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BIBLIOTECONOMIA SOCIAL NA FORMAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO: REFLEXÕES E ANÁLISE DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO BRASIL

SOCIAL LIBRARIANSHIP AND VOCATIONAL TRAINING: REFLECTIONS AND ANALYSIS OF PROFESSIONAL COURSE PROGRAMS IN BRAZIL

RESUMO

Considera a relevância na formação do bibliotecário a que é voltada para a sua conscientização das carências sociais dos ambientes em que atua, preparando-o para contribuir para a superação das desigualdades que caracterizam o país. Os princípios da Biblioteconomia Social são apresentados como instrumentos para essa conscientização, que se dá a partir de dois eixos fundamentais: a mediação e a apropriação da informação. Aborda a literatura que destaca esses conceitos e sua relevância na formação profissional. Analisa, à luz da Biblioteconomia Social, os Projetos Pedagógicos (PPCs) de dois cursos de Biblioteconomia, especificamente, a ênfase em ações de extensão universitária e nos conteúdos voltados às bibliotecas escolares. Conclui que em ambos PPCs mostram, ênfase em diversos aspectos da Biblioteconomia Social, considera, entretanto, que ainda se está longe de efetivar uma ação pedagógica que promova plenamente a Biblioteconomia Social.

Palavras-chave:
Biblioteconomia Social; Mediação da Informação; Apropriação da Informação; Formação Profissional; Cursos de Graduação; Biblioteca Escolar; Extensão Universitária

ABSTRACT

This article considers the importance of the contribution of professional training for the development librarians’ consciousness of the social needs of the different environments in which they are expected to act. During their courses they should acquire information and the capacity to be able to contribute to the overcoming of the great social inequalities in the country. Two basic principles of social librarianship are here presented and discussed as basic instruments for acquiring this consciousness and capacity: information mediation and information appropriation. As empirical evidence of attention to social librarianship during professional training, two Brazilian librarianship courses programs are analyzed here, considering their emphasis to university extension activities and to school libraries. The analyzes presented indicate that both courses offer opportunities in social librarianship training, but do not yet indicate full attention to the theme.

Keywords:
Social Librarianship; Information Mediation; Information Appropriation; Professional Training; Undergraduate Courses; School Libraries; University Extension Activities

1 INTRODUÇÃO

As mudanças profundas nas estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais que acompanham a chamada “sociedade da informação”, trazem à tona um conjunto de preocupações cujas respostas se apresentam como desafios para as diferentes áreas que compõem as ciências da informação, propiciando um forte impacto nas estratégias de ensino e nos modelos de aprendizagem das Instituições de Ensino Superior. Assim, o campo da Biblioteconomia vai assumindo novos enfoques que buscam se adequar a esse novo contexto social.

De viés essencialmente tecnicista até a tendência atual de apresentar uma visão mais humanista da área, a Biblioteconomia Brasileira vai assumindo contornos, em busca de atualizações curriculares, que respondam a determinados momentos históricos. Parte-se do princípio, pela nossa prática docente, que no ensino da profissão existe uma necessidade de buscar um novo equilíbrio entre o pragmatismo técnico e o enfoque social. Diversas abordagens da literatura biblioteconômica sugerem que além da melhoria nos serviços rotineiros de uma biblioteca, a apropriação autônoma1 1 Apropriação autônoma das TIC - compete ao “profissional atuar com domínio de práticas concernentes a um modelo biblioteconômico reformulado e inovador de que o ensino necessita para se adequar a essa nova dinâmica imposta à sociedade” (APÓSTOLO; MORO; ALENCAR, 2021, p. 21). com o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), oferece maior alcance de temáticas e de usuários na busca por informação, caracterizando, assim, o seu aspecto social.

No escopo deste estudo defendemos que a formação do bibliotecário seja voltada para sua conscientização das carências sociais dos ambientes em que atua, preparando-o para contribuir na superação das enormes desigualdades que caracterizam o país; atentamos especialmente para a preparação do profissional que irá atuar nas bibliotecas escolares (embora as públicas e as comunitárias também façam parte do interesse desse estudo) e na extensão universitária. Essa atuação seria voltada para o uso crítico da informação conforme destaca abaixo Almeida Júnior (2018ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Prefácio. In.: SPUDEIT, Daniela Fernanda Assis de Oliveira; MORAES, Marielle Barros de (org.). Biblioteconomia social: epistemologia transgressora para o Século XXI. São Paulo: ABECIN Editora, 2018. 278 p.), e atenção aos diferentes contextos sociais dos usuários e sujeitos das ações de extensão, tendo em vista que as ações do bibliotecário podem se constituir em um instrumento de luta para a superação das desigualdades sociais.

Não basta possibilitar apenas o acesso físico à informação, cabendo aos usuários das bibliotecas, e aos sujeitos das ações de extensão, apenas o papel de receptor. O uso crítico da informação está relacionado ao que também é denominado de apropriação da informação, o que implica em que os usuários também participem do processo, demonstrando seus interesses, desejos e necessidades (ALMEIDA JÚNIOR, 2018ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Prefácio. In.: SPUDEIT, Daniela Fernanda Assis de Oliveira; MORAES, Marielle Barros de (org.). Biblioteconomia social: epistemologia transgressora para o Século XXI. São Paulo: ABECIN Editora, 2018. 278 p.).

Outro aspecto destacado neste estudo diz respeito a mediação da informação que deve ser incorporada pelo fazer biblioteconômico dentro de uma perspectiva crítica. Isto é, deve possibilitar ao bibliotecário e ao usuário serem sujeitos ativos, favorecendo ao processo de conscientização social e apropriação da informação.

Vislumbramos que a Biblioteconomia estará mais próxima do social na medida em que busque o equilíbrio entre o pragmatismo técnico, característica historicamente predominante na área, e, este campo, o social, com maior ênfase nas temáticas acima referidas, as bibliotecas escolares e a extensão universitária.

Campello et al. (2013CAMPELLO, Bernadete et al. Pesquisas sobre biblioteca escolar no Brasil: o estado da arte. Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, v. 18, n. 37, p. 123-156, maio/ago., 2013., p. 129) apontam no artigo intitulado “Pesquisas sobre biblioteca escolar no Brasil: o estado da arte”, que os estudos analisados indicam que a biblioteca escolar poderia dar contribuições mais destacadas nessas instituições, mas que as bibliotecas não têm sido valorizadas pelas escolas. Os autores do citado artigo afirmam nos resultados obtidos na pesquisa que:

[Os estudos realizados] têm como característica comum o fato de focalizarem a biblioteca na sua perspectiva educativa, preocupando-se em clarear a contribuição que ela pode dar à aprendizagem, partindo do pressuposto de que a biblioteca é pouco reconhecida e pouco utilizada pela comunidade educacional, e em mostrar que essa contribuição pode e deve ocorrer de maneira efetiva.

E por qual motivo enfatizamos aqui as bibliotecas escolares? Embora se reconheça que em qualquer ambiente ou tipo de biblioteca se possa contribuir para o uso crítico da informação, é na biblioteca escolar que se iniciam as primeiras experiências que podem levar os alunos ao conhecimento e ao uso da imaginação, tornando-os capazes de formular pensamentos críticos, reflexivos e questionadores, atualmente considerados essenciais para as perspectivas profissionais da sociedade do conhecimento, especificamente o aprendizado ao longo da vida. Além disso, se a compreensão que incorporamos neste artigo é o de que a Biblioteconomia Social se efetiva como uma epistemologia transformadora no século XXI, conforme os apontamentos de Spudeit e Moraes (2018SPUDEIT, Daniela Fernanda Assis de Oliveira; MORAES, Marielle Barros de (org.). Biblioteconomia social: epistemologia transgressora para o Século XXI. São Paulo: ABECIN Editora, 2018. 278 p.), então a biblioteca escolar é o local propício para, de fato, o bibliotecário exercitar esse tipo de ação, destacando sua importância no contexto da escola e em compreender seu papel social como um ato político, oportunizando a este ser um mediador da informação.

E qual o interesse em se compreender a respeito da mediação da informação? Porque para Silva (2018SILVA, Jonathas Luiz Carvalho. Perspectivas sociais em Biblioteconomia: percepções e aplicações. In.: SPUDEIT, Daniela Fernanda Assis de Oliveira; MORAES, Marielle Barros de (org.). Biblioteconomia social: epistemologia transgressora para o Século XXI. São Paulo: ABECIN Editora, 2018. 278 p., p. 45),

[…] é na perspectiva das políticas e da mediação da informação que a Biblioteconomia dinamiza estrategicamente seu viés social, estabelecendo uma espécie de locus humanístico-informacional.

E acrescenta que essa perspectiva ainda não é proposta com a devida ênfase:

Os campos de atuação social da Biblioteconomia são vastos. No entanto, ainda é preciso que sejam mais preconizados na prática cotidiana. Ambientes de informação como bibliotecas escolares, públicas e comunitárias ainda carecem de uma atuação biblioteconômica especializada em nível local, regional e nacional (SILVA, 2018SILVA, Jonathas Luiz Carvalho. Perspectivas sociais em Biblioteconomia: percepções e aplicações. In.: SPUDEIT, Daniela Fernanda Assis de Oliveira; MORAES, Marielle Barros de (org.). Biblioteconomia social: epistemologia transgressora para o Século XXI. São Paulo: ABECIN Editora, 2018. 278 p., p. 45).

Tal compreensão deve ser assimilada pelos bibliotecários e Cursos de Biblioteconomia colaborando para a circulação de novas práticas e sentidos nas bibliotecas escolares. Como bem atestam Ferrarezi e Romão (2008FERRAREZI, Ludmila; ROMÃO, Lucília Maria Sousa. Sentidos de biblioteca escolar no discurso da Ciência da Informação. Informação & Sociedade, João Pessoa, v. 18, n. 3, set./dez. 2008. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/ies/article/view/1777. Acesso em: 19 ago. 2022.
https://periodicos.ufpb.br/index.php/ies...
, p. 41) é através da formação dos bibliotecários, valorizando as atividades de mediação e apropriação no ambiente escolar, que os cursos de Biblioteconomia contribuem “para que se formem profissionais conscientes de seu importante papel, ou, através de uma atuação profissional mais dinâmica e produtiva nas escolas brasileiras.”

Interessante ainda enfatizar a importância da extensão universitária como experiência fundamental do bibliotecário durante a sua formação universitária. Consideramos que é por meio da extensão que se torna possível a articulação entre a produção científica e a ação social, buscando atender as carências das comunidades do entorno das universidades, com vistas a interagir e transformar a realidade social.

Concebemos ainda a extensão universitária como uma oportunidade para que os saberes acadêmicos entrem em contato com o saber popular, valorizando-o e extraindo dele novos conhecimentos e aplicações práticas visando a mudança social. Trata-se de uma experiência de uma “mão dupla”, segundo Gadotti (2017GADOTTI, Moacir. Extensão universitária: para quê? São Paulo: Instituto Paulo Freire, [2017]. 18 p. Disponível em: https://www.paulofreire.org/images/pdfs/Extens%C3%A3o_Universit%C3%A1ria_-_Moacir_Gadotti_fevereiro_2017.pdf. Acesso em: 24 jun. 2022.
https://www.paulofreire.org/images/pdfs/...
, p. 2), que significa dizer que deve haver uma

[…] troca de saberes acadêmico e popular que tem por consequência não só a democratização do conhecimento acadêmico, mas, igualmente, uma produção científica, tecnológica e cultural enraizada na realidade.

Essa perspectiva está em consonância com a área de pesquisa que valoriza a informação voltada para a absorção e aproveitamento do conhecimento local como a ciência cidadã (ALBAGLI; ROCHA, 2021ALBAGLI, Sarita; ROCHA, Luana. Ciência cidadã no Brasil: um estudo exploratório. In.: BORGES, Maria Manuel; CASSADO, Elias Sanz (coord.) Sob a lente da ciência aberta: olhares de Portugal, Espanha e Brasil. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2021.).

Os argumentos mencionados acima, mostram a importância a ser destacada, nos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPCs) de Biblioteconomia, à questão das bibliotecas escolares e às ações da extensão universitária em geral, ampliando a atribuição a ser dada para a conscientização do papel social do bibliotecário. Assim, no presente estudo, selecionamos alguns cursos de Biblioteconomia do Brasil, para analisar o que estão propondo em seus projetos pedagógicos no que se refere ao tema da Biblioteconomia Social e temas correlatos. Nesse sentido, inicialmente, identificamos as diretrizes que regem a concepção dos projetos pedagógicos dos cursos de Biblioteconomia analisados e o quanto esta está articulada com uma visão social mais abrangente.

Além dos conteúdos sobre biblioteca escolar e extensão universitária, elegemos outros temas presentes nos títulos das disciplinas que compõem os PPCs, que se constituíram como categorias de análise e onde identificamos aspectos alinhados à perspectiva da Biblioteconomia Social. Consideramos que se enquadram na formação atenta à questão social, especificamente, os seguintes temas: Bibliotecas Públicas e Comunitárias; Pesquisa Escolar; Formação de Leitores; Ação Cultural; Inclusão Social; Mediação da Informação, da Leitura e Cultural; Apropriação Cultural e da Informação; Políticas Públicas de Informação, de Cultura, do Livro e da Leitura.

Tendo-se em mente que os PPCs devem contemplar tais elementos, este estudo analisou, como referência empírica, os Projetos Pedagógicos vigentes de dois Cursos de Biblioteconomia que se destacam como boas práticas na atenção aos temas sociais, o que se evidencia na motivação de sua criação, na sua trajetória, nas características de suas propostas pedagógicas e disciplinas ofertadas. Os dois cursos selecionados são: o da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), implantado em 2007, e o da Universidade Federal de Goiás (UFG), reformulado em 2016. A opção pelo curso da UFMA teve como motivação a ênfase atribuída, por este programa, nas ações de extensão acadêmica. Já a escolha pelo curso da UFG se deveu ao fato de que este apresentou aspectos que se aproximam, como um modelo de projeto pedagógico, ao que concebemos como Biblioteconomia Social, e o qual pode ser considerado uma boa prática no sentido de propor uma formação sólida para o bibliotecário que irá atuar em uma biblioteca escolar ou em projetos de extensão universitária.

Além disso, cumpre enfatizar que são cursos que surgiram em diferentes contextos históricos, tendo o Curso de Biblioteconomia da UFMA completado 53 (cinquenta e três) anos de tradição na formação de bibliotecários maranhenses e, o da UFG, criado mais recentemente na década de 80.

2 ELEMENTOS BASILARES DA BIBLIOTECONOMIA SOCIAL: mediação e apropriação da informação

No contexto deste estudo, compreendemos que para que se tenha uma formação acadêmica mais próxima com a Biblioteconomia Social, os projetos pedagógicos de curso de graduação devem priorizar nas diretrizes que regem sua concepção teórica e no elenco de disciplinas, dois aspectos fundamentais: a mediação e a apropriação da informação.

A mediação da informação deve ser assimilada, pelo fazer biblioteconômico, conforme o que Silva (2018SILVA, Jonathas Luiz Carvalho. Perspectivas sociais em Biblioteconomia: percepções e aplicações. In.: SPUDEIT, Daniela Fernanda Assis de Oliveira; MORAES, Marielle Barros de (org.). Biblioteconomia social: epistemologia transgressora para o Século XXI. São Paulo: ABECIN Editora, 2018. 278 p.) preceitua, dentro de uma perspectiva crítica, ou seja, a mediação crítica da informação deve ser dissociada de um pensamento de dominação ideológica e cultural. A mediação da informação é aquela que oportuniza ao usuário participar do seu processo demonstrando seus interesses, desejos e necessidades, transformando e [re]significando a realidade por meio das interações sociais, que proporcionam uma (re)leitura do contexto social e cultural no qual os sujeitos estão inseridos, favorecendo ao processo de apropriação da informação (SANTOS; SOUSA; ALMEIDA JÚNIOR, 2021SANTOS, Raquel do Rosário; SOUSA, Ana Claudia Medeiros de; ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Os valores pragmático, afetivo e simbólico no processo de mediação consciente da informação. Inf. Inf. Londrina, v. 26, n. 1, p. 343-362, jan./mar. 2021.).

Almeida Júnior (2009ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Mediação da informação e múltiplas linguagens. Tendências da pesquisa brasileira em Ciência da Informação, Brasília, v. 2, n. 1, p. 89-03, jan./dez., 2009., p. 92) também indica essa compreensão ao afirmar que a mediação da informação deve ser entendida como “toda interferência - realizada pelo profissional da informação - direta ou indireta; consciente ou inconsciente; singular ou plural; que propicia a apropriação da informação que satisfaça, plena ou parcialmente, uma necessidade informacional.”

A mediação da informação não é passiva, é uma ação de interferência, acompanha todo o fazer do bibliotecário, ainda que indireta e inconscientemente. Ela não é neutra, não pode ser imparcial, o bibliotecário deve assumir seu papel e não simplesmente esperar que os usuários busquem a informação somente ao se depararem com uma necessidade informacional (ALMEIDA JÚNIOR; SANTOS NETO, 2014ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de; SANTOS NETO, João Arlindo dos. Mediação da informação e a Organização do Conhecimento: interrelações. Informação & Informação, Londrina, v. 19, n. 2, p. 98-116, 2014. Disponível em: https://brapci.inf.br/index.php/res/v/33565. Acesso em: 21 maio 2022.
https://brapci.inf.br/index.php/res/v/33...
, p. 101).

Esta concepção de mediação sugere que a formação do bibliotecário também deve ser voltada para a ação intervencionista, torná-lo sujeito dessa ação, se identificando com o resultado final que ajudou a construir junto ao usuário, ao promover o acesso à informação. Araújo (2014ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. Pensamento marxista na Arquivologia, na Biblioteconomia, na Museologia e na Ciência da Informação. In: MARQUES, Rodrigo Moreno et al. (org). A informação e o conhecimento sob as lentes do marxismo. Rio de Janeiro: Garamond, 2014. 254 p., p. 203) contribui para tal compreensão ao atestar que o bibliotecário tem o papel de identificar e selecionar a informação que se coaduna às necessidades do usuário ou sujeito a que se destina sua intervenção:

Num primeiro momento, a ideia de mediação foi entendida como uma ação de ‘ponte’, de ligação, entre o acervo documental de uma biblioteca e a comunidade de usuários com suas necessidades. Mas, em pouco tempo, [...] a ideia de mediação passou a se aproximar à de filtro, e a tarefa do bibliotecário como a de um selecionador.

Nesse sentido, cumpre à área da Biblioteconomia estabelecer uma ruptura com modelos arcaicos e tradicionais de biblioteca. A Biblioteconomia Brasileira, segundo Silva (2018SILVA, Jonathas Luiz Carvalho. Perspectivas sociais em Biblioteconomia: percepções e aplicações. In.: SPUDEIT, Daniela Fernanda Assis de Oliveira; MORAES, Marielle Barros de (org.). Biblioteconomia social: epistemologia transgressora para o Século XXI. São Paulo: ABECIN Editora, 2018. 278 p.), necessita avançar nessa perspectiva social, ainda que, em seu processo histórico de constituição, tenha sido voltado para os interesses da classe dominante e determinada por uma atuação predominantemente técnica e pragmática. A Biblioteconomia ainda não superou tal modelo, por seu processo histórico de uma formação acadêmica, profissional e curricular tecnicista e pragmática, sem estabelecer uma relação mais concreta com “as questões sociais, políticas pedagógicas e epistemológicas” (SILVA, 2018SILVA, Jonathas Luiz Carvalho. Perspectivas sociais em Biblioteconomia: percepções e aplicações. In.: SPUDEIT, Daniela Fernanda Assis de Oliveira; MORAES, Marielle Barros de (org.). Biblioteconomia social: epistemologia transgressora para o Século XXI. São Paulo: ABECIN Editora, 2018. 278 p., p. 30). Tal concepção guiou a Biblioteconomia como um campo óbvio, preciso, que regula e controla o conhecimento, desprezando um olhar biblioteconômico mais crítico e criativo (SILVA, 2018).

Perrotti e Pieruccini (2007PERROTTI, Edmir; PIERUCCINI, Ivete. Infoeducação: saberes e fazeres da contemporaneidade. In.: LARA, Marilda Lopes Ginez de; FUJINO, Asa; NORONHA, Daisy Pires (org.). Informação e contemporaneidade: perspectivas. Recife: Néctar, 2007. p. 47-96.), apresentam três paradigmas em relação à constituição histórica das bibliotecas: o paradigma da conservação cultural, o da difusão cultural e o da apropriação cultural. O primeiro estaria centrado no acervo; o segundo, nas ações voltadas para o acesso e uso da informação; e, o terceiro paradigma voltado para uma maior relevância na figura do usuário, convertendo a biblioteca em instrumento de mediação cultural, transformando-a de equipamentos de transferências de conteúdos para “verdadeiros dispositivos produtores de sentidos, tendo os usuários ou leitores como sujeitos ativos do processo” (ARAÚJO, 2014ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. Pensamento marxista na Arquivologia, na Biblioteconomia, na Museologia e na Ciência da Informação. In: MARQUES, Rodrigo Moreno et al. (org). A informação e o conhecimento sob as lentes do marxismo. Rio de Janeiro: Garamond, 2014. 254 p., p. 204).

Tal concepção corresponde ao que Almeida Júnior (2018ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Prefácio. In.: SPUDEIT, Daniela Fernanda Assis de Oliveira; MORAES, Marielle Barros de (org.). Biblioteconomia social: epistemologia transgressora para o Século XXI. São Paulo: ABECIN Editora, 2018. 278 p.) afirma sobre a apropriação da informação, que exige a indispensável participação do usuário. Não basta possibilitar apenas o acesso físico à informação, o usuário deve participar do processo, demonstrando seus interesses, desejos e necessidades.

A apropriação extrapola a oferta física de documentos [ou do acesso à informação], mas pressupõe que o trabalho da Biblioteconomia e da Ciência da Informação tem seu fim quando há um entendimento, uma compreensão do usuário em relação à informação que pode atender às necessidades, desejos e interesses expostos (ALMEIDA JÚNIOR, 2018ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Prefácio. In.: SPUDEIT, Daniela Fernanda Assis de Oliveira; MORAES, Marielle Barros de (org.). Biblioteconomia social: epistemologia transgressora para o Século XXI. São Paulo: ABECIN Editora, 2018. 278 p., p.18).

Segundo Chartier (1999CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Imprensa Oficial: UNESP, 1999.), o processo da apropriação da informação necessita de uma relação dialógica; não deve haver nenhuma imposição ou dominação ideológica, mas sim, uma negociação de sentidos. Para ele, “apropriar-se é transformar o que se recebe em algo próprio, é produzir um ato de diferenciação que se contrapõe a qualquer tentativa rígida imposta [...] é atividade de invenção, produção de significados” (CHARTIER, 1999CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Imprensa Oficial: UNESP, 1999., p. 77).

A apropriação não pode ser entendida como um processo passivo de recepção da informação. O sujeito, ao apropriar-se da informação, deve ser capaz de interpretar, refletir, criticar (re)significar, (re)elaborar, (re)construir, (re)criar a sua própria história, transformando-se em um agente de mudanças, modificando o contexto histórico e social no qual está inserido.

Daí a relevância e o destaque também da extensão universitária, uma vez que esta deve ser entendida como uma “mão dupla”, segundo Gadotti (2017GADOTTI, Moacir. Extensão universitária: para quê? São Paulo: Instituto Paulo Freire, [2017]. 18 p. Disponível em: https://www.paulofreire.org/images/pdfs/Extens%C3%A3o_Universit%C3%A1ria_-_Moacir_Gadotti_fevereiro_2017.pdf. Acesso em: 24 jun. 2022.
https://www.paulofreire.org/images/pdfs/...
, p. 2), que significa dizer que deve haver uma

[…] troca de saberes acadêmico e popular que tem por consequência não só a democratização do conhecimento acadêmico, mas, igualmente, uma produção científica, tecnológica e cultural enraizada na realidade.

Assim, cabe às instituições responsáveis pela área abordar tais questões de forma articulada e clara para que os projetos pedagógicos dos cursos contemplem núcleos e eixos alinhados com o pensamento voltado para o social.

3 BIBLIOTECONOMIA SOCIAL E PROJETOS PEDAGÓGICOS: análise dos projetos da UFMA e da UFG

Se nos determos em uma análise dos conteúdos que estabelecem as competências e habilidades necessárias aos saberes e fazeres do bibliotecário contemporâneo, segundo a Associação Brasileira de Educação em Ciência da Informação (ABECIN), a ênfase em garantir a real apropriação da informação não parece estar sendo enfatizada. Segundo Silva (2018SILVA, Jonathas Luiz Carvalho. Perspectivas sociais em Biblioteconomia: percepções e aplicações. In.: SPUDEIT, Daniela Fernanda Assis de Oliveira; MORAES, Marielle Barros de (org.). Biblioteconomia social: epistemologia transgressora para o Século XXI. São Paulo: ABECIN Editora, 2018. 278 p., p. 30): a “formação acadêmico-profissional-curricular de ensino-pesquisa-extensão-atuação profissional biblioteconômica” sempre esteve “pautada por um viés prioritariamente tecnicista e pragmático sem a articulação mais direta com as questões sociais, políticas pedagógicas e epistemológicas.”

Segundo Almeida Júnior (2018ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Prefácio. In.: SPUDEIT, Daniela Fernanda Assis de Oliveira; MORAES, Marielle Barros de (org.). Biblioteconomia social: epistemologia transgressora para o Século XXI. São Paulo: ABECIN Editora, 2018. 278 p.), a Biblioteconomia sempre priorizou, em seus currículos, a questão da organização ou, mais recentemente, da gestão da informação. Entretanto, a prioridade, na atualidade, deve ser em uma formação que dê destaque aos conhecimentos e habilidades que contribuam para a apropriação da informação, sem tanto foco no acervo e ter como alvo o usuário.

Almeida Júnior (2018ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Prefácio. In.: SPUDEIT, Daniela Fernanda Assis de Oliveira; MORAES, Marielle Barros de (org.). Biblioteconomia social: epistemologia transgressora para o Século XXI. São Paulo: ABECIN Editora, 2018. 278 p., p. 19) expressa essa compreensão ao afirmar:

Quando a área entende ser seu ‘núcleo duro’, como o que a distingue de outras áreas do conhecimento humano, como a mais importante entre seus fazeres, entre seus segmentos, apenas a ‘organização da informação’, e considera pouco outros fazeres, claramente determina que a relação com os usuários e com a sociedade não são importantes, ou devem possuir um grau de importância menor.

Essa ênfase em organização e gestão da informação pode ser observada nos eixos norteadores propostos pela ABECIN que devem compor os projetos pedagógicos:

  • Eixo 0: Módulo Básico

  • Eixo 1: Fundamentos Teóricos da Biblioteconomia e da Ciência da Informação;

  • Eixo 2: Organização e Representação da Informação;

  • Eixo 3: Recursos e Serviços de Informação;

  • Eixo 4: Políticas e Gestão de Ambientes de Informação;

  • Eixo 5: Tecnologias de Informação e Comunicação;

  • Eixo 6: Pesquisa em Biblioteconomia e Ciência da Informação;

  • Eixo 7: Estágios e Atividades Complementares (BRASIL, 2018, p. 12).

Nos sete eixos acima mencionados, é nítido o destaque dado aos fundamentos da área, à organização e representação da informação, à gestão e à tecnologia da informação. Nesses eixos norteadores estão ausentes conteúdos que se aproximem do que se concebe como uma Biblioteconomia Social, como disciplinas que preparem os bibliotecários para ações de mediação e apropriação da informação, assim como disciplinas que busquem maior conhecimento do contexto sociopolítico e histórico do país, suas características e necessidades informacionais; sua desigualdade social.

Assim concebido, o PPC de um curso de graduação em biblioteconomia pode contribuir para a superação da exclusão social.

É evidente que cada projeto pedagógico pode, ainda que os objetivos políticos não estejam explícitos nos eixos temáticos, incluir conteúdos que se articulem com as questões sociais, porém tal possibilidade vai depender da visão e de dinâmicas próprias inerentes aos cursos das diferentes regiões brasileiras. O que buscamos enfatizar aqui é que uma estrutura pedagógica que expresse o interesse em abordar determinadas temáticas expressa a sua valorização e pode contribuir para a inclusão e a mudança social.

A análise de tais aspectos, nos dois PPCs escolhidos, se deu em duas principais vertentes: a atenção aos conteúdos relacionados à biblioteca escolar e às ações de extensão universitária.

De acordo com a perspectiva da Biblioteconomia Social, os quadros de disciplinas propostas pelos PPCs deverão refletir uma formação condizente do futuro bibliotecário em compreender a complexidade social brasileira, buscando, entre outras temáticas, abordar a questão da a universalização da biblioteca escolar com a presença do bibliotecário determinada pela Lei nº 12.244, de 2010 (BRASIL, 2010a). Isto é, deve se encarregar de discutir a biblioteca escolar como uma instituição social, destacando sua importância no contexto da escola e compreender seu papel social como um ato político, oportunizando ao bibliotecário ser um mediador da informação.

Quanto às atividades da extensão universitária, a ênfase dada a elas pelos PPCs, seria, por si só, uma valorização do papel social dos cursos, coadunando-se com os princípios da Biblioteconomia Social. A extensão contribui sobremaneira para uma formação mais ampla, com olhar mais crítico e capaz de construir uma nova visão de mundo para a transformação da realidade, possibilitando aos futuros profissionais o compromisso com a democratização do conhecimento. Como uma das funções sociais da Universidade, a extensão universitária

[…] tem por objetivo promover o desenvolvimento social, fomentar ações de extensão que levam em conta os saberes e fazeres populares e garantir valores democráticos de igualdade de direitos, respeito à pessoa e sustentabilidade ambiental e social (PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO, c2022, não paginado).

Gadotti (2017GADOTTI, Moacir. Extensão universitária: para quê? São Paulo: Instituto Paulo Freire, [2017]. 18 p. Disponível em: https://www.paulofreire.org/images/pdfs/Extens%C3%A3o_Universit%C3%A1ria_-_Moacir_Gadotti_fevereiro_2017.pdf. Acesso em: 24 jun. 2022.
https://www.paulofreire.org/images/pdfs/...
, p. 6) ao discutir sobre a curricularização da extensão, traz a concepção de Paulo Freire sobre extensão e afirma que o Instituto Paulo Freire

[…] entende a extensão como um espaço de formação cidadã e de produção de conhecimento, além de ser um espaço privilegiado de interlocução com as comunidades, que oferece elementos para repensar o projeto político-pedagógico da universidade como um todo.

Assim, a concepção teórica de todo e qualquer Projeto Pedagógico de Curso, deve realçar a dimensão que a extensão ocupa em sua carga horária, em seus programas e projetos, em seus objetivos gerais e específicos, dentre outros aspectos. A curricularização da extensão, prevê

[…] assegurar, no mínimo, 10% (dez por cento) do total de créditos curriculares exigidos para a graduação em programas e projetos de extensão universitária, orientando sua ação, prioritariamente, para áreas de grande pertinência social (BRASIL, 2014, não paginado).

Entretanto, tal percentual não é suficiente. se não estiver claro nos PPCs a ênfase que deve ser atribuída à função da extensão universitária.

Em 1969, ano em que foi implantado, o Curso de Biblioteconomia da UFMA surgiu no contexto maranhense em resposta à demanda de algumas instituições públicas que começavam a exigir profissional qualificado para desenvolver atividades pertinentes à área. A atuação do profissional bibliotecário nas bibliotecas públicas da capital foi uma das motivações básicas da criação do curso.

Em se tratando do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão, criado em 1969, a partir da necessidade de qualificar profissionais para atuarem nas bibliotecas de São Luís, notadamente na Biblioteca Pública Benedito Leite e nas Bibliotecas da UFMA, vem passando por mudanças na sua estrutura pedagógica visando a adequar a realidade às demandas da sociedade maranhense.

Tais mudanças se inserem no campo da Biblioteconomia na medida em que a informação foi assumindo novos contextos e a sociedade passou a exigir serviços mais especializados. O Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), acompanhando esta demanda, passa a adequar seu currículo, ajustando-se a essas exigências (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, 2007, p. 6).

Em seus 53 anos, desde a sua implantação, o Curso de Biblioteconomia da UFMA já passou por 4 reformas curriculares, sendo que, no momento atual, um novo projeto pedagógico está em processo de reformulação (Currículo “40”).

No Projeto Pedagógico ainda em vigor, reformulado em 2007, apesar de decorridos 15 anos, já era nitída a presença de uma concepção teórica empenhada em refletir aspectos voltados para uma Biblioteconomia Social, principalmente ao destacar a importância de atividades extensionistas.

O projeto político-pedagógico é um momento de estabelecer compromissos com mudanças nas ações pedagógicas imprimindo ao Curso novas dinâmicas que irão expressar mudanças de paradigmas na condução do ensino, redimensionando as pesquisas, demarcando a necessidade de fazer extensão. É, portanto, um processo democrático de decisões que visa pensar o Curso de forma política integrando-o às perspectivas da sociedade (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, 2007, p. 7).

Nesse sentido, cabe ressaltar o pioneirismo da prática da extensão na Biblioteconomia do Maranhão, no início dos anos 80, com o Projeto “A biblioteca como laboratório para a formação de leitores em escolas do Ensino Fundamental de São Luís: um projeto de pesquisa-ação” coordenado pela Prof.ª Luzimar Silva Ferreira (informação verbal)2 2 Informação fornecida por Leoneide Maria Brito Martins, Professora do Departamento de Biblioteconomia, em São Luís-MA, em junho de 2022. , demarcando um período em que a escassez de bibliotecas em escolas era ainda mais acentuada. E mais recentemente, o Projeto Criação, Organização e Revitalização de Bibliotecas Escolares e Comunitárias de São Luís - MA, uma iniciativa do Departamento de Biblioteconomia da UFMA que tem historicamente tomado estes espaços como campos empíricos a partir dos quais têm delimitado objetos de pesquisas e intervenção e o qual a Professora Glória Alencar coordenou em parceria com outros departamentos da UFMA, como os de Serviço Social, Ciências Sociais e Biologia.

Outras atividades extensionistas estão previstas na experiência da Biblioteconomia maranhense, tais como: Semana de Monteiro Lobato, Projeto Natal com Leitura, projetos de extensão desenvolvidos no âmbito do Programa de Educação Tutorial, além dos projetos desenvolvidos, individualmente ou em grupo, pelos professores que compõem o Departamento de Biblioteconomia da UFMA.

Além destas iniciativas, no Projeto Pedagógico do Curso de Biblioteconomia da UFMA fica nítida a relação que este assume com a extensão, pelos seus princípios norteadores e sua concepção teórica, ao dimensionar o seu caráter político e social, elucidando o seu compromisso com a transformação da sociedade. Tal percepção está explícita nos seguintes objetivos:

[…] a) estimular a consciência crítica, a partir da construção de um referencial teórico-metodológico que contribua para repensar a informação como elemento importante para o exercício da cidadania;

[...]

d) motivar para ações de caráter extensionista, de modo a responder às demandas sociais;

[...]

g) fomentar o exercício da consciência profissional para atender aos valores e interesses organizacionais e da comunidade, bem como servir aos princípios básicos da ética profissional […] (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, 2007, p. 19).

No que se refere à matriz curricular do PPC da UFMA, observamos que esta é composta por eixos e núcleos estruturantes que compõem a matriz curricular do curso. Cada um dos núcleos está agrupado conforme seus eixos que possuem objetivos específicos, tais como:

Eixo I: Biblioteconomia e Ciências Interdisciplinares

Composto por dois núcleos:

Núcleo 1: Estudos sobre o pensamento científico e as relações sócio- históricas

Objetivo: agrupar disciplinas de fundamento sócio-histórico, científico e cultural visando à construção crítico-reflexiva do profissional em formação.

Núcleo 2: Estudos sobre a relação Informação e Sociedade

Objetivo: reunir disciplinas que possibilitem a reflexão entre informação, sociedade e cidadania.

Eixo II: Construção das Práticas Profissionais

Composto por dois núcleos:

Núcleo 1: Estudos sobre Processamento e Tecnologia da Informação

Objetivo: agregar saberes e práticas em torno do processamento da informação registrada em meios tradicionais e eletrônicos.

Núcleo 2: Estudos sobre Gestão e Organização dos Produtos e Serviços Informacionais

Objetivo: reunir conteúdos que tratem do gerenciamento, organização de produtos e serviços informacionais em diferentes sistemas de informação.

Eixo III: Construção da prática de pesquisa e atividades profissionais

Núcleo 1: Investigação e práticas profissionais em Biblioteconomia.

Objetivo: agrupar conhecimentos teórico-práticos ao processo de investigação e ao exercício da profissão.

Núcleo 2: Estudos complementares e de formação continuada

Objetivo: contextualizar ações que contribuam para a autonomia do profissional em formação, em interação com o meio social, político, científico e cultural (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, 2007, p. 24, grifos do autor).

É possível observar com clareza, a partir dos eixos, núcleos e seus respectivos objetivos, a preocupação do Curso de Biblioteconomia da UFMA com uma formação crítica e reflexiva, apresentando termos condizentes com o que se concebe a respeito da Biblioteconomia Social, como por exemplo, a possibilidade de reflexão e debate a respeito do papel da informação na sociedade e como o acesso à informação pode contribuir para a construção da cidadania, viabilizando a interação do bibliotecário em formação com o seu meio social, político, científico e cultural.

No conjunto de disciplinas que abordam a temática voltada para a Biblioteconomia Social, conforme explicitado no quadro 1, podemos destacar que as bibliotecas escolares, junto com as públicas, são contempladas com uma disciplina que pode ser considerada como o principal lócus da ação do bibliotecário por parte desta proposta pedagógica. Trata-se de uma disciplina obrigatória, para a qual se volta o treinamento na prática profissional. Destacam-se também no quadro de disciplinas, aquelas voltadas para formação do leitor e aquelas que introduzem os alunos às áreas sociais e à filosofia. Entretanto, é importante ressaltar que o número de disciplinas e a carga horária são pouco representativas desses enfoques, e ao aluno não são oferecidas outras oportunidades que garantam uma formação, em profundidade, sobre os problemas socioculturais e políticos do país, conforme explicitado a seguir:

Quadro 1
Disciplinas do Curso de Biblioteconomia da UFMA que abordam a temática social, segundo eixo temático

Apesar de termos a compreensão que a questão numérica não é fator decisivo para avaliar se os conteúdos estão acompanhando o debate sobre a Biblioteconomia Social, e sim o modo como tais conteúdos serão discutidos e apresentados para o profissional em formação, há que se destacar que quanto menos espaços se tenha no conjunto das disciplinas no PPC, menor será a probabilidade desses conteúdos serem debatidos. E claro, tudo dependerá da competência e do tipo de enfoque adotado pelo docente que estiver a frente de cada disciplina.

O Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás foi criado em 1980 e reconhecido em 1985. Inicialmente voltado para uma formação generalista com um currículo de viés tecnicista, passou por sua segunda reforma curricular em 2004, a qual, já nesse período, garantia ao aluno duas modalidades de formação: Informação Educacional e Social; e, Informação Científica, Tecnológica e Industrial.

De 1980 a 2004 o curso de Biblioteconomia da UFG se baseou em uma formação generalista, nas quais o estudante de Biblioteconomia era apresentado a uma grade curricular pautada em uma perspectiva tecnicista. Entende-se que para o cenário mundial atual, esta formação se mostrou ineficiente, não garantindo autonomia, criatividade e flexibilidade profissional, necessárias para o exercício da profissão em seus diferentes campos de atuação. Em 2004, o curso passa por sua

2ª reforma curricular. Neste desenho, o projeto implantado pretendeu superar a condição prioritariamente tecnicista, articulando os conhecimentos culturais e humanísticos aos conhecimentos técnicos para o reconhecimento da natureza constitutiva das Bibliotecas e demais Unidades de Informação (centros de informação, centros culturais, serviços e redes de referência, dentre outros). Para tanto, a estrutura curricular pensada na ocasião pretendia garantir ao estudante duas ênfases de formação específicas: "Informação Educacional e Social" e "Informação científica, tecnológica e industrial", sendo que o estudante poderia optar por uma ou cursar as duas (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 2016, p. 7).

Em sua segunda reforma curricular, a intenção do PPC de Goiás foi a superação de um viés essencialmente tecnicista para uma articulação com os conhecimentos culturais e humanísticos. Assim, garantiu aos alunos optar em ter apenas uma formação (social ou tecnológica) ou, obter a formação nas duas modalidades.

Em 2016, o Curso de Biblioteconomia da UFG apresenta um novo Projeto Pedagógico, vigente até os dias atuais, com vistas a privilegiar “os campos de atuação Social, Educacional e Cultural, abandonando-se a pretensão de formação da ênfase em ‘Informação científica, tecnológica e industrial” (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 2016, p. 8).

Tal decisão decorreu do surgimento do Curso de Gestão da Informação na UFG, o qual aborda com maior especificidade uma atuação voltada para informação científica, tecnológica e industrial.

Além desse fator, o novo Projeto Pedagógico do Curso de Biblioteconomia da UFG buscou atender as seguintes bases legais: o Plano Nacional de Educação - Lei nº13.005, de 26 de junho de 2014 (BRASIL, 2014), o Plano Nacional de Cultura - Lei nº12.343, de 2 de dezembro de 2010 (BRASIL, 2010b) e a promulgação da Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010 (BRASIL, 2010a). Além do amparo legal, a proposta de reformulação curricular acompanhou o debate, em âmbito nacional e internacional, “sobre a urgência de se formar qualitativa e quantitativamente profissionais para atuarem no campo Social, Educacional e Cultural” (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 2016, p. 8).

Nessa perspectiva, observamos que o PPC de Biblioteconomia da UFG demonstra, de início, a preocupação em acolher a atuação do bibliotecário dentro de uma concepção empenhada em refletir aspectos voltados para uma Biblioteconomia Social, pautada em três princípios ou funções (social, educacional e cultural), conforme explicitado no próprio PPC:

a função social deve compreender o profissional como agente de inclusão social, democratização da informação, recreação e mediação da informação e conhecimento. A função educacional define o profissional bibliotecário, ao lado do professor, como promotor da leitura, como formador do aluno pesquisador e orientador da pesquisa escolar. A função cultural extrapola ações de natureza extensionista: promoção de eventos, contação de história, noites de autógrafos, exposição, dentre outras (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 2016, p. 9).

Assim, o PPC de Biblioteconomia da UFG destaca que a função social deve ser entendida como aquela que o bibliotecário promoverá através da mediação da informação e da democratização do conhecimento, a inclusão social. A função educacional estaria relacionada à pesquisa escolar em que ao bibliotecário compete a promoção da leitura, atuando ao lado do professor.

Cabe enfatizar ainda que, ao se referir à função cultural que “extrapola ações de natureza extensionista”, o PPC explicita a compreensão de que tal ação não deve se limitar ao que se comumente denomina de animação cultural, conforme está esclarecido no seguinte trecho contido no PPC em tela:

Essas atividades caracterizam-se como animação cultural que ‘remete à ideia de implementação de atividades e eventos para atrair o público e chamar-lhe a atenção para a biblioteca’ (SILVA, 1991). Nessa perspectiva, o bibliotecário seria um programador de atividades - exposições, cursos, ‘shows’ - um administrador de cultura, o que em si não é negativo, porém esta prática não se caracteriza com o [sic] sendo ação cultural. A ação cultural, pretendida pelo profissional bibliotecário, tem com [sic] proposta formar um público não só passivo à cultura e sim sujeito participante e atuante desta (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 2016, p. 9).

Além de reforçar a atuação do futuro bibliotecário como sujeito ativo e participante da ação cultural, o que de certa forma reflete indícios de uma formação preocupada com o social, o PPC de Biblioteconomia da UFG, apresenta um item destacando a importância da indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão, em que afirma:

Equiparadas, essas funções básicas merecem igualdade em tratamento por parte das instituições de ensino superior. Moita e Andrade (2009) afirmam que a indissociabilidade é um princípio orientador da qualidade da produção universitária, porque afirma como necessária a tridimensionalidade do fazer universitário autônomo, competente e ético (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 2016, p. 57).

Como experiências de projetos de extensão realizadas no Curso da UFG, destacam-se: A Biblioteca LIBRIS e aprendizagem em tempos remotos: solução tecnológica de ações de promoção e mediação dos processos de leitura na escola; Análise da produção editorial brasileira para crianças e jovens - prêmio da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ); Biblioteca comunitária na comunidade São José Aparecida de Goiânia; Café com leitura; Biblio em foco, dentre outras (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 2016). Cumpre destacar que o curso se preocupa também em garantir aspectos técnicos da formação em Biblioteconomia nas atividades de extensão, como, por exemplo: Capacitação em análise temática da informação e estruturação de resumos; e, Roda de conversa em classificação

Também em seus objetivos gerais fica notória a dimensão atribuída à extensão e aos aspectos relacionados ao campo da Biblioteconomia Social:

Compreender a biblioteca e suas diferentes estruturas na realidade social brasileira;

Compreender a produção dos saberes Social, Cultural e Educacional e a inserção crítica do bibliotecário nesse universo;

Compreender a informação como conhecimento acumulado e produzido considerando suas determinações históricas, políticas, econômicas, sociais e culturais;

Apreender esse conhecimento dentro de um ciclo informacional constituído por uma organização social, cultural e educacional;

Compreender o contexto de produção desse conhecimento e a necessidade de disseminação e uso;

[...]

Participar da formulação e execução de políticas institucionais públicas e privadas no campo Social, Educacional e Cultural;

Traduzir as necessidades dos indivíduos, grupos e comunidades no campo Social, Educacional e Cultural;

Responder a demandas sociais de informação produzidas pelas transformações tecnológicas que caracterizam o mundo contemporâneo;

Atuar politicamente visando garantir a inserção da biblioteca nos contextos Social, Educacional e Cultural (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 2016, p. 10).

Como podemos observar no texto de apresentação do programa de extensão do curso da UFG, estão aí em destaque os temas sociais que devem fazer parte da extensão universitária: o conhecimento da realidade social brasileira, a participação do aluno nas políticas institucionais, assim como a atenção à educação e à cultura do país.

Tais aspectos, nos levam a concluir que estes estão de acordo com um modelo de projeto pedagógico mais próximo ao que concebemos como Biblioteconomia Social, o qual reivindicamos aqui seja adotado por outros cursos da área, para que se possa almejar uma formação mais sólida para o bibliotecário que irá atuar em uma biblioteca escolar ou em atividades de extensão.

Os termos dos eixos temáticos da UFG são apresentados de forma muito sucinta, o aprofundamento do que vem a compor cada eixo é explicitado nos objetivos específicos. Isto é, os eixos temáticos foram estabelecidos conforme os objetivos específicos do PPC, e têm como finalidade:

Eixo administrativo

  • Administrar a articulação e coordenação dos saberes adquiridos no processo de formação para garantir que as diferentes unidades de informação cumpram suas funções social, cultural e educacional;

  • Liderar e participar de equipes multidisciplinares;

  • Investigar, criticar, propor, planejar, executar e avaliar recursos e produtos de informação;

  • Elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos;

  • Administrar o trabalho bibliotecário, incluindo o planejamento, organização (do trabalho e do espaço físico) a execução e a avaliação de sistemas, unidades e projetos de biblioteca

Eixo técnico

  • Selecionar, descrever, representar e disseminar informação nos mais variados suportes e para públicos diversos;

  • Planejar sistemas e serviços de recuperação da informação e avaliar fontes de informação;

  • Articular teorias, metodologias e práticas de processamento da informação em conformidade com as demandas e necessidades informacionais dos contextos social, cultural e educacional.

Eixo tecnológico

  • Planejar estrategicamente as TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) e os processos envolvidos na sua produção, organização, uso e recuperação de informação;

  • Dominar as tecnologias e os processos envolvidos na sua produção, organização, uso e recuperação de informação.

Eixo de fundamentos

  • Desenvolver atividades profissionais autônomas, de modo a orientar, dirigir, assessorar, prestar consultoria, realizar perícias e emitir laudos técnicos e pareceres;

  • Atuar a partir dos princípios éticos específicos de seu campo profissional.

Eixo metodológico

  • Realizar pesquisas relativas a produtos, processamento, transferência e uso da informação;

  • Capacitar e orientar o usuário para a pesquisa escolar e científica (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 2016, p. 11, grifos do autor).

Interessante observar dois dos objetivos do PPC de Goiás: o primeiro do eixo administrativo e o último do eixo técnico. Estes apresentam elementos claros da articulação dos conteúdos voltados para a Biblioteconomia Social, ao destacar a preocupação com os saberes, as metodologias, as práticas de processamento da informação vinculados aos contextos e demandas sociais, culturais e educacionais. De onde depreende-se que há, na proposta, uma atenção em buscar equilíbrio entre o pragmatismo técnico e o campo social no ensino da profissão.

Em relação ao número e ao corpo das disciplinas que estão voltadas para o aprofundamento teórico deste debate, observamos, no quadro 2 a seguir, que são bem diversificados e atentos à temática social. Compondo o eixo “Fundamentos”, estão presentes temas que denotam a valorização da educação e da cultura na formação do bibliotecário, assim como a ênfase na ação do profissional e no conhecimento de políticas públicas voltadas para a formação do leitor e do produtor cultural. Já entre as disciplinas optativas, destacam-se a mediação da informação abordando temas que atentam para questões preponderantes da atualidade, como a cultura afro-brasileira e o meio ambiente, além de disciplinas que abrem espaço para o tema da diversidade, como o curso de libras. A biblioteca escolar e seu contexto sociocultural é focalizada em duas disciplinas optativas do programa, contribuindo para que, por meio da mediação e da apropriação da informação, o aluno aumente seus conhecimentos e sua capacidade crítica e reflexiva. O quadro 2 destaca as disciplinas do programa que se enquadram nesta temática social:

Quadro 2
Disciplinas do Curso de Biblioteconomia da UFG que abordam a temática social segundo o eixo temático

Se levarmos em consideração a carga horária total de disciplinas da UFG que corresponde a 2.816 h/a, observamos que as 1.024 h/a dedicadas aos conteúdos articulados com a temática social da área representam uma proporção destacada do PPC deste Curso, o que denota a visibilidade dada a tais conteúdos.

É grande a diferença entre UFG e UFMA, na oferta de disciplinas com conteúdos que versam sobre o social, destacando-se, nesse sentido, a UFG. Além disso, o PPC vigente da UFMA é de 2007 e o da UFG de 2016, o que de certa forma explica os conteúdos da UFG alinhados mais com o social e notadamente voltados para a biblioteca escolar, tendo em vista ter sido formulado após a promulgação da Lei da Universalização das Bibliotecas Escolares, de 2010. Entretanto, cabe ressaltar que os conteúdos que versam sobre biblioteca escolar e temas que focalizam a inclusão social estão inseridos no eixo de disciplinas optativas, o que, de certa forma, não garante uma formação com temáticas voltadas para o social para os alunos que optarem por não cursar tais disciplinas.

4 CONCLUSÃO

No decorrer deste estudo, optamos pela apresentação do movimento do pensamento biblioteconômico na direção aos diferentes aspectos inerentes ao tema Biblioteconomia Social, destacando, em especial, os temas intimamente relacionados da mediação e apropriação da informação. A seguir apresentamos algumas evidências do destaque dado a essa temática em dois PPCs de Biblioteconomia, notadamente a atenção à mediação e a apropriação da informação na biblioteca escolar e nas atividades de extensão. Nos dois cursos analisados, verificamos claramente a preocupação em inserir o tema relacionado ao social na concepção de cada PPC, pela ênfase dada à extensão universitária e pela oferta de disciplinas.

Considerando as evidências que apresentamos, sugerimos que os outros Cursos de Biblioteconomia do Brasil deem atenção redobrada a essa questão, ampliando a discussão e o debate a respeito da Biblioteconomia Social. As demandas atuais da profissão, assim como a premência em que a Biblioteconomia se estruture de forma a contribuir para a redução da desigualdade social do país, essa temática deveria estar presente, e em destaque, em todas as propostas pedagógicas da área.

Entretanto, ainda precisamos aumentar a atenção, por um lado, na desigualdade social, principalmente no que se refere a ampliação do número de bibliotecas escolares, em cumprimento à Lei 12.244/2010. Por outro lado, ampliar os conteúdos propostos pelas instituições do campo biblioteconômico que de fato apresentem eixos que enfatizem a abordagem e o debate a respeito da mediação e apropriação da informação, conteúdos estes que se aproximam do que concebemos como uma Biblioteconomia Social.

Conclui-se, portanto, que, se não houver o enfrentamento necessário para a superação dessas questões, oferecendo um grande leque de disciplinas que visem a conscientização do papel social dos seus alunos, os PPCs de Biblioteconomia não estarão preparando os futuros bibliotecários para se tornarem agentes de mudança, contribuindo para a superação das imensas desigualdades que ainda prevalecem no país

Estamos conscientes que ainda precisamos percorrer um longo caminho, porém o percurso aqui apresentado é resultado de uma pequena e parcial análise, ponto de partida (e não de chegada) para novos estudos e análises a respeito da temática aqui desenvolvida.

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    » http://www.ufma.br/portalUFMA/arquivo/VoxFpKFSbrfu2g6.pdf
  • 1
    Apropriação autônoma das TIC - compete ao “profissional atuar com domínio de práticas concernentes a um modelo biblioteconômico reformulado e inovador de que o ensino necessita para se adequar a essa nova dinâmica imposta à sociedade” (APÓSTOLO; MORO; ALENCAR, 2021, p. 21).
  • 2
    Informação fornecida por Leoneide Maria Brito Martins, Professora do Departamento de Biblioteconomia, em São Luís-MA, em junho de 2022.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jul 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    31 Jan 2023
  • Aceito
    12 Maio 2023
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