Resumo
Com base num corpus de produção de fala espontânea de falantes bilingues, o presente trabalho investiga as propriedades da negação em hunsruquiano brasileiro. O foco na negação é interessante do ponto de vista linguístico, porque este fenómeno linguístico é realizado de forma muito diferente nas duas variedades de contacto envolvidas (variedade alemã, português brasileiro (PB)). Centramo-nos na posição do marcador de negação em relação ao verbo finito e ao objecto directo e na questão de saber se dois elementos de negação podem ocorrer dentro de uma mesma frase sem a transformar numa afirmação (Concordância Negativa). O objetivo da nossa análise é identificar potenciais áreas de mudança linguística induzida pelo contato linguístico e por transferência linguística. Os resultados mostram que a negação é um fenómeno muito estável em hunsruquiano e segue os padrões de ordem das palavras do alemão. Esta estabilidade é o resultado do uso constante do dialeto. No entanto, encontramos fenómenos de Concordância Negativa que são semelhantes ao PB, mas agramaticais em alemão padrão. Em contraste com o PB, em alemão, a Concordância Negativa com objetos negados não é um fenómeno categórico, mas variável, o qual também existe ou existiu noutros dialetos alemães.
Palavras-chave:
falantes bilingues; hunsruquiano; contato linguístico; negação