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ENTREVISTA COM A PROFESSORA LAURA GURZYNSKI-WEISS DA UNIVERSIDADE DE INDIANA: APRESENTANDO O TBLT LANGUAGE LEARNING TASK BANK

Embora as tarefas tenham sido um conceito chave no campo de SLA (Aquisição de Segunda Língua) por certo tempo, ele ainda é percebido como um tanto inovador quando pensamos no ensino de línguas moderno (EAST, 2014East, M. (2014).Encouraging innovation in a modern foreign language initial teacher education programme: What do beginning teachers make of task-based language teaching? The Language Learning Journal. Vol. 42, No. 3, 261–274.http://dx.doi.org/10.1080/09571736.2013.856455.
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), e em função de sua natureza um tanto desafiadora para professores, no que diz respeito à tomada de decisões sobre como elaborar e implementar tarefas que sejam apropriadas para seus contextos instrucionais. Quando se leva isso em consideração, explorar o TBLT em salas de aula de línguas está longe de ser uma tarefa fácil.Uma alternativa para aliviar o trabalho de professores e pesquisadores de encontrar exemplares de tarefas que possam conectar teoria e prática e construir bases de dados acessíveis, que funcionem como repositórios online de diversos tipos de tarefas já usadas em sala de aula e em pesquisas – ou que ainda serão usadas – que sejam fundamentadas nas premissas básicas da teoria em TBLT que é o caso do Banco de Tarefas TBLT para o Aprendizado de Línguas.

Lançado em setembro de 2020, o TBLT Language Learning Task Bank é “uma base de dados [online que] possibilita um espaço único para o compartilhamento de tarefas para a aprendizagem línguas” (GURZYNSKI-WEISS; IATBLT, 2020, nossa tradução) onde professores e pesquisadores podem acessar tarefas em uma diversidade de línguas para uso em sala de aula e/ou em pesquisas científicas. A página, que é hospedada pela Universidade de Indiana (IU), é financiada pela Associação Internacional de Ensino de Línguas Baseado em Tarefas (IATBLT, na sigla em Inglês) e está sob a supervisão da professora Laura Gurzynski-Weiss, fundadora e Diretora do Projeto. Laura é professora associada ao Departamento de Espanhol e Português da IU e seus principais interesses de pesquisa envolvem a aquisição de segunda língua de forma instruída e as diversas variáveis que a influenciam. Ela afirma que “um dos pilares da [sua] pesquisa é garantir que os dados coletados [por ela] tenham impacto para além da academia” (GURZYNSKI-WEISS, 2020Gurzynski-Weiss, L., & IATBLT (2020).The TBLT Language Learning Task Bank. https://tblt.indiana.edu
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, nossa tradução) e nós acreditamos que o trabalho conduzido pelo banco de tarefas de TBLT é uma ferramenta em potencial que irá fomentar a conexão entre estudos acadêmicos e práticas de ensino de qualidade. Sendo assim, esta entrevista tem o objetivo de apresentar o TBLT Language Learning Task Bank como uma ferramenta valiosa para os professores e professoras de inglês no Brasil – considerando o escopo da Ilha do Desterro– e, além disso, discutir com a professora Laura os desafios, possibilidades e impactos do Banco de Tarefas como um repositório online disponível para comunidade de professores e comunidade global em geral. Considerando o atual cenário de ensino e aprendizagem remotos como resultado da pandemia, ter acesso a um banco digital/repositório de ensino como esse é um recurso igualmente importante para professores, estudantes e pesquisadores.

Entrevistadoras: Professora, para começar, você poderia descrever em mais detalhes sobre o que se trata o Banco de Tarefas e qual você acha que é o papel do Banco de Tarefas para a comunidade global de professores e pesquisadores interessados em TBLT (Ensino de Línguas Baseado em Tarefas)?

Professora: Primeiramente, por favor, podem me chamar de Laura. J Obrigada pela honra e oportunidade de conversar com vocês e compartilhar informação com a audiência para a qual o Banco de Tarefas foi pensado: professores de línguas.

O Banco de Tarefas é uma plataforma central para pesquisadores, professores de línguas e formadores de professores que adotam o TBLT para compartilhar Tarefas para o ensino de línguas com a comunidade global. Estamos fazendo o Banco de Tarefas crescer para se tornar o local de referência se você quiser encontrar uma tarefa para usar na sua sala de aula ou na sua pesquisa. Se nós conseguirmos torná-lo o site de referência na área para todos os professores de línguas, ele terá o potencial de propiciar um suporte permanente para a aprendizagem, implementação e fortalecimento do TBLT em sala de aula. Ele também possibilita a oportunidade de uma conexão significativa com outros educadores e pesquisadores de línguas.

Entrevistadoras: Laura, nós sabemos que a ideia do Banco de Tarefas está muito conectada com sua trajetória profissional e que ele, na verdade, se originou de cursos de metodologias de ensino e seminários de TBLT que você ministrou. Você poderia nos falar um pouco sobre como a ideia de criar uma plataforma online central de tarefas para o compartilhamento a nível mundial se tornou realidade?

Professora: Com certeza. A motivação para o Banco de Tarefas se originou das minhas observações como uma formadora de professores e como ex-professora de línguas adicionais/não-nativas (L2s). Eu ministro cursos como métodos de ensino de L2, aquisição de espanhol como L2, ensino baseado em tarefas e em cada um desses cursos discutimos como desenhar novas tarefas e como adaptar tarefas que já existem de modo a propiciar oportunidades ideais para o aprendizado de L2. Todos os semestres, nós nos deparávamos com a mesma questão sobre onde encontrar tarefas para a adaptação. Aquilo que encontramos em livros didáticos são geralmente atividades que focam na forma linguística, ao invés de tarefas de verdade, no sentido do TBLT, que focam no significado. E apesar de ser possível encontrar websites de docentes ou departamentos aqui e ali com um número modesto de tarefas para L2, estes se voltam geralmente para línguas ou competências específicas. Nós éramos incapazes de encontrar um lugar que as centralizasse e onde qualquer um poderia acessar rapidamente tarefas para L2 que se encaixassem na definição de tarefa de acordo com o TBLT: com um objetivo comunicativo, um resultado não-linguístico, uma conexão com o uso da língua no mundo real, e que seguisse uma das três estruturas mais comuns (ELLIS, 2003Ellis, R. (2003).Task-based language learning and teaching. Oxford University Press., 2018; LONG, 2015Long, M. H. (2015). Second language acquisition and task-based language teaching. Wiley-Blackwell.; ou WILLIS, 1996Willis, J. (1996). A framework for task-based language teaching. Longman.).

A construção do primeiro site começou em 2014 em um seminário de TBLT que eu ministrei juntamente com um grupo de estudantes fenomenais da Universidade de Indiana, entre eles estavam Carly Carver (então professora assistente da Universidade de Augusta) e Ángel Milla Muñoz (hoje instrutor de espanhol em Sevilha na Espanha). Eu mencionei o “site dos sonhos” no seminário e perguntei aos estudantes se eles conseguiriam encontrar algo parecido online. Eles não encontraram e quando eu disse que eu adoraria trabalhar com alguém que estivesse interessado em criá-lo, Carly e Angel se voluntariaram. Eles trabalharam com as idéias de forma a criar um site funcional e modesto, que esteve disponível de 2015 a 2020. Em função de projetos pessoais e profissionais, nós não conseguimos fazer muito com aquele site, mas nunca desistimos do sonho. No último verão, em 2020, durante uma reunião do comitê executivo da Associação International de Task-based Language Teaching (da qual sou membro geral), nosso site foi mencionado e eu falei sobre expandir seu potencial no caso de termos financiamento e que buscar por financiamento estava na minha lista de afazeres. A IATBLT ofereceu generosamente o financiamento para o projeto, eu encontrei um ótimo programador (ex-professor de língua e egresso da IU, Jonathan May), nós trabalhamos no design do site atual (tblt.indiana.edu) durante o verão.Um subcomitê de voluntários formou o comitê consultivo da IATBLT, proporcionando um retorno inestimável e o site foi lançado em setembro de 2020.

Entrevistadoras: É tão interessante descobrir como o site se tornou realidade e como, passo a passo, o banco está agora disponível para o mundo todo. Então, tendo o website rodando a todo vapor, como funciona exatamente o envio e compartilhamento das tarefas? É mais ou menos como a submissão de um artigo? Além disso, ao observar a página de submissão do Banco de Tarefas, as pessoas veem que os quadros de Ellis (2003Ellis, R. (2003).Task-based language learning and teaching. Oxford University Press., 2018)Ellis, R. (2018). Reflections on task-based language teaching. Multilingual Matters., Willis (1996)Willis, J. (1996). A framework for task-based language teaching. Longman. e Long (2015)Long, M. H. (2015). Second language acquisition and task-based language teaching. Wiley-Blackwell. são sugeridos, você acha que fazendo referência a eles, a base de dados instiga professores a investigar e/ou aprender sobre a teoria em TBLT baseada nessas concepções do que são tarefas e o ensino baseado em tarefas?

Professora: Toda e qualquer pessoa pode buscar e baixar tarefas para uso e adaptação, o que é a parte mais importante. Nesse primeiro momento, até que populemos o site com muitas mais tarefas que propiciem exemplos claros da nossa definição de tarefas – com um objetivo comunicativo, resultado não-linguístico, conexão com o mundo real de uso da língua, e seguindo uma das estruturas mais comuns (ELLIS, 2003Ellis, R. (2003).Task-based language learning and teaching. Oxford University Press., 2018; WILLIS, 1996Willis, J. (1996). A framework for task-based language teaching. Longman.; LONG, 2015Long, M. H. (2015). Second language acquisition and task-based language teaching. Wiley-Blackwell.) o envio está disponível para membros da IATBLT, que é quem financia o site, e qualquer um convidado por membros da IATBLT ou enviando uma mensagem para thetaskbank@gmail.com. Nós optamos por fazer assim para garantir que alguém que submetesse tarefas para publicação estaria seguindo uma definição de tarefas baseada no TBLT e para garantir que todos que interagissem com o Banco de Tarefas tivessem uma experiência positiva. Uma vez que alguém que queira submeter uma tarefa, sendo ou membros do IATBLT ou convidados por membros, ou ainda tendo acesso através do email, eles criam uma conta, entram no site principal e clicam em “upload a task” (envie uma tarefa). Eles verão nossos critérios para conferir se o que eles têm é uma tarefa que está de acordo com os critérios do Banco, e então podem começar o processo. Nós temos uma categorização de tarefas que é bem detalhada, de forma que no futuro, quando tivermos mais tarefas será mais fácil para professores e pesquisadores encontrarem aquilo que procuram especificamente. Todas essas categorias são informadas pela literatura em TBLT, tanto do lado pedagógico quanto científico. Aquele que envia sua tarefa é perguntado sobre o contexto em que a tarefa foi usada, em que outros contextos eles veriam essa tarefa ser usada (como por exemplo, com outra faixa-etária ou nível de proficiência), e tem a opção de fornecer seu nome, afiliação e e-mail, possibilitando a oportunidade de expandir o diálogo com a comunidade global uma vez que a tarefa é publicada, além de garantir que sejam dados os créditos de citação adequados para seu trabalho publicado no Banco de Tarefas. Depois da submissão, eu sou notificada e faço a primeira revisão da tarefa, fazendo comentários e pedindo esclarecimentos se necessário. Então eu envio a dois outros membros do comitê consultivo para fazer o mesmo. Aquele que enviou a tarefa é notificado quando a tarefa está pronta para ser revisada, pois algumas vezes há alguns ajustes a serem feitos. Eu acredito que essa conversa com o autor da tarefa e o comitê consultivo – a oportunidade de interagir e aprender uns com os outros – é um dos aspectos únicos do Banco de Tarefas. Seria mais fácil ter uma base de dados onde qualquer um pudesse usar sua própria definição de tarefa e enviá-la sem precisar de comentários ou edições, mas isso colocaria toda a carga nos professores que teriam que determinar: isso é realmente uma tarefa baseada no TBLT? Vai funcionar no meu contexto? Ao providenciar toda essa categorização e comentários por parte do comitê do Banco de Tarefas e minha, como diretora do projeto, nosso objetivo é remover a carga dos professores em sua busca e poder dizer que tudo que está no Banco de Tarefas entra em nossa definição de tarefa (informada colaborativamente a partir do campo de TBLT), e está categorizada de maneira que quando um professor está procurando por uma tarefa pronta pra aplicar em Português, por exemplo, ou por uma tarefa dialógica, eles consigam encontrar tarefas que se encaixem em suas necessidades rapidamente e economizar tempo. Há vídeos sobre como interagir com o site, incluindo como fazer o envio de uma tarefa, na aba “Help”. Em uma fase futura, teremos vídeos ligando o Banco de Tarefas com o site da IATBLT.org, operacionalizando e oferecendo mini aulas baseadas em tarefas, explicações e oficinas sobre cada aspecto da nossa definição de tarefas (como desenvolvendo os conceitos de resultado comunicativo versus linguístico) e categorização das tarefas (por exemplo, demonstrando como uma tarefa pode ser desenvolvida para focar no fornecimento de insumo rico e o que isso significa para cada parte da tarefa).

Entrevistadoras: Então, podemos ver que este é um processo bem detalhado que, além disso, a própria atividade de baixar a tarefa é uma oportunidade de aprender sobre TBLT. E realmente toda a página parece ser muito intuitiva, de forma que a pesquisa dos professores é facilitada. Mas então, o professor ou pesquisador que acessar a página encontra mais informações sobre como usar cada tarefa? Por exemplo, eles encontram dicas ou sugestões sobre como aplicar as tarefas em sala de aula ou em pesquisas? Se não, esse é um objetivo futuro para o banco?

Professora: Estou muito feliz que vocês perguntaram isso! No momento, no Banco de Tarefas, quem envia as tarefas é solicitado a selecionar todos os contextos em que essa tarefa poderia ser aplicada imediatamente com adaptações mínimas e são encorajados a oferecer instruções. De fato, esse é o pedido de revisão mais comum que fazemos, por parte do comitê consultivo: “Por favor, ofereça contexto e instruções suficientes de forma que um professor possa usá-la sem ter outras perguntas”. A recém lançada revista acadêmica TASK(editora John Benjamins) vai apresentar uma seção intitulada “Let’stalk tasks: A conversation between language teachers, researchers, and teacher trainers” (Vamos falar de tarefas: uma conversa entre professores de línguas, pesquisadores e formadores de professores) que eu editarei. Os objetivos específicos de Let’s talk tasks são (1) tornar o TBLT mais acessível a todos, (2) reconhecer explicitamente que todos temos algo a aprender de outros que venham de contextos e tenham especialidades diferentes das nossas, além de (3) fazer isso apresentando e discutindo tarefas retiradas do Banco de Tarefas como um lugar de conexão. A sessão vai apresentar uma tarefa do Banco a cada edição e vai descrever como se deu o design da tarefa, dicas sobre como usar a tarefa na sala de aula e para fins de pesquisa, além de oferecer inspiração sobre como adaptar a tarefa, partindo do criador da tarefa e de dois outros membros da audiência. Então, por exemplo, a primeira edição vai apresentar uma tarefa criada pelo Dr. Julio R. Torres da Universidade da Califórnia, em Irvine. A tarefa foi criada para uso em pesquisa (apesar de ter sido pilotada em uma sala de aula) e posteriormente usada em um curso de espanhol para negócios. As outras duas pessoas que interagiram com a tarefa são uma experiente professora de espanhol a nível universitário (nova na área de TBLT), Julie Madewell, que ministrou um curso de espanhol para negócios diversas vezes e eu, representando a perspectiva do formador de professores. Nas próximas edições, selecionaremos tarefas de outros contextos (como do ensino básico, ensino médio, cursos de línguas dedicados a refugiados, por exemplo), de outras línguas e balancearemos a tríade de perspectivas que interage com a tarefa. E nosso estilo para a sessão é muito parecida com essa entrevista, uma conversa, com o objetivo de fazer você se sentir como se estivesse em um café com amigos (lembram dessa época? I miss it!). Eu espero que o Let’s talk tasks fomente uma interação significativa entre pesquisadores da área de tarefas, professores de línguas e formadores de professores. Eu espero demonstrar como todos nós podemos interagir com o Banco de tarefas e TBLT em geral, independente e particularmente por causa de experiências diversas.

Entrevistadoras: E então, uma vez que os professores encontraram uma tarefa que eles acreditam que se encaixa em seus objetivos, o que você sugere aos professores que querem baixar a tarefa e adaptá-la para suas aulas?

Professora: Mais uma vez, outra ótima e oportuna pergunta! No momento, eu diria que o mais importante é pensar em uma de três coisas (ou talvez todas as três se houverem muitas tarefas na primeira busca): (1) o objetivo da sua tarefa: o que você quer que a tarefa encoraje seus estudantes a fazer?Qual é o resultado comunicativo? Por exemplo, é identificar diferenças ou tomar uma decisão? (2) Quais são uma ou duas características da tarefa que se equilibram com o que você já tem planejado para essa aula/semana/unidade? Por exemplo, se você tem principalmente tarefa que apresentam insumo, que tal selecionar uma tarefa que propicie uma produção? Se você tem, principalmente, trabalho individual, que tal buscar por trabalho em duplas?E (3) qual é o seu contexto de ensino: nível de proficiência dos estudantes, idade, letramento, etc. Em minha opinião, você pode buscar por qualquer um desses fatores e encontrar o que precisa. Embora eu esteja no processo de coleta de dados de um estudo multicêntrico para entender como professores de L2 interagem com o Banco de Tarefas, selecionam tarefas e as adaptam para seus contextos com o intuito de garantir, especificamente, que o Banco de Tarefas seja o mais intuitivo possível e sirva à população para qual ele foi pensado: professores de L2 de diversos contextos (definido de forma genérica).Estou ansiosa para aprender com os professores participantes e passar adiante suas recomendações no futuro.

Entrevistadoras: Sabemos que o Banco de Tarefas acolhe tarefas em todas as línguas e que esse é um dos atrativos do banco, certo? Ser inclusivo e acolhedor para professores e pesquisadores de todas as línguas ao invés de focar somente, ou principalmente, no inglês. Porém, sabemos que o inglês tem tido um papel crucial no mundo como Língua Franca. Como você e o conselho consultivo planejam trabalhar com essa diversidade, estando cientes de que possivelmente haverá uma grande busca por tarefas em inglês, assim como pesquisadores que querem compartilhar suas tarefas para o ensino de inglês?

Professora: Vocês estão absolutamente certas: nós queremos que o Banco de Tarefas seja um lugar onde cada professor pode encontrar uma tarefa para seu contexto de ensino. Dito isso, o site é de professores de línguas para professores de línguas, estamos contando com a comunidade global de colegas educadores para nos mostrar no que eles estão interessados enviando e baixando tarefas que são significativas para eles. Assim que lançarmos nas mídias sociais, essa também será uma forma rápida e divertida de entrar em contato conosco e com o Banco de Tarefas e dizer o que vocês precisam e esperam ver no futuro (assim como, esperançosamente, marcar uma pessoa que você acredita ter recursos que possamos enviar ao Banco de Tarefas!). Então se começarmos com mais tarefas em inglês (na realidade, hoje o espanhol é a língua mais comum no site), talvez professores de ouras línguas vão se inspirar e compartilhar suas tarefas.

Entrevistadoras: Nós também esperamos!Agora, falando sobre TBLT na prática. Muitas vezes, ouvimos professores de línguas dizendo que adotar o TBLT em suas aulas é difícil e consome muito tempo. Você concorda tanto do ponto de vista de professora quanto de pesquisadora? Se sim, como você acha que o Banco de Tarefas pode contribuir para ultrapassarmos esse desafio? Um desafio que foi colocado em destaque em razão da pandemia e da mudança intensa para o contexto de ensino online.

Professora: Eu não poderia concordar mais! E essa é a maior motivação para o Banco de Tarefas: aumentar o acesso, o uso, e o suporte para tarefas em L2 baseadas no TBLT. Muitas vezes, quando estamos interessados em aprender ou adotar um novo método de ensino, nós recebemos um treinamento rápido e depois somos deixados por conta própria para implementá-lo (e isso está entre as tarefas mais comuns dos educadores). O Banco de Tarefas, se conseguirmos fazer com que seja o site de referência para professores de L2, tem o potencial de oferecer suporte contínuo para aprendizado, implementação e fortalecimento do TBLT na sala de aulas real. E eu acredito que o banco tem um potencial tremendo de oferecer respostas para pesquisares de L2 que queiram ver o que professores estão fazendo e consideram valioso na sala de aula de L2. O Banco de Tarefas pode preencher essa lacuna ecológica no sentido mais imediato, tendo as mesmas tarefas disponíveis para uso na sala de aula e na pesquisa. Eu acho que isso é particularmente crítico em tempos de pandemia, quando tempo e recursos estão mais escassos do que de costume.

Entrevistadoras: Para concluir, você poderia convidar nossos professores e pesquisadores do Brasil a acessar o Banco de Tarefas e, enquanto isso, destacar palavras chave ou conceitos que você acredita representarem a ideia de uma base de dados central para o compartilhamento de tarefas com o mundo?

Professora: Com toda a certeza! O Banco de Tarefas é criado por professores de L2 para professores de L2. Nós o fizemos para nossos colegas educadores no mundo que, especialmente em tempos de pandemia, tem demandas crescentes de tempo e menos recursos à sua disposição para o ensino. Nós esperamos que o Banco de Tarefas ofereça um lugar onde você pode baixar e talvez até compartilhar suas próprias tarefas em L2 com a comunidade global, economizar algum tempo na sua preparação de aula, se inspirar e inspirar outros, sentir uma sensação de comunidade a nível mundial juntamente com outros que estão tentando fazer do mundo um lugar mais inclusivo e acolhedor onde pessoas possam aprender “segundas línguas” de forma significativa e interagir com mais pessoas e mais pontos de vista do que poderiam antes de aprender sua L2.Eu genuinamente sinto que o ensino e aprendizagem de língua é uma oportunidade para fazer o mundo um lugar mais justo e inclusivo, onde possamos ver que somos muito mais parecidos do que diferentes e trabalhar para que compreendamos, celebremos e aprendamos com nossas diferenças. E eu sinto que o TBLT é um dos, se não o método de ensino mais propício para fazer isso acontecer. Estou honrada em poder compartilhar o Banco de Tarefas com vocês hoje e eu realmente espero que vocês e seus leitores façam do site seu e nos ajudem a construí-lo colaborativamente como um incrível suporte e recurso para nossa comunidade global de colegas educadores. Você vai se juntar a nós? Visite nosso site (tblt.indiana.edu) e se conecte conosco nas redes sociais hoje (@thetaskbank). Estou ansiosa para falar de tarefas com vocês em breve!

Para encerrar esta seção de entrevista, gostaríamos de agradecer à Laura Gurzynski-Weiss, que gentilmente aceitou nosso convite e tirou tempo para compartilhar conosco aspectos chave do Banco de Tarefas, uma plataforma para compartilhar ideias de ensino baseadas nos princípios básicos do TBLT. O que, do nosso ponto de vista, pode ser uma maneira de imaginar uma relação saudável entre Aquisição de Segunda Língua e a Pedagogia da Língua, uma questão que tem sido debatida extensivamente na área (ELLIS, 1995Ellis, R. (1995). Interpretation tasks for grammar teaching. TESOL Quarterly, 29, 1.; KRAMSCH, 1995Kramsch, C. (1995). The Applied Linguistic and the Foreign Language Teacher can they talk to each other? In G. Cook, & B. Seidlhofer (Eds), Principle & practice in applied linguistics: Studies in honor of H. G. Widdowson, (pp. 43-56).). De acordo com Kramsch (1995)Kramsch, C. (1995). The Applied Linguistic and the Foreign Language Teacher can they talk to each other? In G. Cook, & B. Seidlhofer (Eds), Principle & practice in applied linguistics: Studies in honor of H. G. Widdowson, (pp. 43-56)., desde 1984 há um desejo de tornar a teoria acessível a professores de língua, o que tem ocorrido por meio de livros didáticos, monografias, oficinas, palestras públicas, discussões, para citar alguns exemplos. Entretanto a mediação tem sido problemática, primeiro em termos de o quão diferente a esfera da teoria é da esfera da prática (cada um com suas metáforas, categorizações e agendas), e segundo, em termos da complexidade da mediação em si, que depende da percepção dos profissionais e da maneira como cada um adéqua as propostas aos seus propósitos.

Considerando a lógica que está por trás de como o Banco de Tarefas foi concebido, ele parece ter o potencial de desencadear naqueles interessados em tarefas a “posição do educador” (Kramsch, 1995Kramsch, C. (1995). The Applied Linguistic and the Foreign Language Teacher can they talk to each other? In G. Cook, & B. Seidlhofer (Eds), Principle & practice in applied linguistics: Studies in honor of H. G. Widdowson, (pp. 43-56).), aquele que desvenda os aspectos teóricos que sejam relevantes e úteis para o ensino da língua.

Esta entrevista foi conduzida por email em março de 2021, originalmente em inglês e traduzida pelas autoras.

References

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  • Willis, J. (1996). A framework for task-based language teaching. Longman.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Jan 2022
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 2021

Histórico

  • Recebido
    07 Abr 2021
  • Aceito
    03 Maio 2021
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