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XIX Simpósio Brasileiro de Eletroquímica e Eletroanalítica (XIX-SIBEE)

EDITORIAL

XIX Simpósio Brasileiro de Eletroquímica e Eletroanalítica (XIX-SIBEE)

Hoje podemos nos perguntar, é possível ter um confortável dia a dia sem eletroquímica? A resposta a esta pergunta é relativamente simples: não; mas, o porquê desta resposta é um pouco mais complexo e para isso temos que refletir em relação aos diferentes dispositivos de uso diário onde a eletroquímica tem uma atuação fundamental: pilhas, baterias, células a combustíveis, sensores, biossensores e biomateriais, entre outras aplicações. Isto nos conduz ao fato de que a eletroquímica moderna diverge significativamente das raízes do que era feito no século XX. Além de inspirar e produzir um grande esforço de investigação básica, a eletroquímica é utilizada em uma ampla gama de processos industriais e em tecnologia com numerosas configurações diferentes. No estagio inicial do desenvolvimento de conhecimentos em eletroquímica, os pesquisadores estavam principalmente interessados na explicação de fenômenos de transferência de carga e massa que não eram completamente compreendidos; enquanto atualmente as pesquisas estão, majoritariamente, direcionadas a encontrar novas aplicações para eletroquímica e na compreensão de reações eletroquímicas complexas. Também existe um grande esforço para entender reações eletroquímicas em nano-escala já que a tecnologia para observações precisas deste tipo está disponível. Talvez agora, o maior desafio seja integrar a diversidade de interesses no uso tecnológico da eletroquímica e os novos aspectos básicos que surgiram como consequência da possibilidade da observação no nano-domínio, num único simpósio de Eletroquímica e Eletroanalítica. Esse caminho poderá ser facilmente percorrido se formos capazes de integrar a temática de nossas reuniões para produzir um efeito cooperativo entre as zonas de desenvolvimento intelectual dentro da eletroquímica. Uma vez que nosso simpósio alcançou um grau de excelência científica e organizacional, resta agora promover a integração da diferentes áreas de conhecimento, considerando a sofisticação alcançada pela disciplina e induzir à associação de pesquisadores que permitam o desenvolvimento de trabalhos multi e interdisciplinares, que leve à contribuição da Eletroquímica no progresso da Ciência.

O Simpósio Brasileiro de Eletroquímica e Eletroanalítica (SIBEE) começou em 1978 com edições bienais realizadas em diferentes localidades, tais como: Águas de Lindóia-SP, Araraquara-SP, Bento Gonçalves-RS, Campinas-SP, Campos de Jordão-SP, Fortaleza-CE, Gramado-RS, Londrina-PR, Maragogi-AL, Ribeirão Preto-SP, São Carlos-SP, São Paulo-SP e Teresópolis-RJ, sob patrocínio de várias instituições de ensino e pesquisa de âmbito estadual e federal. Nas últimas edições do SIBEE foi observado tanto um incremento do número de participantes como de Instituições representadas, aliado a um aumento de temas de pesquisa, mostrando claramente a abrangência da Eletroquímica e, como consequência, do SIBEE. Neste número especial do Journal of the Brazilian Chemical Society (JBCS) é publicada uma seleção dos trabalhos discutidos e apresentados no XIX SIBEE, utilizando o tradicional sistema de avaliação por pares do JBCS. O XIX SIBEE foi promovido pela Universidade Federal do ABC, Centro de Ciências Naturais e Humanas (Profa. Janaina de Souza Garcia, Prof. Hugo Barbosa Suffredini, Prof. Mauro Coelho dos Santos (Coordenador) e Prof. Wendel Andrade Alves) e pela Universidade Federal de São Paulo, Campus Diadema (Profa. Christiane de Arruda Rodrigues, Prof. Fábio Ruiz Simões e Profa. Lúcia Codognoto) no período de 01 a 05 de abril de 2013, em Campos de Jordão-SP no Convention Center. Contou nesta oportunidade com a presença de cerca de 460 participantes, vindos de 76 instituições diferentes (universidades, indústrias e institutos de pesquisa). Foram apresentados 466 trabalhos, sendo 183 na forma de apresentação oral em 42 sessões coordenadas, 283 trabalhos na forma de painéis em três sessões de exposições, além de 24 mini-conferências e 8 conferências plenárias ministradas por pesquisadores internacionalmente reconhecidos provenientes de Austrália, Brasil, Espanha, Estados Unidos e Reino Unido. Houve também a apresentação de dois minicursos, um em eletroquímica e o outro em eletroanalítica, além do lançamento de um livro. Os trabalhos apresentados tiveram o excelente padrão de qualidade tradicional do simpósio, mostrando uma grande diversidade de temas já estabelecidos e, também novos como corrosão, conversão e armazenamento de energia, células fotovoltaicas, líquidos iônicos, bio-eletroquímica, eletroanálises, sensores, biossensores, eletroquímica ambiental, membranas e óxido-redução de moléculas de interesse farmacológico, eletroquímica de materiais nanoestruturados, mostrando claramente o universo da Eletroquímica no Brasil. As discussões e o fluxo de informações foram incentivados pela organização, sendo a avaliação crítica dos trabalhos e dos apresentadores a base de uma justa e incentivadora sessão de premiação aos jovens talentos.

Considerando a diversificação e complexidade alcançada em eletroquímica e eletroanalítica, a integração de aplicações e conhecimentos é, sem duvidas, o objetivo primordial para manter a qualidade e a importância do simpósio; além do esforço que será necessário para capturar e produzir entusiasmo e imaginação nas próximas gerações de pesquisadores. Portanto, o desafio dos organizadores das próximas reuniões será o de encontrar o caminho que possa maximizar um efeito cooperativo entre os diferentes conhecimentos produzidos em eletroquímica e eletroanalítica, que compatibilize o interesse em ciência dos pesquisadores; induzindo assim, uma melhora ainda maior na qualidade das pesquisas relacionadas à Eletroquímica e Eletroanalítica e, à Ciência em geral de nosso País.

Roberto M. Torresi

IQ-USP

Mauro Coelho dos Santos

LEMN - CCNH - UFABC

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Mar 2014
  • Data do Fascículo
    Mar 2014
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