A problematização de categorias dicotômicas num mundo plural, heterogêneo e contraditório, cujas fronteiras sócio-artística-culturais são questionadas e confrontadas, impulsiona o artista a olhar para regimes estéticos que apropriadamente busquem o enfrentamento destas questões. A metaficção, como um fenômeno estético, intencionalmente autorreferencial e autorreflexivo, se adéqua às exigências da arte contemporânea. Associada à paródia, a metaficção produz uma forma artística de leitura sofisticada e também impõe um novo olhar crítico-teórico para alcançar esta complexidade. Neste trabalho, elegemos como recorte de análise a cena da fonte no romance Atonement, de Ian McEwan e na sua adaptação fílmica homônima, do diretor Joe Wright. Com o objetivo de refletir sobre o lugar e o olhar des-locados da personagem-escritora Briony Tallis e sua consequente jornada em busca de uma auto-justificação, investigamos a elaboração das narrativas metaficcionais nos recortes literário e fílmico e observamos que o conflito entre ética e estética resulta na configuração do espaço do outro.
metaficção; paródia; Atonement; filme; alteridade; espaço.