Rezende, A. J., & Dalmácio, F. Z. (2016). Avaliação do impacto dos incentivos fiscais sobre os retornos e as políticas de investimento e financiamento das empresas. Anais do Congresso da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Ribeirão Preto, SP, Brasil, 10. destacam que existem poucas pesquisas que busquem identificar a relação das práticas de tax avoidance com indicadores de investimento e financiamento das empresas.

Seguindo a ordem de hierarquia de financiamento proposta pela Pecking Order Theory (Myers, 1984Myers, S. C. (1984). The capital structure puzzle. The journal of finance, 39(3), 574-592. https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.1984.tb03646.x
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), ao considerar que as empresas utilizem o planejamento tributário como estratégia de decisão de investimento e financiamento na forma de se obter recursos internamente, espera-se que ao passar por restrições financeiras, falta de liquidez ou maior risco de insolvência as empresas sejam mais agressivas tributariamente (Rezende & Dalmácio, 2016Rezende, A. J., & Dalmácio, F. Z. (2016). Avaliação do impacto dos incentivos fiscais sobre os retornos e as políticas de investimento e financiamento das empresas. Anais do Congresso da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Ribeirão Preto, SP, Brasil, 10.; R. Silva & Martinez, 2017Silva, R. da, & Martinez, A. L. (2017). Restrição financeira e agressividade fiscal nas empresas brasileiras de capital aberto. Anais do Congresso da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Belo Horizonte, MG, Brasil, 11.).

Administrar o capital de giro de modo eficiente é fundamental para a saúde financeira das empresas (Almeida & Eid, 2014Almeida, J. R. de, & Eid, W., Jr. (2014). Access to finance, working capital management and company value: Evidences from Brazilian companies listed on BM&FBOVESPA. Journal of Business Research, 67(5), 924-934. http://doi.org/10.1016/j.jbusres.2013.07.012
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). Neste sentido, o Modelo Fleuriet identifica por meio de seis estruturas de liquidez e risco de curto prazo a qualidade da situação financeira das empresas considerando os elementos patrimoniais segundo o tempo que levam para concluir uma rotação (Almeida & Eid, 2014Almeida, J. R. de, & Eid, W., Jr. (2014). Access to finance, working capital management and company value: Evidences from Brazilian companies listed on BM&FBOVESPA. Journal of Business Research, 67(5), 924-934. http://doi.org/10.1016/j.jbusres.2013.07.012
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, Fleuriet, Kehdy, & Blanc, 2003Fleuriet, M., Kehdy, R., & Blanc, G. (2003). O modelo Fleuriet: A dinâmica financeira das empresas brasileiras. Rio de Janeiro: Campus.).

Diferente da análise de liquidez por meio de índices tradicionais que necessitam de interpretação subjetiva, tal modelo não precisa realizar interpretações para um diagnóstico, pois a situação financeira é definida por meio de indicadores operacionais calculados pela recomposição das contas patrimoniais, o que traz uma maior confiabilidade (Braga, Nossa, & Marques, 2004Braga, R., Nossa, V., & Marques J. A. V. da C. (2004). Uma proposta para a análise integrada da liquidez e rentabilidade das empresas [Edição Especial]. Revista Contabilidade & Finanças, 15, 51-64. http://doi.org/10.1590/S1519-70772004000400004
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).

Estudos sugerem que há relação entre a agressividade fiscal e o nível de caixa, liquidez e restrições financeiras das empresas (Edwards, Schwab, & Shevlin, 2016Edwards, A., Schwab, C., & Shevlin, T. (2016). Financial constrains and cash tax savings. The Accounting Review, 91(3), 859-881. https://doi.org/10.2308/accr-51282
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; Hanlon, Maydew, & Saavedra, 2017Hanlon, M., Maydew, E. L., & Saavedra, D. (2017). The taxman cometh: Does tax uncertainty affect corporate cash holdings? Review of Accounting Studies, 22(3), 1198-1228. https://doi.org/10.1007/s11142-017-9398-y
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; Martinez & Salles, 2018Martinez, A. L., & Salles, A. F. (2018). Agressividade tributária e cash holdings: Um estudo das companhias abertas brasileiras. Revista de Contabilidade da UFBA, 12(3), 4-23. http://doi.org/10.9771/rc-ufba.v12i3.24890
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; R. Silva & Martinez, 2017Silva, R. da, & Martinez, A. L. (2017). Restrição financeira e agressividade fiscal nas empresas brasileiras de capital aberto. Anais do Congresso da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Belo Horizonte, MG, Brasil, 11.). Considerando que o Modelo Fleuriet apresenta como diferencial dos índices tradicionais uma visão mais analítica por meio das classificações dos tipos de empresas espera-se, com os resultados deste trabalho, encontrar evidências a respeito da relação entre as práticas de agressividade fiscal e liquidez, risco de curto prazo e administração do capital de giro, por meio do Modelo Fleuriet.

Sendo assim, o estudo contribui para a literatura de contabilidade tributária e finanças ao trazer a análise das estruturas do Modelo Fleuriet como um determinante de tax avoidance, fato ainda não abordado pela literatura. Além disso, o pagamento de tributos pode exercer influência nas decisões empresariais (Hanlon & Heitzman, 2010Hanlon, M., & Heitzman, S. (2010). A review of tax research. Journal of Accounting and Economics, 50(2/3), 127-178. https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2010.09.002
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), portanto é importante verificar a razão de algumas empresas serem mais agressivas tributariamente que outras. Dada a importância atribuída pelos acionistas e mercado na carga tributária das empresas (Araújo & Leite, 2017Araújo, R. A. de M., & Leite, P. A. M. Filho, (2017). Análise da relação entre o nível de agressividade fiscal e a rentabilidade das empresas da BM&FBOVESPA e NYSE. Anais do Congresso ANPCONT, Belo Horizonte, MG, Brasil, 11.), a pesquisa é relevante por ajudar a compreender a razão de algumas empresas pagarem mais tributos que outras.

Foram utilizados os tipos de estruturas do Modelo Fleuriet, como variável de interesse para apresentar a situação financeira pois elas capturam a qualidade da situação financeira das empresas, suas decisões sobre o capital de giro e equilíbrio financeiro (Assaf, 2015Assaf, A., Neto (2015). Estrutura e análise de balanços: Um enfoque econômico-financeiro (11a. ed.). São Paulo: Atlas.; Braga et al., 2004Braga, R., Nossa, V., & Marques J. A. V. da C. (2004). Uma proposta para a análise integrada da liquidez e rentabilidade das empresas [Edição Especial]. Revista Contabilidade & Finanças, 15, 51-64. http://doi.org/10.1590/S1519-70772004000400004
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). Para agressividade fiscal como variável dependente foram usadas as métricas: book-tax differences (BTD), a taxa efetiva de tributação sobre o valor adicionado (TTVA), e a effective tax rate (ETR).

Aplicando as estruturas do Modelo Fleuriet em uma amostra composta de 2.142 empresas-ano brasileiras entre os anos de 2010 a 2016 verificou-se que, apesar de haver evidências estatísticas de que a equação proposta neste trabalho ajude a prever a relação entre as estruturas financeiras do Modelo Fleuriet e a maioria das métricas de agressividade fiscal testadas, não foram encontradas diferenças significativas para a agressividade fiscal entre as empresas mais e menos saudáveis. Entretanto, em análise adicional, o Índice de Liquidez Dinâmico proposto por Fleuriet e Zeidan (2015)Fleuriet, M., & Zeidan, R. (2015). O modelo dinâmico de gestão financeira. Rio de Janeiro: Alta Books. indicou que quanto maior a liquidez menos agressiva é a empresa. Esse resultado é consistente com os testes de robustez realizados com o Índice de Liquidez Geral, sugerindo que quanto maior a liquidez menor é a agressividade fiscal da empresa.

O trabalho inova ao tentar explicar a agressividade fiscal das empresas com o uso das estruturas propostas por Michel Fleuriet, além de apresentar testes de robustez e análises adicionais com o uso de índices de liquidez também inéditos na literatura. O uso de sete métricas de agressividade fiscal, comumente usadas na literatura, dão maior robustez aos achados, indicando que, apesar de a classificação proposta por Fleuriet não ser um determinante do nível de agressividade fiscal das empresas, as dificuldades de liquidez parecem explicar em parte essa agressividade.

Referencial Teórico

Pesquisas em finanças destacam a importância da gestão do capital de giro e liquidez e sua relação com diversas variáveis, dentre as quais se destacam lucratividade, restrições financeiras e acesso a financiamento, alavancagem financeira, nível de caixa (Almeida & Eid, 2004Almeida, J. R. de, & Eid, W., Jr. (2014). Access to finance, working capital management and company value: Evidences from Brazilian companies listed on BM&FBOVESPA. Journal of Business Research, 67(5), 924-934. http://doi.org/10.1016/j.jbusres.2013.07.012
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; Deloof, 2003Deloof, M. (2003). Does working capital management affects profitability of Belgian firms? Journal of Business Finance & Accounting, 30(3/4), 573-588. https://doi.org/10.1111/1468-5957.00008
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; Palombini & Nakamura, 2012Palombini, N. V. N., & Nakamura, W. T. (2012). Key factors in working capital management in the Brazilian Market. Revista de Administração de Empresas, 52(1), 55-69. http://doi.org/10.1590/S0034-75902012000100005
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). Por outro lado, essas mesmas variáveis constituem-se em determinantes da agressividade fiscal (Martins, 2016Martins, V. A. M. (2016). Alavancagem financeira e agressividade fiscal corporativa no Brasil (Dissertação de mestrado), Fundação Instituto Capixaba de Pesquisa em Contabilidade, Economia e Finanças, Vitória, ES, Brasil.; Rezende & Dalmácio, 2016Rezende, A. J., & Dalmácio, F. Z. (2016). Avaliação do impacto dos incentivos fiscais sobre os retornos e as políticas de investimento e financiamento das empresas. Anais do Congresso da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Ribeirão Preto, SP, Brasil, 10.; R. Silva & Martinez, 2017Silva, R. da, & Martinez, A. L. (2017). Restrição financeira e agressividade fiscal nas empresas brasileiras de capital aberto. Anais do Congresso da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Belo Horizonte, MG, Brasil, 11.; Martinez & Reinders, 2018Martinez, A. L., & Reinders, A.P.G.S. (2018). Qual o efeito da agressividade tributária na rentabilidade futura? Uma análise das companhias abertas brasileiras. Revista de Gestão e Contabilidade da UFPI, 5(1), 3-14. http://doi.org/10.26694/2358.1735.2018.v5ed16485
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; Martinez & Salles, 2018Martinez, A. L., & Salles, A. F. (2018). Agressividade tributária e cash holdings: Um estudo das companhias abertas brasileiras. Revista de Contabilidade da UFBA, 12(3), 4-23. http://doi.org/10.9771/rc-ufba.v12i3.24890
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).

Para a avaliação do equilíbrio financeiro da empresa, é fundamental que haja um acompanhamento por parte dos administradores financeiros acerca da gestão do capital de giro das empresas. Esse acompanhamento deve ser constante, pois o comportamento do capital de giro é dinâmico e representa um item básico na análise do equilíbrio e saúde financeira das empresas (Assaf, 2015Assaf, A., Neto (2015). Estrutura e análise de balanços: Um enfoque econômico-financeiro (11a. ed.). São Paulo: Atlas.; Braga, 1991Braga, R. (1991). Análise avançada do capital de giro. Caderno de Estudos Contábeis, (3), 1-20. http://doi.org/10.1590/S1413-92511991000100003
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).

Ademais, o planejamento tributário pode ser considerado como uma fonte de financiamento das atividades operacionais e necessidades de capital da empresa. Espera-se que as empresas utilizem o planejamento tributário como estratégia para suas decisões de investimento e financiamento (Rezende & Dalmácio, 2016Rezende, A. J., & Dalmácio, F. Z. (2016). Avaliação do impacto dos incentivos fiscais sobre os retornos e as políticas de investimento e financiamento das empresas. Anais do Congresso da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Ribeirão Preto, SP, Brasil, 10.).

O modelo de Fleuriet para análise dinâmica do capital de giro

O Modelo Fleuriet considera que tanto Ativo quanto Passivo Circulante possuem elementos de comportamento cíclico, ou seja, elementos de natureza operacional que sempre se renovam devido às operações habituais da empresa e elementos de natureza financeira, que não se relacionam com operações habituais. Assim, para aplicação do modelo, as contas dos grupos circulantes são reorganizadas. As contas operacionais ou cíclicas são segregadas em Ativo Circulante Cíclico (ACC) e Passivo Circulante Cíclico (PCC). As contas não-operacionais, também chamadas de financeiras ou erráticas, são segregadas em Ativo Circulante Financeiro (ACF) e Passivo Circulante Financeiro (PCF) (Assaf, 2015Assaf, A., Neto (2015). Estrutura e análise de balanços: Um enfoque econômico-financeiro (11a. ed.). São Paulo: Atlas.; Marques & Braga,1995Marques, J. A. V. da C., & Braga, R. (1995). Análise dinâmica do capital de giro: O modelo Fleuriet. Revista de Administração de Empresas, 35(3), 49-63.).

As contas do Ativo e Passivo Não Circulante são consideradas de comportamento não cíclico. O Modelo Fleuriet denomina o conjunto das contas não cíclicas, tanto do Circulante quanto Não Circulante, de Ativo Permanente (AP) e Passivo Permanente (PP) (Fleuriet et al., 2003Fleuriet, M., Kehdy, R., & Blanc, G. (2003). O modelo Fleuriet: A dinâmica financeira das empresas brasileiras. Rio de Janeiro: Campus.).

Indicadores operacionais do modelo Fleuriet

Após a reorganização dos elementos, o Modelo Fleuriet destaca três indicadores importantes que expressam as decisões da empresa em relação ao capital de giro e equilíbrio financeiro (Assaf, 2015Assaf, A., Neto (2015). Estrutura e análise de balanços: Um enfoque econômico-financeiro (11a. ed.). São Paulo: Atlas.): Capital de Giro (CDG), Necessidade de Capital de Giro (NCG) e Saldo de Tesouraria (ST). As situações possíveis por meio da combinação dos três indicadores podem ser classificadas em seis estruturas de liquidez e risco de curto prazo que determinam sua saúde financeira, como mostra a Tabela 1 (Silveira, Zanola, & Machado, 2015Silveira, E., Zanolla, E., & Machado, L. (2015). Uma classificação alternativa à atividade econômica das empresas brasileiras baseada na tipologia Fleuriet. Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão, 14(1), 14-25.).

Tabela 1
Estruturas do Modelo Fleuriet

O indicador CDG representa a diferença entre as contas não cíclicas do Passivo e do Ativo, ou seja, é a diferença entre o Passivo Permanente e o Ativo Permanente. Nos casos em que o CDG é negativo a empresa está financiando parte dos investimentos permanentes com recursos de curto prazo, o que aumenta o risco de insolvência da empresa (Fleuriet et al., 2003Fleuriet, M., Kehdy, R., & Blanc, G. (2003). O modelo Fleuriet: A dinâmica financeira das empresas brasileiras. Rio de Janeiro: Campus.).

A NCG evidencia a aplicação permanente de fundos necessária no capital de giro devido às operações permanentes da empresa e é definida como a diferença entre as contas cíclicas do ativo e do passivo. Se a NCG for negativa, a empresa está sendo financiada pelos recursos obtidos em sua atividade operacional (Malta & Camargos, 2016Malta, T. L., & Camargos, M. A. de (2016). Variáveis da análise fundamentalista e dinâmica e o retorno acionário de empresas brasileiras entre 2007 e 2014. REGE Revista de Gestão, 23(1), 52-62. https://doi.org/10.1016/j.rege.2015.09.001
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).

Por fim, o indicador ST é encontrado pela diferença entre o ativo e passivo errático ou financeiro, que são contas não ligadas às operações ou ainda pela diferença entre CDG e NCG. Se o CDG for superior à NCG (ST positivo), a empresa está gerando recursos suficientes para financiar sua atividade operacional e para realizar aplicações de curto prazo (Assaf, 2015Assaf, A., Neto (2015). Estrutura e análise de balanços: Um enfoque econômico-financeiro (11a. ed.). São Paulo: Atlas.; Fleuriet et al., 2003Fleuriet, M., Kehdy, R., & Blanc, G. (2003). O modelo Fleuriet: A dinâmica financeira das empresas brasileiras. Rio de Janeiro: Campus.; Malta & Camargos, 2016Malta, T. L., & Camargos, M. A. de (2016). Variáveis da análise fundamentalista e dinâmica e o retorno acionário de empresas brasileiras entre 2007 e 2014. REGE Revista de Gestão, 23(1), 52-62. https://doi.org/10.1016/j.rege.2015.09.001
https://doi.org/10.1016/j.rege.2015.09.0...
).

Agressividade fiscal

Embora não haja uma definição consolidada na literatura para tax avoidance e agressividade fiscal, Hanlon e Heitzman (2010)Hanlon, M., & Heitzman, S. (2010). A review of tax research. Journal of Accounting and Economics, 50(2/3), 127-178. https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2010.09.002
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definem que a prática de tax avoidance envolve todas as transações que reduzem os impostos, legais ou ilegais. Sendo a tax avoidance um continuum de ações e estratégias de planejamento tributário, as ações lícitas estariam em uma extremidade, enquanto que as atividades mais agressivas estariam mais próximas da outra extremidade (Hanlon & Heitzman, 2010Hanlon, M., & Heitzman, S. (2010). A review of tax research. Journal of Accounting and Economics, 50(2/3), 127-178. https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2010.09.002
https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2010.0...
). Reinders e Martinez (2016)Reinders, A. P. G. S., & Martinez, A. L. (2016). Qual o efeito da agressividade tributária na rentabilidade futura? Uma análise das companhias abertas brasileiras. Anais do Congresso da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Ribeirão Preto, SP, Brasil, 10. classificam as atividades de tax avoidance como de nível conservador, moderado ou agressivo, sendo que as práticas agressivas são aquelas que beiram a evasão fiscal, prática considerada ilícita.

Ao analisar questões que envolvem caixa e necessidade de financiamento, alguns estudos buscaram verificar sua relação com a agressividade fiscal. Hanlon, Maydew e Saavedra (2017)Hanlon, M., Maydew, E. L., & Saavedra, D. (2017). The taxman cometh: Does tax uncertainty affect corporate cash holdings? Review of Accounting Studies, 22(3), 1198-1228. https://doi.org/10.1007/s11142-017-9398-y
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verificaram a relação entre agressividade fiscal e o nível de retenção de caixa do Balanço Patrimonial das empresas norte americanas e encontraram que empresas mais agressivas possuem um maior nível de caixa quando sujeitas a maiores incertezas fiscais.

Martinez e Salles (2018)Martinez, A. L., & Salles, A. F. (2018). Agressividade tributária e cash holdings: Um estudo das companhias abertas brasileiras. Revista de Contabilidade da UFBA, 12(3), 4-23. http://doi.org/10.9771/rc-ufba.v12i3.24890
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replicou o mesmo estudo no contexto brasileiro e observou resultados diferentes. Utilizando a ETR de longo prazo como métrica de agressividade fiscal, em uma amostra composta por 1.262 observações, foi constatado que empresas com ETR maior possuem nível de caixa superior às de ETR menor, ou seja, empresas menos agressivas possuem maior retenção de caixa e vice-versa. Segundo Martinez e Salles (2018)Martinez, A. L., & Salles, A. F. (2018). Agressividade tributária e cash holdings: Um estudo das companhias abertas brasileiras. Revista de Contabilidade da UFBA, 12(3), 4-23. http://doi.org/10.9771/rc-ufba.v12i3.24890
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essa diferença de resultado em relação ao padrão internacional se justifica pela necessidade de liquidez de um país em desenvolvimento. A liquidez baixa pode indicar restrições financeiras que as impossibilitam de ter um nível maior de caixa.

Edwards, Schwab e Shevlin (2016)Edwards, A., Schwab, C., & Shevlin, T. (2016). Financial constrains and cash tax savings. The Accounting Review, 91(3), 859-881. https://doi.org/10.2308/accr-51282
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e R. Silva e Martinez (2017)Silva, R. da, & Martinez, A. L. (2017). Restrição financeira e agressividade fiscal nas empresas brasileiras de capital aberto. Anais do Congresso da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Belo Horizonte, MG, Brasil, 11. buscaram verificar a relação entre problemas de restrições financeiras e agressividade fiscal. Seus achados indicam que empresas com restrições são mais agressivas, pois se encontram em situação financeira crítica e utilizam o planejamento tributário como forma de financiar suas operações para evitar a insolvência.

Isso é compatível com a Pecking Order Theory desenvolvida por Myers (1984)Myers, S. C. (1984). The capital structure puzzle. The journal of finance, 39(3), 574-592. https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.1984.tb03646.x
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que estabelece uma hierarquia para a obtenção de recursos de financiamento por parte das empresas: (a) recursos internos (lucros), (b) recursos externos (empréstimos e fornecedores) e (c) emissão de ações. De acordo com a Pecking Order Theory, as empresas preferem financiamento interno. Considera-se que o planejamento tributário é uma forma de a empresa obter recursos internamente, logo, ao passar por restrições financeiras a empresa irá optar por ser mais agressiva tributariamente como alternativa para conseguir recursos internos como forma de financiamento (Rezende & Dalmácio, 2016Rezende, A. J., & Dalmácio, F. Z. (2016). Avaliação do impacto dos incentivos fiscais sobre os retornos e as políticas de investimento e financiamento das empresas. Anais do Congresso da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Ribeirão Preto, SP, Brasil, 10.; R. Silva & Martinez, 2017Silva, R. da, & Martinez, A. L. (2017). Restrição financeira e agressividade fiscal nas empresas brasileiras de capital aberto. Anais do Congresso da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Belo Horizonte, MG, Brasil, 11.).

Diante da teoria apresentada espera-se que as empresas sejam mais agressivas em face de uma falta de liquidez ou risco de insolvência. Com base nessa discussão, a hipótese a ser testada será:

H: Empresas em situação financeira mais saudável de acordo com as estruturas do Modelo Fleuriet são menos agressivas tributariamente.

Metodologia da Pesquisa

Seleção da amostra e fonte de dados

A amostra é composta por empresas brasileiras listadas no Brasil, Bolsa, Balcão (B3) entre 2010 e 2016. Optou-se por não incluir os anos anteriores a 2010 devido à mudança no modelo contábil aos padrões internacionais com a adoção das normas do International Financial Reporting Standards (IFRS) e inserção da Demonstração do Valor Adicionado (DVA) no rol das demonstrações financeiras obrigatórias. Limitou-se ao ano de 2016 por ser este o período mais recente. Foram usadas técnicas de análise estatística multivariada com o auxílio do software STATA.

Os dados referentes às empresas foram obtidos por meio da base de dados Economática, com exceção dos dados da DVA, uma vez que não há tais informações nesta base de dados. Estes foram coletados no site da B3, na DVA de cada empresa manualmente. Após a coleta, os dados foram organizados e tratados em uma única base de dados e a análise de dados deu-se em forma de painel não balanceado.

Originalmente a amostra era composta por todas as empresas listadas na B3 entre 2010 e 2016, ou seja, 483 empresas. Após a exclusão das empresas do setor financeiro devido às particularidades da estrutura patrimonial do setor, a quantidade foi reduzida a 385 empresas que, multiplicadas pelo período de análise, totalizaram 2.695 observações. Posteriormente foram excluídas as empresas-ano que não tinham suas informações divulgadas por não estarem listadas em determinado ano (406 empresas-ano), as empresas-ano que não apresentaram nenhum tipo de situação financeira no início do ano (85 empresas-ano) e as observações com valores ausentes para as variáveis de controle (62 empresas-ano) resultando em um total de 2.142 empresas-ano utilizadas, conforme detalhado na Tabela 2.

Tabela 2
Composição da Amostra

Modelo de regressão

Para verificar a associação entre as diferentes estruturas do Modelo Fleuriet e a agressividade fiscal, foi desenvolvido um modelo de regressão linear múltipla para dados em painel com efeitos fixos de empresa e ano, apresentado na Equação 1.

(1) TAX _ AGG it = β 0 + β 1 SF _ EX it + β 2 SF _ SOL it + β 3 SF _ INS it + β 4 SF _ MR it + β 5 SF _ PES it + β 6 SIZE it + β 7 LEV it + β 8 Δ LEV it + β 9 ROA it + β 10 Δ ROA it + β 11 INTANG it + β 12 PPE it + β 13 CASH it + β 14 REST it + ε it

Em que:

TAX_AGGit = Variável dependente de agressividade fiscal mensurada por meio de sete métricas (BTD, TTVA, ETR e suas variações) da empresa i no ano t;

β0 = Intercepto da regressão;

β1 a 5SFit = é a variável de interesse para a situação financeira da empresa i no início do ano t, constituída por 5 dummies, uma para cada situação financeira (EX= Excelente, SOL= Sólida, INS= Insatisfatória, MR= Muito Ruim e PES= Péssima), que assumem valor igual a 1 caso a empresa se apresente em determinada situação financeira e 0 nos demais casos. A variável dummy para situação Arriscada foi utilizada como referência para as demais por ser intermediária e de menor frequência. Seu comportamento foi capturado pela constante (β0);

β6SIZEit = Variável de controle para tamanho da empresa i no ano t, medido por ln do ativo total do ano anterior;

β7LEVit = Variável de controle para alavancagem da empresa i no ano t, medida por dívidas de longo prazo dividido pelo ativo total do ano anterior;

β8ΔLEVit = Variável de controle para variação da alavancagem, medido pela alavancagem em t menos alavancagem em t-1, dividido pelo ativo total do ano anterior;

β9ROAit = Variável de controle para retorno sobre ativos da empresa i no ano t, medida pelo lucro antes dos impostos dividido pelo ativo total do ano anterior;

β10ΔROAit = Variável de controle para variação em ROA, medida pela ROA em t menos ROA em t-1, dividido pelo ativo total do ano anterior;

β11INTANGit = Variável de controle para intangível do ano i no ano t, medido pelo valor do intangível dividido pelo ativo total do ano anterior;

β12PPEit = Variável de controle para intensidade de capital da empresa i no ano t, medida pelo imobilizado dividido pelo ativo total do ano anterior;

β13CASHit = Variável de controle para nível de caixa da empresa i no ano t, medida por caixa e equivalentes de caixa dividido pelo ativo total do ano anterior;

β14RESTit = Variável de controle para restrição financeira da empresa i no ano t, medida pelo Fator Altman;

εit = Termo de erro.

Variáveis

Variável dependente: métricas de agressividade fiscal

Hanlon e Heitzman (2010)Hanlon, M., & Heitzman, S. (2010). A review of tax research. Journal of Accounting and Economics, 50(2/3), 127-178. https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2010.09.002
https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2010.0...
salientam que é importante considerar qual medida é mais apropriada para a pesquisa em particular, observando o contexto em que as empresas em análise estão inseridas. Para este estudo são utilizadas como variável dependente sete métricas de agressividade fiscal (TAX_AGG), utilizadas frequentemente em pesquisas sobre o tema, no intuito de buscar obter o maior número de informações acerca do nível de tributação das empresas. A Tabela 3 apresenta as métricas, forma de cálculo e interpretação.

Tabela 3
Métricas de Agressividade Fiscal

A primeira métrica de agressividade fiscal utilizada é a BTD, calculada pela diferença entre o lucro antes dos impostos e o lucro tributável. Com o objetivo de equilibrar a base de comparação os valores da BTD foram divididos pelo ativo total do ano anterior. O entendimento no uso dessa métrica é que quanto maior a BTD mais agressiva é a empresa. Motta e Martinez (2015)Motta, F. P., & Martinez, A. L. (2015, setembro). Agressividade fiscal em sociedades de economia mista. Anais do Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Belo Horizonte, MG, Brasil, 39. destacam que a BTD não pode ser analisada sozinha, pois além da agressividade fiscal ela captura outras variáveis, como o gerenciamento de resultado.

A segunda métrica é a TTVA que abrange não apenas os tributos sobre o lucro, mas também os tributos sobre o faturamento. Os tributos sobre o faturamento representam a maior parte da carga tributária das empresas brasileiras (Motta & Martinez, 2015Motta, F. P., & Martinez, A. L. (2015, setembro). Agressividade fiscal em sociedades de economia mista. Anais do Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Belo Horizonte, MG, Brasil, 39.). Por comportar a carga tributária mais ampla, capturando os tributos de diferentes esferas, espera-se que esta variável ofereça uma explicação mais completa acerca da agressividade fiscal das empresas. O entendimento no uso dessa métrica é o oposto da BTD, quanto menor a TTVA mais ações agressivas a empresa adota.

A terceira métrica é a GAAP_ETR que mede a taxa efetiva dos tributos sobre o lucro. Hanlon e Heitzman (2010)Hanlon, M., & Heitzman, S. (2010). A review of tax research. Journal of Accounting and Economics, 50(2/3), 127-178. https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2010.09.002
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afirmam que a GAAP_ETR afeta os lucros contábeis e captura tanto os tributos correntes quanto os diferidos. Foi verificada também a agressividade destes de forma separada por meio das métricas CURRENT_ETR e ETR_DIFERIDO. Duas outras métricas de ETR foram testadas (CASH_ETR e ETR_LONGRUN) para verificar a agressividade fiscal por meio do total de tributos efetivamente pagos e pela taxa efetiva de um período de 3 anos. A interpretação para esta métrica é semelhante à TTVA, quanto maior a ETR menos agressiva é a empresa. A variável foi delimitada entre 0 e 1.

Variável independente: estruturas do Modelo Fleuriet

A variável independente do estudo identifica a situação financeira (SF) no início do ano, apresentada pela estrutura do Modelo Fleuriet a que a empresa pertence baseando-se na reclassificação das contas do Balanço Patrimonial em contas cíclicas (ACC e PCC), contas financeiras ou erráticas (ACF e PCF) e contas permanentes (AP e PP).

Assim, após a reclassificação e cálculo dos indicadores CDG, NCG e ST, foi identificada em qual situação financeira a empresa se encontrava no início do ano e a saúde financeira da empresa foi definida por meio dos seis tipos de empresa com seis variáveis dummy, uma para cada tipo, quais sejam: (a) Excelente, (b) Sólida, (c) Arriscada, (d) Insatisfatória, (e) Muito Ruim e (f) Péssima. Sendo assim, cada dummy assumiu valor igual a 1 caso a empresa se encontrasse naquela situação e 0 nos demais casos. A variável dummy para situação Arriscada, por ser intermediária e de menor incidência, foi omitida e utilizada como referência. Desse modo, seu comportamento foi capturado pela constante (β0).

Variáveis de controle

As variáveis de controle que foram adicionadas à equação seguem o que a literatura aponta como associadas à agressividade fiscal, no intuito de tornar a amostra mais homogênea. Sendo assim, foram identificadas as variáveis de controle utilizadas em estudos anteriores que influenciam parcialmente no nível de agressividade fiscal das empresas.

Pesquisas anteriores (Araújo & Leite, 2017Araújo, R. A. de M., & Leite, P. A. M. Filho, (2017). Análise da relação entre o nível de agressividade fiscal e a rentabilidade das empresas da BM&FBOVESPA e NYSE. Anais do Congresso ANPCONT, Belo Horizonte, MG, Brasil, 11.; Martins, 2016Martins, V. A. M. (2016). Alavancagem financeira e agressividade fiscal corporativa no Brasil (Dissertação de mestrado), Fundação Instituto Capixaba de Pesquisa em Contabilidade, Economia e Finanças, Vitória, ES, Brasil.; Motta & Martinez, 2015Motta, F. P., & Martinez, A. L. (2015, setembro). Agressividade fiscal em sociedades de economia mista. Anais do Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Belo Horizonte, MG, Brasil, 39.) sugerem que o tamanho (SIZE) das empresas é determinante de agressividade fiscal, entretanto J. M. Silva e Rezende (2017)Silva, J. M. da, & Rezende, A. J. (2017). Influência do ciclo de vida organizacional no nível de planejamento tributário. Anais do Congresso da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Belo Horizonte, MG, Brasil, 11. afirmam que a literatura é controversa a respeito da relação entre o nível de agressividade fiscal e o porte da empresa. Martins (2016) verificou que empresas mais agressivas são mais alavancadas, portanto foi acrescentada a alavancagem (LEV) como controle. A variável que mede o retorno sobre o ativo (ROA) foi adicionada, pois empresas com lucro antes dos impostos possuem maior incentivo para evitar o pagamento de tributos (Hasan, Al-Hadi, Taylor, & Richardson, 2017Hasan, M. M., Al-Hadi, A., Taylor, G., & Richardson, G. (2017). Does a firm's life cycle explain its propensity to engage in corporate tax avoidance? European Accounting Review, 26(3), 469-501. https://doi.org/10.1080/09638180.2016.1194220
https://doi.org/10.1080/09638180.2016.11...
). Os autores identificaram ainda que intangíveis (INTANG) também uma variável importante para controlar por crescimento da empresa. Araújo e Leite (2017)Araújo, R. A. de M., & Leite, P. A. M. Filho, (2017). Análise da relação entre o nível de agressividade fiscal e a rentabilidade das empresas da BM&FBOVESPA e NYSE. Anais do Congresso ANPCONT, Belo Horizonte, MG, Brasil, 11. consideram que investimentos em imobilizado (PPE) impactam o montante de tributos devido a benefícios fiscais e depreciação. O nível de caixa (CASH) foi identificado por Martinez e Salles (2018)Martinez, A. L., & Salles, A. F. (2018). Agressividade tributária e cash holdings: Um estudo das companhias abertas brasileiras. Revista de Contabilidade da UFBA, 12(3), 4-23. http://doi.org/10.9771/rc-ufba.v12i3.24890
http://doi.org/10.9771/rc-ufba.v12i3.248...
como positivamente associado à agressividade fiscal. Foi adicionada ainda a variável restrição financeira (REST) calculada pelo Fator Altman, que determina o estado de insolvência das empresas. R. Silva e Martinez (2017)Silva, R. da, & Martinez, A. L. (2017). Restrição financeira e agressividade fiscal nas empresas brasileiras de capital aberto. Anais do Congresso da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Belo Horizonte, MG, Brasil, 11. identificaram que empresas que passam por restrições financeiras são mais agressivas. Por fim, foram incluídas variáveis dummy para controlar os efeitos fixos de empresa e ano.

Resultados

Estatística descritiva

A Tabela 4 apresenta a estatística descritiva das variáveis de agressividade fiscal e variáveis de controle utilizadas. Os valores médios encontrados foram de -0,025 para BTD, 33,3% para TTVA, 25,9% para GAAP_ETR, 24,3% para CURRENT_ETR, 16,5% para ETR_DIFERIDO, 43,5% para CASH_ETR e 25,1% para ETR_LONGRUN.

Tabela 4
Estatística Descritiva das Variáveis

Teste de diferença de médias

A Tabela 5 mostra como os níveis de agressividade se alteram, em média, entre uma estrutura financeira e outra. Foram realizados 15 testes para verificar as diferenças entre todas as estruturas. Os testes foram feitos com as sete métricas de agressividade fiscal. Os resultados indicam que, em quase todos os testes feitos com BTD, as médias são diferentes mostrando que empresas em situação Sólida são mais agressivas que as demais, com exceção da situação Péssima. Também, com exceção da Sólida, empresas em situação Insatisfatória são mais agressivas que as demais.

Tabela 5
Teste de Diferença de Médias

Em GAAP_ETR todos os testes com empresas em situação Excelente foram significativos com resultado dentro da hipótese levantada por esta pesquisa, indicando que empresas em situação Excelente são em média menos agressivas que empresas nos demais tipos. A métrica ETR_LONGRUN trouxe resultado semelhante para a situação Excelente e também apresenta a situação Péssima como mais agressiva que todas, com exceção da Sólida, que o teste não foi significativo. Para a métrica TTVA, empresas em situação Sólida são mais agressivas que as demais. Quando se trata de CURRENT_ETR, empresas em situação Muito Ruim são menos agressivas que as demais. Para ETR_DIFERIDO e CASH_ETR poucos foram os testes que deram significativos.

Resultados da regressão

Os resultados das regressões estão apresentados na Tabela 6. A tabela mostra o coeficiente e significância de todas as variáveis da equação para cada variável dependente de agressividade fiscal. Observa-se que o teste F foi significativo para BTD (0,000), TTVA (0,023), CURRENT_ETR (0,007), e CASH_ETR (0,061), demonstrando haver evidências estatísticas de que a equação ajuda a prever a relação entre as estruturas financeiras do Modelo Fleuriet e as variáveis de agressividade fiscal. O teste F para GAAP_ETR (0,781), ETR_DIFERIDO (0,614) e ETR_LONGRUN (0,691) não se revelou significativo.

Tabela 6
Resultados da Regressão

Não há, na maioria das métricas de agressividade fiscal testadas, diferença significativa entre empresas mais e menos saudáveis no ponto de vista dinâmico, de acordo com as estruturas financeiras do Modelo Fleuriet. Esperava-se, de acordo com a teoria, que empresas mais saudáveis (em situação Excelente e Sólida) fossem menos agressivas que as demais, tendo a situação Arriscada como base de comparação. Apenas a métrica CURRENT_ETR, que considera os tributos correntes sobre o lucro, apresentou coeficientes significativos, todos com associação positiva para situação Sólida, Insatisfatória e Péssima.

Análise Adicional: Índice de Liquidez Dinâmico

Como análise adicional da aplicação do modelo de Fleuriet, ao invés de utilizar os tipos de estrutura, foi testado outro modelo, denominado Índice de Liquidez do Modelo Dinâmico (ILD). Esse índice foi trazido por Fleuriet e Zeidan (2015)Fleuriet, M., & Zeidan, R. (2015). O modelo dinâmico de gestão financeira. Rio de Janeiro: Alta Books. e mede o percentual de Ativo Não Circulante e Necessidade de Capital de Giro sobre os recursos de longo prazo. Quanto menor o ILD mais exposta a riscos de curto prazo a empresa está. A Equação 2 mostra a forma de se calcular o índice.

(2) ILD = ST ANC + NCG

Em que:

ILD = Índice de liquidez dinâmico;

ST = Saldo de tesouraria;

ANC = Ativo Não Circulante;

NCG = Necessidade de Capital de Giro.

A Tabela 7 mostra o resultado das regressões para todas as métricas de agressividade fiscal como variável dependente e o ILD como variável de interesse. O teste F foi significativo para BTD, TTVA, CURRENT_ETR e CASH_ETR.

Tabela 7
Análise Adicional: ILD

A variável ILD apresentou-se estatisticamente significante ao nível de 10% para explicar a agressividade fiscal com o uso da BTD como métrica. Verifica-se uma associação negativa entre BTD e ILD, indicando que quanto maior a liquidez pelo modelo dinâmico, menos agressiva é a empresa.

Testes de Robustez

Como teste de robustez para os resultados encontrados nas regressões que aplicaram o Modelo Fleuriet como determinante da saúde financeira das empresas, foram aplicados também testes utilizando os índices tradicionais de liquidez (Liquidez Corrente, Liquidez Geral, Liquidez Imediata e Liquidez Seca) como medidas alternativas. Fleuriet e Zeidan (2015)Fleuriet, M., & Zeidan, R. (2015). O modelo dinâmico de gestão financeira. Rio de Janeiro: Alta Books. afirmam que esses índices são na verdade índices de solvência e não de liquidez, pois eles calculam a capacidade de pagamento com ativos, o que ocorreria na liquidação da empresa. Entretanto, por serem os índices tradicionalmente usados na verificação da liquidez das empresas, e visto que a classificação do Modelo Fleuriet não se apresentou como um determinante do nível de agressividade fiscal das empresas, buscou-se verificar se as restrições de liquidez apresentadas por tais índices são determinantes significativos da agressividade fiscal.

A Tabela 8 mostra apenas os resultados das regressões que apresentaram coeficiente significativo para a variável de interesse que demonstra o índice de liquidez: BTD para liquidez corrente (ILC) e BTD, TTVA, GAAP_ETR e CURRENT_ETR para liquidez geral (ILG).

Tabela 8
Índices de Liquidez

Os coeficientes em TTVA, GAAP_ETR e CURRENT_ETR para o ILG apresentam associação positiva ao nível de significância de 5%. Isso sugere que quanto maiores os índices de liquidez, menos agressiva é a empresa. Por outro lado, tanto para ILC quanto para ILG, a BTD demonstrou associação positiva ao nível de significância de 10% indicando maior agressividade quanto maior for a liquidez.

Discussão

Para os testes de média realizados, a variável com mais testes significativos foi a BTD, mostrando que as médias são diferentes, apesar de os resultados serem contrários à hipótese. Destaca-se que a variável BTD, calculada pela diferença entre o lucro contábil e o tributável, captura não apenas a agressividade fiscal, mas também o gerenciamento de resultado.

Os testes feitos com GAAP_ETR, que considera o total de tributos sobre o lucro (corrente e diferido), mostraram que as empresas em situação Excelente são menos agressivas que as demais. De igual modo, a métrica ETR_LONGRUN, que considera a média dos tributos sobre o lucro para um período de 3 anos, obteve o mesmo resultado. Em ambas as métricas os testes significativos confirmam a hipótese de que empresas mais saudáveis são menos agressivas. Quando considerados também os tributos sobre o faturamento (métrica TTVA), as empresas em situação Sólida (também considerada como uma situação saudável) são mais agressivas. O teste de média realizado com as diversas métricas mostra que, apesar de não haver consenso entre as métricas, parece haver diferença entre as estruturas financeiras, entretanto, quando controlado por outras variáveis a interpretação é diferente.

Isso é visto nos resultados encontrados para o modelo de regressão que usou dummies para as estruturas financeiras. A métrica CURRENT_ETR, que considera apenas os tributos correntes sobre o lucro, foi a única a apresentar resultados significativos para as situações financeiras. Os resultados para essa métrica sugerem que tanto nas empresas mais saudáveis quanto nas menos saudáveis a associação é positiva indicando que, mantidas todas as outras variáveis constantes, as empresas em situação Sólida, Insatisfatória e Péssima são menos agressivas que a Arriscada. A inexistência de trabalhos que abordem o assunto, tanto em pesquisas nacionais quanto internacionais, não permite que se faça uma comparação entre os resultados.

Testes adicionais com uso de índices de liquidez mostraram que a liquidez impacta na agressividade fiscal. Primeiramente, o Índice de Liquidez Dinâmico, que reflete o uso de recursos de curto prazo para financiar as atividades de longo prazo, apresentou resultado para a métrica BTD confirmando a hipótese de que quanto maior a liquidez menor é a agressividade fiscal.

De igual modo, as métricas (a) TTVA, que considera todos os tributos do ano corrente contidos na DVA das empresas, (b) GAAP_ETR, que considera os tributos sobre o lucro e (c) CURRENT_ETR, que considera os tributos correntes sobre o lucro, também confirmaram a hipótese de que empresas mais saudáveis são menos agressivas, ao usar o Índice de Liquidez Geral.

Os resultados para o Índice de Liquidez Dinâmico e Índice de Liquidez Geral corroboram as pesquisas de Sales (2016), Edwards et al., (2016)Edwards, A., Schwab, C., & Shevlin, T. (2016). Financial constrains and cash tax savings. The Accounting Review, 91(3), 859-881. https://doi.org/10.2308/accr-51282
https://doi.org/10.2308/accr-51282...
e R. Silva e Martinez (2017)Silva, R. da, & Martinez, A. L. (2017). Restrição financeira e agressividade fiscal nas empresas brasileiras de capital aberto. Anais do Congresso da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Belo Horizonte, MG, Brasil, 11., sugerindo que empresas mais saudáveis (com maior nível de caixa e menor restrição financeira) são menos agressivas pois não têm necessidade de realizarem um planejamento tributário mais agressivo no intuito de obterem recursos internos desse planejamento para financiarem suas atividades.

Conclusão

Este trabalho investigou a relação entre os níveis das práticas de agressividade fiscal e os seis tipos de estruturas financeiras do Modelo Fleuriet. O Modelo Fleuriet fornece, por meio dessas estruturas, a situação de liquidez e risco de curto prazo considerando o comportamento dinâmico das contas circulantes, a necessidade de capital de giro e como este é financiado.

Dentro da amostra construída a partir das empresas listadas na B3, as empresas em situação Sólida possuem maior frequência (796) e as em situação Arriscada apresentam menor frequência (89).

Foram utilizados sete métricas de agressividade fiscal, comumente usadas na literatura (BTD, TTVA e mais cinco métricas de ETR). Na aplicação dos testes de diferença de médias, foram encontrados resultados significativos mostrando que empresas em situação Excelente são menos agressivas em GAAP_ETR e ETR_LONGRUN e na situação Péssima são mais agressivas. Ao usar a métrica BTD, as empresas em situação Sólida e Insatisfatória são mais agressivas e ao usar TTVA a Sólida é mais agressiva. No entanto, quando controlado por outras variáveis, o resultado foi diferente.

O resultado das regressões indicou que não há diferença significativa no nível das práticas de agressividade fiscal entre as empresas mais e menos saudáveis. Isso está em desacordo com a expectativa seguindo a teoria, pois se esperava que empresas mais saudáveis (Excelente e Sólida) fossem menos agressivas e as menos saudáveis (Insatisfatória, Muito Ruim e Péssima) fossem mais agressivas, tendo a situação Arriscada como referência. Apesar de os testes realizados com índices de liquidez tradicionais mostrarem que a liquidez impacta a agressividade fiscal, a classificação das estruturas de liquidez proposta por Fleuriet não mostrou isso. Em geral, verificou-se que a classificação de liquidez e risco de curto prazo proposta pelo Modelo Fleuriet não é um determinante significativo de agressividade fiscal. Porém, usando a variável BTD, o Índice de Liquidez do Modelo Dinâmico (ILD) indicou que quanto maior sua liquidez menos agressiva é a empresa.

A pesquisa limitou-se aos anos de 2010 a 2016 na expectativa de encontrar uma explicação mais completa com a métrica TTVA, em relação às outras métricas, acerca da agressividade fiscal. Os dados para composição desta métrica, coletados na DVA, só estão disponíveis a partir de 2010, quando esta demonstração contábil tornou-se obrigatória. Em termos de análises futuras sugere-se estender a amostra para anos anteriores a 2010, entretanto não se poderão utilizar as métricas TTVA e CASH_ETR na análise.

  • Financiamento
    Os autores informaram que não há existência de apoio financeiro para a pesquisa neste artigo.
  • Verificação de Plágio
    A RAC mantém a prática de submeter todos os documentos aprovados para publicação à verificação de plágio, mediante o emprego de ferramentas específicas, e.g.: iThenticate.

Material Suplementar


Todos os dados e materiais foram disponibilizados publicamente por meio da plataforma Mendeley e podem ser acessados em: Lopo Martinez, Antonio; Chiachio, Viviane (2018), "Effects of the Fleuriet model and liquidity ratios on tax aggressiveness", Mendeley Data, v1Recuperado de http://dx.doi.org/10.17632/m7df5tcf7t.1

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Abr 2019
  • Data do Fascículo
    Mar-Apr 2019

Histórico

  • Recebido
    01 Set 2018
  • Revisado
    24 Nov 2018
  • Aceito
    07 Dez 2018
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