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Henri Bergson - O bom senso e os estudos clássicos 1 1 Editor responsável: Silvio Donizetti de Oliveira Gallo. https://orcid.org/0000-0003-2221-5160 2 2 Normalização, preparação e revisão textual: Leda Maria de Souza Freitas Farah – leda.farah@terra.com.br. 3 3 Tradução do original Le bon sens et les études classiques, de Henri Bergson.

Henri Bergson - Le bon sens et les études classiques

Henri Bergson - Good sense and classical studies

Apresentação

O texto que traduzimos é um discurso proferido por Henri Bergson no Grande Anfiteatro da Sorbonne por ocasião da distribuição dos prêmios do “Concours Général”4 4 O Concurso Geral, criado em 1747, premia anualmente os melhores estudantes franceses do ensino médio. Os estudantes agraciados participam, então, de cerimônia realizada no anfiteatro principal da Universidade Sorbonne, onde recebem seus diplomas e são cumprimentados diretamente pelo Ministro da Educação e por membros do governo. em 1895. Bergson contava, então, 36 anos apenas, tendo já publicado sua primeira grande obra – o Ensaio sobre os dados imediatos da consciência (1889) – e estando prestes a publicar, no ano seguinte (1896), Matéria e memória, obra que igualmente teria um forte reconhecimento pela comunidade filosófica e científica de sua época, tornando-se um dos mais importantes livros da filosofia contemporânea. O discurso bergsoniano, portanto, situa-se num momento de plena e rica elaboração intelectual do filósofo, que dirige sua fala naquele momento sobretudo a jovens estudantes da principal universidade francesa. Justamente por isto, talvez, Bergson tenha escolhido tratar de um tema tão importante para vida humana e para a juventude: a educação. A reflexão que ele desenvolve é tão consistente, significativa e ao mesmo tempo bela em termos literários, que esse texto se tornou certamente um dos mais importantes discursos proferidos por ele e o mais representativo da sua contribuição para o campo educacional. Em relação a este último ponto, devemos destacar aqui que Bergson se refere não ao contexto da formação escolar em termos estritos, mas à educação num sentido amplo, aquela que constitui o humano ao longo de sua vida, passível de ser potencializada na escola e, em particular, na universidade.

É importante destacar que este filósofo francês não chega a desenvolver nenhuma teoria pedagógica específica. Todavia, como intelectual atuante que foi, participou ativamente de discussões acerca do problema da educação em sua época. Primeiramente, integrou o movimento da reforma educacional da França como membro do Conselho Superior da Instrução Pública e depois presidiu a Comissão de Cooperação Intelectual da Sociedade das Nações, precursora da ONU. Assim, mesmo que não tenha elaborado especificamente uma teoria sobre a educação, o tema esteve certamente subjacente ao seu trabalho intelectual e presente em algumas passagens significativas de sua obra. Nesse horizonte, o discurso de 1895 é o principal texto em que Bergson trabalha mais diretamente a questão da educação, e o conceito de “bom-senso” é aí tomado como referência fundamental em uma relação singularmente tecida com os “estudos clássicos”5 5 Devemos registrar que o referido discurso se converte em objeto de pesquisa fundamental dos principais trabalhos em torno da contribuição da filosofia bergsoniana para o campo da filosofia da educação. Dentre esses trabalhos destaca-se a tese clássica de Rosé-Marie Mossé Bastide, Bergson educateur, de 1955. A partir de então, outras pesquisas sobre o legado do pensador francês também para o campo da educação continuam sendo desenvolvidas considerando a referência do conceito de bom senso, inclusive nas mais importantes universidades brasileiras. . Se nos recordarmos da célebre frase com a qual Descartes inicia o Discurso do Método, afirmando que “o bom senso é a coisa do mundo melhor partilhada” (Descartes, 1973Descartes, R. (1973). Textos escolhidos. il., p. 37), vemos que esse conceito já apresenta uma importante referência na História da Filosofia e que Bergson o retoma neste discurso, considerando também a reflexão cartesiana. No entanto, ele o faz para infleti-la mais fortemente numa outra direção, buscando assinalar que o bom senso em questão não pode ser tomado como sinônimo estrito de razão, mas, ao contrário, deve ser considerado justamente naquilo que representa o potencial humano de ir além do puramente racional. Neste sentido, o bom senso torna-se responsável, inclusive, por apontar limites à razão ao colocá-la em relação àquilo que mais caracteriza a vida, sua duração movente e criadora. A partir daí, no seu posicionamento singular para os jovens estudantes da Sorbonne, delineando também certa concepção de formação educacional, compreendemos por que, para Bergson, os estudos clássicos se tornam tão importantes para o aprimoramento do bom senso: são esses estudos que trazem ao homem o alento vivo proporcionado pelo encontro com os grandes textos da literatura, da poesia, da filosofia e da ciência. Indo um pouco além, é refletindo sobre o significado dessa forma singular de se pensar o bom senso de acordo com Bergson que podemos compreender, já nesse momento de sua trajetória filosófica, um parentesco marcante entre esse conceito e o de intuição, o qual se tornará um dos mais importantes de sua produção intelectual6 6 Num excelente artigo sobre o discurso de Bergson que aqui traduzimos, Franklin Leopoldo e Silva (1973) destaca o seguinte: “Reencontramos assim, ..., o paralelismo que existe ente o bom-senso e a intuição, pois o que é a intuição senão a recusa da hegemonia da frieza analítica no conhecimento do real, que aos poucos nos introduz em segredos que ficariam para sempre vedados ao procedimento analítico?” (p. 139). .

Por tudo isto, para além de sua referência circunstanciada à época e à plateia à qual foi dirigido, o discurso O bom senso e os estudos clássicos aborda um conceito que será caro à fortuna filosófica de Bergson, tendo em sua filosofia uma presença relevante, uma vez que ele o retoma e o aprofunda ao longo de toda a sua obra. Com efeito, antes de trabalhar o conceito de bom senso em seu horizonte mais elevado em As duas fontes da moral e da religião, Bergson se refere a ele no discurso de 1895, em Matéria e memória, em O riso e em A evolução criadora. Em todas essas obras, esse conceito, apesar de se relacionar a temas específicos, desdobra-se a partir da mesma significação básica delineada desde o referido discurso, trazendo enlaçada consigo a valorização do conhecimento da intuição como complemento fundamental da inteligência, inclusive do ponto de vista pedagógico7 7 No livro O método da intuição em Bergson e sua dimensão ética e pedagógica, Tarcísio Santos Pinto estuda também esse itinerário do conceito de bom senso em sua vinculação com o conceito de intuição no conjunto da obra do filósofo francês, dando atenção especial aos desdobramentos desses conceitos nos campos da ética e da educação (Santos Pinto, 2010, pp. 213 e ss). .

Gostaríamos de ressaltar, por fim, que Bergson, através de Le bons sens, contribui para iluminar a vida prática com a amplitude da reflexão teórica, buscando anular “o divórcio entre a reflexão e a realidade vivida, sem que o filósofo deixe de ser filósofo e sem que a realidade imediatamente vivida se imobilize no plano da análise conceitual” (Leopoldo e Silva, 1973Leopoldo e Silva, F. (1973). Reflexão e existência. Discurso – Revista do Departamento de Filosofia da USP, 4(4). https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863.discurso.1973.37764
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863....
, p. 134). Tal discurso, portanto, apesar de ser um texto de ocasião, como destacamos, escrito antes que Bergson houvesse publicado grande parte de sua obra filosófica, deve ser bastante valorizado, primeiramente pelo fato de já trazer noções coerentemente formuladas que serão retomadas em muitos textos posteriores do autor e, depois, por trazer em si essa grande qualidade de aproximar a reflexão da vida, qualidade que Bergson sempre procurou cultivar em sua trajetória intelectual. Neste sentido, são fecundas e potentes as reflexões que ele desenvolve em torno da relação entre o bom senso, cultivado através dos estudos clássicos, e a ideia de justiça, passível de ser encarnada e de nos servir de referência em nossas ações cotidianas, o que permanece ainda tão importante para a construção da vida social, especialmente nos dias de hoje.

O Bom Senso e os Estudos Clássicos8 8 Procuramos, ao máximo, ser fiéis ao texto original do discurso de Bergson, respeitando inclusive determinadas opções de pontuação do autor que, em princípio, poderiam parecer equivocadas, mas, certamente, estavam associadas à necessidade de ele buscar adequar o texto ao seu pronunciamento no anfiteatro da Sorbonne.

Discurso pronunciado na distribuição dos prêmios do Concurso geral, 30 de julho 1895

A honra foi sempre grande, e a tarefa difícil, de ter que tomar a palavra nesta imponente solenidade universitária; mas me parece que a responsabilidade se torna todo ano mais pesada, porque o problema da educação, sobre o qual nós não quereríamos retornar sempre, toma um aspecto cada vez mais grave e se coloca em termos cada vez mais urgentes. Que os estudos clássicos tenham mais o que fazer do que ornar o espírito, que nos incumbam de formar os cidadãos conscientes de seu dever e preparados a cumpri-lo, todo o mundo concorda: o que a sociedade dá em termos de instrução, ela quereria que lhe fosse retornado em sabedoria. Mas pergunta-se, com uma inquietude crescente, se estudos desinteressados têm esta eficácia prática e, em particular, se o bom senso, que é uma virtude cívica nos países livres, varia em razão da cultura intelectual. Por outro lado, de qualquer maneira que se recorte a questão, seja que se afirme, seja que se negue, ninguém poderá dar-se por satisfeito, pois, se o bom senso não depende da instrução, a sociedade deverá se declarar sem poder sobre este, do qual ela tem a maior necessidade; e se ele depende sobretudo dela, se a sabedoria cresce com a cultura superior do espírito que permanece sempre um privilégio, será preciso ver com um olhar entristecido a irresistível corrente que leva o poder às mãos de um maior número. Muito felizmente, não é nada necessário cairmos em um ou outro destes dois extremos. Eu gostaria de mostrar que o bom senso consiste em parte em uma disposição ativa da inteligência, mas em parte também em uma certa desconfiança toda particular da inteligência diante dela mesma; que a instrução lhe fornece uma sustentação, mas que ele cresce suas raízes em profundezas onde a instrução dificilmente penetra; que os estudos clássicos lhe servem muito, mas por meio de exercícios comuns a toda espécie de estudos e que se podem praticar sem mestre; que também a tarefa do educador consiste, sobretudo, em tal assunto, em conduzir alguns por um artifício, lá onde outros são imediatamente colocados por natureza. Mas o que é justamente o bom senso, e a quais potências, e a quais disposições gerais da alma, se vincula essa atitude intelectual?

O papel dos nossos sentidos, em geral, é menos de nos fazer conhecer os objetos materiais que de nos assinalar a utilidade. Nós apreciamos os sabores, respiramos os odores, distinguimos o calor e o frio, a sombra e a luz. Mas a ciência nos ensina que nenhuma dessas qualidades pertence aos objetos na forma como nós as percebemos; elas nos dizem somente, em sua pitoresca linguagem, o inconveniente ou a vantagem que as coisas têm para nós, os serviços que elas poderão nos oferecer, os perigos que farão correr. Nossos sentidos nos servem pois, antes de tudo, para nos orientar no espaço; eles não são voltados em direção à ciência, mas à vida. Ora, nós não vivemos somente num meio material, mas também num meio social. Se todos os nossos movimentos se transmitem no espaço e agitam assim uma parte do universo físico, por outro lado, a maior parte de nossas ações tem suas consequências próximas ou distantes, boas ou más, primeiro para nós, em seguida para a sociedade que nos rodeia. Prever essas consequências, ou antes as pressentir; distinguir em matéria de conduta o essencial do acessório ou do indiferente; escolher, entre os diversos partidos possíveis, aquele que dará a maior soma de bem, não imaginável, mas realizável: eis aqui, parece, o ofício do bom senso. É, portanto, bem um sentido à sua maneira, mas ao passo que os outros sentidos nos colocam em relação com as coisas, o bom senso preside às nossas relações com as pessoas.

Existe um sutil pressentimento do verdadeiro e do falso, que pôde descobrir entre as coisas, bem antes da prova rigorosa ou da experiência decisiva, incompatibilidades secretas ou afinidades insuspeitas. Chamamos gênio esta intuição de ordem superior, intuição necessariamente rara, pois que a humanidade poderia a rigor viver sem ela. Mas a vida de todos os dias demanda, a cada um de nós, soluções tão claras e decisões tão rápidas. Toda ação grave encerra uma longa série de razões e de condições para desabrochar depois em consequências que fazem que, se ela dependia de nós, por nossa vez nós dependamos dela. Entretanto, ela não admite ordinariamente nem tateio nem demora; é preciso tomar um partido, e, sem prever todos os detalhes, compreender o conjunto. A autoridade que nós invocamos, então, a que leva nossas hesitações e corta a dificuldade, é o bom senso. Parece, pois, que o bom senso seja, na vida prática, o que o gênio é nas ciências e nas artes.

Mas olhemos de mais perto: o bom senso não é mais do que o gênio uma atitude passiva do espírito, esperando, no meio da noite, que o raio brilhe e a luz se faça. Se o gênio advinha a natureza, é que ele viveu numa estreita camaradagem com ela. O bom senso, ele também, exige uma atividade incessantemente desperta, um ajustamento sempre renovado a situações sempre novas. Ele não teme senão a ideia toda feita, fruto maduro do espírito talvez, mas fruto destacado da árvore, cedo ressecado, e não apresentando, em sua rigidez, mais que o resíduo inerte do trabalho intelectual. O bom senso é este trabalho mesmo. Ele quer que nós tomemos todo o problema por novo e lhe façamos a honra de um novo esforço. Ele exige de nós o sacrifício, por vezes penoso, de opiniões que nós havíamos feito para nós mesmos e de soluções que nós tínhamos prontas. E para dizer tudo, ele parece ter menos relação com uma ciência superficialmente enciclopédica do que com uma ignorância consciente dela mesma, acompanhada da coragem de aprender.

Se ele se aproxima do instinto pela rapidez de suas decisões e a espontaneidade de sua natureza, a ele se opõe profundamente pela variedade de seus meios, a flexibilidade de sua forma, e a supervisão zelosa com a qual nos envolve, para nos preservar do automatismo intelectual. Se ele se assemelha à ciência por sua preocupação com o real e sua obstinação a permanecer em contato com os fatos, dela se distingue pelo gênero de verdade que ele persegue; pois ele não visa, como ela, à verdade universal, mas àquela da hora presente, e não intenciona tanto ter razão uma vez por todas, quanto recomeçar sempre a ter razão. Por outro lado, a ciência não negligencia nenhum fato de experiência, nenhuma consequência do raciocínio: calcula a parte de todas as influências e leva até o fim a dedução de seus princípios. O bom senso escolhe. Ele toma certas influências por praticamente negligenciáveis e para no desenvolvimento de um princípio, no ponto preciso onde uma lógica excessivamente brutal deformaria a delicadeza do real. Entre os fatos e as razões que lutam, se empurram e se apressam, ele faz com que uma seleção se opere. Enfim, é mais que o instinto e menos que a ciência; seria preciso antes ver uma certa dobra do espírito, uma certa inclinação da atenção. Poderíamos quase dizer que o bom senso é a própria atenção, orientada no sentido da vida.

Assim ele não tem maiores inimigos, na cidade9 9 A tradução da palavra cité aqui como “cidade” nos remete à pólis, uma vez que o seu sentido nesta parte do texto faz claramente referência a essa ideia grega, segundo pensamos. , que o espírito de rotina e o espírito de quimera. Obstinar-se nos hábitos que se erigem em leis, repugnar a mudança, é deixar distrair os olhos do movimento que é a condição da vida. Mas não é também por fraqueza de vontade ou distração do espírito que nos abandonamos à esperança de transformações miraculosas? Entre esses dois gêneros de espíritos, a distância é menor do que se acreditaria numa primeira abordagem: igualmente distantes da ação eficaz, eles diferem sobretudo em que um pretende simplesmente dormir, enquanto o outro quer além disso sonhar. Mas o bom senso não dorme, nem sonha. Semelhante ao princípio da vida, ele vigia e trabalha sem cessar, carregado sem dúvida pela matéria que ele anima, mas advertido da realidade de sua ação pela materialidade mesma de seu esforço. Sua moderação não parece aquela dos tímidos que tomam a ação por perigosa e procuram se assegurar contra ela; ele ao contrário ama a ação, não avança por graus senão para obter a transformação de um progresso mais natural, e se aproxima por aí ainda da vida, da qual não se sabe se se deve admirar mais as nuances harmoniosamente fundidas de suas transições ou o contraste resplandecente de suas metamorfoses. Quanto mais se aproxima dele, enfim, mais ele tende a se confundir com o espírito de progresso, contanto que se compreenda nesta expressão, ao mesmo tempo, uma aspiração enérgica ao melhor e uma exata apreciação do grau de elasticidade das coisas humanas.

Qual é, pois, o princípio do bom senso? Como tocar dele o fundo? Onde descobrir sua alma? Deriva ele, como se disse, da experiência? Representa ele, reunidos e condensados, os resultados das observações passadas? Mas o tempo, à medida que avança, desenrola situações sempre novas que exigem de nós um esforço sempre original. Não é ele, de outra parte, senão uma grande segurança de raciocínio, exercitado, por um trabalho lógico, a deduzir, de um princípio geral, consequências cada vez mais longínquas? Mas nossa dedução é bem rígida, e bem flexível é a vida. Por mais forte que apertemos nossos raciocínios, eles seguirão mal os contornos delicados e fugidios da realidade movente. O bom senso raciocina, eu até concedo, e sobre princípios gerais por vezes; mas ele começa por inflecti-los na direção da realidade presente; e este trabalho de adaptação, que não depende mais do raciocínio puro, não é justamente o ofício próprio do bom senso? Não, o bom senso não reside nem em uma experiência mais vasta, nem em lembranças melhor classificadas, nem em uma dedução mais exata, nem mesmo, mais geralmente, em uma lógica mais rigorosa. Instrumento, antes de tudo, do progresso social, ele não pode tirar sua força senão do princípio mesmo da vida social, o espírito de justiça.

Oh, não quero falar desta justiça teórica e abstrata que, negligente do real, traça no espaço vazio um plano geométrico e põe a forma sem se dar a matéria. O mais amiúde, ela permanece incapaz de encontrar um ponto de contato com os fatos, ou, se consegue isso, é conduzida por sua resistência, que ela não leva em conta nos seus cálculos, a duvidar de sua própria virtude e a perder a esperança em si mesma. Eu falo da justiça, incarnada no homem justo, da justiça viva e agente, atenta a se inserir nos eventos, mas pesando na sua balança o ato e a consequência, nada temendo a não ser comprar o bem ao preço de um mal maior. A justiça, quando se realiza assim num homem de bem, torna-se um sentido delicado, uma visão ou antes de tudo um tato da verdade prática. Ela lhe dá a medida exata do que ele deve exigir de si e o que ele pode esperar dos outros. Ela o conduz diretamente, como faria o instinto mais seguro, ao que é desejável e realizável. Ela lhe mostra as injustiças a corrigir e por consequência o bem a fazer, os comedimentos a guardar, quer dizer a injustiça a não cometer. Ela o preserva dos erros e dos tropeços, por sua retidão de julgamento que vem da equidade da alma. Simples e clara, ela equivale aos raciocínios consequentes e às experiências multiplicadas, como à moeda, o ouro puro. Se ela leva consigo assim a inteligência da vida, é sem dúvida que ela lhe tocou o princípio; e, embora ela brilhe com toda resplandescência somente nos melhores dentre nós, ela não manifesta menos o que há de mais essencial e de mais íntimo na humanidade. É assim que, para descobrir as camadas profundas da crosta terrestre, aquelas que as grandes elevações tiraram da alma mesma da terra, é preciso subir sobre os cumes.

Eu vejo, pois, no bom senso, a energia interior de uma inteligência que se reconquista a todo momento sobre si mesma, eliminando as ideias feitas para deixar o lugar livre para as ideias que se fazem, e se modelando sobre o real pelo esforço contínuo de uma atenção perseverante. E eu vejo também nele a irradiação intelectual de uma fornalha moral intensa, a justeza das ideias se moldando sobre o sentimento da justiça, enfim o espírito endireitado pelo caráter. Nossa filosofia, enamorada pelas distinções bem recortadas, traça uma linha de demarcação bem clara entre a inteligência e a vontade, entre a moralidade e o conhecimento, entre o pensamento e a ação. E aí estão bem, com efeito, as duas direções diferentes onde se engaja, nelas se desenvolvendo, a natureza humana. Mas a ação e o pensamento me parecem ter uma fonte comum, que não é nem pura vontade, nem pura inteligência, e essa fonte é o bom senso. O bom senso não é, com efeito, o que dá à ação seu caráter razoável, e ao pensamento seu caráter prático?

Examinai, nos grandes problemas filosóficos, a solução do bom senso: encontrareis, eu creio, a solução que é socialmente útil, aquela que facilita a linguagem e favorece a ação. Estudai, por outro lado, os procedimentos e os atos que o bom senso aconselha: vereis que ele falou, sem reflexão aprofundada, como haveria feito a perfeita razão. Parece então que o bom senso procede em matéria especulativa por um apelo à vontade, e em matéria prática por um recurso à razão. De sorte que poderíamos ser tentados a ver nele o efeito de uma mistura, um acordo íntimo entre as exigências do pensamento e aquelas da ação. E é bem assim que é preciso falar para ser claro, mas eu me inclinaria, no fundo, a encarar as coisas completamente de outra forma, a ver no bom senso a disposição original e, ao contrário, nos hábitos do pensamento e nas leis da vontade, duas emanações, dois desenvolvimentos divergentes dessa faculdade primitiva de orientação. Porque eu não posso me representar nem o jogo das vontades associadas sem um fim último razoável, nem o funcionamento natural do pensamento sem uma destinação prática. É preciso pois que essas duas formas da atividade se possam derivar de uma só e mesma potência, que responda às necessidades fundamentais da vida em sociedade; e esta espécie de senso social é justamente o que se denomina o bom senso. Se ele é também o fundo, a essência mesma do espírito, não deveríamos encontrá-lo, como dizia Descartes, “todo inteiro em cada um”, inato e universal, independente da educação? Seria assim, eu creio, se tudo fosse vivo na alma e na sociedade, se não estivéssemos condenados a arrastar conosco o peso morto dos vícios e preconceitos, se não nos ocorresse também, por uma distração momentânea ou durável, viver e pensar exteriormente a nós mesmos, enfim, se não deixássemos a nossa inteligência tomar decisões, por assim dizer, abstratas, em vez de mantê-la firmemente em contato com a energia tensionada do querer. Mas é raro que a natureza produza espontaneamente uma alma alforriada e mestra de si mesma, uma alma afinada à unissonância da vida. A educação deve intervir o mais amiúde não tanto para imprimir um elã quanto para afastar os obstáculos, não tanto também para levantar um véu quanto para levar a luz.

Até onde se estende esta influência da educação, e em particular dos estudos clássicos? Que podem eles fazer, e o que lhes devemos demandar? Sobre as diversas forças que acabei de enumerar, e que tenderiam todas a fazer desviar o bom senso, elas estão longe de ter a mesma influência.

Um dos maiores obstáculos, dizíamos, à liberdade do espírito, são as ideias que a linguagem nos aporta já prontas, e que nós respiramos, por assim dizer, no meio que nos envolve. Elas jamais se assimilam à nossa substância: incapazes de participar da vida do espírito, elas perseveram, verdadeiras ideias mortas em sua rigidez e imobilidade. Por que então as preferimos tão constantemente àquelas que vivem e que vibram? Por que nosso pensamento, no lugar de trabalhar para se fazer mestre no seu próprio lar, ama mais se exilar dele mesmo? É antes por distração, e porque, à força de nos divertir ao longo da estrada, nós não sabemos mais aonde queríamos ir.

Talvez vocês tenham reparado, diante de nossos monumentos e nos nossos museus, estrangeiros que têm à mão um livro aberto, um livro onde encontram descritas, sem dúvida, as maravilhas que os rodeiam. Absorvidos nessa leitura, não parecem esquecer por ela, às vezes, as belas coisas que tinham vindo ver? É assim que muitos dentre nós viajam através da existência, os olhos fixos sobre fórmulas que leem, numa espécie de guia interior, negligenciando de olhar a vida para se regrar simplesmente sobre o que se diz dela, e pensando ordinariamente em palavras muito mais que em coisas. Mas talvez exista aí mais e melhor que uma distração acidental do espírito. Talvez uma lei natural e necessária queira que nosso espírito comece por aceitar as ideias já prontas e viva numa espécie de tutela, esperando o ato de vontade, sempre adiado em alguns, pelo qual recuperará a si próprio. A criança não percebe nada na natureza exterior além de formas grosseiras e convencionais das quais ela joga o desenho sobre o papel sempre que tenha um lápis à mão: elas se interpõem, nela, entre o olho e o objeto; elas lhe apresentam uma simplificação cômoda e, em muitos dentre nós, elas continuarão a se interpor assim até o dia em que a arte virá nos abrir os olhos sobre a natureza.

Eu compararia de bom grado, a esses desenhos de criança, as ideias que nós encontramos fechadas nas palavras. Cada palavra representa bem uma porção da realidade, mas uma porção recortada grosseiramente, como se a humanidade houvesse talhado segundo sua comodidade e suas necessidades, em vez de seguir as articulações do real. Nós bem somos forçados a adotar provisoriamente essa filosofia e essa ciência já prontas; mas não são aí senão pontos de apoio para subir mais alto. Além dessas ideias que são resfriadas e fixadas na linguagem, nós devemos procurar o calor e a mobilidade da vida.

Eu vejo justamente na educação clássica, antes de tudo, um esforço para romper o gelo das palavras e reencontrar por baixo dele a livre corrente do pensamento. Exercitando-vos, jovens alunos, a traduzir as ideias, de uma língua a outra, ela vos habitua a fazê-las cristalizar, por assim dizer, em vários sistemas diferentes; por aí, ela as liberta de toda forma verbal definitivamente parada, e vos convida a pensar as ideias mesmas, independentemente das palavras. Na preferência que ela concedia à Antiguidade, não havia somente uma admiração muito grande pelos modelos puros; estimava-se assim, sem dúvida, que as línguas antigas, recortando segundo linhas bem diferentes das nossas a continuidade das coisas, conduzissem por um exercício mais violento e mais rapidamente eficaz à liberação da ideia. E depois, será que um esforço comparável ao dos antigos gregos jamais foi tentado, para dar à palavra a fluidez do pensamento? Mas, em qualquer língua que se exprimam, os grandes escritores podem prestar o mesmo serviço à nossa inteligência; porque todos tiveram e todos procuraram nos dar a visão direta do real, em casos em que nós só nos apercebíamos das coisas através de nossas convenções, nossos hábitos e nossos símbolos. Neste sentido a educação clássica, mesmo quando parece dar a maior importância às palavras, nos ensina sobretudo a não sermos enganados por elas. Ela poderá mudar o objeto particular; ela conservará sempre o mesmo fim geral, que é de subtrair nosso pensamento do automatismo, de o libertar das formas e das fórmulas, enfim, de restabelecer nele a livre circulação da vida. A filosofia continua no mesmo sentido a obra começada. Ela submete à crítica os princípios últimos do pensamento e da ação. Ela não atribui nenhum prêmio à verdade passivamente recebida: ela quer que cada um de nós reconquiste a verdade pela reflexão, o mérito pelo esforço, e a fazendo penetrar profundamente em si, animando-a de sua vida, imprima-lhe força suficiente para fecundar o pensamento e dirigir a vontade. O bom senso pode sem dúvida prescindir dela; mas se ele reside no esforço e tende primeiramente à liberdade, eu não vejo onde ele faria um melhor aprendizado.

Mas não é suficiente afastar os símbolos e se acostumar a ver. É preciso ainda, dizíamos, se desabituar de uma certa maneira excessivamente abstrata de julgar, e cultivar um modo todo particular de atenção. Certas ciências têm a vantagem de nos fazer frequentar de mais perto a vida. É assim que o estudo aprofundado do passado nos ajudará a compreender o presente, à condição todavia que permaneçamos em guarda contra as analogias enganosas e que procuremos, na história, segundo a palavra profunda de um historiador contemporâneo, as causas antes que as leis. As ciências físicas e matemáticas têm um objeto menos concreto; mas elas nos fazem admiravelmente compreender a virtude própria, e a destinação especial, de métodos que nós empregamos levianamente todo os dias. Como elas só generalizam onde há leis estáveis, e só deduzem onde nós podemos criar nossas definições, elas nos revelam claramente, por uma verdadeira “passagem ao limite”, as condições ideais da dedução rigorosa e da generalização legítima. Quantos mais vós as aprofundeis, por consequência, menos vós sereis tentados a transportar seus procedimentos, tais quais, às coisas da vida prática. Não é somente porque a demasiada precisão de seus procedimentos se traduziria, no momento de agir, por oscilações longas demais – um pouco como se quiséssemos utilizar na cozinha uma balança de laboratório –, é ainda e sobretudo porque o bom senso correria, eu creio, alguns riscos muito grandes neste transporte. Existe um erro grave, que consiste em raciocinar na sociedade como se raciocina sobre a natureza, em descobrir aí não sei que mecanismo de leis inelutáveis, em mal conhecer enfim a eficácia do querer e a força criadora da liberdade. Existe um outro, aquele dos espíritos quiméricos, que põem a fórmula de um ideal simples, e deduzem daí geometricamente as consequências para a organização da sociedade, como se as definições dependessem aqui de nós, como se nossa liberdade não reconhecesse um limite, nas condições mesmas da natureza humana e da vida social. O bom senso mantém o meio termo entre essas duas imitações malfeitas da física e da geometria. Talvez não haja método, propriamente falando, mas certa maneira de fazer. Ao risco de ofender uma opinião propalada, eu diria que a maneira dos filósofos é a que me parece se aproximar mais da sua; pois toda grande doutrina filosófica se relaciona a princípios e repousa sobre fatos, sem que se possa nem induzi-la rigorosamente desses fatos porque ela os transborda, nem deduzi-la inteiramente desses princípios porque ela soube os fazer flexionar. Vós encontrareis por vezes, no melhor discípulo de um grande mestre, uma exposição mais sistemática da doutrina e também a aparência de uma clareza superior. É justamente porque ele seguiu até o fim, com sua lógica mais abstrata e mais simples, as ideias dominantes do sistema. Mas é preciso remontar à obra do mestre para entrar em comunicação com sua lógica pessoal e profunda, modelada sobre o real, flexível como a vida, e capaz, como a natureza, de apresentar elementos sempre novos a nosso pensamento que gostaria em vão de esgotar a sua análise. Ora, esta faculdade me parece bem ser, em matéria especulativa, o que o bom senso é na vida prática.

A educação do bom senso não consistirá, pois, somente em libertar a inteligência das ideias já prontas, mas em desviá-la também das ideias demasiado simples, em pará-la no declive escorregadio das deduções e das generalizações, enfim em preservá-la de uma excessiva confiança nela mesma. Vamos mais longe, o maior perigo ao qual a instrução poderia expor o bom senso, seria de encorajar nossa tendência a julgar homens e coisas de um ponto de vista puramente intelectual, a medir nosso valor e o dos outros ao único mérito do espírito, a estender esse princípio às sociedades mesmas, a só aprovar das instituições, leis e costumes, aquilo que carrega a marca exterior e superficial da clareza lógica e da organização simples. Esta regra conviria talvez a uma sociedade de puros espíritos, voltados a uma existência toda especulativa, mas a vida real é direcionada à ação. A inteligência aí é uma força, eu até concordo, e mesmo a mais aparente de todas já que seu papel é de trazer a luz; mas não é a única. Por que os dons do espírito nos servem menos na vida que as qualidades do caráter? De onde vem que tantos espíritos brilhantes e penetrantes permaneçam incapazes, malgrado os maiores esforços, de produzir uma obra ou de exercer uma ação? E por que as mais belas palavras permanecem sem eco, se elas são ditas sem ênfase? Não seria porque a inteligência age por não sei qual potência escondida da qual ela simboliza o esforço, e que aí onde essa força falta, o espírito não tem elã suficiente para ir longe, nem peso suficiente para se afundar profundamente no que toca? Viu-se aí a função criar o órgão, e faculdades intelectuais inesperadas jorrar sob a pressão de uma força moral intensa. Como também a história nos ensina que a grandeza de uma nação deve menos a seu desenvolvimento intelectual aparente, que a certas reservas invisíveis de energia onde a inteligência se alimenta, quero dizer a força do querer e a paixão das grandes coisas. Pois bem, é esta ideia que a educação pode imprimir profundamente em nós, não por uma demonstração especial, mas por mil lições tiradas da história e da vida. Ela não nos poupará assim somente de muitas decepções e de muitas surpresas; ela lançará, por intermédio dessa inteligência à qual ela se dirige necessariamente, um apelo de força à potência de sentir e de querer. E por aí ela recolocará a alma em sua direção natural, que é justamente o bom senso.

Eis, me parece, os diferentes pontos sobre os quais o bom senso oferece aderência à educação em geral, aos estudos clássicos em particular. Retendo vossa atenção, meus senhores, sobre o último e mais importante dentre eles, não fiz outra coisa que comentar as palavras que vós não esquecestes absolutamente, aquelas que pronunciava aqui mesmo, faz dois anos, o reitor da Universidade:

Eu quereria, dizia ele, que nós missionemos buscar o justo e propagá-lo, um pouco de chama e de imaginação. Repeti vós bem que, mesmo num século de ciência e de pensamento, o futuro permanecerá sorridente e propício àqueles sobretudo que terão sabido conservar intacta a força de sentir.

É esta força de sentir que eu creio ter visto no fundo do bom senso.

Sem este parentesco estreito, sem esta harmonia entre o senso do real e a faculdade de se comover profundamente pelo bem, não se compreenderia que a França, esta terra clássica do bom senso, sentiu-se erguida através de todo o curso de sua história, pelo impulso interior dos grandes entusiasmos e das paixões generosas. Da tolerância que ela inscreveu em suas leis e que ela ensinou às nações, ela deveu a revelação a uma fé jovem e ardente; as fórmulas as mais sábias, as mais medidas, as mais razoáveis do direito e da igualdade, é num momento de entusiasmo que elas lhe subiram do coração aos lábios. Entre seus escritores os mais enamorados pelo bom senso, entre esses mesmos que têm afiado o bom senso no espírito, se adivinha, por trás das qualidades de ordem, de método, de clareza, um calor intenso que se tornou luz. E a transparência mesma de sua língua, a leveza alada de sua frase, feita para levar ao longe as ideias gerais, não respondem ao elã de uma alma que procura, para os sentimentos poderosos que a trabalham, o ar livre e os grandes espaços? Credes bem, jovens alunos, a claridade das ideias, a firmeza da atenção, a liberdade e a moderação do juízo, tudo isto forma o invólucro material do bom senso; mas é a paixão da justiça sua alma.

  • 2
    Normalização, preparação e revisão textual: Leda Maria de Souza Freitas Farah – leda.farah@terra.com.br.
  • 3
    Tradução do original Le bon sens et les études classiques, de Henri Bergson.
  • 4
    O Concurso Geral, criado em 1747, premia anualmente os melhores estudantes franceses do ensino médio. Os estudantes agraciados participam, então, de cerimônia realizada no anfiteatro principal da Universidade Sorbonne, onde recebem seus diplomas e são cumprimentados diretamente pelo Ministro da Educação e por membros do governo.
  • 5
    Devemos registrar que o referido discurso se converte em objeto de pesquisa fundamental dos principais trabalhos em torno da contribuição da filosofia bergsoniana para o campo da filosofia da educação. Dentre esses trabalhos destaca-se a tese clássica de Rosé-Marie Mossé Bastide, Bergson educateur, de 1955. A partir de então, outras pesquisas sobre o legado do pensador francês também para o campo da educação continuam sendo desenvolvidas considerando a referência do conceito de bom senso, inclusive nas mais importantes universidades brasileiras.
  • 6
    Num excelente artigo sobre o discurso de Bergson que aqui traduzimos, Franklin Leopoldo e Silva (1973)Leopoldo e Silva, F. (1973). Reflexão e existência. Discurso – Revista do Departamento de Filosofia da USP, 4(4). https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863.discurso.1973.37764
    https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863....
    destaca o seguinte: “Reencontramos assim, ..., o paralelismo que existe ente o bom-senso e a intuição, pois o que é a intuição senão a recusa da hegemonia da frieza analítica no conhecimento do real, que aos poucos nos introduz em segredos que ficariam para sempre vedados ao procedimento analítico?” (p. 139).
  • 7
    No livro O método da intuição em Bergson e sua dimensão ética e pedagógica, Tarcísio Santos Pinto estuda também esse itinerário do conceito de bom senso em sua vinculação com o conceito de intuição no conjunto da obra do filósofo francês, dando atenção especial aos desdobramentos desses conceitos nos campos da ética e da educação (Santos Pinto, 2010Santos Pinto, T. J. (2010). O método da intuição em Bergson e a sua dimensão ética e pedagógica. Loyola., pp. 213 e ss).
  • 8
    Procuramos, ao máximo, ser fiéis ao texto original do discurso de Bergson, respeitando inclusive determinadas opções de pontuação do autor que, em princípio, poderiam parecer equivocadas, mas, certamente, estavam associadas à necessidade de ele buscar adequar o texto ao seu pronunciamento no anfiteatro da Sorbonne.
  • 9
    A tradução da palavra cité aqui como “cidade” nos remete à pólis, uma vez que o seu sentido nesta parte do texto faz claramente referência a essa ideia grega, segundo pensamos.

Referências

  • Bergson, H. (1991). Oeuvres PUF.
  • Bergson, H. (1972a). Le bon sens et les études classiques. In H. Bergson, Mélanges (pp. 360-372). PUF.
  • Bergson, H. (1972b). Mélanges PUF.
  • Descartes, R. (1973). Textos escolhidos il.
  • Leopoldo e Silva, F. (1973). Reflexão e existência. Discurso – Revista do Departamento de Filosofia da USP, 4(4). https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863.discurso.1973.37764
    » https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863.discurso.1973.37764
  • Mossé-Bastide, Rose-Marie. (1955). Bergson educateur PUF.
  • Santos Pinto, T. J. (2010). O método da intuição em Bergson e a sua dimensão ética e pedagógica Loyola.

Editado por

1
Editor responsável: Silvio Donizetti de Oliveira Gallo. https://orcid.org/0000-0003-2221-5160

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    19 Nov 2020
  • Aceito
    14 Jan 2021
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