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Raul Briquet

HOMENAGEADO

Raul Briquet

Raul Briquet, nasceu em 1887 em Limeira, Estado de São Paulo, era filho do engenheiro francês Edouard L. Briquet e de Ana Rosa Constança Baumgart Briquet.

Graças à requintada formação de sua mãe, sua única professora, com quem adquiriu conhecimentos de idiomas e de música, conseguiu ingressar na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde defendeu sua tese relativa à psicofisiologia e à patologia musical. Era poliglota, exímio pianista, conhecido como sendo um devorador de livros e um ser humano muito solidário, conforme relata o livro Raul Carlos Briquet (BOMFIM, 2002).

Sua especialização em ginecologia e obstetrícia e suas publicações na área, a partir de 1914, propiciaram a criação de uma postura científica, conhecida como Escola Briquet de Ginecologia. Em 1925, assumiu a cátedra de Clínica Obstétrica da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo. Em 1927, juntamente com Franco da Rocha, Durval Marcondes e Lourenço Filho, participou da criação da Sociedade Brasileira de Psicanálise, primeira entidade associativa dos psicanalistas brasileiros, tendo ocupado o cargo de vice-presidente. Em 1930, envolveu-se na criação da Sociedade de Filosofia e Letras de São Paulo, instituição que acabou viabilizando a fundação da Universidade de São Paulo, onde Briquettornaria Catedrático de Clínica Obstetrícia e Puericultura Neonatal. Briquet foi, também, signatário de um dos mais importantes documentos da educação brasileira: Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, ou mais conhecido como: Manifesto dos Pioneiros, publicado em 1932.

Foi nessa condição que Briquet propôs, em 1933, o curso de Psicologia Social à Escola Livre de Sociologia e Política. O primeiro contato com o material legado por Briquet revela que, no seu curso, uma vasta e atualizada lista de referências bibliográficas foi facultada aos alunos. Iniciando sua performance com uma apresentação das principais contribuições à Psicologia Social advindas da Biologia, da Psicologia e da Sociologia, Briquet deu a cada uma dessas contribuições um peso semelhante. Num tratamento igualitário, posicionou a Psicologia Social como um campo dependente tanto da Psicologia quanto da Sociologia e da Biologia. Nessa parte do curso, considerada como parte geral, articulavam-se uma introdução, uma apresentação dos subsídios da Biologia, uma apresentação dos subsídios da Psicologia incluindo o behaviorismo, o gestaltismo, as leis da natureza humana e a aprendizagem e uma apresentação dos subsídios da Sociologia. Ao engendrar-se nas temáticas específicas da Psicologia Social, Briquet privilegiou, em primeira instância, os fatores psíquicos que motivavam o comportamento social, relacionando o instinto, o hábito, a inteligência e o que ele considerava como as três formas de identidade social: a sugestão, a imitação e a simpatia. Num segundo momento, Briquet articulou, em sua concepção de vida social, os grupos sociais, o eu social, a personalidade, a adaptação social e o que nomeou como Psicologia Coletiva as questões relativas ao preconceito de raça, à liderança, à opinião pública, à multidão e à revolução.

Seu estudo sobre grupos foi fortemente influenciado pelo materialismo histórico de Karl Marx (abrangendo o determinismo econômico, a concepção materialista da história, a luta de classes e a teoria econômica) e pelo método dialético de Hegel. Com isso, concorria Raul Briquet para a introdução da visão materialista histórica em Psicologia Social no Brasil, conforme Bomfim (2003). Sua atitude anti-racista levou-o a um ferrenho combate ao preconceito racial num momento histórico em que aos preconceitos contra negros e mulatos eram acrescidas as barreiras à imigração japonesa. Posicionou-se, ainda, contra a censura e defendeu a possibilidade de revolução contra um governo injusto.

Raul Carlos Briquet faleceu em São Paulo, em 1953, deixando vasta contribuição científica, respeito e admiração.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Ago 2012
  • Data do Fascículo
    Mar 2005
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