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Avaliação e fomento

EDITORIAL

Avaliação e fomento

A qualidade é o que legitima qualquer avaliação de mérito. No Brasil, a qualidade das avaliações vem sendo assegurada na academia pela tradição da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) em avaliar os Programas de Pós-Graduação e pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) em avaliar os pesquisadores. Essas avaliações vêm permitindo a consolidação lenta e gradual da sua relação virtuosa com o fomento à pesquisa. Assim, a avaliação não é apenas um exercício acadêmico: ela fornece subsídios aos tomadores de decisões, desde o aluno, que poderá optar ser supervisionado por professores competentes, cientificamente produtivos e reconhecidos por seus pares, até os poderes público e privado, para selecionar a quais grupos e projetos devem ser concedidos os recursos de fomento.

A CAPES acaba de finalizar a Avaliação Trienal 2007 dos Programas de Pós-Graduação, cobrindo o desempenho dos cursos de mestrado e doutorado brasileiros no período de 2004 a 2006. A cada avaliação sobe o nível de exigência, em sintonia com o aumento da produção científica brasileira que cresceu 9 vezes em 20 anos (o mundo, como um todo, apenas dobrou a sua). A Química brasileira produzia em 1984 apenas 0,25 artigos internacionais por docente e passou para mais de 2,3 artigos por docente em 2006. O constante aumento das exigências, associado ao emprego da informática, estatística e transparência, são as características básicas do processo de avaliação empregado pela CAPES.

É esse aumento constante de exigências que fez o Brasil ascender na ciência e na formação de seus doutores que, nos mesmos vinte anos, se multiplicou por cerca de dez (menos de 40 doutores em Química formados no ano de 1984 para cerca de 400 no ano de 2006). O principal “produto” de um curso de Pós-Graduação não são os artigos e livros, nem mesmo as teses e dissertações, mas os mestres e doutores formados que vão utilizar o conhecimento e a experiência adquirida na academia, e no caso da Química, cada vez mais fora dela, ou melhor dizendo, em estreita colaboração com ela. As dissertações e teses têm se transformado em produtos de alta qualidade como artigos publicados em periódicos internacionais e/ou patentes (63% dos mais de 8.100 artigos publicados pela área de Química no triênio 2004-2006 foram com co-autoria discente).

Atualmente, a área de Química é a maior dentro da grande área de Ciências Exatas. Neste triênio, houve um aumento de 40% (de 44 para 61) no número de Programas, acompanhada de uma descentralização da distribuição geográfica dos Programas de Pós-Graduação com a criação de novos Programas sobretudo nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e no extremo Sul. Em particular, houve um aumento da inserção internacional dos Programas da área, conforme consulta ao banco de dados ESI-ISI (Essential Science Indicators - Institute for Scientific Information) referente às Instituições dentro do grupo de 1% mais produtivas no mundo. Onze instituições brasileiras estão elencadas nesse seleto grupo, dentre as mais de 65.000 instituições na área de Química incluídas na base de dados. Entretanto, nos resta muito a evoluir no processo de avaliação principalmente no que tange a comparações entre as diferentes áreas, isto é, como garantir que um curso de Artes classificado com conceito 6 seja equivalente a um programa conceito 6 de Física? Para comparação entre grande parte das áreas, os instrumentos - internacionalmente reconhecidos - já existem e estão disponíveis. O desafio agora é aplicá-los!

Jairton Dupont

IQ - UFRGS

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Jan 2008
  • Data do Fascículo
    2007
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