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PSICOLOGIA SOCIAL E ANTIRRACISMO: ARTE-FATOS CIENTÍFICOS DESDE CAOS-MUNDO

SOCIAL PSYCHOLOGY AND ANTI-RACISM: SCIENTIFIC ART- FACTS FROM CHAOS-WORLD

PSICOLOGÍA SOCIAL Y ANTIRRACISMO: ARTE-FACTOS CIENTÍFICOS A PARTIR DE CAOS-MUNDO

Resumo

No presente manuscrito narramos em ficção experiências e questionamentos disruptivos que saboreamos com nossas corpas no processo de invenção e criação desse dossiê, que escuta e compartilha uma gama de possibilidades de “usos” do conceito de poder e de modos de subjetivação, seja na compreensão/vivência das relações raciais, na produção de estratégias de cuidado e de modos de existência de pessoas e comunidades negras, seja no enfrentamento ao racismo e às violências produzidas pela branquitude e pelos variados processos de atualização da lógica colonial. Caos-mundo é a encruzilhada, é a voz de criação, que protagoniza e fia conceitos diante de questionamentos sobre a Psicologia Social e do modo como tem trombado com a luta antirracista. Desde arte-fatos científicos, apresentamos o conjunto de artigos que constituem esse dossiê.

Palavras-chave:
Psicologia Social; Antirracismo; Subjetivação; Poder; Racismo; Relações Raciais

Abstract

In this manuscript we narrate in fiction disruptive experiences and questions that we savored with our bodies in the process of invention and creation this dossier, which listens to and shares a range of possible "uses" of the concept of power and modes of subjectivation, in the understanding/experience of racial relations, in the production of care strategies and ways of existence for black people and communities, whether in confronting racism and the violence produced by whiteness and the varied processes of updating colonial logic. Chaos-world is the crossroads, it is the voice of creation, which leads and spins concepts in the face of questions about Social Psychology and the way it has collided with the anti-racist struggle. From scientific art-facts, we present the set of articles that constitute this dossier.

Keywords:
Social Psychology; Anti-racism; Subjectivation; Power; Racism; Race Relations

Resumen

En este manuscrito narramos en ficción experiencias y preguntas disruptivas que saboreamos con nuestros cuerpos en el proceso de invención y creación de este dossier, que escucha y comparte un abanico de posibles "usos" del concepto de poder y modos de subjetivación, ya sea en la comprensión/vivencia de las relaciones raciales, en la producción de estrategias de cuidado y modos de existencia para las personas y comunidades negras, ya sea en la lucha contra el racismo y la violencia producida por la blanquitud y los variados procesos de actualización de las lógicas coloniales. Caos-mundo es la encrucijada, es la voz de la creación, que lidera y hila conceptos ante los interrogantes sobre la psicología social y su forma de chocar con la lucha antirracista. A partir de arte-factos científicos, presentamos el conjunto de artículos que componen este dossier.

Palabras clave:
Psicología Social; Antirracismo; Subjetivación; Poder; Racismo; Relaciones Raciales

Ontem, distraídas, fomos pegas de surpresa no percurso e empurradas com força, até tombar… Não conseguimos ver o rosto de quem empurrou. Tomamos um tombo daqueles… ralamos nossos joelhos no chapisco duro de uma parede de cimento cheia de pontas. Doeu quando caímos, doeu porque ralamos fundo nossos joelhos até chegar ao chão. Choramos aquela dor… E depois de um tempo já não sabíamos se chorávamos simplesmente porque doía, ou como tentativa equivocada de logo sanar aquela dor. Pressentimos que, por algum tempo, aquela dor persistiria.

Ali, sentadas no asfalto, nosso espanto crescia à medida que inúmeras pessoas passavam por nós sem sequer nos notar, enquanto chorávamos, com nossos joelhos ensanguentados que doíam, doía muito aquela ferida… - Era hora do rush - e nos interrogamos, já com a raiva crescente em nossas intimidades, e com medo de expressá-la, se em algum momento um gesto cuidadoso seria concedido a nós vindo de algum/alguma pedestre. Ninguém… mas foi em Audre Lorde (2020) que nos sentimos cuidadas, ela nos diz, em alto e bom tom: “Meu medo da raiva não me ensinou nada. O seu medo dessa raiva também não vai ensinar a você” (p. 155).

Será que não notaram nossa dor? A raiva crescia, nossos punhos cerraram, num movimento de contra apoio para nos levantar do chão. A esta altura já tínhamos certeza de que nada seria concedido a nós… Mas, essa lição já havia sido dada por Frantz Fanon (2005Fanon, F. (2005). Os condenados da terra (E. Rocha & L. Magalhães, trads.). UFJF.), que nos adverte sobre o cuidado em não nos deixar desarmar ou cegar por qualquer concessão. Seria esse dossiê uma concessão? Já não chorávamos mais, mesmo sangrando muito, nos levantamos e catamos do chão milhares de nomes, não pronunciados por séculos, que carregamos com tanto cuidado em nossas corpas. Com o tombo, tudo se espalhou no cimento… Estávamos convictas de que nenhum nome ficaria para trás, em silêncio. Afinal, levantar não quer dizer que parou de doer, ainda dói muito caminhar, mas sabíamos que não sobreviveríamos se continuássemos a esperar por qualquer concessão. Mesmo mancando, caminhamos, e isso, escute bem, não quer dizer que somos heroicas, fortes ou qualquer um desses clichês que atribuem a nós para minimizar a nossa dor. Gostaríamos muito de andar sem mancar, sem doer.

Enquanto caminhávamos, olhavam-nos de rabo de olho… E nós? Continuamos reivindicando não tombar, não sermos empurradas. O anseio é pela caminhada e não por sermos encaminhadas ao plano confortável da "transparência", que, logo nos adverte Édouard Glissant (2005Glissant, E. (2005). Introdução a uma poética da diversidade. Editora da UFJR.), a tudo deduz, a tudo avalia, decifra. Somos indecifráveis e, assim como diz Jota Mombaça (2021Mombaça, Jota (2021). Não vão nos matar agora. Cobogó.), imorríveis. Enquanto lutamos pelo direto à opacidade, estilhaçamos o silêncio das matrizes cisgêneras, brancas e heteronormativas.

É da insujeição, depois de tombar e levantar, que seguimos nossos percursos em gira teórica e, atrevidas, atualizamos a pergunta de Sojourner Truth, rememorada por bell hooks (2019hooks, b. (2019). E eu não sou uma mulher? Mulheres Negras e Feminismo. Rosa dos Tempos., pp. 252-253): "Eu não sou uma mulher?". Damos passagem, então, a Letícia Nascimento (2021Nascimento, L. C. P. (2021). Transfeminismo. Jandaíra., p. 20), que, ao questionar “E não posso ser eu uma mulher?”, atualiza o já pavimentado chão que pisamos, com outros pisos, agora menos escorregadios, para evocarmos os nomes não pronunciados que carregamos em nossas corpas. Seguimos em gira, em frente… Enfrente… Será que lá longe, no horizonte, já podemos sentir o cheiro de uma encruzilhada?

Paramos um pouco, o cansaço bateu... Descansamos atentas, com os pés no chão. Precisamos nos hidratar… Tomamos água de coco, mas o calor tem queimado nossos pés. Seguimos um pouco mais - eis nosso segundo momento de espanto - enquanto retomamos nossos caminhos, mesmo com dor… Aquelas e aqueles pedestres que antes nos ignoravam, passaram a se incomodar com nosso movimento. No tilintar de seus passos rápidos começaram a nos notar. Uniam-se para nos empurrar pra lá e pra cá, era realmente espantosa sua determinação silenciosa que operava para que tombássemos novamente, pois caídas, machucadas e chorando não éramos lidas como ameaça à sua caminhada, esta era a única concessão que fariam. Firmamos mais forte na terra nossos pés, mãos e passos. Todos esses nomes que carregamos conosco inventaram em nossas corpas um arcabouço que não nos deixa vulneráveis aos empurrões dos pedestres de qualquer grande avenida.

Seguimos caminhando e, ao chegarmos numa encruzilhada, sabíamos que ali era uma de nossas casas. Ao usar nossas mãos para limpar os pés cansados - gesto fortuito narrativo da caminhada - algo acontece… Já compreendemos que nada é acidente no percurso e não seria diferente com a “fricção” (Alves, Sant'Anna, & Izidoro-Pinto, 2023Alves, M. C., Sant’Anna, A., & Izidoro-Pinto, C. M. (2023). Mulheres pretas da Enfermagem: escrevivência atrevivida em oralitura na Covid-19. Revista Estudos Feministas, 31(1), e83154. https://doi.org/10.1590/1806-9584-2023v31n183154
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). No contato entre mãos e pés friccionados já não somos as mesmas, pois (re)inscrevendo nossos passos, (re)inventamos tantas de nós ao (re)contarmos nossas histórias "perdidas". Nos encontros entre mãos e pés, produzimos revoluções e insurgências sempre em fricção. Agora, (re)inventadas, dançamos, friccionamos, nos tornamos encruzilhadas e, quando nos sentimos ápice, num é que trombamos com uma senhora debochada? Poderosa, toda vestida de vermelho, com olhos de pôr do sol e lua cheia, grandes e crespos cabelos pretos, que formavam uma coroa em sua cabeça. Sua garganta? Era o próprio multiverso que se perdia e se encontrava no entrelaçamento de seus dedos aos nossos. Com uma gargalhada - a primeira que escutamos enquanto nos contagiamos desse percurso -, ela nos pergunta nosso nome e, ao notar que somos muitas, muitos, muites e que não seria tão fácil responder, ela logo toma a palavra com sua voz de criação: - Muito prazer… Eu sou Caos-mundo! E foi assim que seguimos juntas nessa travessia, sem pedir licença ou esperar concessões, mas sim operando na imprevisibilidade, como nos ensina Édouard Glissant (2005Glissant, E. (2005). Introdução a uma poética da diversidade. Editora da UFJR., p. 46): “existe caos-mundo porque existe imprevisível. É a noção de imprevisibilidade da relação mundial que cria e determina a noção de caos-mundo”.

Embriagadas por caos-mundo, apostamos, nessa edição do dossiê 2023 da Revista Psicologia & Sociedade, em encontrões sobre poder e modos de subjetivação a partir de reflexões sobre racismo, branquitude, relações raciais e, sobretudo, produção de vida de pessoas e comunidades negras. Chegamos até aqui, sacando as “mancadas do discurso da consciência” (Gonzalez, 1980/2018Gonzalez, L. (1980/2018). Racismo e sexismo na cultura brasileira. In Primavera para as rosas-negras: Lélia Gonzalez em primeira pessoa (pp. 190-214). Diáspora Africana: Editora Filhos da África., p. 194) daqueles/daquelas que ainda tentam nos empurrar na ladeira do asfalto e, perguntadeiras que somos, interrogamos em movimento: E a Psicologia Social, com quem tem trombado? O que a psicologia tem a aprender com Caos-mundo? Como combater os silêncios persistentes que nos empurram contra o chapisco? Como a Psicologia Social, como ciência e prática profissional, tem estabelecido relações com os movimentos sociais que forjam a luta antirracista? Como a Psicologia Social tem escutado o que tomba ao redor? Será que se entrelaça com as lutas, vivências e existências negras? Como ela, a Psicologia Social, pode contribuir criticamente para a construção de uma sociedade antirracista?

Os empurrões e os joelhos ralados no chapisco são efeitos do racismo que hierarquiza o humano, subalternizando pessoas, povos e comunidades em meio a tecnologias e relações desiguais de poder. O racismo é um elemento estruturante dos processos/modos de subjetivação pelos quais pessoas negras e não negras, em suas condições socio existenciais, vivenciam as relações raciais e se posicionam pessoal e politicamente na produção de ideias e de vida (Lyra, 2022Lyra, J. (2022). Ciência como política: estratégias de resistência em tempos sombrios. In Katia Maheirie; Maria Juracy Toneli (orgs.). Simpósio Brasileiro de Psicologia Política. Ofensivas antidemocráticas, colonialidade, experiências de subjetivação política e a crise democrática no Brasil (pp. 71-83). Edições do Bosque/CFH/UFSC. Disponível em: Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/243708 . Acesso em: 22/10/2023.
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). Não foi à toa que nenhuma mão branca foi estendida para que pudéssemos levantar!

Diante de experiências e questionamentos disruptivos que saboreamos com nossas corpas, esse dossiê escuta e compartilha uma gama de possibilidades de “usos” do conceito de poder - considerando sua polissemia - e de modos de subjetivação, na compreensão/vivência das relações raciais, na produção de estratégias de cuidado e de modos de existência de pessoas e comunidades negras, no enfrentamento ao racismo e às violências produzidas pela branquitude e pelos variados processos de atualização da lógica colonial.

Apostamos no encontro de pesquisas, ensaios, “escrevivências” (Evaristo, 2020Evaristo, C. (2020, 9 de novembro). A escrevivência serve também para as pessoas pensarem. Entrevista cedida a Tayrine Santana (Itaú Social) e Alecsandra Zapparoli (Rede Galápagos). Agência de Notícias. https://www.itausocial.org.br/noticias/conceicaoevaristo-a-escrevivencia-serve-tambem-para-as-pessoas-pensarem https://www.itausocial.org.br/noticias/conceicao-evaristo-a-escrevivencia-serve-tambem-para-as-pessoas-pensarem/
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, 2017Evaristo, C. (2017). A “escrevivência” na literatura feminina de Conceição Evaristo [Entrevista cedida a Bruno Barros]. 14 min. 28s. TV PUC-Rio. https://www.youtube.com/watch?v=z8C5ONvDoU8
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), “exercícios de atrevivência” (Sant'Anna, 2021Sant’Anna, A. (2021). Exercícios de Atrevivência [Dissertação de Mestrado em Psicologia Social e Institucional, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS].), a partir de textos oriundos da “conversação” (hooks, 2020hooks, b. (2020). Ensinando pensamento crítico: sabedoria prática. Elefante.) da Psicologia Social com as mais diversas áreas disciplinares e campos de saber-sentir-fazer, tendo como mote o antirracismo. Ao passo de bell hooks (2020), assinalamos que a conversação não é unidimensional, pois as conversas nos confrontam com diferentes modos de enxergar, perceber, sentir e saber o mundo. Nas conversações com a Psicologia Social, “quem pode falar?” (Kilomba, 2008Kilomba, Grada (2008). "Memórias da plantação" Cobogó.). Podemos pensar na pluridimensionalidade das conversações da Psicologia Social?

Desde nossas corpas pretas, colocamo-nos a agenciar e produzir encontrões entre produções localizadas, situadas em encruzilhadas epistemológicas e metodológicas, produzidas por sujeitas/os/es da palavra de si e do mundo, especialmente negras/os/es, que sentem no corpo as vibrações das letras pretas em folhas brancas como convocação, por onde é possível destruir os silêncios acadêmicos. Nessa travessia, trombamos com produções que enunciam que pessoas e comunidades negras nunca estiveram passivas e imperceptíveis nos lugares anunciados pelo racismo, pela branquitude, pela violência racista; topamos com experiências de pesquisa em Psicologia Social implicadas, mobilizadas, comprometidas com o antirracismo; assentimos com manuscritos que narram conhecimentos encarnados no “corpo memória”, no “corpo documento” (Nascimento, 1989Nascimento, B. (1989). Ôrí. Dir.: Raquel Gerber. Produção: Estelar. [video,131 min.]. <https://negrasoulblog.wordpress.com/2016/08/25/309/>), como poética negra visceral, que desloca registros vivos de resistência ao sequestro transatlântico.

Falamos de uma travessia, de uma experiência de editoria de um dossiê cuja sorte foi lançada ao mar, à imprevisibilidade de Caos-mundo quando, ao compartilharmos a chamada, alcançou territórios longínquos deste nosso Brasil continental. Será que ultrapassamos/superamos a parede de chapisco? Nossa empreitada teve êxito, apesar do esforço e do trabalho gigante/kemetico que tivemos para avaliar e conversar com as mais de cento e cinquenta propostas que chegaram a partir da etapa de avaliação de resumos que, mesmo com um curto prazo para submissão, despertou uma vontade de escrita de diversidade racial, de orientação sexual, de identidade de gênero, geracional, geográfica, territorial, de formação e de localização institucional.

Aqui, enquanto nossas corpas caminham com muitos pés, Caos-Mundo nos convida a escutar os ventos… O que no início parecia uma brisa levinha começou a cantar com um gemido alto. Sentimos medo, parecia que o vento ia nos levar, até que Caos-mundo chamou nossa atenção para um Tiê que com Ivone Lara não parava de sambar… Logo rimos juntas e pensamos com pés sambantes-flutuantes, sei lá… - Só a gente mesmo pra ter medo de voar… O vento era nosso mais novo amigo e começou a tensionar: Será que a Psicologia Social consegue flutuar, sambar, se deslocar, dobrar, torcer com esse pluriverso de experiências teóricas, epistemológicas e metodológicas sobre o antirracismo e as relações raciais? Entramos em conversação e foi assim que Caos-mundo, nós, o vento, tiê e mais vinte e um artigos em fricção inauguramos esse Dossiê - cinco artigos de autoria de especialistas convidados/as e dezesseis textos selecionados entre as mais de cento e cinquenta propostas enviadas.

Foi na imprevisibilidade de Caos-mundo que produzimos encontrões com as/os/es cinco autoras/es convidadas/es/os, cujos manuscritos marcam a pluriversidade que constitui o dossiê, isto é, compõem diferentes corpos-sujeitos, temas, inserções, debates e abordagens teóricas em conversação com a Psicologia Social. Convidamos você a imaginar o quão difícil foi chegar a estes nomes. Temos como presentes, como oferendas ao multiverso, os manuscritos de Deivison Faustino e Miriam Dubeux, que nos trazem um artigo teórico de um diálogo entre Frantz Fanon e Sigmund Freud; de Geni Núñez, mulher indígena que flexa o processo de genocídio/epistemicídio dos conhecimentos dos povos originários; de Matilde Ribeiro, nossa ministra da igualdade racial (2003-2008), hoje docente da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), que nos provoca com as disputas e desafios das políticas de ações afirmativas em defesa da igualdade racial; de Leticia Nascimento, mulher travesti, negra e nordestina, que nos instiga o debate sobre os transfeminismos; e, finalmente, de Ana Carolina e Sueli Carneiro, esta última que não carece de apresentação, haja vista que fundamenta mais de 30 anos de reflexão-ação em diversos campos do conhecimento, incluindo a Psicologia Social.

O artigo de Deivison Faustino e Miriam Debieux Rosa, intitulado O mal-estar colonial: racismo, indivíduo e subjetivação na sociabilidade contemporânea, interroga sobre o que consiste a sociogenia apresentada por Frantz Fanon e quais suas implicações para a compreensão dos modos de subjetivação em uma sociabilidade marcada pelo racismo e a desumanização. O diálogo entre escritos de Freud e Fanon propõe que a experiência colonial imprime um tipo particular de estranhamento, nomeado como mal-estar colonial.

Geni Daniela Núñez Longhini, nossa segunda convidada, analisa, em seu artigo Perspectivas indígenas antirracistas sobre o etnogenocídio: contribuições para o reflorestamento do imaginário, as especificidades do racismo anti-indígena e sua relação com os marcos temporais da colonização apresentando quatro eixos do apagamento das identidades indígenas, expresso no conceito de etnogenocídio, que são a terra demarcada; a língua indígena; a aparência estereotipada e a noção de “descendente” e sua relação com o “pardo” institucional.

A Matilde Ribeiro, em seu texto Descortinando e ampliando horizontes: ações afirmativas e antirracismo como estratégias de inclusão educacional, descortina o processo de implementação das Ações Afirmativas e Antirracismo como estratégias de inclusão educacional, ressaltando que a intersecção raça-gênero-classe social é propícia para os descortinamentos do racismo, do machismo, da LGBTfobia e das desigualdades, assim como das formas de superá-los.

O texto de Letícia Carolina Nascimento, Quantas solidões habitam a corpa de uma travesti negra e gorda?, é resultado de uma cartografia de si, a partir de suas experivivências enquanto uma travesti negra e gorda no processo de compreender as diversas formas de solidão que atravessam sua subjetividade, desde a solidão estética, pensada por meio da ausência de representatividade, à solidão afetiva decorrente do esvaziamento das possibilidades relacionais numa perspectiva romântica e além. Da colonialidade que produz solidões e violências nas experivivências como travesti negra e gorda, a autora busca o Afrotranscentramento como possibilidade de cura das feridas coloniais.

Ana Carolina Barros Silva e Sueli Carneiro refletem, no artigo Dispositivo de racialidade, constituição do sujeito e saúde mental: Articulações teóricas para uma análise político-econômica do sofrimento psíquico da população negra, sobre os mecanismos do capital associados ao racismo estrutural, que geram desigualdades que forjam marcas traumáticas e produzem sofrimento, desamparo, silenciamento e adoecimento, especialmente das camadas mais pretas e pobres da população. As autoras refletem sobre a formação da subjetividade brasileira e do sofrimento psíquico da população negra por meio do entrelaçamento entre o conceito de dispositivo de racialidade e a constituição do sujeito sob o viés lacaniano.

Chegamos até aqui entrelaçadas de caos-mundo, friccionadas desde a encruzilhada. O que se apresenta agora? Caos-mundo nos presenteia com um leque. Nem sabia que estava com ela, afinal, caminhamos no calor e ela nem nos abanou… Logo, constatamos que este não era um leque qualquer, suas pontas eram feitas de navalha. Perguntamos: é leque ou é arma? Caos-mundo, como sempre, responde com uma gargalhada a qualquer tentativa de transparência que ainda ensejamos. Objeto cor de cobre, com dezesseis pontas afiadas e uma espécie de cetim, que passa entre cada ponta. Cada ponta conta uma história, que produz em nossa corpa uma sensação, esquisita pra caramba, como se as conhecêssemos e, ao mesmo tempo, não soubéssemos nada sobre elas. Dezesseis pontas de um dossiê, que fazem Caos-mundo advertir que a artesania desse leque-arma “não é fusão nem confusão: ele não reconhece o amálgama uniformizado - a integração voraz - nem o nada perturbador. O caos não é ‘caótico’” (Glissant, 2021Glissant, E. (2021). Poética da Relação. Bazar do Tempo., p. 122). Tomamos este leque entre os dedos e, na imprevisibilidade incapturável dos nomes que dançam pela nossa corpa notamos, surpresas, que cada ponta era um modo de pronunciá-los.

Acolhemos manuscritos repletos de nomes, que sambam em composição com nossas coroas - são sotaques, cores, sabores de cominho e de dendê, de coco e de erva-mate que os constituem. Caos-mundo nos ensina que não precisamos carregar mapas de papel, que esse rapidinho pode rasgar. E quando a dúvida no percurso aparecer, basta escutarmos sua respiração, que o sussurro de sua canção nos guiará. Cada ponta desse leque é nutrida de pistas por onde a fricção persiste em nos inventar. Seu abano faz o pluriverso vibrar. Memórias, lacunas, invenções e atalhos, cada ponta-texto nos ajuda a contar.

Nessa toada, abre o leque-arma de Caos-mundo o texto Contribuições de Virgínia Leone Bicudo e Neusa Santos Souza para uma Psicologia Brasileira Antirracista, de Paulo Vitor Navasconi e Murilo Moscheta, discutindo sobre como uma política de circulação dos conhecimentos científicos resiste às contribuições teóricas de Virgínia Bicudo e Neusa Santos para o campo da Psicologia Social.

Outro texto que articula a produção de conhecimentos de mulheres negras é o Saberes-fazeres feministas decoloniais na universidade: contribuições subjetivas, epistêmicas e políticas de intelectuais negras, fruto de pesquisa realizada por Ricardo Dias de Castro e Claudia Mayorga, que compreende como três docentes negras do ensino superior público brasileiro implodem saberes e fazeres e decolonizam o conhecimento, a ciência e a sociedade. As experiências dessas mulheres expõem as contradições de uma universidade pública de histórico moderno/colonial.

Vozes Carolinas: um olhar interseccional sobre memórias e narrativas de mulheres negras, artigo produzido por Tatiana de Souza Santos Neves, Geovana Oliveira, Stefanie Macêdo e Aluísio Lima, foca na importância da produção de memória e ciência de autoras negras em produções da Psicologia Social e Teoria Crítica, colocando em cena Carolina Maria de Jesus e as poetas do slam, que narram um Brasil a partir das margens, da resistência contra o epistemicídio e na oposição a ideias pré-concebidas sobre a nossa história.

Encontramos no artigo Corp(O)ralidade como metodologia: composições possíveis entre escrevivência e Filosofia Ubuntu, de Hebert Silva dos Santos, Loise L N Santos, Laura C T Quadros e Alexandra Tsallis, um texto que nos provoca a pensar o lugar da relação entre filosofia unbuntu e a Corp(O)ralidade como metodologia científica de fundamento decolonial. Outras linguagens, outras gramáticas das corpas, que foi gestacionada a partir de uma dupla experiência de dança afro vivenciada nas Coordenadoria de Artes e Oficinas de Criação (COART/UERJ) e nas danças online com a Eliete Miranda, refletindo sobre o lugar da dança afro como promotora de conhecimento de si, da história e da política estruturalmente racista, tensionandoao dançar com a escrita, produzindo uma “escrevivência do corpo”, ao modo de Conceição Evaristo. As vivências são fios que conectam escrevivência, Corp(O)ralidade e metodologia, produzindo novos conhecimentos decoloniais.

O campo da clínica, da prática clínica, se entrelaça com as perspectivas teóricas de uma outra Psicologia Social para dar conta da temática das implicações do racismo na vida dos sujeitos, da população negra e em sua relação com outras populações não negras. Temos este debate presente em vários artigos.

Em A Sociogenia Fanoniana e a formação em Psicologia: uma aposta clínica política e negra, concebido por Fátima Lima, Luiza R de Oliveira e Abrahão Santos, a sociogenia fanoniana desponta como princípio e método para refletir sobre uma formação em Psicologia que tome a dimensão sociogênica - em contraponto às dimensões filogenética e ontogenética - como espaço vital para que o cuidado possa ser pensado em relação às comunidades negras nos diferentes contextos brasileiros.

O racismo como sistema de poder que afeta a saúde mental das populações negras e indígenas está presente no cotidiano do Brasil tendo em vista a sua estrutura social, político, cultural e institucional. Apesar de ser um marcador social, são poucos os serviços que abordam raça enquanto estruturante dos processos de sofrimento psíquico. O artigo Racismo e saúde mental: uma cartografia sobre o trabalho com famílias no campo da saúde mental, de Tulíola Almeida de Souza Lima e Roberta Romagnoli, sugere formas de “lidar com situações de sofrimento mental entre indivíduos e suas famílias, perpassando mazelas sociais individuais e coletivas”.

Tatiane Oliveira e Fernanda Spanier Amador, em Estilizações Marginais: considerações sobre colonialidade e problemas clínicos do trabalho na docência da educação básica, pautam a experiência de trabalhadores negros em seu ofício no campo da psicologia social e no campo das Clínicas do Trabalho, mais precisamente da Clínica da Atividade, abordando como as práticas racistas constrangem a atividade destes trabalhadores, propondo a feitura de novos modos de trabalhar, nomeados Estilizações Marginais, que enfrentem os valores da branquitude.

Reflexões críticas sobre a atuação psi sobre saúde mental aparecem no artigo Práticas antirracistas na Rede de Atenção Psicossocial: racializar e desnortear, de Emiliano de Camargo David e Cristina Vicentin, em que apresentam caminhos para alcançar o horizonte em que existam práticas antirracistas na rede de atenção psicossocial, ainda que, invariavelmente, perpassem o processo de racialização dos espaços de cuidado, afrontando ideias produzidas pela figura do manicômio, nomeado manicolonial, espaço-político que reflete as estruturas de poder do colonialismo.

Debate promissor e bastante tenso no campo das questões sobre raça, racismo, identidade e identificação surge nas reflexões críticas sobre pertencimento racial e branquitude. Neste campo de tensões e disputas inclui-se a figura do pardo ou de pessoas negras de pele clara, o colorismo, entre outras questões que circundam esta seara. Entre os artigos que tematizam este debate temos o de Carolina da Silva Pereira e Lia Vainer, intitulado O lugar das práticas artístico-culturais na constituição da negritude para negros/as de pele clara, que analisa as expressões artístico-culturais e efeitos subjetivos para sua racialização para compreender os processos de identificação e pertencimento racial de pessoas negras de pele clara. Uma das autoras deste texto é uma das atuais referências da Psicologia Social sobre o debate sobre branquitude crítica e as questões da identidade parda como elemento constituinte da população negra (pretos e pardos), categoria tão cara, elaborada e defendida historicamente pelo movimento negro.

O debate sobre branquitude é tão necessário para uma Psicologia Antirracista que tivemos, ao final, quatro artigos em nosso dossiê que problematizam este ponto, oriundos de diferentes regiões do país: Nordeste, Sudeste e Sul.

O trabalho Branco no preto: reverberações da branquitude na psique negra analisa os efeitos do denominado “pacto narcísico” da branquitude sobre a psique dos indivíduos de cor, caracterizado por um contrato não verbal entre corpos brancos para manutenção de seus privilégios, observando reverberações nos corpos negros, principalmente no campo de suas emoções e afetos. São autoras/es Sophia Helena Rito Lima e Leomir Hilário Cardoso e seu texto apresenta estudos e práticas profissionais em Sergipe, Nordeste do Brasil.

O texto de Emanuelle das Dores Socorro e Luciana Kind do Nascimento, intitulado “Hoje eu sei”: experiências racializadas com docentes e pesquisadoras da psicologia social, indaga como pesquisadoras brancas, ocupando espaços de formação em Psicologia Social racializam experiências para pensar posicionamentos na prática docente frente ao tema raça, inspiradas na pesquisa situada (“pesquisa com”) e nas reflexões dos discursos racializados, de modo a compreender as experiências racializadas em contextos de formação em Psicologia Social.

Do sul do país, do Rio Grande do Sul, Carolina Nunes Ramos e Simone Paulon se colocam em reflexividade sobre a própria condição de pesquisadoras brancas a pensarem sua produção de conhecimento e de pesquisas. No artigo Problematizações éticas, estéticas e políticas à branquitude como categoria de análise para psicologia social, elas assinalam o desafio de pensar como a branquitude se coloca como categoria de análise para a psicologia social e como se constitui como modo de subjetivação. As autoras deslocam as supostas neutralidade e universalidade do campo da psicologia social com objetivo de produzir efeitos de visibilidade nos processos de subjetivação racistas do contemporâneo.

Em Estado, Racismo e Ações Afirmativas para Promoção da Igualdade Racial: dilemas no Capitalismo, de Thiago da Silva Laurentino, Isabel M. F. de Oliveira e Janaiky P. de Almeida, desenvolve-se discussão materialista-histórica a respeito das contradições entre o Estado e as Políticas de Ação Afirmativa no modo de produção capitalista, considerando as dinâmicas reais e concretas entre o capital, movimentos sociais, conjunturas políticas e econômicas que interferem na ação do Estado, com o entendimento de que as relações sociais de classe e raça são centrais para a formação social brasileira, sem o qual não é possível compreender o tempo presente.

O artigo Racismo de estado como fronteira de acesso à comunidade, de Emilia Franzosi e Kátia Maheirie, problematiza a política de assistência social e a majoritária ausência de homens negros nos Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), sob a ótica das relações raciais. O texto analisa o discurso acerca dos usuários do serviço, a partir de entrevistas realizadas com trabalhadoras/es do CRAS em uma cidade do sul do país.

Questões sobre racismo estrutural e situações de violência urbana que afligem a população negra cotidianamente são tema de preocupação dos estudos da Psicologia Social em diálogos com outros campos temáticos, como a criminologia, a justiça e a segurança pública. No artigo intitulado Por uma criminologia antirracista: chacinas policiais como persistências e reinvenções do controle racial brasileiro, de autoria de Johnny Clayton Fonseca da Silva e Pedro Paulo de Bicalho, as persistências e reinvenções de um saber-poder que, através do racismo criminológico, vem operando pela estatização da morte da juventude negra e favelada, são enfatizadas. O texto analisa como o “medo branco” tem sido um histórico operador político que busca legitimar o controle racial no Brasil, desde a abolição formal da escravatura, através de políticas criminais e urbanas.

Problematizar as tecnologias como artifícios tecnológicos racistas é o objetivo do artigo Reconhecimento facial: Tecnologia, Racismo e construção de mundos possíveis, dos autores Lucas Gabriel de Matos Santos, Jessica David, Arthur Costa e Rosa Pedro, partindo da ideia de que racismo e tecnologia são mediadores societários relevantes, que hierarquizam grupos e reproduzem privilégios e exclusões, ao passo que podem inviabilizar denúncias de desigualdades, seja pelo “mito da democracia racial”, seja pela ideia de neutralidade da tecnologia. O artigo aponta uma dupla opacidade: a negação do racismo e a negação política da tecnologia. O reconhecimento facial é apresentado como aparato sociotécnico que, articula os corpos negros e as realidades brasileiras, ora produzindo invisibilidades, ora reacentuando visibilidades, especialmente no que se refere à segurança pública.

Quando pensamos que Caos-mundo se despedia de nós, sua mão entrelaçada à nossa começa a escorregar. Nós a abraçamos forte e gritamos: - Não vai Caos, não vai! Como sempre, ela começa a gargalhar… Os nomes que sambam em nós começam a se agitar. Caos-mundo pelas orelhas, poros e todos os orifícios de nossa anatomia inventada desde a "oralidade", como pensamentos que operam para além de fórmulas e sistemas, onde cabem muitos nomes, línguas, cheiros e sabores, suportando a imprevisibilidade da "totalidade-mundo, e que sintoniza, harmoniza a escrita à oralidade e a oralidade à escrita (Glissant, 2005Glissant, E. (2005). Introdução a uma poética da diversidade. Editora da UFJR. p. 54), ambas inseparáveis. Falamos, dançamos e sentimos em polifonia, escutamos vozes Carolinas, e Caos-mundo nos ensina, com Édouard Glissant (2021Glissant, E. (2021). Poética da Relação. Bazar do Tempo.), que somos feitas de muitas línguas e é destes arte-fatos povoadas em nossas corpas que inúmeras presenças fazem ventar a ciência e a poesia entre nossos mundos. A única condição é experimentar cada mutação que constrói a nós e ao mundo, porque "As mútuas mutações geradas por este jogo de relações" (p. 118) é que nos movimentam em direção a Psicologias Sociais nascentes da "crioulização" (Glissant, 2021Glissant, E. (2021). Poética da Relação. Bazar do Tempo., p.118). Estas, menos ocupadas com papéis, fronteiras de mapas que não são construídos pelo Comum, mas, sobretudo, mais receptivas a processos, vivências e movimentos arte-fatos científicos, inventam corpas vivas, que são o próprio mundo. E, assim, seguimos sambando nossas corpas que são encruzilhadas, Caos-Mundo, e… e… e… Quem tem medo da Crioulização da Psicologia Social?

Declaração de agradecimentos à CAPES

Eu, Jorge Luiz Cardoso Lyra da Fonseca, Siape 2283143 declaro para os devidos fins e sob as penas da lei, que no Dossiê da Revista Psicologia & Sociedade (Gestão 2020‐2023) intitulado Psicologia social e antirracismo: compromisso social e político por um outro Brasil organizado por mim e pela Profa. Dra. Míriam Cristiane Alves; Ademiel de Sant'Anna Junior; Gioconda Sousa; Juliana Keila Jeremias da Silva; Maíne Alves Prates; Wellington Albuquerque, foi feita referência ao apoio recebido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES), atendendo a determinação da Capes, através da Portaria Nº 206, de 4 de Setembro de 2018 e orientações da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da UFPE.

Recife, 31 de outubro de 2023.

Referências

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  • Organizadores/as do dossiê

    Prof. Dr. Jorge Lyra, preto, coeditor da Revista Psicologia & Sociedade (2000-2023) e coordenador do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco (PPGPsi/UFPE).
    Profa. Dra. Míriam Cristiane Alves, preta, Professora do Programa de Pós-graduação em Psicologia Social e Institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGPsi/UFRGS), Presidenta do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS) e Diretora da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP).
    Ademiel de Sant’Anna Junior, preto, doutorando do Programa de Pós-graduação em Psicologia Social e Institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGPsi/UFRGS), Vice-Presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS) e Professor do Departamento de Direitos Humanos e Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública - Fundação Oswaldo Cruz (DIHS/ENSP/FIOCRUZ).
    Gioconda Sousa, preta, doutoranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco (PPGPsi/UFPE) e integrante da Articulação Nacional de Psicólogas/os/ues Negras/oses e Pesquisadoras/es (ANPSINEP).
    Juliana Keila Jeremias da Silva, preta, doutoranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco (PPGPsi/UFPE).
    Maíne Alves Prates, preta, doutoranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia Social e Institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGPsi/UFRGS).
    Wellington Albuquerque, preto, doutorando do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco (PPGPsi/UFPE). Pesquisador vinculado ao Núcleo Feminista de Pesquisas em Gênero e Masculinidades (GEMA/UFPE).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Out 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    29 Set 2023
  • Aceito
    01 Out 2023
Associação Brasileira de Psicologia Social Programa de Pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), Av. da Arquitetura S/N - 7º Andar - Cidade Universitária, Recife - PE - CEP: 50740-550 - Belo Horizonte - MG - Brazil
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