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Prevalência e fatores associados aos sintomas de depressão, ansiedade e estresse em professores universitários durante a pandemia da COVID-19

Prevalence and factors associated with depression, anxiety, and stress symptoms among professors during COVID-19 pandemic

RESUMO

Objetivo:

Estimar a prevalência e os fatores associados aos sintomas da depressão, ansiedade e estresse em professores universitários da área da saúde no período da pandemia da COVID-19.

Métodos:

Trata-se de um estudo analítico, de caráter transversal e abordagem quantitativa com 150 professores universitários da área da saúde. Os instrumentos utilizados foram: um formulário de coleta de dados sociodemográficos, econômicos e trabalhistas. A saúde mental foi avaliada pela Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse-21 (DASS-21). A associação entre as variáveis estudadas e a prevalência de sintomas da depressão, ansiedade e estresse foi verificada por análise bivariada seguida de regressão de Poisson, com variância robusta.

Resultados:

A amostra final foi composta por 150 indivíduos, sendo a média de idade de 41,4 ± 7,9 anos, e a maioria da amostra investigada é do sexo feminino (74%). Entre os professores, 50% apresentaram sintomas de depressão, 37,4% relataram sintomas de ansiedade e 47,2% apresentaram sintomas de estresse. Após análise múltipla, observou-se que os sintomas da depressão estiveram associados à variável trabalhar em mais de uma instituição de ensino superior. As variáveis que se mostraram associadas à ansiedade foram: faixa etária ≥ 40 anos e pessoas sem companheiro fixo. Já o estresse se mostrou associado à variável estado civil sem companheiro fixo.

Conclusão:

A prevalência de sintomas da depressão, ansiedade e estresse em professores universitários da área da saúde foi elevada, e fatores sociodemográficos e trabalhistas se mantiveram associados aos desfechos investigados.

PALAVRAS-CHAVE
Depressão; ansiedade; estresse; docentes; prevalência

ABSTRACT

Objective:

To estimate the prevalence and factors associated with symptoms of depression, anxiety and stress in university professors in the health field during the pandemic period of COVID-19.

Methods:

This is an analytical, cross-sectional study with a quantitative approach with 150 university professors in the health field. The instruments used were: a form for collecting socio-demographic, economic and labor data. Mental health was assessed using the Depression, Anxiety and Stress Scale-21 (DASS-21). The association between the variables studied and the prevalence of symptoms of depression, anxiety and stress was verified by bivariate analysis followed by Poisson regression, with robust variance.

Results:

The final sample consisted of 150 individuals with a mean age of 41.4 ± 7.9 years with the majority being female (74%). 50% of the teachers had symptoms of depression, 37.4% reported symptoms of anxiety and 47.2% had symptoms of stress. After multiple analysis, it was observed that the symptoms of depression were associated with the variable working in more than one institution of higher education. The variables that were shown to be associated with anxiety were: age group ≥ 40 years and people without a steady partner. Stress was associated with the variable marital status without a steady partner.

Conclusion:

The prevalence of symptoms of depression, anxiety and stress in university professors in the health area was high, and sociodemographic and labor factors remained associated with the investigated outcomes.

KEYWORDS
Depression; anxiety; stress; teachers; prevalence

INTRODUÇÃO

Os problemas relacionados à saúde mental não são de diagnóstico simples, sobretudo por exigir mais do profissional médico, de sua expertise no exame clínico, do que de exames complementares. Dessa forma, é comum para os pacientes não reconhecerem seus sinais, de modo que sintomas de ansiedade e estresse podem ser negligenciados. Porém, com o passar do tempo, esses sinais e sintomas podem se agravar e, com isso, culminar em depressão, que, para cada pessoa, pode se apresentar com sintomatologias e características diferentes11 Costa DS, Medeiros NSB, Cordeiro RA, Frutuoso ES, Lopes JM, Moreira SNT. Sintomas de Depressão, Ansiedade e Estresse em Estudantes de Medicina e Estratégias Institucionais de Enfrentamento. Rev Bras Educ Méd. 2020:44(11):e040.. Entretanto, o que se sabe é que pessoas com depressão apresentam sintomas como desânimo, ataques de pânico, além de momentos de angústia, na qual desencadeiam o choro, e, na maioria das vezes, a própria pessoa não sabe explicar o motivo que levou a desencadeá-lo. Cada pessoa sente em uma intensidade diferente, algumas chegam a um estado crítico e acabam por tirar a própria vida11 Costa DS, Medeiros NSB, Cordeiro RA, Frutuoso ES, Lopes JM, Moreira SNT. Sintomas de Depressão, Ansiedade e Estresse em Estudantes de Medicina e Estratégias Institucionais de Enfrentamento. Rev Bras Educ Méd. 2020:44(11):e040.33 Assumpção GLS, Oliveira LA, Souza MFS. Depressão e suicídio: uma correlação. Pretextos – Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas. 2018;3(5)..

Os profissionais envolvidos em atividades em que há o contato direto com o público, como os da educação e da saúde, estão mais expostos aos riscos psicossomáticos44 Ferreira RC, Silveira AP, Sá MAB, Feres SBL, Souza JG, Martins AMEBL. Transtorno mental e estressores no trabalho entre professores universitários da área da saúde. Trab Educ Saúde. 2015;13(Supl 1):135-55.. Na área da educação, sintomas de depressão, ansiedade e estresse são considerados como os principais motivos de afastamento de professores, pois a cada dia esse número cresce por causa da sobrecarga e da forma como as atividades são impostas no ambiente de trabalho, fatores esses que têm contribuído para o adoecimento dos docentes55 Diehl L, Marin AH. Adoecimento mental em professores brasileiros: revisão sistemática da literatura. Est Inter Psicol. 2016;7(2):64-85..

O termo “depressão” tem sido empregado na área da psiquiatria para designar as alterações no estado afetivo, em que o indivíduo apresenta sinais de tristeza ou ainda sintomas, síndromes e doenças66 Monteiro LCC, Lage AMV. Depressão – uma psicopatologia classificada nos Manuais de Psiquiatria. Psicol Cienc Prof. 2002;27(1):106-19.. Os principais sintomas que auxiliam no diagnóstico da depressão são humor deprimido ou irritável e interesse ou prazer diminuído em quase todas as atividades. Podem ser observados ainda, em indivíduos com síndrome depressiva, sintomas como perda ou ganho significativo de peso, insônia ou hipersonia, agitação ou retardo psicomotor, fadiga, sentimento de inutilidade ou culpa excessiva, capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se e ideação suicida, tentativa ou plano suicida. Esse transtorno pode aparecer como uma resposta a situações reais, devido a uma reação vivencial depressiva, quando diante de fatos desagradáveis e aborrecedores, frustrações e perdas77 American Psychiatric Association (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-IV. 4ᵃ ed. Porto Alegre: Artes Médicas; 1995.,88 Organização Mundial da Saúde (OMS). Classificação dos Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10. Porto Alegre: Artes Médicas; 1993..

A ansiedade é um estado que exprime a experiência subjetiva do indivíduo, compreendendo um conjunto de sinais e sintomas que envolvem o campo físico, emocional, mental e existencial. Trata-se de uma resposta psicológica e física à ameaça do autoconceito e caracterizada por um sentimento subjetivo de apreensão. A ansiedade pode estar associada à relação da pessoa com o ambiente ameaçador em que ela está inserida e é provocada por um aumento inesperado ou previsto de tensão ou desprazer. Destaca-se que altos níveis de ansiedade podem afetar o desempenho do indivíduo99 Barros ALBL, Humerez DC, Fakih FT, Michel JLM. Situações geradoras de ansiedade e estratégias para seu controle entre enfermeiras: estudo preliminar. Rev Latino-Am Enfermagem. 2003;11(5):585-92.,1010 Carvalho R, Farah OGD, Galdeano LE. Níveis de ansiedade de alunos de graduação em enfermagem frente à primeira instrumentação cirúrgica. Rev Latino-Am Enfermagem. 2004;12(6):918-23..

O estresse, assim como a ansiedade, surge como consequência direta dos persistentes esforços do indivíduo em se adaptar a sua situação existencial ou a alguma experiência que gera sentimentos de tensão, ansiedade, medo ou amea-ça, que pode ser de origem interna ou externa. O estresse é quase sempre visualizado como algo negativo que ocasiona prejuízo no desempenho global do indivíduo. No entanto, o estresse nem sempre é um fator de desgaste emocional e físico, mas, sim, um mecanismo natural de defesa do organismo1111 Stacciarini JM, Tróccoli BT. O estresse na atividade ocupacional do enfermeiro. Rev Latino-Am Enfermagem. 2001;9(2):17-25.,1212 Favassa CTA, Armiliato N, Kalinine I. Aspectos fisiológicos e psicológicos do Estresse. Rev Psicol UnC. 2005;2(2):84-92..

A depressão, a ansiedade e o estresse estão associados à diminuição da produtividade, do desempenho no trabalho, da qualidade de vida e da saúde dos trabalhadores, além de limitar a contribuição que o portador de seus sintomas poderia dar à sociedade, dessa maneira, causando impacto na vida do indivíduo que a desenvolve1313 Fernandes MA, Ribeiro HKP, Santos JDM, Monteiro CFS, Costa RS, Soares RFS. Prevalence of anxiety disorders as a cause of workers’ absence. Rev Bras Enferm. 2018;71(5):2344-51.. A atividade docente associada a condições precárias de trabalho pode ser fator importante no desencadeamento de doenças, além de provocar o afastamento do docente devido à perda de capacidade física e psíquica para desenvolver suas atividades1414 Ferreira-Costa RQ, Pedro-Silva N. Levels of anxiety and depression among early childhood education and primary education teachers. Pro-Posições. 2019;30:e20160143..

Diante dos problemas e demandas atuais, esses profissionais precisam de competência pedagógica, social e emocional para estimular a construção crítica dos indivíduos para que aprendam a ser e a conviver na sociedade como sujeitos conscientes, reflexivos e participativos, mas, para isso, é fundamental que também estejam física e mentalmente saudáveis55 Diehl L, Marin AH. Adoecimento mental em professores brasileiros: revisão sistemática da literatura. Est Inter Psicol. 2016;7(2):64-85..

No que se refere à depressão, à ansiedade e ao estresse, essas patologias têm se agravado no período da pandemia da COVID-19. Os professores tiveram que reinventar a forma de ensinar, considerando o exercício do trabalho remoto, que evidenciou a precarização da atividade docente, com aumento da carga horária on-line involuntária, já que há necessidade de o docente estar conectado e envolvido com suas atividades por um período de tempo muito maior e sem remuneração prevista1515 Santos GMRS, Silva ME, Belmonte BR. COVID-19: emergency remote teaching and university professors’ mental health. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2021;21(Supl 1):S237-43.. Estudos demonstram que essa condição impacta não apenas as dimensões financeiras, afetivas e éticas dos docentes, mas também as dimensões motivacionais, levando ao desânimo, à depressão, à ansiedade e à exaustão1515 Santos GMRS, Silva ME, Belmonte BR. COVID-19: emergency remote teaching and university professors’ mental health. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2021;21(Supl 1):S237-43.,1616 Cruz RM, Rocha RER, Adreoni S, Pesca AD. Retorno ao trabalho? Indicadores de saúde mental em professores durante a pandemia da COVID-19. Polyphonía. 2020;31(1):325-44..

Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a COVID-19 como uma pandemia1717 World Health Organization. Coronavirus disease 2019: situation Report-46. Geneva; 2020. Disponível em: https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/situation-reports/20200306-sitrep-46-covid-19.%20pdf?sfvrsn=96b04adf_2. Acesso em: 12 jun. 2020.
https://www.who.int/docs/default-source/...
. A COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, que apresenta um quadro clínico que varia de infecções assintomáticas a quadros respiratórios graves1818 Lescure FX, Bouadma L, Nguyen D, Parisey M, Wicky PH, Behillil S, et al. Clinical and virological data of the first cases of COVID-19 in Europe: a case series. Lancet Infect Dis. 2020;20(6):697-706.,1919 Wu F, Zhao S, Yu B, Chen YM, Wang W, Zhi-Gang C, et al. A new coronavirus associated with human respiratory disease in China. Nature. 2020;579(7798):265-9.. Sendo assim, o Ministério da Educação, em caráter excepcional, por meio das Portarias nºs 343 e 345, de 17 e 19 de março de 2021, respectivamente, autorizou que instituições de educação superior públicas e privadas substituíssem disciplinas presenciais por aulas que utilizem meios e tecnologias de informação e comunicação em cursos que estão em andamento2020 Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação esclarece principais dúvidas sobre o ensino no país durante pandemia do coronavírus. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/busca-geral/12-noticias/acoes-programas-e-projetos-637152388/87161-conselho-nacional-de-educacao-esclarece-principais-duvidas-sobre-o-ensino-no-pais-durante-pandemia-do-coronavirus. Acesso em: 8 jun. 2020.
http://portal.mec.gov.br/busca-geral/12-...
. E de acordo com um noticiário publicado pela Universidade de São Paulo2121 Universidade de São Paulo (USP). Um guia para sobreviver à pandemia do ensino remoto. Disponível em: http://www.saocarlos.usp.br/um-guia-para-sobreviver-a-pandemia-do-ensino-remoto/. Acesso em: 8 jun. 2020.
http://www.saocarlos.usp.br/um-guia-para...
, a partir desse acontecimento, tanto os alunos quanto os professores passaram a vivenciar a experiência inédita do ensino remoto em massa e, nesse contexto, o processo de ensino e aprendizagem se tornou complexo, visto que o processo de aprender superou o simples fato de transmitir informações2121 Universidade de São Paulo (USP). Um guia para sobreviver à pandemia do ensino remoto. Disponível em: http://www.saocarlos.usp.br/um-guia-para-sobreviver-a-pandemia-do-ensino-remoto/. Acesso em: 8 jun. 2020.
http://www.saocarlos.usp.br/um-guia-para...
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É um desafio reconstruir no mundo on-line todas as relações e a estrutura de apoio de uma escola2121 Universidade de São Paulo (USP). Um guia para sobreviver à pandemia do ensino remoto. Disponível em: http://www.saocarlos.usp.br/um-guia-para-sobreviver-a-pandemia-do-ensino-remoto/. Acesso em: 8 jun. 2020.
http://www.saocarlos.usp.br/um-guia-para...
. E isso tem gerado ainda mais estresse e ansiedade entre os docentes do Brasil e do mundo, uma vez que o processo de ensino aprendizagem vai além de disponibilizar os conteúdos de forma on-line, sendo preciso assegurar de forma profícua que as habilidades e competências dos estudantes sejam garantidas; para isso, cabe ao professor se reinventar e planejar as novas metodologias para oferta do conteúdo de forma remota, o que, associado ao isolamento social, acaba por ocasionar ainda mais sintomas de depressão, ansiedade e estresse1515 Santos GMRS, Silva ME, Belmonte BR. COVID-19: emergency remote teaching and university professors’ mental health. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2021;21(Supl 1):S237-43.,1616 Cruz RM, Rocha RER, Adreoni S, Pesca AD. Retorno ao trabalho? Indicadores de saúde mental em professores durante a pandemia da COVID-19. Polyphonía. 2020;31(1):325-44..

Além disso, recentemente, em uma revisão de literatura, apontou-se que são escassos os estudos sobre a relação do sofrimento psíquico e a instabilidade emocional dos docentes em decorrência do ensino remoto emergencial1515 Santos GMRS, Silva ME, Belmonte BR. COVID-19: emergency remote teaching and university professors’ mental health. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2021;21(Supl 1):S237-43.. Sendo assim, estudos que avaliam a prevalência de sofrimento psíquico e os fatores associados nessa população se tornam relevantes. Nesse contexto, o presente estudo buscou estimar a prevalência e os fatores associados aos sintomas da depressão, ansiedade e estresse em professores universitários da área da saúde no período da pandemia da COVID-19.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo epidemiológico analítico, de caráter transversal e abordagem quantitativa2222 Lima-Costa MF, Barreto SM. Tipos de estudos epidemiológicos: conceitos básicos e aplicações na área do envelhecimento. Epidemiol Serv Saúde. 2003;12:189-201.. A população do estudo foi composta por professores universitários de ambos os sexos, com faixa etária entre 25 e 62 anos de idade, que lecionam em sete cursos superiores da área da saúde de uma instituição de ensino superior (IES) privada da cidade de Montes Claros, norte de Minas Gerais, sendo eles: Biomedicina, Ciências Biológicas (bacharelado), Enfermagem, Farmácia, Nutrição, Odontologia e Psicologia.

Para o cálculo do tamanho amostral, considerou-se o total de professores vinculados à IES no primeiro semestre do ano de 2020 (250), prevalência desconhecida do desfecho (50%)2323 Szwarcwald CL, Damacena GN. Amostras complexas em inquéritos populacionais: planejamento e implicações na análise estatística dos dados. Rev Bras Epidemiol. 2008;11(1):38-45., erro tolerável de 5% e intervalo de confiança de 95%, totalizando uma amostra mínima de 150 docentes universitários. A amostra não sofreu randomização, tendo sido completada à medida que os questionários eram respondidos.

Foram incluídos os docentes dos cursos da área da saúde da IES que estavam em distanciamento social desde o início da pandemia (março/2020), quando as aulas presenciais foram substituídas pelo ensino remoto emergencial. Foi escolhido esse público-alvo para participar do estudo, uma vez que a literatura evidencia que profissionais da educação e da saúde estão mais expostos aos riscos psicossomáticos44 Ferreira RC, Silveira AP, Sá MAB, Feres SBL, Souza JG, Martins AMEBL. Transtorno mental e estressores no trabalho entre professores universitários da área da saúde. Trab Educ Saúde. 2015;13(Supl 1):135-55.. O critério de exclusão foi docente em afastamento temporário, em desvio de função ou que no presente momento estavam prestando serviços para a IES que não fosse a docência.

Após a apresentação do projeto de pesquisa e da assinatura do Termo de Concordância Institucional dos gestores da IES autorizando a realização do estudo nas dependências da instituição, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) das Faculdades Integradas do Norte de Minas, tendo sido avaliado e aprovado sob o Parecer nº 4.195.679 (CAAE 34536820.0.0000.5141).

Após a aprovação do CEP, os docentes foram convidados para participar do estudo. Caso o docente aceitasse, era necessário que ele assinasse o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) on-line, no qual estavam descritos o objetivo do estudo, o procedimento de avaliação e o caráter de voluntariedade da participação. Os participantes do estudo que concordaram em participar da presente pesquisa de forma voluntária responderam ao questionário no Formulário Google Forms®.

Para coleta de dados on-line, utilizou-se a rede social, de forma pública, WhatsApp@ como meio de disseminação ao público-alvo, por meio da qual foi enviado o formulário para 220 docentes. O instrumento ficou disponível durante sete dias consecutivos, entre os dias 11 e 17 de outubro de 2020; para garantir que apenas os docentes da IES supracitada respondessem ao questionário, ele foi vinculado ao e-mail institucional dos professores, que tinham direito a responder ao instrumento apenas uma vez. Os primeiros 150 docentes que responderam ao questionário foram incluídos na amostra.

Os dados foram coletados utilizando um questionário que abordava aspectos sociodemográficos, econômicos e trabalhistas. Antes do período da coleta de dados, conduziu-se um estudo-piloto com um grupo de 10 professores, que não fizeram parte da amostra final. O estudo-piloto permitiu que fosse o questionário testado na prática. Após essa fase, a pesquisa de campo foi iniciada. Pequenas alterações de conteúdo foram realizadas no questionário.

As variáveis coletadas para caracterizar os aspectos sociodemográficos, econômicos e trabalhistas foram: sexo (feminino; masculino), idade (em anos e posteriormente dicotomizada em <41 anos; ≥41 anos, levando em consideração a média da idade), estado conjugal (com companheiro fixo; sem companheiro fixo), cor da pele (branca; não branca), renda mensal (≥5 salários mínimos; <5 salários mínimos), titulação máxima (especialização; mestrado/doutorado), área de formação (biológicas/saúde; outras áreas – exatas + humanas + sociais aplicadas), trabalho em mais de uma IES (não; sim) e carga horária de trabalho semanal (<37 horas; ≥37 horas, levando em consideração a média da carga horária).

A saúde mental foi avaliada pela Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse-21 (DASS-21), adaptada e validada para a língua portuguesa por Vignola e Tuci2424 Vignola RCB, Tucci AM. Adaptation and validation of the depression, anxiety and stress scale (DASS) to Brazilian Portuguese. J Affect Disord. 2014;155:104-9.. A DASS-21 é um instrumento de autorrelato com 21 questões, e sua pontuação é baseada em uma escala do tipo Likert de quatro pontos, variando de 0 (não se aplicou a mim) a 3 (aplicou-se muito), referente ao sentimento da última semana. As perguntas 3, 5, 10, 13, 16, 17 e 21 formam a subescala de depressão. As perguntas 2, 4, 7, 9, 15, 19 e 20 formam a subescala de ansiedade. As perguntas 1, 6, 8, 11, 12, 14 e 18 formam a subescala de estresse. Para a pontuação final, os valores de cada subescala foram somados e multiplicados por dois para corresponder à pontuação da escala original (DASS-42)2525 Saadi TA, Addeen SZ, Turk T, Abbas F, Alkhatib M. Psychological distress among medical students in conflicts: A cross-sectional study from Syria. BMC Med Educ. 2017;17(1):173..

A classificação dos sintomas de estresse foi: 0-10 = normal; 11-18 = leve; 19-26 moderado; 27-34 = severo; 35-42 = extremamente severo. A classificação dos sintomas de ansiedade foi: 0-6 normal; 7-9 = leve; 10-14 = moderado; 15-19 = severo; 20-42 = extremamente severo. A classificação dos sintomas de depressão foi: 0-9 = normal; 10-12 = leve; 13-20 = moderada; 21-17 = severo; 28-42 = extremamente severo1818 Lescure FX, Bouadma L, Nguyen D, Parisey M, Wicky PH, Behillil S, et al. Clinical and virological data of the first cases of COVID-19 in Europe: a case series. Lancet Infect Dis. 2020;20(6):697-706.. Os sintomas da depressão, ansiedade e estresse foram dicotomizados em ausência e presença, e esta última englobou a pontuação que classificou os sintomas em leve, moderado, severo e extremamente severo e foram designados como variáveis dependentes2626 Corrêa CA, Verlengia R, Ribeiro AGSV, Cris AH. Níveis de estresse, ansiedade, depressão e fatores associados durante a pandemia de COVID-19 em praticantes de Yoga. Rev Bras Ativ Fis Saúde. 2020;25:e0118..

Os dados foram analisados com o auxílio dos softwares Microsoft Excel® e Statistical Package for Social Sciences (SPSS)®, versão 22. Foi realizada análise descritiva para caracterizar as variáveis estudadas. Para apresentação da distribuição e medida de tendência central das variáveis contínuas numéricas, utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov para testar a normalidade dos dados. Análises bivariadas foram rea-lizadas para identificar fatores associados à variável resposta por meio do teste qui-quadrado de Person. A magnitude das associações foi estimada a partir das razões de prevalência (RPs). Por se tratar de uma alternativa para a análise de estudos transversais com resultados binários e prevalência do desfecho acima de 10%2727 Barros AJD, Hirakata VN. Alternatives for logistic regression in cross-sectional studies: an empirical comparison of models that directly estimate the prevalence ratio. BMC Med Res Methodol. 2003;3:21., foi utilizada a regressão de Poisson, com variância robusta, para calcular as RPs ajustadas, considerando, de forma conjunta, as variáveis independentes que estiveram associadas com os sintomas da depressão, ansiedade e estresse na análise bivariada, considerando um nível de significância de 20% (p < 0,20). A seleção das variáveis no modelo foi realizada com o critério backward stepwise. Para a análise final, considerou-se um nível de significância de p < 0,05 ou 5%.

RESULTADOS

Um total de 150 indivíduos responderam o questionário entre os dias 11 a 17 de outubro de 2020. A média de idade dos participantes foi de 41,4 ± 7,9 anos, variando entre 25 e 62 anos; a maioria da amostra investigada é do sexo feminino (74%). A renda média dos professores foi de 5.385,81 ± 2.490,5 reais, o tempo médio docência foi de 11,21 ± 4,9 anos e a carga horária média de trabalho semanal foi de 37,13 ± 16,6 horas. Na tabela 1, são encontradas as características sociodemográficas, econômicas e trabalhistas dos participantes do estudo.

Tabela 1
Características sociodemográficas, econômicas e trabalhistas de professores universitários da área da saúde – Montes Claros, MG (n = 150)

A tabela 2 mostra os dados referentes à escala DASS-21. A pontuação mediana dos sintomas de depressão durante o surto da COVID-19 foi 9,0, variando entre 0 e 42 pontos. A mediana de ansiedade foi 6,0, variando entre 0 e 42. E a mediana de estresse foi 16,0, variando entre 0 e 40. Observou-se que 50% dos professores apresentaram sintomas de depressão, 34,6% relataram sintomas de ansiedade e 42,6% apresentaram sintomas de estresse.

Tabela 2
Descrição das variáveis de depressão, ansiedade e estresse pela escala DASS-21 em professores universitários da área da saúde – Montes Claros, MG (n = 150)

A tabela 3 apresenta os resultados das análises bivariadas dos fatores associados aos sintomas da depressão, ansiedade e estresse avaliados pela escala DASS-21. Verificou-se que as seguintes variáveis se mostraram associadas à depressão ao nível de significância de p < 0,20: faixa etária, estado civil, cor da pele, titulação máxima e trabalhar em mais de uma IES. As variáveis que se mostraram associadas à ansiedade foram: faixa etária, estado civil, renda e titulação máxima. Já as variáveis que se associaram ao estresse foram: estado civil, cor da pele e trabalhar em mais de uma IES.

Tabela 3
Distribuição (%) dos sintomas de depressão, ansiedade e estresse segundo as características sociodemográficas, econômicas e trabalhistas – Montes Claros, MG (n = 150)

Após análise múltipla, observou-se que os sintomas da depressão estiveram associados à variável trabalhar em mais de uma IES. As variáveis que se mostraram associadas à ansiedade foram: faixa etária ≥ 40 anos e pessoas sem companheiro fixo. Já o estresse se mostrou associado à variável estado civil sem companheiro fixo (Tabela 4).

Tabela 4
Fatores associados aos sintomas de depressão, ansiedade e estresse em professores universitários da área da saúde (análise múltipla)

DISCUSSÃO

Os resultados apontam que uma parcela considerável dos professores analisados apresentou sintomas de depressão, ansiedade e estresse. Estudos conduzidos em diferentes países utilizando o mesmo instrumento2828 Kazmi SSH, Hasan K, Talib S, Saxena S. COVID-19 and Lockdown: A Study on the Impact on Mental Health. SSRN Electron J. 2020.3030 Wang C, Pan R, Wan X, Tan Y, Xu L, Ho CS, et al. Immediate psychological responses and associated factors during the initial stage of the 2019 coronavirus disease (COVID-19) epidemic among the general population in China. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(5):1729. apresentaram prevalência de sintomas de depressão, ansiedade e estresse inferiores aos nossos achados. Entretanto, a justificativa para esses achados é que os estudos foram realizados no início do distanciamento social e que a prevalência de sintomas psicossomáticos tende a aumentar com o confinamento2929 Ozamiz-Etxebarria N, Dosil-Santamaria M, Picaza-Gorrochategui M, Idoiaga-Mondragon N. Stress, Anxiety and Depression Levels in the Initial Stage of the COVID-19 Outbreak in a Population Sample in the Northern Spain. Cad Saude Publica. 2020;36(4):e00054020..

A literatura aponta que a prevalência desses sintomas psicossomáticos, como depressão, ansiedade e estresse, em professores universitários é alta3131 Soria-Saucedo R, Lopez-Ridaura R, Lajous M, Wirtz V. The prevalence and correlates of severe depression in cohort of Mexican teachers. J Affect Disord. 2018;234:109-16.3333 Mark G, Smith A. Effects of occupational stress, job characteristics, coping, and attributional style on the mental health and job satisfaction of university employees. Anxiety Stress Coping. 2012;25(1):63-78. e que esses fatores têm se agravado durante a pandemia da COVID-191616 Cruz RM, Rocha RER, Adreoni S, Pesca AD. Retorno ao trabalho? Indicadores de saúde mental em professores durante a pandemia da COVID-19. Polyphonía. 2020;31(1):325-44.. Em um estudo com 43.845 professores mexicanos, os resultados apontaram que 16% da população analisada apresentou sintomatologia para depressão grave3131 Soria-Saucedo R, Lopez-Ridaura R, Lajous M, Wirtz V. The prevalence and correlates of severe depression in cohort of Mexican teachers. J Affect Disord. 2018;234:109-16.. Estudo realizado em uma IES em uma capital do Nordeste do Brasil, observou que 100% dos professores apresentaram algum nível de depressão3232 Rodrigues LTM, Lago EC, Almeida CAPL, Ribeiro IP, Mesquita GV. Stress and depression in teachers from a public education institution. Enfermería Global. 2020;19(57):232-42., uma proporção duas vezes maior que os resultados do presente estudo.

Os sintomas da ansiedade também têm sido prevalentes entre os professores universitários. Estudo realizado com professores universitários no Reino Unido encontrou prevalência de 31,6% ansiedade3333 Mark G, Smith A. Effects of occupational stress, job characteristics, coping, and attributional style on the mental health and job satisfaction of university employees. Anxiety Stress Coping. 2012;25(1):63-78., resultado semelhante aos achados do presente estudo. No Brasil, estudo que investigou docentes de uma IES da capital mineira observou que 42,7% da amostra apresentou sinais de ansiedade3434 Alvim AL, Ferrarezi JAS, Silva LM, Floriano LF, Rocha RLP. O estresse em docentes de ensino superior. Braz J Develop. 2019;5(12):32547-58.. E pesquisa com professores universitários egípcios demonstrou que 67,5% dos investigados apresentaram algum grau de ansiedade3535 Desouky D, Allam H. Occupational stress, anxiety and depression among Egyptian teachers. J Epidemiol Glob Health. 2017;7:191-8., quase o dobro da prevalência encontrada neste estudo.

O estresse também tem sido amplamente relatado na literatura, e estudo realizado com professores da Nigéria com o objetivo de avaliar a prevalência de estresse em professores observou que 72% dos investigados apresentaram sinais de estresse3636 Asa FT, Lasebikan VO. Mental Health of Teachers: Teachers’ Stress, Anxiety and Depression among Secondary Schools in Nigeria. Int Neuropsychiatr Dis J. 2016;7(4):1-10., resultado superior aos achados do presente estudo. No Brasil, estudo realizado com professores universitários de uma instituição privada do interior de Minas Gerais observou que 36,7% dos investigados apresentavam sintomas de estresse3737 Cruvinel Júnior RH, Pfister APL, Ferreira EK, Guimarães JC. Níveis de estresse e variabilidade da frequência cardíaca em professores universitários. Revista Interdisciplinar de Estudos em Saúde da UNIARP. 2019;9(2):73-82.. Outro estudo realizado com professores de uma IES no Rio de Janeiro observou que 46% dos investigados possuem sintomas de estresse, segundo o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp3838 Santos MPG, Silva KKD. Níveis de estresse e qualidade de vida de professores do ensino superior. Rev Enferm UFSM. 2017;7(4):656-68., resultados semelhantes aos achados do presente estudo.

Os sintomas de depressão, ansiedade e estresse têm aumentado entre os docentes no período da pandemia da COVID-191515 Santos GMRS, Silva ME, Belmonte BR. COVID-19: emergency remote teaching and university professors’ mental health. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2021;21(Supl 1):S237-43.,1616 Cruz RM, Rocha RER, Adreoni S, Pesca AD. Retorno ao trabalho? Indicadores de saúde mental em professores durante a pandemia da COVID-19. Polyphonía. 2020;31(1):325-44.,2929 Ozamiz-Etxebarria N, Dosil-Santamaria M, Picaza-Gorrochategui M, Idoiaga-Mondragon N. Stress, Anxiety and Depression Levels in the Initial Stage of the COVID-19 Outbreak in a Population Sample in the Northern Spain. Cad Saude Publica. 2020;36(4):e00054020.. Dentre os motivos citados na literatura pelos quais a prevalência de sintomas psicossomáticos em professores tem aumentado, destaca-se o distanciamento social, como um importante preditor1616 Cruz RM, Rocha RER, Adreoni S, Pesca AD. Retorno ao trabalho? Indicadores de saúde mental em professores durante a pandemia da COVID-19. Polyphonía. 2020;31(1):325-44.,2929 Ozamiz-Etxebarria N, Dosil-Santamaria M, Picaza-Gorrochategui M, Idoiaga-Mondragon N. Stress, Anxiety and Depression Levels in the Initial Stage of the COVID-19 Outbreak in a Population Sample in the Northern Spain. Cad Saude Publica. 2020;36(4):e00054020.. Revisão integrativa da literatura que buscou refletir a respeito das experiências do ensino remoto emergencial pelo corpo docente universitário e dos impactos na saúde mental desses profissionais durante a pandemia da COVID-19 aponta também que, no caso dos docentes universitários, as novas exigências educacionais têm levado a um aumento da carga horária on-line involuntária, estando o docente conectado e envolvido com suas atividades por um período de tempo muito maior e sem remuneração prevista1515 Santos GMRS, Silva ME, Belmonte BR. COVID-19: emergency remote teaching and university professors’ mental health. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2021;21(Supl 1):S237-43..

Estudos revelam que o excesso de trabalho, muitas vezes associado à qualidade de vida ruim dos profissionais docente, pode ser um dos fatores que têm agravado esse quadro de adoecimento entre professores55 Diehl L, Marin AH. Adoecimento mental em professores brasileiros: revisão sistemática da literatura. Est Inter Psicol. 2016;7(2):64-85.,1313 Fernandes MA, Ribeiro HKP, Santos JDM, Monteiro CFS, Costa RS, Soares RFS. Prevalence of anxiety disorders as a cause of workers’ absence. Rev Bras Enferm. 2018;71(5):2344-51.,3939 Silva TR, Carvalho EA. Depressão em professores universitários: uma revisão da literatura brasileira. Rev Uningá Rev. 2016;28(1):113-7., aumentando de forma considerável a prevalência de sintomas de depressão, ansiedade e estresse no Brasil3232 Rodrigues LTM, Lago EC, Almeida CAPL, Ribeiro IP, Mesquita GV. Stress and depression in teachers from a public education institution. Enfermería Global. 2020;19(57):232-42.,3434 Alvim AL, Ferrarezi JAS, Silva LM, Floriano LF, Rocha RLP. O estresse em docentes de ensino superior. Braz J Develop. 2019;5(12):32547-58.,3737 Cruvinel Júnior RH, Pfister APL, Ferreira EK, Guimarães JC. Níveis de estresse e variabilidade da frequência cardíaca em professores universitários. Revista Interdisciplinar de Estudos em Saúde da UNIARP. 2019;9(2):73-82.,3838 Santos MPG, Silva KKD. Níveis de estresse e qualidade de vida de professores do ensino superior. Rev Enferm UFSM. 2017;7(4):656-68. e no mundo3131 Soria-Saucedo R, Lopez-Ridaura R, Lajous M, Wirtz V. The prevalence and correlates of severe depression in cohort of Mexican teachers. J Affect Disord. 2018;234:109-16.,3333 Mark G, Smith A. Effects of occupational stress, job characteristics, coping, and attributional style on the mental health and job satisfaction of university employees. Anxiety Stress Coping. 2012;25(1):63-78.,3535 Desouky D, Allam H. Occupational stress, anxiety and depression among Egyptian teachers. J Epidemiol Glob Health. 2017;7:191-8.,3636 Asa FT, Lasebikan VO. Mental Health of Teachers: Teachers’ Stress, Anxiety and Depression among Secondary Schools in Nigeria. Int Neuropsychiatr Dis J. 2016;7(4):1-10..

Além disso, o modelo empresarial de ensino, característico das organizações de ensino superior privadas, impacta não apenas as dimensões financeiras, afetivas e éticas dos docentes, como também as dimensões motivacionais, levando ao desestímulo, à depressão, à ansiedade e à exaustão1515 Santos GMRS, Silva ME, Belmonte BR. COVID-19: emergency remote teaching and university professors’ mental health. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2021;21(Supl 1):S237-43..

As instituições de ensino, sobretudo as privadas, rea-lizam tarefas muito exigentes em um local de trabalho caracterizado por um ambiente psicossocial crítico. São locais de trabalho intensivos em conhecimento, caracterizados por um ambiente psicossocial crítico, onde a qualidade do desenvolvimento e da transmissão do conhecimento depende principalmente da saúde e do bem-estar do corpo docente, o que pode gerar pressão laboral, ocasionando sintomas de ansiedade e estresse, que podem desencadear sintomas depressivos4040 Converso D, Sottimano I, Molinengo G, Loera B. The Unbearable Lightness of the Academic Work: The Positive and Negative Sides of Heavy Work Investment in a Sample of Italian University Professors and Researchers. Sustainability. 2019;11(8):24-39.. Essa condição leva ao afastamento do docente, o que causa prejuízos no desenvolvimento das aulas e implica desorganização na sistemática da instituição, impactando o desempenho do aluno3939 Silva TR, Carvalho EA. Depressão em professores universitários: uma revisão da literatura brasileira. Rev Uningá Rev. 2016;28(1):113-7..

Entre as variáveis que se associaram aos sintomas da depressão, observa-se que trabalhar em mais de uma instituição se manteve associada a maior prevalência de sintomas de depressão. Um dos fatores que influenciam os professores do ensino superior a trabalharem em mais de uma IES é o fato de que muitas vezes a remuneração que eles recebem não é suficiente para eles arcarem com as despesas, então eles optam por exercer atividades profissionais em mais de um local. Isso faz com que os professores se sintam obrigados a atender às demandas das instituições dentro e fora da sala de aula, o que faz com que, consequentemente, aumente a cobrança e diminua o tempo livre e disponível para lazer4141 Monteiro JK, Brun LG, Santos AS, Tundis AGO. Distúrbios Psiquiátricos Menores e Fatores Associados em Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul/Brasil. Contextos Clínicos. 2019;12(3)..

Apesar de a variável carga horária de trabalho não ter permanecido no modelo final, sabe-se que trabalhar em mais de uma IES é um fator que aumenta a carga horária de trabalho, uma vez que o professor precisa preparar aulas, avaliações, correções das avaliações e reuniões4242 Guareschi PA, Guareschi NMF, Genro MEH. Sob a espada de Dâmocles. In: Fuhr MJ (Org.). Sob a espada de Dâmocles: relação dos professores com a docência e ambiente de trabalho no ensino privado. Porto Alegre: Carta Editora; 2013. p. 20-8., o que muitas vezes é uma carga horária não contabilizada. No período da pandemia, essa situação se agravou, pois os professores tiveram que modificar suas práticas pedagógicas, e houve a necessidade de gravação das videoaulas, além das aulas remotas, que acontecem ao vivo, com pouca participação dos alunos, e muitas vezes o professor se sente pressionado e com a necessidade de fazer algo para chamar a atenção dos alunos.

Quanto à ansiedade, observou-se que pessoas com idade ≥ 40 anos estão sujeitas a maior prevalência de sintomas de ansiedade. Estudo realizado com professores no interior de São Paulo observou associação de níveis de ansiedade com os sujeitos que apresentavam idade superior a 40 anos, e mais de 70% dos questionados apresentaram algum nível de ansiedade1414 Ferreira-Costa RQ, Pedro-Silva N. Levels of anxiety and depression among early childhood education and primary education teachers. Pro-Posições. 2019;30:e20160143.. Souza et al.4343 Souza GNP, Alves RJR, Souza LPS, Rosa AJ. Prevalência de sintomas depressivos e/ou ansiosos em pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes mellitus. Rev Port Enferm Saúde Mental. 2018;20:43-50. também afirmam que a prevalência de sintomas depressivos e/ou ansiosos tendem a aumentar com o avanço da idade, atingindo picos elevados após os 40 anos.

No que se refere a sintomas de ansiedade em professores, a literatura aponta que níveis elevados dessa patologia podem comprometer o processo de ensino-aprendizagem. E, após os 40 anos, as pessoas deixam de se perceber como jovens, o que pode influenciar nos seus sentimentos, e deixam de realizar certas atividades e ações, o que leva ao aumento da ansiedade, e isso acaba refletindo na sua atuação profissional1414 Ferreira-Costa RQ, Pedro-Silva N. Levels of anxiety and depression among early childhood education and primary education teachers. Pro-Posições. 2019;30:e20160143..

Outro fator que se associou à ansiedade e ao estresse foi o estado civil. Entre os professores que relataram não possuir companheiro fixo, foi observada maior prevalência de sintomas de ansiedade e estresse; possivelmente, a desvalorização cultural e a falta de apoio cotidiano mais próximo justificam esse resultado4343 Souza GNP, Alves RJR, Souza LPS, Rosa AJ. Prevalência de sintomas depressivos e/ou ansiosos em pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes mellitus. Rev Port Enferm Saúde Mental. 2018;20:43-50.. Ter companheiro diminui o risco de desenvolver desordens mentais, como ansiedade e estresse, uma vez que os profissionais casados tendem a ser mais maduros e estáveis; ademais, com o convívio familiar, o indivíduo desenvolve relações interpessoais, além de priorizar a segurança em detrimento da satisfação pessoal e da família4444 Shanafelt TD, Boone S, Tan L, Dyrbye L, Sotile W, Satele D, et al. Burnout and Satisfaction With Work-Life Balance Among US Physicians Relative to the General US Population. Arch Intern Med. 2012;172(18):1377-85.,4545 Lima AS, Farah BF, Bustamante-Teixeira MT. Análise da prevalência da síndrome de Burnout em profissionais da Atenção Primária em Saúde. Trab Educ Saúde. 2018;16(1):283-304..

No presente estudo, a variável cor da pele mostrou-se associada aos sintomas da depressão e estresse apenas na análise bivariada. Entretanto, em uma revisão sistemática, observou-se que a prevalência de transtornos mentais foi maior na população não branca, quando comparada com a população branca, sugerindo que há relação entre a raça/cor não branca e transtornos mentais, mesmo após controle de variáveis socioeconômicas, como escolaridade ou renda familiar4646 Smolen JR, Araújo EM. Race/skin color and mental health disorders in Brazil: a systematic review of the literature. Ciênc Saúde Coletiva. 2017;22(12):4021-30..

A população não branca brasileira ocupou historicamente as classes sociais mais pobres e de condições mais precárias na pirâmide social. As condições indignas de vida da população não branca no Brasil persistem, evidenciando o racismo silencioso e não declarado, fator que pode concorrer para o adoecimento psíquico dessa população. A relação entre raça e saúde, de maneira geral, e, mais ainda, entre raça e saúde mental especificamente, é tema negligenciado na literatura brasileira, entretanto parece clara a existência do impacto do racismo na saúde mental e no adoecimento das pessoas que sofrem preconceito, como no caso das pessoas não brancas4747 Damasceno MG, Zanello VML. Saúde mental e racismo contra negros: produção bibliográfica brasileira dos últimos quinze anos. Psico Ciênc Prof. 2018;38(3):450-64..

Embora a titulação do professor não tenha se mostrado significante na análise final, essa característica tem sido discutida na literatura como um fator que pode levar a maior frequência de adoecimento. Destaca-se que cursar uma pós-graduação stricto sensu é um fator que aumenta o risco de depressão, ansiedade e estresse, tendo sido apontado que o sofrimento faz parte do processo de formação de professores e pesquisadores, e manifesta-se em diversos níveis de intensidade4848 Louzada RCR, Silva Filho JF. Formação do pesquisador e sofrimento mental: um estudo de caso. Psicol Estud. 2005;10(3):451-61.5050 Souza JA, Fadel CB, Ferracioli UM. Estresse no cotidiano acadêmico: um estudo com pós-graduandos em Odontologia. Rev ABENO. 2016;16(1):50-60..

Ao cursar um mestrado ou doutorado, é comum a exposição a fatores que podem desencadear transtornos psíquicos e que se fazem presentes durante a sua formação, entre os quais podem ser citados a sobrecarga de atividades curriculares, os níveis altos de atuação e exigências, a falta de tempo e a dificuldade de otimização desse tempo entre os estudos e a vida particular5050 Souza JA, Fadel CB, Ferracioli UM. Estresse no cotidiano acadêmico: um estudo com pós-graduandos em Odontologia. Rev ABENO. 2016;16(1):50-60.. Nesse contexto, levando em consideração a exigência de que os professores universitários tenham a titulação de mestre ou doutor e associando a vida profissional com a formação acadêmica, sugere-se que a associação entre os sintomas da depressão e ansiedade com a titulação dos professores seja justificada pelas condições de trabalho dos professores, mais as exigências com o processo de formação, desencadeando, assim, os transtornos psíquicos.

Pela natureza de inquéritos epidemiológicos, este estudo possui algumas limitações, podendo-se destacar alguns itens das perguntas que constituíram o instrumento de coleta de dados, que, mesmo que tenham sido validadas, podem ter sido mal compreendidas ou respondidas distorcidamente, uma vez que a coleta foi baseada em questionários autoaplicáveis, não sendo também suficiente para confirmar diagnósticos de problemas mentais. Outra limitação diz respeito ao fato de não ter sido feita a randomização da amostra, o que possibilita viés de seleção, sobretudo se considerarmos que pessoas com problemas de saúde mental poderiam ser menos propensas a responder o questionário, levando à subestimação do problema aqui tratado, que já apresenta valores elevados. Contudo, mesmo com limitações, destaca-se que esta investigação trata de um assunto importante e negligenciado, especialmente no contexto da pandemia da COVID-19: a saúde mental de professores universitários da área da saúde. Dessa forma, este trabalho pode auxiliar no direcionamento da atenção diante dessa situação.

CONCLUSÃO

A prevalência de sintomas de depressão, ansiedade e estresse em professores universitários da área da saúde foi elevada, e fatores sociodemográficos (faixa etária e estado civil) e trabalhistas (trabalhar em mais de uma instituição) mantiveram-se associados aos desfechos investigados, o que indica a necessidade de valorizar o estado de saúde mental dos professores. Dessa forma, o desenvolvimento de estratégias pode auxiliar direta ou indiretamente na redução da prevalência da sintomatologia de depressão, ansiedade e estresse e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida e o desempenho desses professores universitários.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Nov 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    19 Mar 2021
  • Aceito
    22 Jul 2021
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