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Mira y López

Mira y López

Emílio Mira y López nasceu em Santiago de Cuba, em 24 de outubro de 1896. Cuba era então colônia espanhola e seu pai, médico militar, ali se encontrava com a família, na condição de especialista em doenças tropicais. Em 1898, a Espanha envolveu-se em uma guerra contra os Estados Unidos e perdeu o poder sobre Cuba.

De volta à Espanha, após permanecer quatro anos na Galícia, a família radicou-se em Barcelona, onde Mira viveu seus anos de formação intelectual, política e profissional, forrnando-se em Medicina no ano de 1917, Realizou doutorado em Madri e sua tese versou sobre psicotécnica: Correlaciones somáticas del trabajo mental. Desde cedo revelou interesses intelectuais diversificados: psiquiatria, psicologia, neurologia e higiene mental. Sua carreira de psicólogo iniciou em 1919, no Instituto de Orientação Profissional de Barcelona.

Membro destacado do Partido Socialista, participou, ativamente, da Segunda República Espanhola e de sua defesa contra Francisco Franco, atuando como médico e psicólogo. Com a vitória de Franco, em 1939, foi exilado e, após viver na Inglaterra, Argentina e Uruguai, fixou residência no Rio de Janeiro em março de 1947. O que motivou esta mudança foi um convite da Fundação Getúlio Vargas para que ele dirigisse o Isop (Instituto de Seleção e Orientação Profissional), ainda em fase de organização. Dois anos antes, Mira esteve pela primeira vez no Brasil, quando fez diversas conferências e ministrou o "Curso do Dasp", ocasião em que formou uma das bases da psicologia aplicada no Brasil.

Ainda na Espanha, Mira publicou Teoria y práctica del psicoanalisis (1926), Manual de Psicologia Jurídica (1932) e Manual de Psiquiatria (1935). Na Inglaterra, concluiu a forma original do Psicodiagnóstico Miocinético (PM8). A partir de então, ao lado de cursos, conferências e artigos publicados em vários países, Mira escreveu numerosos livros, destacando-se: Manual de Orientación Profesional (1952), Psicologia Evolativa del Niño y del Adolescente (1941), El Nino que no aprende (1949, Como estudiar y cómo aprender (1948), Psychiatry in War (1944) e Cuatro Gigantes dei Alma (1947). Apesar dessas obras terem sido escritas sobretudo nos anos 40, Mira continuou a produzir até o fim de sua vida, deixando originais inéditos, ao falecer no Rio de Janeiro, em 16 de fevereiro de 1964.

No Isop, fundou um dos periódicos mais representativos no âmbito da psicologia no Brasil: Arquivos Brasileiros de Psicotécnica (hoje Arquivos Brasileiros de Psicologia). Antes que os cursos de psicologia fossem regularmente implantados no Brasil, os "cursos do Isop", sem serem os únicos, foram os de maior amplitude nacional. Mira destacou-se na luta pelo reconhecimento da profissão de psicólogo, contribuindo para que o Brasil fosse o primeiro país do mundo a regulamentar esta profissão.

A presença do "Dr. Mira" é sentida em experiências e iniciativas relevantes, principalmente no Rio de Janeiro, em Minais Gerais e na Bahia. E, pelo menos indiretamente, através de seus livros, artigos e conferências. Difícil é identificar uma experiência brasileira no campo da psicologia aplicada que, nos anos 50 e 60, tenha ignorado o pensamento e o carisma de Mira y López.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Set 2012
  • Data do Fascículo
    1999
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