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Aquisição das vogais nasais francesas ɛ̃, ã; e ɔ̃ por Aprendizes Brasileiros: Aspectos Articulatórios

Acquisition of French Nasal Vowels ɛ̃, ã; e ɔ̃ by Brazilian Learners: Articulatory Aspects

Resumo:

Este trabalho se propõe a investigar a aquisição das vogais nasais ɛ̃, ã; e ɔ̃ da Língua Francesa por aprendizes do curso de licenciatura em Letras Português/Francês. Em termos articulatórios, essa classe de segmentos caracteriza-se pelo abaixamento do véu palatino, o que gera o acoplamento dos tubos nasal e oral (SEARA, 2000; MEDEIROS e DEMOLIN, 2006 MEDEIROS, B. R.; DEMOLIN, D. Vogais nasais do Português Brasileiro: um estudo de IRM. Revista da ABRALIN , v. 5, n. 1 e 2, p. 131-142, dez., 2006.; BARBOSA e MADUREIRA, 2015BARBOSA, P. A.; MADUREIRA, S. Manual de fonética acústica experimental. São Paulo: Cortez, 2015.) e, consequentemente, por aspectos acústicos diferentes daqueles encontrados nas vogais orais. Com a passagem livre do ar no trato nasal, o primeiro formante (F1) tende a abaixar e o terceiro (F3) a aumentar (HAWKINS e STEVENS, 1985; DELVAUX, 2003). Há também uma modificação na amplitude de picos espectrais - menor para as nasais -, aparecimento de picos espectrais adicionais e uma maior duração para os referidos segmentos (MORAES e WETZELS, 1992MORAES, J. A.; WETZELS, W. L. Sobre a duração dos segmentos vocálicos nasais e nasalizados em português: um exercício de fonologia experimental. Cadernos de Estudos Linguísticos, v. 23, p. 153-166, dez. 1992.; SOUSA, 1994STONE, M. A guide to analyzing tongue motion from ultrasound images. Clinical Linguistics and Phonetics, 2005.). Para desenvolver essa pesquisa, foram realizadas coletas de dados articulatórios com três grupos de informantes: Grupo I - dois aprendizes de FLE de semestres distintos (2º e 8º) do curso de licenciatura; Grupo II - uma nativa de francês; e Grupo III - uma nativa de português brasileiro. O instrumento de coleta articulatória consistiu em um teste de produção de logatomas em frase-veículo. As coletas foram realizadas na cabine acústica do Laboratório Emergência da Linguagem Oral (LELO/UFPel). Para a coleta e análise dos dados articulatórios, foi utilizado o software Articulate Assistant Advanced (AAA), versão 2.16.11. A análise dos segmentos dos dois grupos de nativas constatou que: (i) para diferenciar o segmento nasal do oral, a nativa do francês posterioriza seus movimentos de língua, já a do português, eleva-os. Quanto aos dados das aprendizes, foi possível constatar: (i) generalização dos gestos de língua da informante do 2º semestre para as três vogais nasais do FR e (ii) distinção vocálica acurada da informante do 8º semestre. Ainda, a ultrassonografia demonstrou ser uma ferramenta promissora para a realização de pesquisas acerca da nasalidade, evidenciando diferenças estatísticas significativas nos movimentos de língua entre os segmentos orais e nasais.

Palavras-chave:
Vogais nasais; Aquisição de língua estrangeira; Francês

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