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O entrelugar da tradução literária: as exigências do mercado editorial e suas implicações na formação de identidades culturais

The inbetween place of literary translation: publishing demands and their implications in the formation of cultural identities

Resumo

O presente artigo reflete sobre a tradução literária, considerando os efeitos advindos das necessidades do mercado editorial, que apontam o que deve ser traduzido e como, influenciando a formação de identidades culturais. Para tanto, serão discutidas questões teóricas sustentadas especialmente por Venuti (1995; 1998), Arrojo (1996), Katan (1999), Lefevere (2003) e Berman (2012). Cientes de que a tradução de um texto literário demanda do tradutor a aplicação de estratégias tradutórias que satisfaçam o mercado editorial, bem como o público alvo, tomamos por base o contexto anglo-americano, elaboramos uma reflexão para entender como se desenvolve a construção da imagem do "Outro" e como as relações de poder se realizam nas estruturas sociais a partir da tradução literária.

Palavras-chave:
Tradução Literária; Estratégias; Identidades Culturais; Mercado Editorial

Abstract

This paper reflects on literary translation, taking into account the effects caused by the needs of the publishing market, which pinpoint what must be translated and how, influencing the formation of cultural identities. In order to achieve this aim, theoretical points argued mainly by Venuti (1995; 1998), Arrojo (1996), Katan (1999), Lefevere (2003) and Berman (2012) will be discussed. The translation of a literary text demands the application of translation strategies that must suit both the publishing market as well as the target reader. In this sense, having the Anglo-American context as focus, this reflection helps to figure out how the construction of the "Other" is developed and also how power relations take place in social structures via literary translation.

Keywords:
Literary Translation; Strategies; Cultural Identities; Publishing Market

As obras literárias geralmente têm sua escrita relacionada a práticas sociais, já que as palavras fazem emergir um retrato histórico de uma época e do seu contexto sociocultural. Os tradutores dessas obras passam por situação similar: as estratégias utilizadas na tradução são muitas vezes assinaladas por condições históricas e ideológicas.

Assim, se a língua representa o mundo simbolicamente, as mensagens trocadas entre os indivíduos possuem informações circunscritas no conjunto de ideais de cada sociedade, uma vez que os códigos linguísticos revelam as idiossincrasias de cada contexto cultural. Ciente da importância da cultura para a tradução, Katan (1999KATAN, David. Translating cultures: An introduction for translators, interpreters and mediators. Manchester: St. Jorome Publishing, 1999.) afirma que tal aspecto exige do tradutor uma atuação que transcenda a ineficiência dos dicionários humanos, dado que seu papel se anuncia muito mais como "facilitador" da compreensão mútua entre pessoas.

Nesse sentido, embora o senso comum compreenda o ato tradutório como um ato de transpor um texto de uma língua para outra, restrito ao artifício de decodificação de signos linguísticos ou de transmutações sinonímicas, o tradutor literário, sendo um elemento-chave na comunicação entre universos, vai perceber a tradução como uma atividade além da mecanização de trocas de regras estruturais, na qual se leva em conta, sobretudo, os aspectos semânticos, os pormenores do estilo, entendendo o ato tradutório como meio de interseção direta entre línguas e culturas (LEFEVERE, 2003LEFEVERE, André. Translation/history/culture: A sourcebook. New York and London: Routledge, 2003.).

De modo geral, o mercado editorial exige do tradutor a necessidade de se manter "invisível" em relação ao autor da obra original (VENUTI, 1998______. The scandals of translation. London: Routledge, 1998.; 1995VENUTI, Lawrence. The Translator's invisibility: A history of translation. London and New York: Routledge, 1995.). Nesse sentido, conserva-se um tácito apelo para a permanência fiel do sentido e da estrutura da obra fonte ao se traduzir. Na verdade, não se sabe ao certo até que ponto os tradutores estão cientes da falta de ponderação existente nesse tipo de cobrança, imposta pelo mercado de trabalho e pelo público leitor de obras traduzidas.

Em termos teóricos, na década de 1980, a partir da reconfiguração do pensamento moderno sobre a verdade estática e a razão absoluta,1 1 Em artigo sobre os estudos da tradução na pós-modernidade, Arrojo (1996), inicialmente, faz uma apresentação negativa do pensamento moderno e do ideal iluminista. A autora atesta que, por ter sido propulsor da objetividade e da razão e por ter se baseado em valores totalitários de uma determinada classe, o pensamento moderno foi responsável por demarcar a negação da diferença. A autora faz uma crítica ao período histórico em que os valores ocidentais se sobrepõem a qualquer outra forma de pensamento, no sentido de observar como a pós-modernidade se apresenta na reconfiguração desse pensamento e como a sua desconstrução se realiza a partir de precursores teóricos de diferentes áreas do saber, como Marx, Nietzsche e Freud. surge um forte interesse em relacionar os Estudos da Tradução aos Estudos Culturais. Começa-se a observar o diferente e a relacionar as diferenças de comportamento, de linguagem, de interesses a processos históricos, temporais e culturais. Desse modo, a visão eurocêntrica, perpetuada pelo ideal moderno, começa a sucumbir e os Estudos da Tradução, agora revestidos por uma perspectiva contestadora, passam a se desinteressar por questões de fidelidade e pureza, abrindo espaço para compreensão das relações dinâmicas que constituem o processo tradutório (ARROJO, 1996ARROJO, Rosemary. Os estudos da tradução na pós-modernidade, o reconhecimento da diferença e a perda da inocência. Cadernos de Tradução, Florianópolis, v. 1, n.1, p. 53-69, 1996.).

No prefácio do livro Translation/History/Culture, Lefevere (2003) discute o conceito que se aplica ao ato tradutório, reconhecendo que os novos Estudos da Tradução, tendo agora conquistado o status de disciplina, devem compreendê-lo como um processo de reescrita (rewriting). O processo de reescrita presente no ato tradutório revela um comprometimento em questionar as formas de manipulação que estão a serviço do poder e que são também responsáveis por perpetuar a hegemonia cultural, ou seja, entende-se, a partir da definição de reescrita, que o ato de tradução ocasiona processos culturais cujos resultados se concretizam em formas de controle que operam em vários sentidos, como, por exemplo, a perpetuação de estereótipos culturais e a mitigação da heterogeneidade linguística.

1 As assimetrias linguístico-culturais e os efeitos da colonização na tradução

Venuti (1995; 1998) propõe uma estratégia de tradução que pode desafiar os cânones literários da língua alvo, por meio de uma prática que recusa o domínio e se estabelece como forma de integrar as culturas tidas como marginais. Para o autor, essa postura é o que vai permitir à tradução denominada estrangeirizadora (foreignizing translation) sinalizar as diferenças e reavaliar os cânones domésticos.

Assim como Venuti, Ninranjana (1992) pensa a tradução em sua relação com a problemática das relações de poder. A autora considera que, no contexto pós-colonial, a problemática da tradução se apresenta como um espaço para se discutir sobre poder, representação e historicidade, sendo palco de debates sobre as relações sociais que se estabelecem no cenário atual.

Procurando desenredar o discurso sobre a tradução que, durante séculos, permaneceu vinculado a uma concepção "empírico-idealista",2 2 Niranjana (1992) observa que a construção do pensamento ocidental sobre as questões de autoria e de sentido teve base no empirismo britânico e no idealismo alemão, cujas premissas agregam-se para sustentar a ideia de humanismo, linha filosófica que atribui ao indivíduo a "essência da palavra" e a "fonte do pensamento". a autora aponta para a importância da complexidade histórica decorrente da expansão colonial europeia, ao tentar compreender de que forma os Estudos da Tradução atuais abrem espaço para a inclusão do discurso da colonização.

Por meio de uma contextualização histórica e discursiva, os representantes desses novos Estudos da Tradução, como Niranjana (1992), Lefevere (2003), Venuti (1995; 1998) e Berman (2012), revelam a força e o poder da tradução, apresentando a relação desigual que se estabeleceu entre as línguas durante séculos. Partindo do princípio de que não é possível entender a produção do conhecimento científico quando da simples afirmação de uma função linear ou cronológica da história, Niranjana (1992) propõe examinar a produção dos estudos sobre tradução a partir das construções ideológicas que preceituaram as interpretações sobre essa área, ao postular que a prática e o conhecimento da tradução, na sociedade ocidental, foram atravessados pelos efeitos da colonização, e que foi por meio da disseminação do conhecimento sobre tradução que o domínio colonial exerceu sua força em vários níveis.

Por desenvolver um estudo que envolve perspectivas mais abrangentes, incluindo, em sua problemática, as discussões acerca do pós-colonialismo, a obra de Niranjana (1992) também fornece elementos essenciais para a avaliação dos fenômenos tradutórios capazes de estabelecer a relação intercultural em análises de traduções. A crítica da autora ao período histórico em que os valores ocidentais se sobrepunham a qualquer outra forma de pensamento contribui para reforçar a importância de se avaliar a formação da identidade e os aspectos culturais na tradução. A tradução, nesse sentido, adquire a condição de locus, onde os diferentes níveis de prestígio das línguas e as suas formas de representação são concretizados (NIRANJANA, 1992NIRANJANA, Tejaswini. Siting translation: history, post-structuralism, and the colonial context. Los Angeles & Berkeley: University of California Press, 1992.).

Por essa via, embora entendamos que o conceito de pós-colonialismo esteja, na maior parte dos casos, relacionado à teoria da literatura, sabemos que ele nos oferece uma visão mais expressiva sobre as relações culturais. É possível, por exemplo, encontrar uma afinidade entre a concepção do elemento cultural nos estudos pós-coloniais e o dinamismo cultural (dynamic culture) apresentado por Katan (1999) em sua discussão sobre a problemática da cultura para os tradutores no contexto atual:

Conforme essa teoria, a noção de cultura não é um evento independente que pode ser apreendido através da consulta de livros, mapas cognitivos ou qualquer sistema estático. A cultura aqui é vista como um processo dinâmico, que é constantemente negociado por aqueles que estão envolvidos nesse processo. (KATAN, 1999KATAN, David. Translating cultures: An introduction for translators, interpreters and mediators. Manchester: St. Jorome Publishing, 1999., p. 27)3 3 According to this theory, meaning in culture is not an independent fact to be found by consulting books, cognitive maps or any other static system. Culture here is viewed as a dynamic process, constantly being negotiated by those involved (KATAN, 1999, p. 27).

Em oposição a diferentes perspectivas que transcorrem o conceito de "cultura", dentre as quais, podemos citar a behaviorista (etnocêntrica), a funcionalista e a cognitiva, a noção de uma cultura dinâmica pressupõe processos dialéticos entre realidades diversas de modelos de mundo, distanciando-se dos arquétipos de cultura que as outras abordagens apregoam.4 4 As abordagens behaviorista, funcionalista e cognitiva apegam-se à concepção que entende a cultura como um elemento estático. Quanto ao dinamismo cultural, sua definição corrobora o fenômeno da transculturação, definido por Ortiz (1940-2002), uma vez que reconhece as diferenças culturais em estado de contínuo movimento, não se presumindo estabilidade nem rigidez cultural. Para Katan (1999), a abordagem behaviorista, por exemplo, é etnocêntrica porque se limita a compreender a cultura sem relativizar as relações culturais. Para exemplificar, o autor cita uma obra publicada em 1962, por Peter Bromhead, Life in Modern Britain, onde se vê claramente a descrição do comportamento britânico a partir de um ponto de vista restritivo.

Sobre a cultura, Katan expõe conceitos que tentaram definir a complexidade do termo. Dentre esses conceitos, o autor traz à tona a concepção de Edward Tylor (1987 apud KATAN, 1999KATAN, David. Translating cultures: An introduction for translators, interpreters and mediators. Manchester: St. Jorome Publishing, 1999., p. 16), que define cultura a partir de um todo complexo no qual se inclui o conhecimento, a crença, a arte, os costumes etc., entendendo que a cultura vai resultar em outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem.

Assim, para compreender melhor o conceito de cultura abordado neste artigo, trazemos o que Katan (1999, p. 26) chama de "adquirido", que não se pode confundir com a cultura ensinada, do bem-educado ou do refinado, mas sim como a cultura arraigada, não individual e coletiva. A cultura adquirida - do latim cultus-cultivar e colere-colher - é apresentada metaforicamente por Katan (1999) como resultado das relações, em que cada aspecto da cultura está interligado a um sistema, formando um contexto cultural.

Partindo desse ponto, faz-se uma relação entre o dinamismo cultural marcado por Katan (1999) e o fenômeno que Hall (2003) chama de processo "pós-colonial", considerando esse processo um acontecimento global, cujos efeitos incidem tanto na sociedade colonizadora das metrópoles imperiais quanto nas sociedades colonizadas:

[...]O termo pós-colonial não se restringe a descrever uma determinada sociedade ou época. Ele relê a "colonização" como parte de um processo global, essencialmente transnacional e transcultural - e produz uma reescrita descentrada, diaspórica ou "global" das grandes narrativas imperiais do passado, centradas na nação. Seu valor teórico, portanto, recai precisamente sobre sua recusa de uma perspectiva do "aqui" e "lá", de um "então" e "agora" de um "em casa" e "no estrangeiro". "Global" nesse sentido não significa universal, nem tampouco é algo específico a alguma nação ou sociedade. (HALL, 2003HALL, Stuart. Quando foi o pós-colonial? Pensando no limite. In: HALL, S.; SOVIK, L. (org.). Da diáspora: Identidades e Mediações Culturais. Belo Horizonte: UFMG, 2003., p.109)

A ideia de Hall (2003), apoiada em uma concepção de identidade fragmentada, cujos propósitos transcendem aquilo que rege a força local, permite uma reflexão sobre o espaço da tradução neste contexto pós-colonial. Existe, segundo o autor, um "entrelugar", muito além do que a tradição permite enxergar.

Após a virada cultural, os Estudos de Tradução aliaram-se aos estudos da pós-modernidade, e, desse modo, demandaram um olhar contestador para as análises de tradução, oferecendo novas formas de pensar não apenas a prática tradutória, mas as relações culturais instituídas historicamente e a importância dessas relações para a tradução. Logo, esses Estudos foram redefinidos pela desconstrução das noções clássicas sobre o sujeito, sobre o signo linguístico e sobre as relações ideológicas que se estabelecem entre eles.

Venuti (1995; 1998) pesquisa mais a fundo as questões ideológicas, envolvendo-as na atividade tradutória, observando, em sua teoria, as relações assimétricas que existem na atividade de tradução. Assim, situando a problemática da tradução em termos culturais, o autor propõe uma estratégia capaz de diminuir a primazia cultural, com as culturas hegemônicas se sobrepondo às culturas de menor visibilidade no processo tradutório, assumindo que a tradução deve permitir o acesso a estruturas de línguas estrangeiras e suas principais ideias.

Nesse sentido, há em sua obra uma reflexão sobre a supremacia canônica da fluência na tradução para o inglês5 5 O cânone da fluência na sociedade anglo-americana perpetua sua primazia cultural através dos textos traduzidos, e existe na cultura anglo-americana a ideia de tradução como falsa cópia do modelo original, tido como absoluto. Venuti (1995) afirma que, no contexto anglo-americano, as raras críticas direcionadas à tradução normalmente são em cima da fluência e na fluidez do texto, sendo negligenciados até mesmo os desvios de sentido. - procedente das exigências da cultura aristocrática inglesa do século XVII - que apesar de ter sido desafiada a partir do surgimento do modernismo, no século XX, mantém-se firme até os dias atuais. Para o autor, a urgência de uma fluência transparente (ilusória) resulta no que nomeia de "domesticação" da tradução, em que a obrigação da clareza do sentido ocasiona a dissipação de termos que causam certo estranhamento ao público alvo. Esse apagamento tende a reforçar o etnocentrismo e perpetuar a ideia de narcisismo cultural.

Em contrapartida, vem à tona uma estratégia tradutória que, segundo o autor, abriria espaço para um discurso heterogêneo: a estratégia "estrangeirizadora". Essa estratégia de tradução tende a prevenir que os valores da cultura de chegada se sobreponham aos valores da cultura de partida, tornando o texto mais aberto às diversas possibilidades de interpretação. Tendo a sociedade anglo-americana como ponto de partida para a compreensão das divergências culturais inerentes ao processo tradutório, Venuti (1995) observa que, nesse contexto, há uma disposição expressiva de selecionar uma estratégia tradutória cuja premissa se fixa na fluência em detrimento de outras questões que podem se manifestar no ato tradutório.

Ressalta-se, assim, a existência de uma subserviência cultural que se mantém na lógica dos mercados editoriais das sociedades dominantes, como é o caso dos Estados Unidos e do Reino Unido:

As editoras britânicas e norte-americanas têm frequentemente angariado lucros, com bastante êxito, através da imposição de valores culturais anglo-americanos nas grandes tiragens estrangeiras. Isso tende a produzir, no Reino Unido e nos Estados Unidos, culturas extremamente monolíngues e avessas ao que vem de fora, acostumadas a traduções fluentes que inscrevem, invisivelmente, os textos estrangeiros dentro dos valores culturais da língua inglesa e que fornecem aos leitores uma experiência narcísica de reconhecimento da sua própria cultura no interior da cultura do outro. (VENUTI, 1995VENUTI, Lawrence. The Translator's invisibility: A history of translation. London and New York: Routledge, 1995., p. 15, tradução nossa)6 6 British and American publishing, in turn, has reaped the financial benefits of successfully imposing Anglo-American cultural values on a vast foreign readership, while producing cultures in the United Kingdom and the United States that are aggressively monolingual, unreceptive to the foreign, accustomed to fluent translations that invisibly inscribe foreign texts with English-language values and provide readers with the narcissistic experience of recognizing their own culture in a cultural other (VENUTI, 1995, p. 15).

Desse modo, a conservação do sentido, vista como a "ilusão da transparência" pelo autor, é resultante da necessidade do efeito da fluência no discurso. Parece permanecer, no contexto anglo-americano, certa ambiguidade, como se a tradução fosse capaz de imitar o original e, contraditoriamente, ter de ser relegada à mera cópia do modelo original.

Observando a autoridade da fluência em vários níveis, Venuti (1995) reinterpreta a questão da autoria através da contestação da autenticidade e da originalidade de estilo de um determinado autor. Para ele, há redes de significantes próprias de cada língua; por conseguinte, a tradução se encontra nas relações que se estabelecem entre essas redes e nas interpretações dos tradutores. Isso quer dizer que tanto original quanto tradução consistem em formas derivativas de texto e que nem autor nem tradutor devem ser considerados fontes da palavra que escrevem.

A sua crítica ressalta o poder da tradução de provocar o esforço das autoridades para manter reputações. Tal indagação se vincula a uma série de questões sobre o trabalho tradutório, inclusive àquelas que põem em causa a noção de autoria e a subordinação.

As considerações de Venuti (1995) não corroboram, por exemplo, as recomendações para o tradutor que constam em uma obra publicada por entidades responsáveis pela tradução literária no Reino Unido,7 7 Arts Council England, Illinois Arts Council, The British Center for Literary Translation, The Society of Authors, British Council. Cf. Paul (2009). na qual a invisibilidade do tradutor, na realidade, se sustenta pela ideia de que existe uma univocidade textual, um sentido infringível, que deve ser reproduzido pelo tradutor:

A tradução deve ter as mesmas virtudes da obra original e deve provocar os mesmos efeitos em seus leitores. Ela deve refletir as diferenças culturais, e, ao mesmo tempo, estabelecer relações que a tornem acessível, ao alcançar exato equilíbrio entre o que é literal e o que é o sugestivo e entre a estória e sua melodia. Ela deve ser lida na nova língua com o mesmo entusiasmo e compreensão que seria lida na outra língua. (PAUL, 2009PAUL, Gill. Translation in practice: a symposium. London: Dalkey Archive Press, 2009., p. 1, tradução nossa)8 8 A translation should have the same virtues as the original, and inspire the same response in its readers. It must reflect cultural differences, while drawing parallels that make it accessible, and it must achieve a fine balance between the literal and the suggestive, the story and its melody. It should be read by readers in its new language with the same enthusiasm and understanding as it was in the old (PAUL, 2009, p. 1).

Essa afirmação se apoia, ainda que de maneira contraditória, na lógica do mercado editorial. Ao mesmo tempo em que impulsiona a invisibilidade do tradutor - concretizada na necessidade primorosa da fluência tradutória (onde se quer as mesmas virtudes e os mesmos efeitos da obra original) - esse mercado declara preocupação com as diferenças culturais, como podemos observar na citação acima. A verdade é que as editoras vislumbram o sucesso do produto e, como o reconhecimento das diversidades culturais vem gradualmente crescendo, cresce também o interesse do público anglo-americano pelo "não usual" e pelo "obscuro" (PAUL, 2009PAUL, Gill. Translation in practice: a symposium. London: Dalkey Archive Press, 2009., p. 3).

No plano ideológico, a interculturalidade do trabalho tradutório abarcaria outra forma de autoria, em que a "multitude" do universo tradutório significaria estar a serviço das culturas, tanto estrangeiras quanto domésticas (VENUTI, 1998). No entanto, notavelmente, o interesse do mercado editorial não é estabelecer uma relação simétrica entre culturas, mas assegurar a venda e garantir a boa recepção do produto traduzido na cultura alvo. Isso quer dizer que, de modo geral, a aplicação da estratégia domesticadora e da estratégia estrangeirizadora está, quase sem restrições, condicionada ao vínculo estabelecido entre o tradutor e a editora no âmbito das exigências desse mercado.

Ademais, Venuti (1998) afirma que parte das desvantagens da tradução decorre da sua capacidade de revelar e contestar os valores culturais dominantes. A tradução, segundo o autor, provoca o esforço das autoridades para manter reputações, o que resulta no controle dos possíveis "danos" que a tradução pode causar. Com o exemplo da revista da UNESCO, Courier, que, em 1990, publicou um artigo sobre a história do povo mexicano em duas versões, inglês e espanhol, Venuti (1998) observa alguns desvios de tradução e chama a atenção para a inclinação ideológica da versão inglesa e para utilização de termos inapropriados que acabaram por menosprezar a cultura mexicana para a conservação da supremacia europeia.

Sobre a vinculação da tradução a assuntos que dizem respeito a relações de poder, Lefevere (2003, p. 4) também observa a tendência ocidental de mascarar aspectos das culturas estrangeiras em tradução. O autor cita um comentário de uma carta enviada por Edward Fitzgerald sobre a tradução de Rubaiyat, obra do escritor persa, Omar Khayyam. Fitzgerald diz ser "divertido tomar a liberdade de acrescentar um pouco de arte à Poesia persa". A explicação de Lefevere sobre o comentário de Fitzgerald revela o descaso do escritor inglês aos elementos culturais do texto fonte:

"Um pouco de arte" representa uma dose irrestrita de poética Ocidental (o conceito permitido de como deve ser um poema) e um Universo Ocidental de Discurso (o termo pernas de veado não parece suficientemente poético, por isso é retirado da tradução de Rubaiyat) [...]. (LEFEVERE, 2003LEFEVERE, André. Translation/history/culture: A sourcebook. New York and London: Routledge, 2003., p. 4, tradução nossa)9 9 The"little Art" represents a liberal dose of Western poetics (the accepted concept of what a poem should be) and Western Universe of Discourse (legs of lamb, not felt to be sufficiently poetic, are left out of the translation of the Rubaiyat) [...]. (LEFEVERE, 2003, p. 4)

Venuti (1995) e Lefevere (2003) ressaltam que tal tendência decorre da despreocupação da tradução com a representação da cultura do "outro", de forma a exercer, com liberdade, a refinação da língua alvo, para que ela se torne perceptível e fluente para os leitores. Um dos pontos em comum das posições de ambos é a verificação de que existem critérios de imposição da cultura alvo, e que parte desses critérios tem relação com o papel representativo da obra traduzida na cultura alvo.

Em suma, ainda que não seja papel de uma obra literária traduzida influenciar o comportamento de uma cultura, ela quer, de alguma forma, inserir-se no cânone literário daquela cultura e, desse modo, tornar-se adaptável a sua língua. Para Lefevere, o conceito de "patronagem"10 10 Cf. Lefevere (2003) "Patronage". explica por que uma obra traduzida tende a se adaptar à lógica linguística da cultura que a recebe. Tal conceito se aplica à constatação de que há uma intenção mercadológica por trás de qualquer tradução literária, e ela se justifica pelo imperativo da audiência, uma vez que o trabalho tradutório deve manter o nível de aceitabilidade definido pelo "patrão" (pelas editoras), que não alcançará a audiência desejada se o tradutor romper com os padrões linguísticos exigidos na cultura alvo.

2 A necessidade de uma redefinição ideológica na experiência da tradução literária

Berman (2012), assim como Venuti (1995; 1998), reflete sobre as duas formas convencionais de tradução empregadas por tradutores e editores: a etnocêntrica e a hipertextual, cuja rejeição de estrangeirismos e a premência de adaptar o texto original para a cultura do país de chegada se apresentam como ponto comum para ambas. Há nesses dois autores uma visível oposição às formas tradicionais, que veem o ato de traduzir como uma devolução exata do sentido.

Quando Berman (2012) situa historicamente a origem da tradução etnocêntrica - desde a época da Roma Antiga, com a tradução dos textos gregos para o latim, onde tudo era latinizado - percebe a existência de um sincretismo cultural.11 11 Embora a palavra sincretismo encerre em si o sentido de fusão e mistura, Berman (2012) entende que o sincretismo romano se concretizou numa relação culturalmente desigual, a exemplo da Grécia. Para o autor, o sincretismo tradutório procura apenas uma adaptação à estrutura linguística. No entanto, aponta para São Jerônimo, já na romanidade cristã, citando a origem da concepção de tradução que privilegia o sentido em detrimento da palavra: a ideia de verdade plena e da essência da expressão que se eternizou nas visões idealistas da legitimidade do sentido.

A analítica da tradução de Berman (2012) propõe uma renovação ideológica e teórica que dê conta do "jogo de forças" que enlaça o tradutor e que pode desviar a tradução do seu objetivo, sendo imprescindível a redefinição de posições teóricas e ideológicas, que implicaria uma "destruição" e uma análise prévia sobre o que exatamente deve ser "destruído". Por sua vez, Venuti (1995) também propõe uma redefinição do modo como se teoriza a tradução, colocando em causa a transparência do sentido e observando na prática como a tradução pode resultar numa forma de intervenção cultural através de processos igualmente ideológicos.

A analítica seria justamente identificar as tendências deformadoras que, para Berman (2012), "destroem" a letra do original e têm o objetivo de favorecer a manutenção do "sentido" e da "bela forma". Desse modo, sendo a captação do sentido a essência da tradução etnocêntrica,12 12 Ao colocarmos o pensamento de Venuti (1995; 1998) em diálogo com o pensamento de Berman (2012), podemos concluir que a tradução etnocêntrica é para Berman o mesmo que a tradução domesticadora é para Venuti . ou seja, a afirmação da primazia de uma língua, tal sentido se encerra numa língua mais absoluta, mais ideal e mais racional que outra.

A tradução levanta questões éticas que devem ser organizadas, e essas principais questões éticas se direcionam a contextos particulares em que o poder da tradução se manifesta na formação de identidades. Desse modo, questionar a tradução significa situar a parte que ocupa a captação do sentido, colocando-a como secundária, para observar algo de mais fundamental à tradução, em seu espaço e seu valor. Berman (2012, p. 87) chama a atenção para uma "outra essência do traduzir", em que as tendências deformadoras apresentar-se-iam como vias para definir o espaço do jogo próprio da tradução. As treze tendências deformadoras analisadas em sua obra seriam as causadoras da "destruição" da letra dos originais:

[...] a racionalização, a clarificação, o alongamento, o enobrecimento e a vulgarização, o empobrecimento qualitativo, o empobrecimento quantitativo, a homogeneização, a destruição dos ritmos, a destruição das redes significantes subjacentes, a destruição dos sistematismos textuais, a destruição (ou a exotização) das redes de linguagens vernaculares, a destruição das locuções e idiotismos, o apagamento das superposições de línguas. (BERMAN, 2012BERMAN, Antoine. A tradução e a letra ou o albergue do longínquo, Tradução de Marie-Helene Catherine Torres, Mauri Furlan e Andreia Guerini. Florianópolis: Copiart PGET/UFSC, 2012., p. 68)

O autor entende que algumas receitas para se opor às forças deformadoras da tradução só levariam a uma nova metodologia não menos normativa que as anteriores. Dessa forma, propõe uma definição do espaço concreto da tradução. É nesse espaço que ele discute sobre o ético, o poético e o pensante, uma vez que a ética se expande em todos os fins da tradução (BERMAN, 2012BERMAN, Antoine. A tradução e a letra ou o albergue do longínquo, Tradução de Marie-Helene Catherine Torres, Mauri Furlan e Andreia Guerini. Florianópolis: Copiart PGET/UFSC, 2012.). Sendo a ética uma realidade tangível no ato de traduzir, ela só pode estar ligada à letra. O ato de traduzir deve intervir na obra original de modo a revelar o que está oculto. Essa revelação seria a manifestação, e "o coração materno da língua" torna-se o espaço de língua aberto e acolhedor. Nesse espaço, há o entrelaçamento das línguas, que ultrapassa o que elas têm de filologicamente ou linguisticamente semelhante.

A ideia de Berman (2012) confirma as novas perspectivas que se manifestam nos Estudos da Tradução e os seus novos desígnios. Além disso, seu ponto de partida sobre a analítica da tradução parece corroborar os princípios de diversidade cultural marcados por Glissant (2001), que avalia os aspectos da tradução literária dentro do imaginário das línguas, sugerindo a "soberania" de todas as línguas quando da passagem de uma língua para outra:

Doravante, o que a tradução sugere em seu princípio mesmo, através da própria passagem que ela realizaria de uma língua para a outra, é a soberania de todas as línguas do mundo. E, por essa razão, a tradução é o indício e a evidência de que temos que conceber em nosso imaginário essa totalidade das línguas. Da mesma forma que o escritor realiza essa totalidade, [...] o tradutor manifesta essa totalidade através da passagem de uma língua para uma outra, sendo confrontado com a unicidade de cada uma dessas línguas. (GLISSANT, 2001GLISSANT, Èdouard. Introdução a uma poética da diversidade. Traduzido por Enilce Albergaria Rocha. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2005., p.55)

Compreendendo a tradução como um processo de "crioulização" ou de "mestiçagem cultural", que tem como aspiração a "totalidade-mundo", Glissant (2001) não se refere a uma essência universal da palavra e do sentido, mas à busca constante do tradutor por aquilo que há em comum entre as línguas e se insere na própria relação cultural que define o espaço da tradução.

Pensar que a letra e o sentido estão ligados é assumir a impossibilidade da tradução ou a sua natural característica de traidora. Berman (2012) observa que a tradução é justamente a desconstrução da verdade absoluta ainda que queira ser verdade. Refutar essa verdade é, ao mesmo tempo, assumi-la e, nesse jogo de contradições, ela ocupa o duplo viés da "aceitação" ou da "negação" da letra e do sentido.

3 Considerações finais

Voltando a atenção para a formação de identidades culturais, elaboramos reflexões sob a orientação das teorias que desafiam os limites das interpretações tradicionais nos Estudos de Tradução. Observamos que, embora a tradução tenha o poder de reconstruir conceitos e valores culturais, sua consolidação está sujeita a manipulações editoriais que objetivam o sucesso de vendas e se acomodam em manter estereótipos culturais que atraiam um público leitor considerável.

É nesse sentido que o entrelugar da tradução literária revela as contradições próprias da atividade tradutória; estar em todos os lugares e, ao mesmo tempo, estar em lugar nenhum é sua essência. O entrelugar é, assim, o espaço onde se desvelam os diversos conceitos contestadores das perspectivas acadêmicas, ao se reconhecer as forças que atuam no processo tradutório, e também o espaço da condescendência à disseminação (do produto traduzido) lucrativa, motivada pelo mercado editorial. Em suma, entendemos que as fronteiras imaginárias (ou não) ainda permanecem na prática tradutória, e que o caminho ainda é longo para que a tradução se torne o espaço ideal da manifestação do ético, do poético e do pensante, como quis Berman (2012).

Referências

  • ARROJO, Rosemary. Os estudos da tradução na pós-modernidade, o reconhecimento da diferença e a perda da inocência. Cadernos de Tradução, Florianópolis, v. 1, n.1, p. 53-69, 1996.
  • BERMAN, Antoine. A tradução e a letra ou o albergue do longínquo, Tradução de Marie-Helene Catherine Torres, Mauri Furlan e Andreia Guerini. Florianópolis: Copiart PGET/UFSC, 2012.
  • GLISSANT, Èdouard. Introdução a uma poética da diversidade. Traduzido por Enilce Albergaria Rocha. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2005.
  • HALL, Stuart. Quando foi o pós-colonial? Pensando no limite. In: HALL, S.; SOVIK, L. (org.). Da diáspora: Identidades e Mediações Culturais. Belo Horizonte: UFMG, 2003.
  • KATAN, David. Translating cultures: An introduction for translators, interpreters and mediators. Manchester: St. Jorome Publishing, 1999.
  • NIRANJANA, Tejaswini. Siting translation: history, post-structuralism, and the colonial context. Los Angeles & Berkeley: University of California Press, 1992.
  • ORTIZ, Fernando. Contrapunteo del tabaco y del azúcar. Madrid: Cátedra, 2002.
  • LEFEVERE, André. Translation/history/culture: A sourcebook. New York and London: Routledge, 2003.
  • PAUL, Gill. Translation in practice: a symposium. London: Dalkey Archive Press, 2009.
  • VENUTI, Lawrence. The Translator's invisibility: A history of translation. London and New York: Routledge, 1995.
  • ______. The scandals of translation. London: Routledge, 1998.
  • 1
    Em artigo sobre os estudos da tradução na pós-modernidade, Arrojo (1996), inicialmente, faz uma apresentação negativa do pensamento moderno e do ideal iluminista. A autora atesta que, por ter sido propulsor da objetividade e da razão e por ter se baseado em valores totalitários de uma determinada classe, o pensamento moderno foi responsável por demarcar a negação da diferença. A autora faz uma crítica ao período histórico em que os valores ocidentais se sobrepõem a qualquer outra forma de pensamento, no sentido de observar como a pós-modernidade se apresenta na reconfiguração desse pensamento e como a sua desconstrução se realiza a partir de precursores teóricos de diferentes áreas do saber, como Marx, Nietzsche e Freud.
  • 2
    Niranjana (1992) observa que a construção do pensamento ocidental sobre as questões de autoria e de sentido teve base no empirismo britânico e no idealismo alemão, cujas premissas agregam-se para sustentar a ideia de humanismo, linha filosófica que atribui ao indivíduo a "essência da palavra" e a "fonte do pensamento".
  • 3
    According to this theory, meaning in culture is not an independent fact to be found by consulting books, cognitive maps or any other static system. Culture here is viewed as a dynamic process, constantly being negotiated by those involved (KATAN, 1999, p. 27).
  • 4
    As abordagens behaviorista, funcionalista e cognitiva apegam-se à concepção que entende a cultura como um elemento estático. Quanto ao dinamismo cultural, sua definição corrobora o fenômeno da transculturação, definido por Ortiz (1940-2002), uma vez que reconhece as diferenças culturais em estado de contínuo movimento, não se presumindo estabilidade nem rigidez cultural.
  • 5
    O cânone da fluência na sociedade anglo-americana perpetua sua primazia cultural através dos textos traduzidos, e existe na cultura anglo-americana a ideia de tradução como falsa cópia do modelo original, tido como absoluto. Venuti (1995) afirma que, no contexto anglo-americano, as raras críticas direcionadas à tradução normalmente são em cima da fluência e na fluidez do texto, sendo negligenciados até mesmo os desvios de sentido.
  • 6
    British and American publishing, in turn, has reaped the financial benefits of successfully imposing Anglo-American cultural values on a vast foreign readership, while producing cultures in the United Kingdom and the United States that are aggressively monolingual, unreceptive to the foreign, accustomed to fluent translations that invisibly inscribe foreign texts with English-language values and provide readers with the narcissistic experience of recognizing their own culture in a cultural other (VENUTI, 1995, p. 15).
  • 7
    Arts Council England, Illinois Arts Council, The British Center for Literary Translation, The Society of Authors, British Council. Cf. Paul (2009).
  • 8
    A translation should have the same virtues as the original, and inspire the same response in its readers. It must reflect cultural differences, while drawing parallels that make it accessible, and it must achieve a fine balance between the literal and the suggestive, the story and its melody. It should be read by readers in its new language with the same enthusiasm and understanding as it was in the old (PAUL, 2009, p. 1).
  • 9
    The"little Art" represents a liberal dose of Western poetics (the accepted concept of what a poem should be) and Western Universe of Discourse (legs of lamb, not felt to be sufficiently poetic, are left out of the translation of the Rubaiyat) [...]. (LEFEVERE, 2003, p. 4)
  • 10
    Cf. Lefevere (2003) "Patronage".
  • 11
    Embora a palavra sincretismo encerre em si o sentido de fusão e mistura, Berman (2012) entende que o sincretismo romano se concretizou numa relação culturalmente desigual, a exemplo da Grécia. Para o autor, o sincretismo tradutório procura apenas uma adaptação à estrutura linguística.
  • 12
    Ao colocarmos o pensamento de Venuti (1995; 1998) em diálogo com o pensamento de Berman (2012), podemos concluir que a tradução etnocêntrica é para Berman o mesmo que a tradução domesticadora é para Venuti .

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Abr 2016

Histórico

  • Recebido
    15 Set 2015
  • Aceito
    26 Nov 2015
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