Acessibilidade / Reportar erro

Objeto da epidemiologia e nós

L'objet de l'épidémiologie et nous

The object of Epidemiology and us

Resumos

Neste estudo são examinados alguns dos marcos epistemológicos da constituição histórica da epidemiologia, enfatizando-se especialmente o seu processo de formalização científica (séculos XVIII-XIX). A reflexão aqui elaborada procura resgatar, no desenvolvimento concreto da apreensão teórica de um espaço propriamente público da saúde, a consubstancialida-de tecno-social do caráter complementar e subordinado que caracteriza hoje o conjunto da práxis epidemiológica. Destaca-se o reducionismo instrumental da racionalidade que suscita e legitima a inferência epidemiológica, possibilitado metodologicamente por intermédio do conceito abstrato de meio externo.


Ce texte analyse les fondements épistémologiques de la formation histo-rique de 1'épidémiologie specialement pendant le XVIIIímc et le XIXémc siècle. Le but de cette analyse c'est montrer le caractère complementaire et subordonné qui caracterise aujourd'hui l'ensemble de la praxis épidé-miologique.


This study examines some epistemological marks of the epidemiology's historical constitution, giving special emphasis to the process of scientific formalization (18th and 19th centuries). The reflection presented here tries to bring back, within the concrete development of the theoretical appre-hension of health's public space, the techno-social consubstantiation of the complementary and subordinate character, what nowadays charac-terizes the set of the epidemiological praxis. Relevant is the rationality's instrumental reduction, which stimulates and legitimates the epidemiological inference, made methodologically possible by the abstract concept of externai environment.


Objeto da epidemiologia e nós

The object of Epidemiology and us

L'objet de l'épidémiologie et nous

José Ricardo de C.M. Ayres

Mestre em Medicina Preventiva, docente e pesquisador do Centro de Saúde Escola Samuel B. Pessoa (C.S.E. Butantá), Departamento de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo ..

RESUMO

Neste estudo são examinados alguns dos marcos epistemológicos da constituição histórica da epidemiologia, enfatizando-se especialmente o seu processo de formalização científica (séculos XVIII-XIX). A reflexão aqui elaborada procura resgatar, no desenvolvimento concreto da apreensão teórica de um espaço propriamente público da saúde, a consubstancialida-de tecno-social do caráter complementar e subordinado que caracteriza hoje o conjunto da práxis epidemiológica. Destaca-se o reducionismo instrumental da racionalidade que suscita e legitima a inferência epidemiológica, possibilitado metodologicamente por intermédio do conceito abstrato de meio externo.

ABSTRACT

This study examines some epistemological marks of the epidemiology's historical constitution, giving special emphasis to the process of scientific formalization (18th and 19th centuries). The reflection presented here tries to bring back, within the concrete development of the theoretical appre-hension of health's public space, the techno-social consubstantiation of the complementary and subordinate character, what nowadays charac-terizes the set of the epidemiological praxis. Relevant is the rationality's instrumental reduction, which stimulates and legitimates the epidemiological inference, made methodologically possible by the abstract concept of externai environment.

RESUME

Ce texte analyse les fondements épistémologiques de la formation histo-rique de 1'épidémiologie specialement pendant le XVIIIímc et le XIXémc siècle. Le but de cette analyse c'est montrer le caractère complementaire et subordonné qui caracterise aujourd'hui l'ensemble de la praxis épidé-miologique.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

1 Texto produzido com base na dissertação de mestrado "A epidemiologia e o projeto emancipador nas práticas de saúde: a crítica da razão instrumental na constituição histórica da ciência epidemiológica", do mesmo autor.

2 Mestre em Medicina Preventiva, docente e pesquisador do Centro de Saúde Escola Samuel B. Pessoa (C.S.E. Butantã), Departamento de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo..

3 ALMEIDA FILHO N., A clínica e a epidemiologia. Salvador; APCE-Abrasco, 1992.

4 CANGUILHEM G., La connaissance de la vie. Paris: J. Vrin, 1985.

5 MENDES GONÇALVES, R.B. "Reflexões sobre a articulação entre a investigação epidemiológica e a prática médica a propósito das doenças crôn icas e degenerativas", in Costa D.C. (org.), Epidemiologia —teoria e objeto. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 1990, p. 39-86.

6 CANGUILHEM G., O normal e o patológico. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1982.

7 MACMAHON B. & PUGH T.F., Princípios y métodos de epidemiologia. México: La Prensa Mexicana, 1975.

8 ALMEIDA FILHO N., Epidemiologia sem números —uma introdução crítica à ciência epidemiológica. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1989.

9 MARCUSE H., A ideologia da sociedade industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.

10 HABERMAS J., "Teoria analítica da ciência e dialética". In Benjamin W., Horkheimer M., Adorno T.W., Habermas J., Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 277-99. (Série Os Pensadores).

11 GIANNOTTI J.A., Trabalho e reflexão — ensaios para uma dialética da sociabilidade. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1984.

12 FOUCAULT M.,.4 arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1987.

13 ARENDT H., A condição humana. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1981.

14 FOUCAULT M., As palavras e as coisas — uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 1990.

15 LUZ M.T., Natural, racional, social —razão médica e racionalidade científica moderna. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1988.

16 LUZ M.T., op. cit.

17 FOUCAULT M., O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1980.

18 FOUCAULT M., As palavras e as coisas — uma arqueologia das ciências humanas, op. cit.

19 SEMMELWEISS apud BUCK C., LLOPIS A., NÁJERA E„ TERRIS M, El desafio de la epidemiologia —problemasy lecturas seleccionadas. Washington, 1988. OPAS. Publicación Científica No. 505.

20 HABERMAS J., Mudança estrutural da esfera pública —investigação quanto a uma categoria da sociedade burguesa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.

21 BUCK C., LLOPIS A., NÁJERA E., TERRIS M., El desafio de Ia epidemiologia —problemas y lecturas seleccionadas. Washington, 1988. OPAS. Publicación Científica No. 505.

22 DESCARTES R., O discurso do método. São Paulo: Athena Editora, 1939.

23 AROUCA A.S.S., O dilema preventivista —contribuição para a compreensão e a crítica da medicina preventiva. Campinas, 1975. Tese de doutorado. Faculdade de Medicina da Universidade de Campinas.

24 WHITEHEAD, A.N. A ciência e o mundo moderno. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1951.

25 ENGELS, F. A situação da classe trabalhadora em Inglaterra. Lisboa: Ed. Presença, 1975.

26 VILLERMÉ apud BUCK et al„ op. cit.

27 ACKERNECHTE.H., "Hygiene in France, \H\5-1H4H".fíuihisl. med., 22:117-55, 1948.

28 CANGUILHEM G., Ideologia e racionalidade nas ciências da vida. Lisboa: Edições 70, 1977.

29 HABERMAS J„ Técnica e ciência como "ideologia". Lisboa: Edições 70, 1987; MARCUSE H. A ideologia da sociedade industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.

30 SNOW J., Sobre a maneira da transmissão do cólera. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 1990.

31 COSTA D.C., & COSTA N.R., "Teoria do conhecimento e epidemiologia —um convite à leitura de John Snow."In CostaD.C. (org.), Epidemiologia —teoria eobjeto. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 1990, p. 167-202.

32 MIETTINEM O.S.,. Theoretical epidemiology —principies of occurence research in medicine. New York: John Wiley, 1985.

33 BREILH J., "La epidemiologia (crítica) latinoamericana: análisis general dei estado dei arte, los debates y desafios actuales". In Breilh J., Ciranda E., el al., La construcción dei pensamiento en Medicina Social. Quito: CEAS, 1990, p. 33-91 (mimeo).

34 CANGUILHEM G. La connaissance de la vie, op. cit., p. 154.

35. MIETIlNEM O.S.,. Theoretical epidemiology -principies oloccurence research in medicine. New York: John Wiley, 1985.

36. BRElLH 1., "La epidemiologia (crítica) latinoamericana: análisis deI estado los y desafios ln Breilh E., el aI., La cmls1rucción dei pensamicn/o en Medicina Social. CL!\S. 1990, p.

37. CANGUIlliEM G. La connaissance de la vie, op. cit., p. 154.

  • 1 Texto produzido com base na dissertação de mestrado "A epidemiologia e o projeto emancipador nas práticas de saúde: a crítica da razão instrumental na constituição histórica da ciência epidemiológica", do mesmo autor. 2 Mestre em Medicina Preventiva, docente e pesquisador do Centro de Saúde Escola Samuel B. Pessoa (C.S.E. Butantã), Departamento de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.. 3 ALMEIDA FILHO N., A clínica e a epidemiologia. Salvador; APCE-Abrasco, 1992.
  • 4 CANGUILHEM G., La connaissance de la vie. Paris: J. Vrin, 1985.
  • 5 MENDES GONÇALVES, R.B. "Reflexões sobre a articulação entre a investigação epidemiológica e a prática médica a propósito das doenças crôn icas e degenerativas", in Costa D.C. (org.), Epidemiologia teoria e objeto. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 1990, p. 39-86.
  • 6 CANGUILHEM G., O normal e o patológico. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1982.
  • 7 MACMAHON B. & PUGH T.F., Princípios y métodos de epidemiologia. México: La Prensa Mexicana, 1975.
  • 8 ALMEIDA FILHO N., Epidemiologia sem números uma introdução crítica à ciência epidemiológica. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1989.
  • 9 MARCUSE H., A ideologia da sociedade industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.
  • 10 HABERMAS J., "Teoria analítica da ciência e dialética". In Benjamin W., Horkheimer M., Adorno T.W., Habermas J., Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 277-99. (Série Os Pensadores).
  • 11 GIANNOTTI J.A., Trabalho e reflexão ensaios para uma dialética da sociabilidade. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1984.
  • 12 FOUCAULT M.,.4 arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1987.
  • 13 ARENDT H., A condição humana. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1981.
  • 14 FOUCAULT M., As palavras e as coisas uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
  • 15 LUZ M.T., Natural, racional, social razão médica e racionalidade científica moderna. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1988.
  • 16 LUZ M.T., op. cit. 17 FOUCAULT M., O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1980.
  • 18 FOUCAULT M., As palavras e as coisas uma arqueologia das ciências humanas, op. cit. 19 SEMMELWEISS apud BUCK C., LLOPIS A., NÁJERA Eâ TERRIS M, El desafio de la epidemiologia problemasy lecturas seleccionadas. Washington, 1988. OPAS. Publicación Científica No. 505.
  • 20 HABERMAS J., Mudança estrutural da esfera pública investigação quanto a uma categoria da sociedade burguesa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
  • 21 BUCK C., LLOPIS A., NÁJERA E., TERRIS M., El desafio de Ia epidemiologia problemas y lecturas seleccionadas. Washington, 1988. OPAS. Publicación Científica No. 505.
  • 22 DESCARTES R., O discurso do método. São Paulo: Athena Editora, 1939.
  • 23 AROUCA A.S.S., O dilema preventivista contribuição para a compreensão e a crítica da medicina preventiva. Campinas, 1975. Tese de doutorado. Faculdade de Medicina da Universidade de Campinas.
  • 24 WHITEHEAD, A.N. A ciência e o mundo moderno. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1951.
  • 25 ENGELS, F. A situação da classe trabalhadora em Inglaterra. Lisboa: Ed. Presença, 1975.
  • 26 VILLERMÉ apud BUCK et alâ op. cit. 27 ACKERNECHTE.H., "Hygiene in France, \H\5-1H4H".fíuihisl. med., 22:117-55, 1948.
  • 28 CANGUILHEM G., Ideologia e racionalidade nas ciências da vida. Lisboa: Edições 70, 1977.
  • 29 HABERMAS Jâ Técnica e ciência como "ideologia". Lisboa: Edições 70, 1987;
  • MARCUSE H. A ideologia da sociedade industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.
  • 30 SNOW J., Sobre a maneira da transmissão do cólera. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 1990.
  • 31 COSTA D.C., & COSTA N.R., "Teoria do conhecimento e epidemiologia um convite à leitura de John Snow."In CostaD.C. (org.), Epidemiologia teoria eobjeto. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 1990, p. 167-202.
  • 32 MIETTINEM O.S.,. Theoretical epidemiology principies of occurence research in medicine. New York: John Wiley, 1985.
  • 33 BREILH J., "La epidemiologia (crítica) latinoamericana: análisis general dei estado dei arte, los debates y desafios actuales". In Breilh J., Ciranda E., el al., La construcción dei pensamiento en Medicina Social. Quito: CEAS, 1990, p. 33-91 (mimeo).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Out 2011
  • Data do Fascículo
    1993
PHYSIS - Revista de Saúde Coletiva Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro - UERJ, Rua São Francisco Xavier, 524 - sala 6013-E- Maracanã. 20550-013 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil, Tel.: (21) 2334-0504 - ramal 268, Web: https://www.ims.uerj.br/publicacoes/physis/ - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: publicacoes@ims.uerj.br