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HISTÓRIA DO LAZER EM CLÁUDIO, MINAS GERAIS, C. 1888-1920

LEISURE HISTORY IN CLÁUDIO, MINAS GERAIS, C. 1888-1920

HISTORIA DEL OCIO EN CLÁUDIO, MINAS GERAIS, C. 1888-1920

Resumo

Pesquisas sobre a história do lazer em cidades pequenas e áreas rurais são ainda pouco frequentes, apesar da apreciável fortuna crítica já disponível sobre o assunto. Tentando ampliar esse universo de referências, este artigo analisa a dinâmica histórica do lazer em um pequeno distrito rural do interior de Minas Gerais na transição entre os séculos XIX e XX. Mais especificamente, analisamos a história do lazer na cidade de Cláudio nesse período. Por meio de jornais, processos-crime, livros de memória, fotografias e dados censitários apresentamos uma interpretação histórica em que o modo de produção agrícola é apontado como principal elemento explicativo para o surgimento de novas modalidades e regimes de ocupação social do tempo livre.

Palavras-chave:
História; Atividades de Lazer; Cultura; Brasil.

Abstract

Research on history of leisure in small towns and rural areas are still infrequent, despite the considerable bibliography already available on the subject. Trying to expand this universe of references, this article analyzes the historical dynamics of leisure in a small rural district, in the hinterland of Minas Gerais, in the transition between the 19th and 20th centuries. More specifically, we analyze the history of leisure in the city of Cláudio in this period. Through newspapers, criminal proceedings, memory books, photographs and census data, we present a historical interpretation in which the agricultural production is pointed out as the main explanatory element for the emergence of new modalities and regimes of leisure.

Keywords:
History; Leisure; Culture; Brazil.

Resumen

Investigaciones sobre la historia del ocio en pequeñas ciudades y zonas rurales aún son escasas, a pesar de la considerable riqueza crítica ya disponible sobre el tema. Buscando ampliar ese universo de referencias, este artículo analiza la dinámica histórica del ocio en un pequeño distrito rural de Minas Gerais en la transición entre los siglos XIX y XX. Más concretamente, analizamos la historia del ocio en la ciudad de Claudio en ese periodo. A través de periódicos, procesos penales, libros de memoria, fotografías y datos censales, presentamos una interpretación histórica en la que se señala el modo de producción agrícola como principal elemento explicativo para el surgimiento de nuevas modalidades y regímenes de ocupación social del tiempo libre.

Palabras clave:
Historia; Actividades de ocio; Cultura; Brasil.

1 INTRODUÇÃO

Estudos históricos sobre o lazer no Brasil contam já com uma apreciável fortuna crítica. Todavia, tanto por razões teóricas quanto por limitações documentais, esses estudos costumam ser dedicados a cidades capitais, com destaque para o Rio de Janeiro e São Paulo, que concentram boa parte da bibliografia sobre a história social da cultura no Brasil (DIAS, 2020DIAS, Cleber. Cultura, lazer e esportes nos sertões do Brasil: uma introdução. In: DIAS, Cleber (org.). Depois da Avenida Central: cultura, lazer e esportes nos sertões do Brasil. Rio de Janeiro: Jaguatirica, 2020. p. 11-46.).

Do lado das razões teóricas, nota-se uma usual ênfase sobre os vínculos históricos entre urbanização e a intensificação da divisão social do trabalho, processos relacionados e que ensejaram uma demarcação mais nítida entre os tempos de trabalho e de descanso, tomado como cerne do processo histórico de formação moderna do lazer (MELO, 2010MELO, Victor Andrade de. Lazer, modernidade, capitalismo: um olhar a partir da obra de Edward Palmer Thompson. Estudos Históricos, v. 23, n. 45, p. 5-26, 2010.). Partindo dessas premissas, pesquisas históricas sobre o assunto frequentemente pressupõem que o lazer inexistia em sociedades agrícolas e tradicionais, sendo uma especificidade de ambientes urbanos e industriais (DIAS, 2018aDIAS, Cleber. História e historiografia do lazer. Recorde, v. 11, n. 1, p. 1-26,1as 2018a.).

Do lado das limitações documentais, cidades pequenas - que não as capitais e fora de regiões metropolitanas - geralmente dispõem de documentação menos volumosa e diversificada, além de preservação mais precária, o que desencoraja, quando não impede mesmo, tentativas investigativas nesse sentido. Não obstante tais dificuldades, existem também muitas pesquisas sobre a história do lazer fora das capitais (cf. DIAS, 2018aDIAS, Cleber. História e historiografia do lazer. Recorde, v. 11, n. 1, p. 1-26,1as 2018a.).

Apesar desses notáveis esforços, pesquisas sobre a história do lazer em cidades pequenas e áreas rurais são ainda menos frequentes. Mesmo aqueles estudos dedicados a analisar a história do lazer em cidades do interior concentram-se em polos regionais onde registrava-se uma dinâmica urbana mais vigorosa, como é o caso, por exemplo, de Campos, no Rio de Janeiro (CARNEIRO; MELO, 2021CARNEIRO, Juliana; MELO, Victor Andrade de. Nos tempos do Trianon: Campos se diverte. Rio de Janeiro: Numa Editora, 2021.); Santos, Franca ou Ribeirão Preto, em São Paulo (VIEIRA, 2010VIEIRA, Marina Tucunduva Bittencourt Porto. Esporte, cidade e modernidade: Santos. In: MELO, Victor Andrade de (org.). Os sports e as cidades brasileiras: transição dos séculos XIX e XX. Rio de Janeiro: Apicuri, 2010. p. 71-95.; AZEVEDO, 2015AZEVEDO, Veruschka de Sales. Cinema e sociabilidade nas cidades do café: Franca e Ribeirão Preto (1890-1930). 2015. 313 f. Tese (Doutorado em História) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2015.); ou São João del Rei, Barbacena e Juiz de Fora, em Minas Gerais (DIAS; ROSA, 2019DIAS, Cleber; ROSA, Maria Cristina (org.). Histórias do lazer nas Gerais. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2019.).

Neste artigo, tentando ampliar esse universo de referências, analisamos a história do lazer em um pequeno distrito rural do interior de Minas Gerais na transição entre os séculos XIX e XX. Mais especificamente, analisamos a história do lazer em Nossa Senhora da Aparecida do Cláudio, na época um distrito do município de Oliveira, emancipado em 1912, quando se tornou a atual cidade de Cláudio. A partir do laborioso esforço de reunir notícias ou fragmentos de notícias sobre Cláudio publicadas em jornais de Oliveira, em processos-crime e em livros de memória, em uma atividade quase arqueológica, combinado com o recurso a fotografias e a dados censitários, apresentamos uma interpretação histórica sobre a natureza da dinâmica social de ocupação do tempo livre em um pequeno povoado rural em Minas Gerais na transição entre os séculos XIX e XX, circunstância pouco considerada nos estudos a esse respeito, conforme destacamos.

Em linhas gerais, nossa interpretação aponta para transformações no modo de produção agrícola como principal elemento explicativo para o surgimento de novas modalidades e regimes de ocupação social do tempo livre, caracterizados, basicamente, por uma pequena especialização de funções, em que a oferta e o consumo de lazer, além de mais regulares, são também cada vez mais agenciados por mecanismos comerciais. Tal como em outras regiões, a produção agropecuária crescentemente voltada para o mercado, ao invés da mais tradicional cultura de subsistência, criou os meios e as condições necessárias para essas transformações nos modos de ocupação do tempo livre. A modéstia das dimensões propriamente urbanas de Cláudio, que no período que analisamos aqui era em grandíssima medida uma área rural, assim como a quase inexistência de industrialização na região, não impediu inteiramente essas transformações, ainda que tenham limitado bastante o seu alcance, que afinal nunca atingiu dimensões semelhantes às de grandes centros urbanos. Nesse sentido, conforme argumentamos, a acumulação primitiva resultante da expansão econômica da produção agropecuária na região foi a um só tempo barreira estrutural e condição de possibilidade para transformações modernizadoras na esfera do lazer nesse povoado rural de Minas Gerais.

2 O DISTRITO DE NOSSA SENHORA DA APARECIDA DO CLÁUDIO

No final do século XIX, a atual cidade de Cláudio era um pequeno distrito vinculado ao município de Oliveira, denominado, na época, Nossa Senhora da Aparecida do Cláudio, cuja população, em 1872, era de 4.215 moradores (MINAS GERAIS, 1926MINAS GERAIS. Anuário Estatístico. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1926. 6 v., v. II, p. 20). Não é possível saber quantos moradores viviam na parte urbana e quantos viviam na parte rural do distrito. Sabe-se, no entanto, tendo por base os lançamentos de impostos da Câmara Municipal de Oliveira dos anos de 1900, que Cláudio contava com 22 povoações (GAZETA DE MINAS, 30 set. 1900GAZETA DE MINAS, Oliveira, 30 set. 1900, p. 3., p. 3; 7 out. 1900GAZETA DE MINAS, Oliveira, 7 out. 1900, p. 3., p. 3). Além disso, notícias do jornal Gazeta de Oliveira revelam que o setor produtivo do município de Oliveira, incluindo, portanto, o distrito de Cláudio, estruturava-se a partir de uma economia basicamente rural, ancorada na exportação de gado para o Rio de Janeiro; porcos em toucinho para São João del-Rei, Ouro Preto e Sabará; açúcar para Pitangui; além de café, arroz, feijão, milho, mandioca, azeite de mamona, fumo, batatas e outras leguminosas para o consumo local (GAZETA DE OLIVEIRA, 5 fev. 1888GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 5 fev. 1888, p. 1., p. 1).1 1 GAZETA DE MINAS (MG). Disponível em https://www.gazetademinas.com.br/file-share. Acesso em: 10 out. 2022.

Nesse cenário, o distrito de Cláudio parecia cumprir, em primeiro lugar, funções de abastecimento alimentar. Afora uma pequena atividade voltada para a comercialização de produtos agropecuários, uma parte significativa do trabalho realizado no distrito em fins do século XIX parecia girar ao redor da subsistência. Artigos de jornais da época diziam que tanto nos distritos quanto na sede do município de Oliveira, “rara era a casa que não tinha a sua própria horta” (GAZETA DE OLIVEIRA, 5 fev. 1888GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 5 fev. 1888, p. 1., p. 1).

A parte urbana do distrito, por seu turno, com cerca de 300 casas em 1888, com ruas sem calçamento, água encanada, arborização ou iluminação pública, onde se encontrava a Igreja Matriz, uma Capela de Nossa Senhora do Rosário, uma capela de São Miguel e o cemitério (Figura 1), parecia servir como uma espécie de entreposto para o comércio dedicado ao atendimento dos povoados que compunham o distrito (GAZETA DE OLIVEIRA, 8 mar. 1888GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 8 mar. 1888, p. 1., p. 1).

FIGURA 1
Largo da Matriz de Cláudio (sem data)

Registros de viajantes e artigos de jornais sobre a vida social de Minas Gerais no século XIX reiteravam que muitas “cidades” da região, isto é, a parte urbana de vários desses distritos basicamente rurais, eram pouco movimentadas ao longo da semana (PEREZ, 2018PEREZ, Léa Freitas (coord.). Festas e viajantes em Minas Gerais no século XIX: compêndio de citações. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2018.). Com efeito, esta foi uma característica marcante da vida social de Minas Gerais no século XIX. Não por acaso, cidades eram às vezes chamadas de “vilas domingueiras”, uma vez que era habitual que suas casas e mesmo os seus comércios ficassem fechados ao longo da semana, abrindo apenas aos sábados e sobretudo aos domingos, quando trabalhadores rurais se deslocavam das fazendas até o núcleo desses distritos para assistir a missas, abastecerem-se e tomar parte em outras atividades sociais. Conforme conclusões de Cunha (2009)CUNHA, Alexandre. Mendes. O urbano e o rural em Minas Gerais entre os séculos XVIII e XIX. Cadernos da Escola do Legislativo, v. 11, n. 16, p.57-70, 2009., “vida urbana efetivamente, nessas nucleações, seria algo próprio do fim de semana [...] É no fim de semana que a população rural vai para a cidade” (p. 67).

Em 1899, mesmo na sede do município de Oliveira, que era uma área, por assim dizer, mais urbanizada, um cronista anônimo do jornal da cidade explicitou essa característica “domingueira”, dizendo que o centro da cidade apresentava “o comércio parado, as ruas abandonadas e os largos às moscas”. Em outros momentos, contudo, a mesma cidade se assemelhava, nas palavras dele, “a uma grande e populosa cidade” (GAZETA DE MINAS, 5 mar. 1899GAZETA DE MINAS, Oliveira, 5 mar. 1899, p. 2., p. 2). Tais comentários deixam ver, involuntariamente que seja, a típica sazonalidade que afetava boa parte da vida urbana de Minas Gerais no período, com certo marasmo nos dias úteis e animação um pouco maior nos fins de semana ou momentos de festas.

Em 1914, no arraial de São Francisco de Paula, um correspondente local do mesmo jornal, ao registrar suas impressões sobre o “pitoresco lugar”, notou que várias casas, inclusive as “melhores”, conforme percepção dele, ficavam fechadas durante a semana. Segundo o correspondente: “são de propriedade dos fazendeiros que delas se utilizam em épocas e ocasiões de festas” (GAZETA DE MINAS, 15 fev. 1914GAZETA DE MINAS, Oliveira, 15 fev. 1914, p. 1., p. 1). Em outro registro, também de 1914, mas dessa vez sobre a cidade de Dores do Indaiá, vizinha de Oliveira, as festividades do Rosário teriam feito com que as ruas centrais, “na maioria quietas ordinariamente”, ficassem “em plena quinta-feira com cara de sábado”. Conforme foi noticiado: “todas as casas vazias da cidade estão ocupadas para os dias de festas [...] E chegam a pé, a cavalo e em carros de boi mais roceiros, roceiras e gentis roceirinhas. Caipiras vermelhamente engravatados” (GAZETA DE MINAS, 6 set. 1914GAZETA DE MINAS, Oliveira, 6 set. 1914, p. 2., p. 2).

São sob essas condições que operavam os estabelecimentos comerciais e a pequena estrutura de serviços da parte “urbana” do distrito de Cláudio (Figura 1). Nos últimos anos do século XIX, tais comércios e serviços diziam respeito a um açougue, uma padaria, uma tipografia, uma hospedaria, uma farmácia, um armazém, um empório, uma oficina de alfaiate e um colégio particular, além dos serviços de ferreiro, ourives, sapateiro e mestre de obras (O CLAUDIENSE, 6 mar. 1898O CLAUDIENSE, Claudio, 6 mar. 1898, p. 3-4., p. 3-4; GAZETA DE OLIVEIRA, 21 jun. 1896GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 21 jun. 1896, p. 3., p. 3; 21 mar. 1897GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 21 mar. 1897, p. 3., p. 3; 8 ago. 1897GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 8 ago. 1897, p. 1.; 4 dez. 1898GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 4 dez. 1898, p. 2., p. 2; GAZETA DE MINAS, 26 mar. 1899GAZETA DE MINAS, Oliveira, 26 mar. 1899, p. 3., p. 3). O público desses comerciantes eram fundamentalmente moradores das áreas rurais do distrito, que consumiam tais serviços durante visitas nos fins de semana.

3 DIVERSÕES TRADICIONAIS E MODERNAS EM CLÁUDIO

Nesse cenário, diante de uma população pequena, dispersa por 22 povoados, uma estrutura urbana ainda bastante modesta e relações de trabalho ainda pouco monetizadas, dado que bastante dedicadas a atividades de subsistência, não surpreende o fato de as principais formas de divertimento em Cláudio estarem ligadas, nessa época, às práticas mais tradicionais do universo rural. Diferentemente de um centro urbano como o Rio de Janeiro, onde uma população maior e um ambiente mais urbanizado tornavam possível uma oferta comercial de lazer mais ampla, constante e diversificada, com boliches, bilhares, livrarias, bibliotecas, restaurantes, confeitarias, cafés, museus, teatros, velódromos, hipódromos, estádios de futebol, pistas para patinação e jardins zoológicos, entre várias outras opções (cf. MARZANO; MELO, 2010MARZANO, Andrea; MELO, Victor Andrade de (org.). Vida divertida: histórias do lazer no Rio de Janeiro (1830-1930). Rio de Janeiro: Apicuri, 2010.), em Cláudio, de outro modo, as oportunidades de lazer da população entre o fim do século XIX e princípios do século XX limitavam-se, especialmente, às festas domiciliares ou públicas (notadamente as religiosas) e aos “bares”, “botequins” ou “tavernas” (nas fontes utilizadas aqui não havia distinção clara entre esses termos, que eram empregados de modo intercambiável).

No caso dos estabelecimentos encarregados de vender bebidas, registros da imprensa local revelam a existência desses espaços em diferentes pontos do município. Em dezembro de 1897, por exemplo, um cronista do jornal Gazeta de Oliveira chegou a dizer que não havia, na sede do município, nenhum outro atrativo que pudesse competir com “as garras da taberna” (GAZETA DE OLIVEIRA, 12 dez. 1897GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 12 dez. 1897, p. 2.), onde, segundo este mesmo cronista, em outro artigo publicado no ano seguinte, “os habitues das vendas vão esconder-se do trabalho que reclama seus braços” (GAZETA DE OLIVEIRA, 6 fev. 1898GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 6 fev. 1898, p. 2., p. 2). Em Cláudio, especificamente, como indicador da presença desses estabelecimentos para o lazer dos moradores, em março de 1900, o chefe de polícia, após denúncias de que em alguns bares “se jogava desbragadamente a roleta”, “mandou para ali a força policial disponível para apreender todos os objetos do jogo” (GAZETA DE MINAS, 11 mar. 1900GAZETA DE MINAS, Oliveira, 11 mar. 1900, p. 1., p. 1).

No que diz respeito às festividades, havia um calendário relativamente abundante disponível. Ao longo da última década do século XIX, é possível encontrar notícias sobre festas em comemoração aos dias santos, bem como comemorações de obras inauguradas pelo poder público, além de festas domiciliares que poderiam incluir, entre outras coisas, aniversários, batismos, casamentos e recepção de pessoas proeminentes. Quase invariavelmente, esses registros apontavam para um cenário de muita bebida, comida, dança e música, tendo como palco espaços públicos, fazendas ou casas particulares.

Em fevereiro de 1890, por exemplo, por ocasião do batizado da “gentil filhinha Iracema”, do fazendeiro Capitão Theodosio, alguns rapazes, querendo solenizar o batizado, “levantaram a ideia de uma soirée mais ou menos improvisada, e eles mesmos convidando aqui e acola, trouxeram à noite, para os salões da residência do Capitão, um punhado de moças bonitas e deram começo a festa, a qual esteve animadíssima” (GAZETA DE OLIVEIRA, 2 fev. 1890GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 2 fev. 1890, p. 2., p. 2). Já em abril de 1894, durante os festejos em homenagem ao “glorioso S. José, esposo da virgem santíssima”, a corporação musical Euterpe Claudiense promoveu uma procissão pelas ruas centrais de Cláudio, quando teriam tocado uma “linda e chistosa valsa” (GAZETA DE OLIVEIRA, 29 abr. 1894GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 29 abr. 1894, p. 2., p. 2). Em agosto desse mesmo ano, durante as festividades do Rosário, “alegres bandos, durante o dia e pelo esplendido luar, percorreram as ruas dançando ao som de instrumentos rústicos, enquanto na igreja se celebrava a festa [...] O rei e a rainha, recém-eleitos, obsequiaram o povo com finos doces, boa cerveja e bom café” (GAZETA DE OLIVEIRA, 19 ago. 1894GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 19 ago. 1894, p. 1., p. 1). Em outro registro, em junho de 1896, mencionava-se o “auspicioso consórcio” do Sr. Antônio de Freitas Amorim com a Exma. Sra. D. Julia Vitoy, “cidadãos de alto conceito neste município”, dizia a notícia do jornal. Segundo a nota, o “auspicioso consórcio” teria contado com a participação de “diversas pessoas do arraial [de Cláudio], do Carmo da Mata e de Ouro Preto”. Após a cerimônia civil, foi servida “uma lauta mesa de doces, a qual foram feitos diversos brindes, seguindo-se o baile que ocorreu muito animado até as 3 horas da madrugada” (GAZETA DE OLIVEIRA, 7 jun. 1896GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 7 jun. 1896, p. 1., p. 1).

Como usual, essas notas nos jornais geralmente registravam festas particulares de famílias ricas e socialmente prestigiadas (GOODWIN JUNIOR, 2015GOODWIN JUNIOR, James William. Cidades de papel: imprensa, progresso e tradição (Diamantina e Juiz de Fora, 1884-1914). Belo Horizonte: Fino Traço, 2015.). No entanto, grupos populares certamente também organizavam seus próprios momentos, ainda que evidências documentais a esse respeito sejam mais escassas, especialmente nos jornais, que são as fontes mais abundantes para o contexto de Cláudio que examinamos aqui. Em Juiz de Fora, pesquisa de Nakayama (2016)NAKAYAMA, Marina Fernandes Braga. Divertimentos e tempo livre: experiências dos trabalhadores em Juiz de Fora (1900-1924). 2016. 148 f. Tese (Doutorado em Estudos do Lazer) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2016., analisando processos-crime dos arquivos daquela cidade, identificou vários episódios desenrolados em momentos de lazer. Segundo a autora, a maioria dessas ocorrências foi registrada em áreas rurais de Juiz de Fora, muitas vezes em bares e frequentemente envolvendo jogos. Em Oliveira, de maneira semelhante, documentos do fórum da cidade, depositados nos Arquivos Históricos da Comarca do Rio das Mortes, revelam brigas em mesas de jogos, espancamentos em pagodes ou serenatas, insultos e acusações mútuas durante eventos religiosos, agressões verbais em festas regadas a “bebidas espirituosas” ou casamentos que terminam em violência.

Em Cláudio, mais especificamente, tais arquivos também registram eventos festivos entre grupos populares de áreas rurais. Em 1885, por exemplo, o lavrador Pedro Amaro, de 22 anos, participava de uma festa ao redor de uma fogueira, acompanhado de uma mulher de nome Maria Pontes. Nesse instante, Antônio Teixeira invadiu a festa armado de um pau, uma faca e um revólver, a fim de tentar espancar Maria Pontes, com quem já tinha tido relação (AHCRM, 1885AHCRM - Arquivos Históricos da Comarca do Rio das Mortes. Acervo do Fórum de Oliveira. Processos Crime. Loc. 26, 1885, p. 104.). Conforme já indicado pela historiografia especializada no assunto, momentos de lazer funcionavam como ocasião oportuna para acerto de contas entre casais, vizinhos ou colegas de trabalho (CHALHOUB, 1986CHALHOUB, Sidney. Trabalho, lar e botequim: vida cotidiana e controle social da classe trabalhadora no Rio de Janeiro da Belle Époque. Campinas: Editora da Unicamp, 1986.; CARNEIRO, 2019CARNEIRO, Deivy Ferreira. Uma Justiça que Seduz? ofensas verbais e conflitos comunitários em Minas Gerais (1854-1941). Jundiaí: Paco Editorial, 2019.). No evento em Cláudio, em 1885, como Maria Pontes estava acompanhada de Pedro Amaro, ambos passaram a ser perseguidos por Antônio. Em certo momento, os dois homens começaram a lutar, até que Pedro disparou um tiro em Antônio, mas não o acertou. Na sequência da luta, Pedro desferiu uma facada em Antônio, que dessa vez teve menos sorte e faleceu em consequência dos ferimentos (AHCRM, 1885AHCRM - Arquivos Históricos da Comarca do Rio das Mortes. Acervo do Fórum de Oliveira. Processos Crime. Loc. 26, 1885, p. 104.).

Em outro registro da cidade de Cláudio, dessa vez em 1914, Orozinho Mourão Filho fora preso por um soldado de nome Jeremias, depois de tê-lo ameaçado com um revólver e uma faca. A prisão se deu depois que Jeremias entrara no estabelecimento comercial de um tal Richard Mitre, onde funcionava um bilhar e uma sala de bebidas, a fim de verificar as causas e consequências de um princípio de tumulto no local. Desta feita, Orozinho parece ter se sentido ofendido com as admoestações do soldado, ameaçando-lhe então com o revolver e a faca, até que foi finalmente preso (AHCRM, 1914AHCRM - Arquivos Históricos da Comarca do Rio das Mortes. Acervo do Fórum de Oliveira. Processos Crime, Loc. 74, 1914, p. 94.).

Em mais outro registro, de 1917 e com menos informações, sabemos apenas que Maria Lina recebeu uma pancada na testa durante um leilão no largo da Igreja Matriz (AHCRM, 1917AHCRM - Arquivos Históricos da Comarca do Rio das Mortes. Acervo do Fórum de Oliveira. Processos Crime. Loc. 84, 1917, p. 10.). Em todos esses casos, entrevemos formas cotidianas ou em momentos festivos de ocupação do tempo livre, que envolvem já não apenas indivíduos das famílias mais reputadas da região, senão também trabalhadores.

Para além dessas diversões mais tradicionais, restrita às festas, saraus ou pagodes, grupos das elites da região tentaram introduzir práticas de lazer mais modernas e que estivessem associadas a um ideal de bom gosto e refinamento. Nesse sentido, a organização de clubes literários, recreativos ou teatrais foi um recurso importante. Em 1898, por exemplo, “alguns rapazes amantes das letras”, segundo palavras do correspondente do jornal Gazeta de Oliveira, fundaram um clube recreativo e literário em Cláudio (GAZETA DE OLIVEIRA, 5 jun. 1898GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 5 jun. 1898, p. 1., p. 1). Não sabemos o destino da iniciativa, mas é provável que tenha tido vida curta. As notícias envolvendo as atividades desse clube cedo desapareceram das páginas da imprensa local, quando era comum que lhes oferecesse divulgação enquanto estivessem ativas.

Outra atividade que atendia aos anseios dessas elites locais por diversões mais modernas era os espetáculos oferecidos por companhias ambulantes. Essas companhias, que comercializavam espetáculos de teatro, circo, touradas, fantoches, ilusionismo, prestidigitação, música ou ainda cinematógrafo, diziam trazer em suas bagagens as mais novas modas deflagradas nos principais centros do Brasil e da Europa (DUARTE, 2018DUARTE, Regina Horta. Noites circenses: espetáculos de circo e teatro em Minas Gerais no século XIX. Belo Horizonte: Fino Traço, 2018.). A inauguração de ferrovias em Minas Gerais a partir do quartel final do século XIX parece ter facilitado as possibilidades de ofertas de espetáculos desse tipo. Os trens superavam as dificuldades do transporte animal, agravadas com as estradas geralmente precárias. Com as ferrovias, o pessoal e o material dessas companhias podiam ser transportados com mais rapidez, segurança, conforto e previsibilidade, além de custos menores. No caso do Oeste de Minas Gerais, onde Cláudio estava situada, após a inauguração de uma ferrovia na região, no final da década de 1880, o número de circos que visitaram cidades ali triplicou (XAVIER; AMARAL; DIAS, 2019).

O itinerário de quase todos esses circos privilegiou cidades ou povoados atendidos por estações ferroviárias. Mesmo quando esses circos visitavam cidades ou povoados desprovidos de estações ferroviárias, o novo meio de transporte era utilizado em parte do trajeto, facilitando, em todo caso, o acesso a esses locais. A inauguração de estações tendia a estimular a construção ou melhoramentos de estradas que ligassem povoados sem ferrovias àqueles que contavam com tais facilidades. Desse modo, conforme concluíram Xavier, Amaral e Dias (2019)XAVIER, Rosana Daniele; AMARAL, Daniel Venâncio de Oliveira; DIAS Cleber. Cultura, ferrovias e desenvolvimento econômico: circos em Minas Gerais no final do século 19. Revista de História Regional, v. 24, n. 1, p. 135-159, 2019., “cidades sem ferrovias, mas dentro de um certo raio de distância das cidades com ferrovias, também eram atingidas por transformações desse novo meio de transporte” (p. 150).

Em tais circunstâncias, mesmo em Cláudio, que não contaria com uma estação ferroviária até 1911, as inaugurações das estações de Oliveira em 1889, em Carmo da Mata e Gonçalves Ferreira em 1890 (cf. MINAS GERAIS, 1926MINAS GERAIS. Anuário Estatístico. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1926. 6 v., v. III, p. 426-427), estando esta última situada a cerca de dez quilômetros de distância de Cláudio, parecem ter facilitado a inclusão do distrito nesses circuitos de espetáculos desde essa época. Entre maio e junho de 1892, por exemplo, o Circo Equestre, dirigido pelo artista Lazaro Telles de Freitas, realizou apresentações em Cláudio, logo após ter estado em Oliveira e Carmo da Mata (GAZETA DE OLIVEIRA, 12 jun. 1892GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 12 jun. 1892, p. 2., p. 2). Em junho de 1898, do mesmo modo, a artista Giulietta Dionezi e seu marido, o maestro Emilio Grossini, se instalaram em Cláudio depois de terem visitado Oliveira a fim de oferecer alguns concertos (GAZETA DE OLIVEIRA, 12 jun. 1898GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 12 jun. 1898, p. 1., p. 1). Em outro exemplo, datado de agosto de 1899, a Companhia de Bonecos de Fantoche Briguella, dirigida pelo artista Eurico Fonero, realizou espetáculos em Cláudio, partindo depois para a cidade de Oliveira (GAZETA DE MINAS, 20 ago. 1899GAZETA DE MINAS, Oliveira, 20 ago. 1899, p. 2., p. 2).

Dentro deste circuito, é provável também que as primeiras experiências dos moradores de Cláudio com exibições cinematográficas tenham ocorrido por intermédio de companhias artísticas ambulantes. A partir dos primeiros anos do século XX, a imprensa de Oliveira passou a noticiar a visita de artistas ou empresas ambulantes que ofereciam exibições de cinema, registros que também podem ser encontrados em obras de memorialistas de cidades vizinhas (cf. AZEVEDO; AZEVEDO, 1988AZEVEDO, Francisco Gontijo; AZEVEDO, Antonio Gontijo. Da história de Divinópolis. Belo Horizonte: Graphilivros, 1988.). Em abril de 1903, o Sr. Carlos Leal ofereceu na cidade de Oliveira quatro funções com o seu animatógrafo (GAZETA DE MINAS, 30 ago. 1903GAZETA DE MINAS, Oliveira, 30 ago. 1903, p. 1., p. 1). Em maio de 1906, o proprietário da Companhia de Cavalinhos de Pau e Barquinhos, o Sr. Antenor de Sousa, exibiu seu animatógrafo no salão baixo da Câmara Municipal de Oliveira e no sobrado do Largo da Matriz de Divinópolis (GAZETA DE MINAS, 20 maio 1906GAZETA DE MINAS, Oliveira, 20 maio 1906, p. 1., p. 1). No mês seguinte, isto é, em junho de 1906, o Sr. Carlos Leal visitou novamente Oliveira, depois de exibir seu “moderníssimo aparelho” na cidade de Itapecerica (GAZETA DE MINAS, 1 jun. 1906GAZETA DE MINAS, Oliveira, 1 jun. 1906, p. 2., p. 2). Por fim, já em 1909, a cidade de Oliveira recebeu, em dois momentos diferentes, a visita da Empresa Faleiros & Companhia, que projetou um “repertório de fitas novas e apreciadas”, segundo notícia no jornal Gazeta de Minas (8 abr. 1909GAZETA DE MINAS, Oliveira, 8 abr. 1909, p. 2., p. 2).

Ainda que não tenhamos encontrado fontes da década de 1900 com menções sobre oferta de exibições de cinema especificamente em Cláudio, é possível especular que alguns dos exibidores que percorreram a região do Oeste de Minas nesse período tenham visitado também o distrito. O negócio de artistas ou companhias de espetáculos itinerantes caracterizava-se, desde o quartel final do século XIX, pelas tentativas de excursionar por um circuito mais ou menos amplo de cidades, explorando comercialmente a oferta dessas atividades para o maior número possível de consumidores (XAVIER; AMARAL; DIAS, 2019). Nesse sentido, parece razoável que Cláudio estivesse também no itinerário dos artistas ou empresas que ofereciam espetáculos de cinema itinerante nessa época, tal como ocorria com os circos e outros gêneros.

4 LAZER FRENTE A TRANSFORMAÇÕES DA ESTRUTURA PRODUTIVA

No período que analisamos aqui, mudanças estruturais se processaram paulatinamente em Cláudio, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento do setor agropecuário da região. Já em 1894 registros da imprensa local falavam do florescimento do plantio do café no distrito (GAZETA DE OLIVEIRA, 19 ago. 1894GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 19 ago. 1894, p. 1., p. 1; 29 abr. 1894GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 29 abr. 1894, p. 2., p. 1). Pouco depois, ao longo da década de 1900, a colheita de café em Cláudio ultrapassou as 100 arrobas anuais, concentrando cerca de 75% da produção desta cultura do município de Oliveira, sendo o restante produzido, sobremaneira, no distrito de Carmo da Mata (GAZETA DE MINAS, 21 out. 1900GAZETA DE MINAS, Oliveira, 21 out. 1900, p. 1., p. 1). Em 1903, na esteira da expansão dos cafezais, o fazendeiro Tenente Coronel Domingos da Silva Guimarães instalou o primeiro beneficiador de café no distrito (GAZETA DE MINAS, 12 abr. 1903GAZETA DE MINAS, Oliveira, 12 abr. 1903, p. 2., p. 2). Até 1910, outros três beneficiadores seriam instalados (GAZETA DE MINAS, 14 dez. 1913GAZETA DE MINAS, Oliveira, 14 dez. 1913, p. 1., p. 1). Com importância econômica menor, a produção de outros gêneros agrícolas também ganhou relevância em Cláudio nesse período, sobretudo o milho, a mandioca, a cana-de-açúcar e o arroz, sendo que estes dois últimos receberam, nessa mesma época, “diversos engenhos de cana” e “um beneficiador de arroz” (GAZETA DE MINAS, 14 dez. 1913GAZETA DE MINAS, Oliveira, 14 dez. 1913, p. 1., p. 1).

FIGURA 2
Cafezal do fazendeiro Olintho Diniz, distrito de Carmo da Mata (sem data).

No setor pecuário, o crescimento da demanda por carne nos mercados do Rio de Janeiro alavancou os criadores da cidade de Oliveira e dos seus distritos. As exportações de gado de todo o município tiveram crescimento de mais de 140% na década de 1900 (AMARAL, 2020AMARAL, Daniel Venâncio de Oliveira. Lazer, mercado do entretenimento e circuitos futebolísticos nos sertões de Minas Gerais, 1888-1925. 2020. 208 f. Tese (Doutorado em Estudos do Lazer) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2020.). Os criadores de Cláudio, mais especificamente, valendo-se de pastagens que eram classificadas pela imprensa local como “esplêndidas” e que diziam se conservar “viçosas durante todo o período de seca”, aumentaram seus rebanhos, em particular do gado leiteiro. Logo a produção de leite deu ensejo à fabricação de manteiga. No início da década de 1910, Cláudio contava com 11 estabelecimentos produtores de manteiga (GAZETA DE MINAS, 14 dez. 1913GAZETA DE MINAS, Oliveira, 14 dez. 1913, p. 1., p. 1).

Com a inauguração de uma estação ferroviária no distrito em 1911, os produtores rurais da região ganharam maior facilidade no escoamento da sua produção, bem como na aquisição de maquinários e insumos (GAZETA DE MINAS, 6 ago. 1911GAZETA DE MINAS, Oliveira, 6 ago. 1911, p. 1., p. 1). Já em junho de 1909, quando um cronista da imprensa de Oliveira noticiou a autorização para a construção do ramal que seguiria no sentido de Itapecerica, Gonçalves Ferreira e Cláudio, a justificava se deu, justamente, em razão da região ser “um grande exportador de café e cereais” (GAZETA DE MINAS, 11 jun. 1909GAZETA DE MINAS, Oliveira, 11 jun. 1909, p. 1., p. 1). Assim, ao longo da década de 1910, o setor agropecuário de Cláudio, que vinha ampliando sua produção desde pelo menos o início de 1900, senão antes, obteve um incremento ainda maior, ampliando crescentemente sua produção para o mercado.

Em 1912, incubadoras e criadoras de aves foram instaladas em Oliveira (GAZETA DE MINAS, 19 maio 1912GAZETA DE MINAS, Oliveira, 19 maio 1912, p. 1., p. 1). Em 1916, inaugurou-se a Charqueada Claudiense (GAZETA DE MINAS, 17 set. 1916GAZETA DE MINAS, Oliveira, 17 set. 1916, p. 1., p. 1). Em 1920, segundo dados da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, a produção agropecuária de Cláudio contava 190 estabelecimentos rurais e um rebanho de 47.882 cabeças de gado, porcos e aves, que comercializavam 1.200 toneladas de café, 600 toneladas de milho, 400 toneladas de cascas para curtumes, 220 toneladas de arroz em casca, 130 toneladas de açúcar e rapaduras, 75 toneladas de toucinho, 60 toneladas de farinha de mandioca, 35 toneladas de polvilho, 28 toneladas de manteiga, uma tonelada e meia de fumo, 80 mil litros de aguardente, 120 mil dúzias de ovos, além de 600 cabeças de suínos, 4 mil cabeças de bovinos e 20 mil cabeças de aves. Soma-se a esse comércio uma produção voltada para o abastecimento local que incluía, entre outras coisas, lã, mel, cera, queijo, vinho, feijão e batata inglesa (MINAS GERAIS, 1926MINAS GERAIS. Anuário Estatístico. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1926. 6 v., v. II).

Essa atividade econômica, quase inteiramente ligada aos setores rurais, foi acompanhada ou mesmo permitida por um considerável crescimento populacional. Entre 1888 e 1920, a população de Cláudio saltou de 4.111 pessoas para 12.662, ou seja, um crescimento de mais de 200% em pouco mais de 30 anos (GAZETA DE OLIVEIRA, 15 jan. 1888GAZETA DE OLIVEIRA, Oliveira, 15 jan. 1888, p. 1., p. 1; MINAS GERAIS, 1926MINAS GERAIS. Anuário Estatístico. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1926. 6 v., v. III, p. 846). Esse incremento populacional se concentrou, fundamentalmente, nas áreas rurais do distrito. Ainda em 1920, quase 87% dos moradores de Cláudio (ou 11.000 pessoas) residiam nas áreas rurais da cidade (MINAS GERAIS, 1926MINAS GERAIS. Anuário Estatístico. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1926. 6 v., v. II, p. 927). Neste mesmo ano, explicitando o processo de desenvolvimento rural da cidade, cujo crescimento populacional fornecia o trabalho necessário para movimentar os empreendimentos agropecuários da região, cerca de 86% da mão de obra que declarava sua profissão estava ocupada na “exploração do solo” (MINAS GERAIS, 1926MINAS GERAIS. Anuário Estatístico. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1926. 6 v., v. III, p. 416).

O crescimento populacional e a dinamização econômica das áreas rurais de Cláudio, cuja produção, ao invés da tradicional subsistência, voltava-se, cada vez mais, para a comercialização no mercado de abastecimento, ensejava uma série de outras transformações. Nesse novo cenário, ao menos uma parte da remuneração do trabalho agrícola, além dos mais tradicionais sistemas de arrendamento ou parceria, do qual o agricultor desprovido de propriedade recebia como contrapartida do seu trabalho a possibilidade de acessar a terra para produzir para si mesmo, devia ser realizada em dinheiro, oportunizando, assim, ampliação dos meios circulantes e expansão potencial do mercado consumidor. Documentos censitários do governo de Minas Gerais de 1920 citam médias de salários pagos aos trabalhadores rurais de Cláudio, reforçando a hipótese de que ao menos uma parte dos trabalhos no campo era remunerada em dinheiro nessa época (MINAS GERAIS, 1926MINAS GERAIS. Anuário Estatístico. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1926. 6 v., v. III, p. 245).

Em um contexto de ampliação da demanda e do mercado de consumo, comércios e serviços urbanos poderiam ampliar e aprimorar suas estruturas. Pois foi precisamente o que ocorreu em Cláudio nessa época. Em 1920, funcionavam na cidade 38 casas comerciais e depósitos, além de oito negociantes ambulantes (MINAS GERAIS, 1926MINAS GERAIS. Anuário Estatístico. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1926. 6 v., v. III, p. 809). O setor das diversões da cidade logo também foi afetado por essas transformações. Em 1911, foram inauguradas duas casas de bilhar e um cinema (GAZETA DE MINAS, 24 dez. 1911GAZETA DE MINAS, Oliveira, 24 dez. 1911, p. 3., p. 3; 5 nov. 1911GAZETA DE MINAS, Oliveira, 5 nov. 1911, p. 2., p. 2; 2 nov. 1913GAZETA DE MINAS, Oliveira, 2 nov. 1913, p. 2., p. 2; 20 ago. 1911GAZETA DE MINAS, Oliveira, 20 ago. 1911, p. 1., p. 1).

A inauguração do primeiro cinema permanente de Cláudio, quebrando a dependência de companhias ambulantes para a oferta desse tipo de lazer mais moderno para a população local, criando, assim, uma estrutura que permitia consumo regular desses espetáculos, expressava transformações materiais que se processavam na cidade, ao mesmo tempo em que atendia aos desejos simbólicos de progresso e modernidade preconizados por grupos letrados. O próprio nome do cinema (“Arts et Labor”), grafado em francês, cujo edifício era celebrado pela imprensa local como “elegante” e “confortável”, já denunciava suas pretensões de sofisticação (GAZETA DE MINAS, 25 fev. 1912GAZETA DE MINAS, Oliveira, 25 fev. 1912, p. 2., p. 2).

Além da inauguração dos bilhares e do cinema, quatro clubes sociais e um clube esportivo entraram em funcionamento nessa mesma época: Elite Clube Literário e Recreativo Claudiense, Clube Recreativo Claudiense, Sociedade União Claudiense, Sociedade Cruzeiro do Sul e Independência Foot-Ball Club. Sabemos ainda que duas corporações musicais participavam das festividades promovidas por esses clubes: a Banda Musical Claudiense e a Banda Santa Cecília (GAZETA DE MINAS, 10 set. 1911GAZETA DE MINAS, Oliveira, 10 set. 1911, p. 1., p. 1; 5 nov. 1911GAZETA DE MINAS, Oliveira, 5 nov. 1911, p. 2., p. 2; 25 fev. 1912GAZETA DE MINAS, Oliveira, 25 fev. 1912, p. 2., p. 2; 10 mar. 1912GAZETA DE MINAS, Oliveira, 10 mar. 1912, p. 2., p. 2). Antes disso, em 1894, temos já notícia da Euterpe Claudiense, além da Corporação Lira Municipal de Claudio (Figura 3). Todas essas bandas atuavam em bailes e eventos sociais diversos, em festas religiosas, em jogos de futebol, em comemorações de datas cívicas e eventualmente em espetáculos de circos e outras companhias artísticas.

FIGURA 3
Corporação Lira Municipal de Claudio (sem data).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em que pese os esforços para dotar a área urbana de Cláudio de alguns elementos modernos, o distrito, mesmo depois de transformado em cidade, ainda conservava características predominantemente rurais. O número de imóveis urbanos, calculados em mais de 300 no final do século XIX, teve uma queda para 277 em 1920 (MINAS GERAIS, 1926MINAS GERAIS. Anuário Estatístico. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1926. 6 v., v. II, p. 927). Ainda no final da década de 1910, o centro de Cláudio não contava com serviços de calçamento, arborização ou ajardinamento nas suas ruas e praças. Também não havia imóveis atendidos com eletricidade. Nessa época, serviços de abastecimento domiciliar de água atendiam apenas 25% dos imóveis e a cidade não contava com nenhum automóvel: o transporte local de pessoas e produtos era realizado por 126 carros de boi e seis carroças (MINAS GERAIS, 1926MINAS GERAIS. Anuário Estatístico. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1926. 6 v., III, p. 661).

Tudo isso era registrado e escrutinado pelas próprias elites locais, que frequentemente se queixavam dos aspectos ainda marcadamente rurais da cidade, notadamente a presença de animais nas ruas, muitas vezes tomada como símbolo de atraso e de incontornável incapacidade de modernização urbana. Em dezembro de 1899, por exemplo, na cidade de Oliveira, sede do município e uma das suas áreas mais urbanizadas, moradores do Largo do Cruzeiro e ruas adjacentes endereçaram uma reclamação ao poder público contra a permanência diuturna de vacas, bezerros e cabritos nas ruas destes locais (GAZETA DE MINAS, 10 dez. 1899GAZETA DE MINAS, Oliveira, 10 de dezembro de 1899, p. 1., p. 1). No distrito do Japão, do mesmo modo, solicitava-se uma ação mais incisiva do poder público para colocar fim na “quantidade enorme de porcos divagando diariamente pelas ruas da povoação” (GAZETA DE MINAS, 28 maio 1899GAZETA DE MINAS, Oliveira, 28 de maio de 1899, p. 1., p. 1).

Todavia, a região foi também afetada por iniciativas para melhoramentos urbanos. Em 1911, foram autorizados os trabalhos de ampliação dos serviços de abastecimento domiciliar de água, além da construção do cemitério municipal e de um matadouro público (GAZETA DE MINAS, 3 jun. 1900GAZETA DE MINAS, Oliveira, 3 jun. 1900, p. 2., p. 2; 2 nov. 1913GAZETA DE MINAS, Oliveira, 2 nov. 1913, p. 2., p. 2). Em 1913, um prédio para um grupo escolar foi construído (GAZETA DE MINAS, 18 maio 1913GAZETA DE MINAS, Oliveira, 18 maio 1913, p. 1., p. 1). Na esteira dos mesmos processos, pequenas transformações na estrutura de oferta e consumo de lazer de Cláudio, como a inauguração de bilhares, bandas de música, clubes sociais, literários e esportivos ou do primeiro cinema permanente da cidade, também se processaram.

Direta e indiretamente, tanto os poucos melhoramentos urbanos realizados no período quanto a pequena ampliação e diversificação da estrutura de oferta de oportunidades de lazer guardam relações com o processo de expansão da produção agropecuária voltada para a comercialização no mercado. Esse processo, diferentemente da mais tradicional produção para subsistência, gerava capitais e ampliava os meios circulantes, ainda que modestamente e de maneira bastante limitada, permitindo, em todo caso, que mais pessoas participassem de relações de troca intermediadas por dinheiro. Em alguma medida, tais processos também diziam respeito ao lazer, que progressivamente se tornava uma mercadoria. É esta, afinal, a principal diferença entre as formas tradicionais e modernas de ocupação do tempo livre (DIAS, 2018bDIAS, Cleber. Mercantilização do lazer no Brasil. Licere, v. 21, n. 2, p. 364-403, 2018b.).

A manutenção de empreendimentos comerciais em Cláudio, fossem companhias de artistas ambulantes ou estabelecimentos fixos e regulares, como bilhares, cinemas ou clubes, dependia da circulação de fazendeiros e trabalhadores rurais na parte urbana da cidade, bem como da disponibilidade de recursos em dinheiro para a aquisição de ingressos ou pagamento de mensalidades. Não por acaso, ainda em 1920, o cinema da cidade funcionava apenas nos finais de semana (MINAS GERAIS, 1926MINAS GERAIS. Anuário Estatístico. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1926. 6 v., v. V, p. 334), quando a circulação na parte urbana aumentava com a vinda de moradores e trabalhadores das partes rurais.

Assim, entre o fim do século XIX e princípios do século XX, o lazer em Cláudio combinou dimensões aparentemente contrastantes, quais sejam, o trabalho e a moradia no campo, de um lado, com fruições eventuais de diversões urbanas, de outro. Essa espécie de dualidade estrutural marcou em dois sentidos diferentes e complementares o modo de desenvolvimento do lazer na cidade: ofereceu os meios e as condições de possibilidade para o desenvolvimento inicial de uma oferta comercial e mais diversificada de oportunidades de consumo de entretenimento e diversão, ao mesmo tempo em que limitou o alcance dos negócios nesse novo setor dos serviços urbanos, dado os típicos limiares de expansão econômica possíveis por meio da acumulação primitiva promovida pelo setor primário.

  • 1
    GAZETA DE MINAS (MG). Disponível em https://www.gazetademinas.com.br/file-share. Acesso em: 10 out. 2022.
  • FINANCIAMENTO
    O presente trabalho foi realizado sem o apoio de fontes financiadoras.
  • ÉTICA DE PESQUISA
    O trabalho seguiu os critérios éticos de pesquisa, conforme expressos nas Resoluções 466/12 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde.

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Editado por

RESPONSABILIDADE EDITORIAL
Alex Branco Fraga *, Elisandro Schultz Wittizorecki *, Mauro Myskiw *, Raquel da Silveira *
*Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Porto Alegre, RS, Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Dez 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    20 Abr 2022
  • Aceito
    12 Set 2022
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