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Análise comparativa das falas materna e paterna dirigidas às crianças

Comparative analysis of maternal and paternal child directed speech

Resumos

O presente estudo tem como objetivo comparar as falas materna e paterna dirigidas às crianças. Esse trabalho tem como suporte teórico a perspectiva da Interação Social dos estudiosos da linguagem. Participaram 12 crianças com idade entre 24 a 31 meses e seus respectivos genitores. Os dados foram obtidos através de sessões de observação, realizadas na residência dos participantes e registradas em vídeo-tape. A análise dos dados foi efetivada no programa computacional CHILDES e no SPSS. De modo geral, os resultados indicaram não haver diferenças significativas entre as falas materna e paterna dirigidas às crianças, todavia observou-se que houve diferenças significativas quanto às subcategorias dos diretivos, requisições e feedbacks apresentados aos meninos e às meninas. Esses resultados foram discutidos considerando-se o nível de desenvolvimento lingüístico infantil, os contextos interativos em que ocorreram as interações e as implicações das falas materna e paterna para o processo de aquisição da linguagem.

Interação social; linguagem; gênero


The aim of the study is to compare the maternal and paternal child directed speech. It is based on the approach of social interaction. Twelve children 24 to 31 months old and their parents took part in the study. The parents were videotaped when interacting with their children in a free play situation for 20 minutes at their houses. The data were analyzed by using the computational system CHILDES (Child Language Data Exchange System) and the statistic package SPSS (Statistical Package for the Social Sciences). The results indicated that the mothers and fathers did not differ significantly regarding child directed speech. In relation to children's gender it was observed that the parents significantly used more clarification requests, feedback and confirmation to the boys when compared to girls. These results were discussed considering the children's linguist development level, the context in which the interactions occurred and the implications of maternal and paternal child directed speech to the process of language acquisition.

social interaction; language; gender


Análise comparativa das falas materna e paterna dirigidas às crianças

Comparative analysis of maternal and paternal child directed speech

Patrícia Nunes da Fonsêca; Nádia Maria Ribeiro Salomão

Universidade Federal da Paraíba

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Patrícia Nunes da Fonsêca Av. Espírito Santo, 422, Bairro dos Estados João Pessoa - PB, 58030 - 110 E-mail: patynfonseca@uol.com.br

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo comparar as falas materna e paterna dirigidas às crianças. Esse trabalho tem como suporte teórico a perspectiva da Interação Social dos estudiosos da linguagem. Participaram 12 crianças com idade entre 24 a 31 meses e seus respectivos genitores. Os dados foram obtidos através de sessões de observação, realizadas na residência dos participantes e registradas em vídeo-tape. A análise dos dados foi efetivada no programa computacional CHILDES e no SPSS. De modo geral, os resultados indicaram não haver diferenças significativas entre as falas materna e paterna dirigidas às crianças, todavia observou-se que houve diferenças significativas quanto às subcategorias dos diretivos, requisições e feedbacks apresentados aos meninos e às meninas. Esses resultados foram discutidos considerando-se o nível de desenvolvimento lingüístico infantil, os contextos interativos em que ocorreram as interações e as implicações das falas materna e paterna para o processo de aquisição da linguagem.

Palavras-chave: Interação social; linguagem; gênero.

ABSTRACT

The aim of the study is to compare the maternal and paternal child directed speech. It is based on the approach of social interaction. Twelve children 24 to 31 months old and their parents took part in the study. The parents were videotaped when interacting with their children in a free play situation for 20 minutes at their houses. The data were analyzed by using the computational system CHILDES (Child Language Data Exchange System) and the statistic package SPSS (Statistical Package for the Social Sciences). The results indicated that the mothers and fathers did not differ significantly regarding child directed speech. In relation to children's gender it was observed that the parents significantly used more clarification requests, feedback and confirmation to the boys when compared to girls. These results were discussed considering the children's linguist development level, the context in which the interactions occurred and the implications of maternal and paternal child directed speech to the process of language acquisition.

Key- words: social interaction; language; gender.

Introdução

A linguagem é um instrumento de mediação simbólica que promove a interação do indivíduo com seu grupo social. Desse modo, a aquisição e o desenvolvimento lingüístico têm despertado o interesse de pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento humano, a saber: Filosofia, Lingüística, Psicologia e Fonoaudiologia os quais têm estudado a linguagem à luz de diferentes perspectivas teóricas (Hage, 2001).

O presente estudo tem como suporte teórico a perspectiva da Interação Social dos Estudiosos da Linguagem (Pine, 1992; Snow, 1997), que considera a linguagem como decorrente de dois aspectos distintos e complementares: os determinantes biológicos do desenvolvimento humano e as experiências do contexto social, dentre elas, a interação social.

É na interação social que a criança apreende as normas e os valores sociais, bem como, o conhecimento da língua do meio social na qual está inserida. Luque e Vila (1997) ressaltam que, os inputs lingüísticos dos adultos, juntamente com a capacidade da criança processar e compreender a fala, irão promover o desenvolvimento da linguagem infantil.

Nesse sentido, percebe-se que as primeiras interações vivenciadas pelo bebê são de grande importância para todo o seu desenvolvimento, principalmente no que diz respeito à linguagem. Desse modo, a participação do pai e da mãe neste processo é fundamental, já que são os primeiros a manterem um contato com a criança e, portanto, os principais responsáveis pelo desenvolvimento das habilidades sociais e pela inserção da criança na sociedade.

As pesquisas acerca das falas dos genitores apontam para a existência de posturas divergentes quanto às similaridades e diferenças da fala do pai e da mãe dirigida à criança (Golinkoff & Ames, 1979; Bright & Stockdale, 1984). Contudo, existe uma forte tendência em se aceitar a hipótese de complementariedade (Rondal, 1980), em virtude do pai e da mãe desempenharem funções distintas e integrantes e, portanto, essenciais para o pleno desenvolvimento lingüístico da criança.

Há evidências, na literatura, de que alguns tipos de input podem inibir o desenvolvimento da linguagem infantil, como é o caso dos diretivos (Gallaway & Woll, 1994) e outros tipos podem facilitá-lo, como é o caso das requisições e dos feedbacks (Harris, Jones & Brookes, 1986; Tomasello & Todd, 1983). Entretanto, estas evidências devem ser vistas com cautela, já que se detecta na literatura uma falta de consenso acerca de sua conceituação e função, pois ainda não se sabe se são as características dos estilos que influenciam o desenvolvimento lingüístico ou se são as características individuais da criança que influenciam a qualidade do input.

Salomão e Conti-Ramsden (1994) chamam a atenção para os papéis que os inputs lingüísticos podem desempenhar na comunicação entre os genitores e as crianças, quando se leva em consideração a idade da criança na interação.

Baseando-se na literatura (Akhtar, Dunham & Dunham, 1991; Salomão & Conti-Ramsden, 1994), definiu-se, no presente estudo, os diretivos como enunciados expressos de forma imperativa, que têm por função chamar a atenção, regular ou dirigir as verbalizações ou comportamentos da criança. De acordo com Salomão e Conti-Ramsden (1994) esse tipo de fala pode ser apresentado de três formas: diretivo de instrução precisa, quando o pai ou a mãe ordena à criança o que ela deve fazer em uma determinada atividade, indicando o nome de um lugar, nomeando objetos e/ou descrevendo suas características; diretivo de instrução imprecisa, quando os genitores exigem da criança a execução de uma atividade sem, entretanto, nomear os objetos e/ou descrever suas características, e/ou indicar o local específico para sua realização; diretivo de solicitação de atenção, enunciados em que se chama a atenção da criança, apresentando algum brinquedo, pronunciando o seu nome ou utilizando alguma palavra que desperte o interesse dela por algo, como por exemplo: "olhe, veja, escute".

O diretivo é um tipo de enunciado muito freqüente na interação da mãe com crianças nos primeiros anos de vida, devido a pouca habilidade lingüística apresentada por estas ao expor suas intenções comunicativas. Para Barnes, Gutfreund, Satterly e Wells (1983), o uso do diretivo, nesta idade, pode associar-se ao progresso lingüístico da criança, uma vez que exige sua participação; por outro lado, os diretivos em idades mais avançadas podem indicar um fator desfavorável, tendo em vista o aspecto inibidor da linguagem infantil.

Analisando as falas maternas e paternas dirigidas às crianças, McLaughlin, Schutz e White (1980) verificaram que os pais apresentavam, de modo significativo, mais expressões diretivas para controlar a linguagem da criança do que as mães. De igual modo, Bright e Stockdale (1984), estudando a interação de 29 díades mãe/criança e pai/criança em uma situação de jogo, observaram que os pais apresentaram mais diretivos, durante a interação com sua criança, se comparados à mãe. Para os pesquisadores, esse resultado pode estar relacionado com a função da figura paterna no contexto social, uma vez que o controle é uma atitude vista como uma obrigação da figura dentro da família, aspecto que vem corresponder aos padrões culturais.

Entretanto, para Pine (1992) tanto a figura paterna quanto a materna são diretivas, porém fazem uso desse tipo de enunciado de modo distinto. Enquanto os pais têm a intenção de controlar e disciplinar o comportamento das crianças, o que caracteriza a diretividade comportamental, as mães os utilizam com a intenção de ensinar e atender aos interesses da criança.

Com base no estudo de Salomão e Conti-Ramsden (1994), as requisições se referem aos enunciados dos genitores que têm por função solicitar respostas da criança, o que pode ser expresso de forma explícita ou implícita. Essas solicitações são, normalmente, utilizadas para obtenção de informações sobre objetos, situações e ações, e ainda, para instigar a participação da criança na interação. Essas requisições, conforme as autoras citadas anteriormente, podem ser expressas de quatro formas: a) requisição específica, quando a resposta da criança é simples e direta, como por exemplo, sim/não; b) requisição de resposta geral, quando o pai ou a mãe requer informações gerais acerca da localização de um objeto ou pessoa, de uma ação ou de uma situação; c) requisição de sugestão, quando os genitores solicitam da criança sugestões acerca de uma determinada atividade ou objeto durante a interação; d) requisição de esclarecimento, quando é solicitada da criança uma explicação da sua fala prévia, indicando o não entendimento por parte dos genitores. Esse tipo de requisição é muito comum após uma fala ininteligível do menino ou da menina.

Para Demetras, Post e Snow (1986) e Ely e Gleason (1997) a solicitação de clarificação ou requisição é um tipo de fala estimulante do desenvolvimento lingüístico da criança e utilizado normalmente pelos genitores depois de enunciados mal elaborados pela criança. De acordo com estes autores, a requisição de esclarecimento é um estilo lingüístico que se apresenta com a função de ajudar a criança na reorganização de regras do seu sistema gramatical, uma vez em que a mesma é solicitada a reelaborar o que disse a fim de se tornar compreendida pelo parceiro na conversação.

As requisições maternas, em especial as que se caracterizam por questões abertas, são estimulantes para a linguagem da criança porque requerem produções e narrativas mais longas e coerentes. Nesse caso, as crianças precisam apreender toda a situação do contexto interativo para poderem elaborar uma resposta (Snow,1997).

Tomasello, Conti-Ramsden e Ewert (1990), estudando a interação pai/criança e mãe/criança, verificaram que o pai solicitava mais esclarecimentos dos enunciados infantis do que se observava na relação da criança com a mãe. Isto, na visão dos autores, se dava em virtude dos pais não serem tão familiares com a linguagem e com os gestos da criança como a mãe. Observou-se ainda que, nas solicitações, o pai utilizava palavras menos familiares ao vocabulário da criança, e com isto, instigava o desenvolvimento das habilidades necessárias à comunicação, como por exemplo, a observação, já que a criança era requerida a prestar mais atenção ao contexto interativo.

Masur e Gleason (1980) realizaram um estudo para verificar as similaridades e diferenças das falas materna e paterna dirigida aos meninos e às meninas em uma situação onde os genitores teriam que ensinar os nomes e as funções das partes de um brinquedo. A análise dos resultados mostrou que os pais promoveram e apresentaram, significativamente, mais informações e expressavam um número maior e mais diversificado de palavras referentes às partes do brinquedo do que as mães, favorecendo assim, a extensão e elaboração do conhecimento lexical de suas crianças. Os autores afirmaram que esses resultados ocorreram, possivelmente, em virtude do brinquedo (carro), utilizado durante o processo interativo, ser mais da realidade da figura paterna do que da materna.

No estudo de Masur e Gleason (1980) os pais demonstraram ser tanto lingüisticamente como cognitivamente mais exigentes com as crianças que as mães, uma vez que eles requeriam mais sobre os termos e as funções das partes do brinquedo, levando as crianças a produzirem um maior número de palavras.

Outro tipo de fala utilizada pelos genitores ao interagir com suas crianças é o feedback. Conforme Salomão e Conti-Ramsden (1994), os feedbacks são enunciados utilizados pelos genitores que têm a função de responder às solicitações da criança, fazer uma avaliação do comportamento infantil como certo ou errado ou dar uma confirmação da compreensão dos enunciados infantis por parte dos genitores. De acordo com as autoras citadas, esses enunciados podem ser classificados em quatro subcategorias: a) feedbacks de aprovação - correspondem aos enunciados que têm por finalidade responder ou avaliar os enunciados e/ou ações da criança que, do ponto de vista dos genitores, estão corretos; b) feedbacks de desaprovação - referem-se aos enunciados que respondem aos enunciados/ações da criança que, para os genitores, estão incorretos; c) feedbacks de resposta verbal - dizem respeito aos enunciados que respondem a questões, pedidos ou ordens formuladas pela criança; d) feedbacks de confirmação - referem-se aos enunciados em que os pais/mães repetem as respostas da criança, a fim de confirmar-lhe as verbalizações, embora demonstrem tê-las entendido.

No caso do feedback de confirmação, o pai e a mãe oferecem à criança a oportunidade de reinterpretar sua fala anteriormente proferida, e isto, devido ao fato dos adultos repetirem o enunciado infantil de modo semelhante ou modificado, e neste último caso, pode haver alterações que enriqueçam ou corrijam a fala da criança (Braz & Salomão, 2002).

Bohannon e Stanowicz (1988) realizaram um estudo com crianças de 32 e 27 meses interagindo com seus genitores, individualmente. Estes autores verificaram que os genitores repetiam, de modo freqüente, os enunciados mais longos da criança do que os curtos, na tentativa de inseri-las no aprendizado da linguagem. Estes autores ainda observaram que as repetições ocorridas após os erros gramaticais das crianças eram providas de correções gramaticais específicas. Com esse comportamento, os genitores, possivelmente, tentavam chamar a atenção da criança para o modelo correto de fala, através do feedback de confirmação.

Estudando o uso dos feedbacks pelas mães durante sua interação com os meninos e as meninas, Braz e Salomão (2002) observaram que as mães utilizaram os feedbacks tanto para avaliar os enunciados da criança como para corrigir aqueles considerados incorretos, segundo o seu ponto de vista. Verificou também que as mães apresentaram mais diretivos para o grupo de meninos e mais solicitações para o grupo das meninas.

Com relação ao gênero da criança, McLaughlin e cols. (1980) e Mullis e Mullis (1985) observaram que havia uma diferenciação nas interações quanto à diferenciação sexual dos filhos e dos genitores. Verificaram que na interação onde ambos os parceiros conversacionais eram do mesmo gênero, a relação apresentava uma maior responsividade verbal, e uma linguagem simples. Isto refletia uma maior aproximação durante o jogo lúdico, onde eles passavam mais tempo jogando do que explicando regras, como acontecia no caso dos parceiros serem de sexos opostos.

De modo semelhante, Stoneman e Brody (1981) encontraram em seu estudo empírico que os genitores, durante a interação diádica com suas crianças, apresentavam comportamento verbal mais extenso e estimulante quando o parceiro era do mesmo gênero. Do contrário, a linguagem era mais complexa e havia quebra na comunicação com maior freqüência, aspectos que dificultavam a sintonia durante a situação de jogo.

Pode-se perceber, a partir de estudos relatados, a importância da fala dos genitores para o processo de aquisição da linguagem da criança. Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo comparar as falas materna e paterna dirigidas às crianças.

Método

Participantes

Esta pesquisa foi realizada com 12 díades mãe/criança e 12 díades pai/criança, pertencentes à classe social média. Das 12 crianças participantes, 6 eram meninos e 6 eram meninas, com idades que variavam entre 24-31 meses. Essa faixa etária foi escolhida em vista da literatura apontá-la como a fase em que as crianças apresentam uma eclosão lingüística começando, inclusive, a expressar relações simples entre palavras ou conceitos, exemplo: "Maria bateu em Ana" (Newcombe, 1999). Ademais, segundo Huttenlocher; Haight; Bryk; Seltzer e Lyons (1991), após os dois anos de idade as diferenças no desenvolvimento lingüístico de meninas e meninos começam a desaparecer, uma vez que se sabe que o ritmo de desenvolvimento da linguagem na menina se dá de forma mais rápida.

Procedimento

O contato inicial com os genitores se deu por telefone, quando foram dadas algumas explicações acerca da pesquisa e foi marcada uma visita à residência dos participantes. Durante a primeira visita, foi entregue um documento, o qual solicitava a participação do casal no estudo e a permissão do uso da câmera de vídeo, bem como assegurava o sigilo das informações coletadas. Na segunda e terceira visitas foram realizadas as filmagens das interações mãe/criança e pai/criança em uma situação de brincadeira livre. Estas ocorreram na residência dos participantes e em momentos distintos, com uma mudança na ordem das díades para contrabalançar o seu efeito nas interações. Cada sessão de filmagem teve a duração de 20 minutos, e antes de cada uma delas, era dada a seguinte instrução aos genitores: "mamãe (ou papai) brinque com sua criança da maneira que comumente brinca".

Análise dos dados

A análise das observações foi realizada em quatro etapas: a primeira consistiu em transcrever as observações das interações, segundo as normas do CHAT (Codes for Human Analysis of Transcripts), componente do programa computacional CHILDES (Child Language Data Exchange System). Na segunda, realizou-se uma leitura minuciosa dos protocolos e a elaboração de um conjunto de categorias, que serão descritas a seguir. Estas categorias possibilitaram reunir um grupo de elementos (unidades de registro) que representasse um determinado tipo de fala, e a partir de então, auxiliasse na contagem das freqüências. Na terceira, obteve-se a freqüência dos comportamentos comunicativos dos genitores e das crianças através do programa CHILDES, e por fim, os dados foram inseridos no pacote estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) e aplicou-se o teste Mann-Whitney a fim de verificar a significância das diferenças percebidas.

As categorias, consideradas no estudo, acerca das falas materna e paterna foram: diretivos (diretivos de instrução imprecisa, diretivos de instrução precisa e diretivos de solicitação de atenção); requisições (requisição de resposta geral, requisição de resposta específica, requisição de sugestão e requisição de esclarecimento) e feedbacks (feedback de aprovação verbal, feedback de desaprovação verbal, feedback de confirmação e feedback de resposta verbal).

As categorias referentes à participação da criança na interação foram as seguintes: fala espontânea; resposta verbal e não-verbal adequada; resposta verbal e não-verbal inadequada; ausência de resposta e fala Ininteligível.

Resultados

Considerando que esse estudo analisou as falas materna e paterna durante a interação com a criança, e neste caso, verificou-se também a participação das crianças, e as possíveis variações em relação ao gênero dos genitores.

Análise das falas materna e paterna

Os resultados apresentados na Tabela 1 indicam que as diferenças encontradas entre as falas do pai e da mãe não foram estatisticamente significativas. Porém, analisando de modo particular os três tipos de fala: os diretivos, as requisições e os feedbacks, foi observado que, com relação aos diretivos, os pais apresentaram médias de postos mais elevadas nos diretivos de instrução imprecisa, e as mães, nos diretivos de instrução precisa e de solicitação de atenção.

Quanto às requisições, verificou-se que, em todas as subcategorias, as mães sobrepuseram as médias de postos dos pais. E no uso dos feedbacks, observou-se que os pais apresentaram médias de postos superiores na subcategoria feedback de desaprovação verbal e as mães nas subcategorias feedback de aprovação verbal e feedback de confirmação.

Na Tabela 2 verifica-se que não houve diferença significativa na categoria diretivo. Entretanto, nas categorias requisição e feedback houve diferenças estatisticamente significativas, especialmente nas subcategorias requisição de esclarecimento ("O que você quer?") e feedback de confirmação. Isso mostrou que os genitores dos meninos utilizaram mais requisições e feedbacks na interação do que os genitores das meninas.

Análise da participação da criança

Como pode ser visto na Tabela 3, os resultados mostraram que houve diferenças estatisticamente significativas nas categorias resposta verbal adequada, resposta não-verbal adequada e fala ininteligível. Esses resultados indicaram que os meninos apresentaram significativamente mais respostas verbais adequadas e fala ininteligível ao interagir com os pais e as mães, e as meninas demonstraram significativamente mais resposta não-verbal adequada.

Na Tabela 4 observa-se que as diferenças observadas na comparação dos comportamentos comunicativos das crianças (meninos e meninas), segundo o gênero dos genitores, não foram significativas. Isto mostrou que as crianças não demonstraram variação significativa quanto à forma de se comunicar com as mães e com os pais.

Discussão

Falas materna e paterna

Na fala do tipo diretiva, os resultados mostraram que, de modo geral, o pai e a mãe apresentaram semelhanças quanto à freqüência com que utilizaram esse tipo de fala com suas crianças durante a situação de brincadeira livre. Esses resultados convergem com estudos da literatura que defendem a idéia de similaridade entre a fala dos genitores (Golinkoff & Ames, 1979; Rondal, 1980). Ao mesmo tempo, divergem dos trabalhos que afirmam ser a diretividade uma característica da fala paterna (McLaughlin & cols., 1980; Mullis & Mullis, 1985; Bright & Stockdale, 1984), bem como, das pesquisas que asseguram que a fala diretiva é um aspecto muito observado na comunicação materna, principalmente quando a mãe interage com crianças pequenas e/ou atípicas (Barnes & cols. 1983; Conti-Ramsden, 1990; Conti-Ramsden, 1994; Salomão & Conti-Ramsden, 1994; Silva & Salomão, 2002 ).

Os resultados parecem indicar que tanto na fala materna quanto na paterna há diretivos. Entretanto, quando se avaliou a subcategoria dos diretivos foi observada uma diferenciação no que diz respeito ao tipo de diretivo utilizado na conversação pelos genitores. Isso mostrou que os objetivos com que os genitores fizeram uso dos diretivos foram diferentes, o que corrobora com Pine (1992), quando coloca que o pai utilizava os diretivos para controlar o comportamento dos filhos e as mães para ensinar determinadas atividades para as crianças.

No caso da figura paterna, verificou-se que houve a predominância do uso do diretivo de instrução imprecisa ("Tem que jogar?"), o que pode estar relacionado à função social incumbida ao pai, a de pôr ordem, respeito e, portanto, ser o responsável por controlar o comportamento da criança. Supõe-se que, no presente estudo, onde a situação oferecida aos participantes foi a de brincadeira livre, os pais sentiram-se mais inseguros, com receio de não terem controle sob o comportamento da criança e, então, preferiram intervir usando enunciados que dirigissem as atitudes infantis. Esses enunciados foram expressos de forma imperativa e com lacunas, dificultando a compreensão por parte da criança. No exemplo apresentado anteriormente, o pai exigiu que a criança jogasse algo, mas não especificou o que deveria ser jogado e nem para quem. A falta de conhecimento acerca do universo lingüístico da criança pode ter sido um outro aspecto que veio contribuir para o uso do diretivo de instrução imprecisa, principalmente quando se sabe que os pais interagem com os filhos (as) mais fisicamente do que lingüisticamente (Lamb, 1977).

Para Tomasello, Conti-Ramsden e Ewert (1990), as lacunas existentes nas falas paternas podem promover quebras na conversação, o que, segundo os autores, é um aspecto singular e positivo na interação pai-criança. Segundo esses autores, estas quebras vão exigir mais atenção da criança no contexto interativo e, ao mesmo tempo, possibilitar o desenvolvimento lingüístico e cognitivo, já que demandam uma reinterpretarão da fala paterna e uma necessidade de compreender o adulto além de tentar ser compreendida por ele, o que ela buscará fazer através da linguagem.

No caso das mães, observou-se que prevaleceu o uso do diretivo de instrução precisa ("Filha, pega o ursinho que está atrás de você") e do diretivo de solicitação de atenção ("Olha a bola filha, olha a bola"). Esses resultados corroboram com o que Pine (1992) coloca acerca do objetivo com que as mães utilizam a fala diretiva, o de ensinar. Esse comportamento materno pode estar relacionado com o papel da mulher na sociedade, que é o de educar os filhos.

Todavia, no estudo de Masur e Gleason (1980), apresentado anteriormente, pode-se perceber que os pais puderam ensinar tão bem, ou até mesmo de forma melhor que as mães, quando o objeto (carro) utilizado na atividade de ensino era familiar ao sexo masculino. Nesse caso, os pais proporcionaram palavras mais diversificadas que as mães, estimulando o desenvolvimento do vocabulário infantil.

O uso por parte das mães destes tipos de diretivos, pode estar relacionado a dois aspectos: primeiro, ao fato da mãe possuir socialmente o papel de educadora e segundo, conhecer melhor a realidade da criança. Como educadora, a mãe sente-se na responsabilidade de ensinar a criança e para isto, necessita que essa esteja atenta ao que é apresentado, por isso o uso do diretivo de solicitação de atenção. Ao mesmo tempo em que esta relação está acontecendo, a mãe vai, progressivamente, apropriando-se da linguagem da criança, e assim, no processo de instrução, a mãe apresenta as ordens ou pedidos com uma linguagem compatível ao nível lingüístico da criança, o que no entender de Conti-Ramsden (1994), vai favorecer o desenvolvimento lingüístico na medida em que permite dar continuidade a conversação entre os parceiros conversacionais.

Quanto ao fato da mãe utilizar o diretivo de solicitação de atenção, é importante enfocar que, este tipo de comportamento pode ser visto como negativo, uma vez que redireciona a atenção da criança de situações que lhe promoviam interesse, quebra a interação e ainda, interrompe a continuidade da fala infantil, principalmente na idade igual ou acima de vinte e quatro meses, quando as crianças estão despertando para a linguagem e já expressando algumas frases.

De acordo com Salomão e Conti-Ramsden (1994), deve-se ter cuidado quando se vai estudar este tipo de fala, no caso, o diretivo, em vista de não haver uma conformidade entre os pesquisadores sobre a conceituação e a influência no desenvolvimento lingüístico da criança. Para isto, é necessário se avaliar não só o contexto, mas também a idade e as características dos participantes da interação.

Quanto ao uso da requisição, os resultados da comparação das falas paterna e materna mostraram que não houve diferenças significativas. No entanto, é pertinente ressaltar que as mães obtiveram médias de postos superiores em todas as subcategorias das requisições. Isso pode sugerir uma maior solicitação da figura materna quanto à participação da criança no contexto interativo, uma vez que requer respostas específicas e/ou sugestões quanto à execução de determinadas atividades. Sugere-se que este comportamento materno pode estar vinculado ao fato da mãe ter em mente o papel de ensinar, educar. Dessa maneira, a mãe estimula o desenvolvimento lingüístico da criança na medida em que requerer uma reelaboração do que foi falado anteriormente.

Ao realizar a comparação dos genitores segundo o gênero da criança, observa-se que o pai e a mãe apresentaram, significativamente, mais requisições para os meninos do que para as meninas. Dentre os tipos de requisições, percebeu-se que apenas a requisição de esclarecimento ("o que?") apresentou nível de significância p < 0,05. Possivelmente, esse resultado tenha ocorrido em virtude dos meninos apresentarem um índice elevado de fala ininteligível, aspecto que não foi verificado na fala das meninas, apesar de estarem em idades semelhantes (ver Tabela 3). Nesse sentido, supõe-se que, pelo fato da fala ininteligível dificultar a compreensão da fala infantil por parte dos genitores, estes, exigiram esclarecimentos acerca do que fora dito pelos filhos anteriormente, cujo objetivo era dar continuidade à interação dentro do conteúdo semântico presente na verbalização infantil.

Na presente pesquisa, o comportamento dos pais e das mães de apresentarem mais requisições depois de enunciados incompletos e/ou mal elaborados pelas crianças corrobora com o estudo de Demetras e cols. (1986), os quais comentam a importância das requisições na reorganização das regras gramaticais por parte das crianças.

No que se refere ao uso do feedback, observou-se que, na comparação das falas paterna e materna, não houve diferenças estatisticamente significativas entre os genitores, mas sim, uma tendência das mães em emitirem mais feedback do que os pais, em especial, o feedback de confirmação ("É uma tartaruguinha é?") (ver Tabela 1). Isto pode ter ocorrido em virtude das mães terem apresentado mais requisições para as crianças e, por conseguinte, essas terem respondido à solicitação materna, possibilitando assim, à mãe, a confirmação das verbalizações infantis de forma interrogativa, o que estimula a participação da criança ao contexto interativo.

Considerando o gênero da criança na análise do uso dos feedbacks pelos genitores, verificou-se que o pai e a mãe dos meninos apresentaram significativamente mais feedbacks do que os genitores das meninas, especialmente o feedback de confirmação. Tal resultado pode ser explicado da mesma forma que o item anterior, pois como os genitores fazem mais requisições de esclarecimento para os meninos, e estes apresentam um índice elevado de resposta verbal adequada para os pais e as mães (ver Tabela 3), conseqüentemente, os genitores apresentaram feedbacks de confirmação, especificamente, para comunicar aos meninos que os seus enunciados foram entendidos, como também, instigar a participação das crianças na interação.

É relevante ainda ressaltar que o nível de desenvolvimento lingüístico e cognitivo das crianças que se encontravam na faixa etária de 24 a 30 meses, também pode ter interferido no uso do feedback de confirmação, haja visto que, nessa fase, conforme visto no estudo de Braz e Salomão (2002), a fala da criança detêm uma estrutura gramatical que permite expor suas idéias de forma compreensível.

Participação da criança

Os resultados parecem demonstrar que os meninos foram mais participativos na interação com os genitores do que as meninas, embora se perceba que esta participação tenha se dado, sobretudo, pelo fato do pai e da mãe solicitarem mais requisições aos meninos. Tal aspecto fez com que estes apresentassem mais respostas para os genitores, ocasionando em uma média de participação verbal elevada, no contexto interativo. A partir desse exemplo, destaca-se a importância de se fazer uma análise do contexto interativo segundo os princípios do modelo bidirecional, cuja ênfase está exatamente na influencia mútua dos parceiros conversacionais.

Com relação à participação das meninas, verificou-se que elas atuaram mais de forma não-verbal. Considerando a faixa etária estudada, esse resultado não seria esperado, visto que nesta faixa (24 a 31 meses) as crianças já apresentam uma linguagem mais estruturada. No entanto, pode-se sugerir que a falta de sintonia entre os pais e as meninas possivelmente tenha influenciado nos resultados, aspecto evidenciado quando se faz uma leitura exaustiva dos protocolos e se observa que os mesmos mostraram certa dificuldade para se adaptarem às brincadeiras sugeridas pelas meninas.

Analisando o comportamento das crianças, pode-se concluir que os meninos foram mais participativos verbalmente do que as meninas. Nesse caso, supõe-se que o comportamento dos genitores interferiu, de modo considerável, na participação das crianças na interação, o que vem confirmar o princípio de bidirecionalidade defendido pela Perspectiva da Interação Social dos estudiosos da linguagem. Este princípio ressalta a reciprocidade dos indivíduos na interação, a qual ocorre quando cada parceiro ajusta o seu comportamento em função da fala e das ações do outro, aspecto que só é possível quando há compreensão das intenções comunicativas uns dos outros.

Considerações Finais

Nesse estudo, verificou-se que, de forma geral, os pais e as mães apresentaram falas similares na interação com suas crianças, entretanto, as particularidades observadas no uso de determinadas falas por parte das mães, pode ter ocorrido, possivelmente, em virtude de que elas conhecem melhor as necessidades das crianças, aspecto que, sem dúvida, auxiliou no processo interativo. Outro aspecto que vem contribuir para estes resultados foram as características das crianças do estudo, especialmente dos meninos, que demonstram uma fala mais inteligível, talvez pelo fato da linguagem destes participantes não estar bem estruturada.

No que concerne às comparações realizadas em função do gênero da criança, conclui-se que os genitores diferiram na forma de interagir com suas crianças, já que apresentaram uma freqüência maior de comportamentos interativos com os meninos.

Para Rondal (1980), as falas materna e paterna são essenciais para o desenvolvimento lingüístico infantil, porquanto eles oferecem oportunidades à criança de compartilhar experiências e conhecimentos de modo singular e, ao mesmo tempo, complementar.

Para a compreensão das interações sociais das crianças com os adultos e da influência dessas interações no processo de aquisição da linguagem, sugere-se que sejam realizados estudos longitudinais e pesquisas com um número maior de participantes. Desta forma, poder-se-á obter informações mais acuradas sobre a relação de variáveis como cultura e gênero, nas diferenças lingüísticas apresentadas pelo pai e pela mãe.

Sugerem-se ainda, para futuros estudos, que se investigue a contribuição de outros membros do contexto familiar para o desenvolvimento infantil. Esses estudos seriam de grande importância, tendo em vista o atual contexto social de muitas famílias, cujos genitores se ausentam para trabalhar, enquanto as crianças ficam aos cuidados de avós, irmãos mais velhos e babás.

Esta pesquisa permitiu compreender melhor as similaridades e as diferenças entre as interações pai/criança e mãe/criança e a importância destas relações para o desenvolvimento lingüístico, embora haja a necessidade de mais estudos sobre a figura paterna, considerando-se que existe, ainda, uma grande lacuna a respeito desse aspecto, sobretudo no Brasil.

Artigo recebido para publicação em 28/06/2004; aceito em 03/05/2005

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    Patrícia Nunes da Fonsêca
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      11 Fev 2009
    • Data do Fascículo
      Abr 2005

    Histórico

    • Aceito
      03 Maio 2005
    • Recebido
      28 Jun 2004
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