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Carolina Bori:A Abertura de Novos Espaços

CAROLINA BORI: A ABERTURA DE NOVOS ESPAÇOS

Eda T. de Oliveira Tassara

Instituto de Psicologia - USP

No começo da década de setenta, conheci a Professora Carolina Bori, quando, como um dos professores do grupo inicial de pós-graduandos do Instituto de Física da USP que se especializavam no ensino de Física, comecei a freqüentar o Barracão B-10, na Cidade Universitária, que abrigava o Departamento de Psicologia Experimental da Universidade de São Paulo. A Professora Carolina era àquela época, por assim dizer, a alma do local. Sua presença, física e espiritual, fazia-se sentir fortemente como uma aura de luz e respeito, envolvendo uma imagem já legendária: a liderança ativa na construção e consolidação do Curso de Psicologia no Brasil, como uma área científica de estudos universitários, e a preocupação em nortear suas decisões na política científica e educacional com base em critérios de relevância social.

Esta imagem, ao longo destes nossos mais de 25 anos de intensa convivência acadêmica, posso concluir como representando com fidedignidade um pedaço da história de vida da Professora Carolina Bori. Sempre abrindo novos espaços para participação com a sua liderança científica engajada na construção da história do país, ela ofereceu, a mim e a todos que a circundavam, oportunidades enriquecedoras de vir a contribuir para e nesta construção.

Assim, abriu espaços como mestra que nos ensinava, a nós professores, de todos os recantos do Brasil, como ensinar, fomentando, neste processo, a produção de tantos projetos de ensino inovadores, cujos inúmeros desdobramentos positivos constituem, hoje, uma rede de influências que abrange o território nacional e campos mais variados de conhecimento científico e atuação profissional.

Como diretora do Centro de Educação e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Carlos, lutando para condicionar as ações emanadas deste centro a critérios científicos e sociais, abriu espaço para a inscrição dos estudos de Educação no quadro do rigor científico e do compromisso político com o social.

Na diretoria da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, esgrimando-se para oferecer à sêde de participação política da sociedade brasileira nas décadas de setenta e oitenta, espaços representativos da importância científica, educacional, cultural, social e política dessa participação, trabalhou para acompanhar as transformações das Reuniões Anuais dessa entidade em eventos de massa, não reduzindo seu caráter científico e democratizando decisões; ofereceu condições para a criação de programas inovadores de promoção da cultura científica; representou, sem esmorecer, as aspirações da comunidade científica brasileira na nova Constituição de 1988 que se redigia.

Quantos outros espaços, na USP e fora dela, foram ainda por ela abertos? No Projeto "Escola de Extensão", na Estação Ciência, no Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC/UNESCO-SP), no Núcleo de Pesquisa em Ensino Superior (NUPES), nas tantas entidades e comissões nacionais e internacionais das quais fez ou faz parte.

Em resumo, apresentando um forte vínculo de coerência, a imagem e a história de vida da Professora Carolina Bori constituem uma ilustração viva e dinâmica de articulação entre ortodoxia científica e respeito a princípios de validação científica comprometidos com a democraticidade interna das comunidades envolvidas e com o valor ético-cultural da dignidade humana.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Nov 1998
  • Data do Fascículo
    1998
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