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Editorial

EDITORIAL

Interface inicia seu 15º ano ininterrupto de circulação com um aumento de 45% no número de artigos originais publicados, a partir deste fascículo, passando de 64 para 92 artigos anuais. Tal medida é parte do esforço para manter o intervalo médio entre submissão e publicação não superior ao alcançado em 2009 (349 dias), em decorrência do expressivo crescimento no volume de submissões e a subsequente ampliação no número de artigos aprovados.

O intervalo entre submissão e publicação obtido, relativamente baixo se comparado a outras publicações da área de Saúde Coletiva, é fruto de um conjunto de iniciativas que permitiram racionalizar e dar agilidade ao processo de avaliação, por meio do uso do sistema SciELO Submission de gerenciamento editorial, da implantação de um processo de pré-avaliação e da pré-publicação (ahead of print) na base SciELO Brasil, logo após a aprovação do manuscrito.

A partir deste ano outras medidas estão sendo adotadas visando dar mais transparência e velocidade ao processo de pré-avaliação realizado por editores e editores associados, mediante a informação adicional dos autores sobre a natureza do manuscrito submetido quanto à originalidade em relação à literatura nacional e internacional. Quanto aos relatos de experiência submetidos à seção Espaço Aberto, serão priorizadas produções que tragam elementos originais na abordagem adotada ou nos resultados alcançados.

Os autores também são convidados, a partir de 2011, a indicar dois ou três avaliadores (do país ou exterior) que possam atuar no julgamento de seus trabalhos, possibilitando uma ampliação e diversificação do banco de avaliadores ad hoc da revista, já com cerca de 1.400 pesquisadores cadastrados. Também abrimos espaço para indicarem, quando necessário, possível conflito de interesse com pesquisadores que possam atuar como avaliadores.

Neste fascículo Interface faz uma homenagem póstuma à professora Cecilia Magaldi, falecida em 28 de setembro de 2010, publicando texto inédito desta apaixonada educadora que inspirou diversas gerações de futuros médicos para uma postura crítica diante das condições de vida e saúde do país e para as possibilidades de intervenção do campo da Saúde Pública na redução das mazelas sanitárias do Brasil. Cecilia foi médica infectologista, sanitarista, professora titular e emérita da Faculdade de Medicina de Botucatu Unesp (FMB) e motivou muitos de seus alunos para a escolha da Saúde Pública como campo profissional. Também formou diversas gerações de médicos sanitaristas, desde o início dos anos 1970, por meio do Programa de Residência Médica em Medicina Preventiva e Social do Departamento de Saúde Pública da FMB, do qual foi uma das fundadoras.

O trabalho foi apresentado no XX Congresso Brasileiro de Educação Médica (ABEM), realizado em Ribeirão Preto, em 1982, e é uma boa expressão de seu pensamento crítico, trazendo questões ainda atuais sobre o papel social das instituições de ensino superior, em geral, e da escola médica, em particular. A avaliação da escola médica é tratada sem deixar de reconhecer o papel das "populações servidas pelas Escolas de Medicina e atendidas pelos médicos que as formam" (Magaldi, 2011, p.329). Questionava os modelos de avaliação "que reprovam profissionais, depois de diplomados, mediante exame de suficiência", como medida da qualidade do ensino recebido durante a graduação médica, a exemplo do que hoje se dá com o polêmico exame realizado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CREMESP).

Cecilia via a escola médica com um enorme potencial para mudanças na graduação por acreditar ser esta a instituição universitária que "melhor reúne as condições para [...] revisão de critérios de qualidade de sua produção (e não só de seu produto). Isto porque, dadas a sua natureza e a especificidade de seus compromissos formais e informais, poderá aumentar o seu potencial de inconformismo em relação ao modelo social vigente" (Magaldi, 2011, p.331).

Estas são apenas algumas das questões que Cecilia apresentou em seu pequeno ensaio, com a ousadia e clareza de pensamento de quem sempre acreditou que um futuro melhor é possível e lutou por ele. Já como secretária municipal de saúde de Botucatu, durante a década de 1980, se engajou no movimento da reforma sanitária e teve a alegria de ver consolidado o seu projeto de estruturação de uma rede local de serviços de saúde e a definição constitucional do direito à saúde como conquista da sociedade brasileira.

Cecilia deixou aos que conviveram com ela a compreensão de que o conhecimento e a sabedoria rimam muito bem com a humildade, a humildade da educadora que compreendia que ninguém sabe tudo e que estamos sempre aprendendo.

Antonio Pithon Cyrino

Editor

Eliana Goldfarb Cyrino

Editora Associada

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Mar 2011
  • Data do Fascículo
    Mar 2011
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