Acessibilidade / Reportar erro

Phlebopus beniensis (Singer & Digilo) Heinem. & Rammeloo (Boletinellaceae, Basidiomycota, Fungi): novo registro para o Estado de São Paulo, Brasil e notas etnomicológicas1 1. Parte do Projeto de Iniciação Científica da primeira Autora .

Phlebopus beniensis (Singer & Digilo) Heinem. & Rammeloo (Boletinellaceae, Basidiomycota, Fungi.

RESUMO

Novo registro para o Estado de São Paulo, Brasil e notas etnomicológicas). Phlebopus é um gênero de fungos boletoides que produz basidiomas conspícuos, de grandes dimensões. O gênero está representado no Brasil por seis espécies distribuídas em oito Estados, porém, P. beniensis ainda não havia sido registrada para o Estado de São Paulo, Sudeste do Brasil. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é registrar a ocorrência da espécie para o Estado de São Paulo com base em espécimes da região sudoeste do Estado, assim como apresentar notas etnomicológicas, incluindo o primeiro registro de comestibilidade da espécie.

Palavras-chave:
Boletales; cogumelos comestíveis; etnomicologia; funga brasileira; fungos neotropicais; taxonomia de fungos

ABSTRACT

New record from São Paulo State, Brazil and ethnomycological notes). Phlebopus is a genus of boletoid fungi that produces conspicous basidiomes with large dimensions. The genus is represented in Brazil by six species distributed in eight States, with P. beniensis being here newly reported from the State of São Paulo, Southeastern Brazil. Therefore, the aim of this study is to report the occurrence of this species in São Paulo State based on specimens from Southwestern region of the State, as well as to present ethnomycological notes, including the first report of the species edibility.

Keywords:
Boletales; brazilian funga; edible mushrooms; ethnomycology; fungal taxonomy; neotropical fungi

Introdução

Os fungos boletoides são aqueles morfologicamente relacionados ao gênero Boletus L., ou seja, macroscopicamente são caracterizados pelos basidiomas píleo-estipitados, carnosos e putrescentes, e com himenóforo tipicamente tubular (Singer 1986Singer, R. 1986. The Agaricales in Modern Taxonomy. 4 ed. Koeltz Scientific Books, Koenigstein.). Entretanto, esses fungos não constituem um grupo monofilético e espécies com formas agaricoides, gasteroides e secotioides também podem ser encontrados em BoletalesFlora do Brasil 2020. Boletales. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB93845 > (acesso em 06-V-2021).
http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora...
(Binder & Hibbett 2006Binder, M. & Hibbett, D. 2006. Molecular systematics biological diversification of Boletales. Mycologia 98: 971-981.). Grande parte das espécies boletoides formam associações ectomicorrízicas com plantas (Hibbett et al. 2014Hibbett, D.D., Bauer, R., Binder, M., Giachini, A.J., Hosaka, K., Justo, A., Larsson, E., Larsson, K.H., Lawrey, J.D., Miettinen, O., Nagy, L., Nilsson, R.H., Weiss, M. & Thorn, R.G. 2014. Agaricomycetes. In: McLaughlin, D.J. & Spatafora, J.W. (eds.). The Mycota, vol. VII, Second Ed., Part A. Springer Verlag. pp. 373-429.). Entretanto, essas relações ecológicas são melhor compreendidas em países do Hemisfério Norte, sendo que em florestas tropicais estudos ainda são necessários para uma melhor compreensão do papel ecológico desses fungos (González-Chicas et al. 2019González-Chicas, E., Cappello, S., Cifuentes, J & Torres-De la Cruz, M. 2019. New records of Boletales (Basidiomycota) in a tropical oak forest from Mexican Southeast. Botanical Sciences 97 (3): 423-432.).

No Brasil, o conhecimento sobre os fungos boletoides evoluiu consideravelmente nos últimos anos, incluindo a descrição de novos táxons para a ciência (Magnago & Neves 2014Magnago, A.C. & Neves, M.A. 2014. New record of Austroboletus festivus (Boletaceae) from Santa Catarina, Brazil. Brazilian Journal of Botany 37: 197-199.; Magnago et al. 2017aMagnago, A.C., Neves, M.A. & Silveira, R.M.B. 2017a. Fistulinella ruschii sp. nov., and a new record of Fistulinella campinaranae var. scrobiculata for the Atlantic Forest, Brazil. Mycologia 109(6): 1003-1013. , 2017bMagnago, A.C., Reck, M.A., Dentinger, B.T.M., Moncalvo, J.M., Neves, M.A. & Silveira, R.M.B. 2017b. Two new Tylopilus species (Boletaceae) from northeastern Atlantic Forest, Brazil. Phytotaxa 316: 250-260., 2018aMagnago, A.C., Henkel, T., Neves, M.A. & Silveira, R.M.B. 2018a. Singerocomus atlanticus sp. nov., and a first record of Singerocomus rubriflavus (Boletaceae, Boletales) for Brazil. Acta Botanica Brasilica 32: 222-231., 2018bMagnago, A.C., Alves-Silva, G., Neves, M.A. & Silveira, R.M.B. 2018b. A new species of Gyroporus (Gyroporaceae, Boletales) from Atlantic Forest in Southern Brazil. Nova Hedwigia 107: 291-301., 2019Magnago, A.C., Neves, M.A. & Silveira, R.M.B. 2019. Boletellus nordestinus (Boletaceae, Boletales), a new species from Northeastern Atlantic Forest, Brazil. Studies in Fungi 4(1): 47-53.; Barbosa-Silva & Wartchow 2017Barbosa-Silva, A. & Wartchow, F. 2017. Studies on Boletellus sect. Boletellus in Brazil and Guyana. Current Research in Environmental & Applied Mycology 7: 387-395.; Barbosa-Silva et al. 2017Barbosa-Silva, A., Ovrebo, C.L., Ortiz-Santana, B., Sá, M.C.A., Sulzbacher, M.A., Roy, M. & Wartchow, F. 2017. Tylopilus aquarius, comb. et stat. nov., and its new variety from Brazil. Sydowia 69: 115-122., 2020Barbosa-Silva, A. & Wartchow, F. 2020. Considerations on the rare species Phlebopus brasiliensis (Fungi, Basidiomycota, Boletinellaceae) from Atlantic Forest of Northeast Brazil. Proceedings of the Biological Society of Washington 133(1): 109-119.). Entre as famílias que incluem fungos boletoides está Boletinellaceae, que inclui dois gêneros, Boletinellus Murrill e Phlebopus (R. Heim.) Singer (Kirk et al. 2008Kirk, P.M., Cannon, P.F., Minter, D.W. & Stalpers, J.A. 2008. Ainsworth and Bisby’s dictionary of the fungi. 10th ed. CAB International University Press, Cambridge.), ambos com representantes no Brasil.

Membros de Phlebopus podem ser caracterizados pelos basidiomas robustos, superfície pileal glabra, tomentosa a velutínea; estipe robusto, maciço (não é oco) e superfície não reticulada; himenóforo tubular, subdecurrente a depresso, amarelo oliváceo a amarelado, com poros circulares a subangulares pequenos (1-2 por mm) (Barbosa-Silva & Wartchow 2020Barbosa-Silva, A., Wartchow, F. & Sulzbacher, M.A. 2020. Tylopilus nigripes sp. nov. (Boletaceae, Basidiomycota) from the Atlantic Forest of Brazil. Feddes Repertorium 131: 244-250.). O gênero engloba pelo menos 17 espécies descritas para a ciência (Index Fungorum 2021Index Fungorum. 2021. Disponível em: <Disponível em: http://www.indexfungorum.org/ >. Acesso em: 06 mai. 2021.
http://www.indexfungorum.org/...
), mas ainda são necessários estudos mais aprofundados, envolvendo análises moleculares, para uma circunscrição mais precisa das espécies. Pelo menos seis espécies do gênero (P. beniensis, P. brasiliensis, P. braunii, P. harleyi, P. portentosus e P. tropicus) já foram citadas para o Brasil (Calaça et al. 2018Calaça, F.J.S., Magnago, A.C., Alvarenga, R.L.M. & Xavier-Santos, S. 2018. Phlebopus beniensis (Boletinellaceae, Boletales) in the Brazilian Cerrado biome. Rodriguésia 69(2): 939-944.) nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Goiás, Paraíba e Amazonas, mas é possível que alguns desses nomes correspondam a sinônimos.

Muitas espécies de fungos boletoides são exploradas na culinária ao redor do mundo, sendo que algumas espécies podem até mesmo ser consideradas iguarias. Em países altamente micófilos, os boletoides se encontram entre os fungos de maior importância cultural devido ao seu consumo disseminado (Garibay-Orijel & Ruan Soto 2014Garibay-Orijel, R. & Ruan-Soto, F. 2014. Listado de los hongos silvestres consumidos como alimento tradicional en México. In: Moreno-Fuentes, A. & Garibay-Orijel, R. (eds.). La Etnomicología en México. Estado del Arte. Red de Etnoecología y Patrimonio Biocultural (CONACYT), México D.F. pp. 91-112.).

No gênero Phlebopus, pelo menos seis espécies são registradas como comestíveis: P. braunii (Bres.) Heinem., P. bruchii (Speg.) Heinem. & Rammeloo, P. colossus (R. Heim) Singer, P. marginatus Watling & N.M. Greg., P. portentosus (Berk. & Broome) Boedijn e P. sudanicus (Har. & Pat.) Heinem. (Singer & Diglio 1960Singer, R. & Diglio, A. 1960. Las Boletaceas de Sudamerica tropical. Lilloa 30: 141-164.; Li et al. 2021Li, H., Tian, Y., Menolli Jr., N., Ye, L., Karunarathna, S.C. et al. 2021. Reviewing the world's edible mushroom species: a new evidence‐based classification system. Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety 20(2): 1982-2014.).

Apesar de P. beniensis ser uma espécie com ocorrência registrada para diferentes estados do território brasileiro (Paraíba, Paraná e Goiás), a espécie ainda não havia sido registrada para a funga paulista, sendo que, atualmente, São Paulo é o estado com maior número de espécies fúngicas registradas (BFG 2022BFG - Brazilian Flora Group. 2022. Brazilian Flora 2020: Leveraging the power of a collaborative scientific network. Taxon 71: 178-198.). Assim, o intuito do presente trabalho é relatar a ocorrência da espécie no estado, apresentar notas etnomicológicas, e registrar pela primeira vez sua comestibilidade.

Material e métodos

Áreas de coleta - Os espécimes analisados foram coletados em duas localidades diferentes, porém em cidades adjacentes, pertencentes à Bacia do Alto Paranapanema (Estado de São Paulo, região Sudeste). A primeira coleta de espécimes foi realizada no início da temporada de chuvas (primavera), no bairro rural Guareí Velho (23º29’41,7”S, 48º28’25,3”W), município de Angatuba. Quanto à segunda, esta foi realizada no final do período de chuvas (outono), em propriedade rural do Bairro Araçatuba (23º36’27,6”S, 48º28’56,8”W), cidade de Campina do Monte Alegre.

As duas cidades estão localizadas em uma região de ecótono, sendo a vegetação de transição entre Mata Atlântica (Floresta Estacional Semidecidual) e Cerrado (Araújo & Almeida-Santos 2013Araújo, C.O. & Almeida-Santos, S.M. 2013. Composição, riqueza e abundância de anuros em um remanescente de Cerrado e Mata Atlântica no estado de São Paulo. Biota Neotropical 13(1): 265-275. ). Coleta de dados etnomicológicos - Os dados aqui apresentados são parte dos resultados do projeto de pesquisa: “Conhecimento etnomicológico de uma comunidade rural no Sudeoeste paulista”. O projeto conta com a autorização do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Carlos (CAAE: 37323020.0.0000.5504) e todos os colaboradores assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), atendendo à Resolução 466/2012 da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa do Ministério da Saúde. O projeto consiste em análise qualitativa do conhecimento etnomicológico de moradores do bairro rural Guareí Velho (Angatuba-SP). Para tanto, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas (Albuquerque et al. 2010Albuquerque, U.P., Lucena, R.F.P. & Cunha, L.V.F.C. (orgs.) 2010. Métodos e técnicas na pesquisa etnobiológica e etnoecológica. Vol. 1. Recife: NUPEEA.) com residentes do bairro, contendo perguntas sobre aspectos cognitivos, utilitários e de manejo, além de percursos etnomicológicos na companhia dos colaboradores em algumas propriedades (Bautista et al. 2020Bautista, J., Xolalpa, S., Aguilar, A. & Moreno, A. 2020. Construyendo una posible metodología a seguir en el estudio de los hongos medicinales de México. In: Ruan-Soto, F., Ramírez Terrazo, A., Montoya, A. & R., Garibay-Orijel. Métodos en etnomicología. Instituto de Biología de la UNAM, Sociedad Mexicana de Micología, San Cristóbal de Las Casas.). Os principais tópicos abordados nas entrevistas foram: questões de micogonia (origem dos fungos), percepção dos fungos (positiva, negativa ou neutra), taxonomia (nomes populares, formas de classificação), ecologia (função ecológica, fenologia, onde ocorrem, relações de micofagia), usos/aplicações (medicinal, gastronômico, recreativo, espécies tóxicas, etc.), transmissão do conhecimento e questões folclóricas (contos, mitos) relacionadas aos fungos.

Coleta e análise dos espécimes fúngicos - Os basidiomas foram fotografados in situ, coletados com auxílio de um canivete, acondicionados em caixa plástica e levados para laboratório [Centro de Ciências da Natureza (CCN), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)] para posterior análise macro e microscópica. Para codificação das cores, seguiu-se o guia de Kornerup & Wanscher (1978Kornerup, A. & Wanscher, J.H. 1978. Methuen handbook of colour. Londres: Eyre Methuen.). Os espécimes foram desidratados em estufa elétrica de circulação de ar (Meloni, Pratic Dryer Digital M042-D) a aproximadamente 40ºC.

Para as análises microscópicas, foram realizados cortes à mão livre dos espécimes e em seguida os cortes foram colocados em lâmina, reidratados com KOH 3% e tingidos com corante citoplasmático floxina 1%. Foi utilizado microscópio óptico (Zeiss, Primo Stars) para a medição dos esporos (n= 30) e outras microestruturas (hifas, basídios e cistídios). O cálculo de Qm (média de valores da razão comprimento/largura dos basidiósporos) foi segundo a metodologia apresentada por Coelho (2005Coelho, G. 2005. A Brazilian new species of Auriporia. Mycologia 97: 266-280.).

Os espécimes foram herborizados e estão mantidos na Coleção Micológica do Herbário da Universidade de São Carlos - SPSC (CCN, UFSCar).

Resultados

Taxonomia

Phlebopus beniensis (Singer & Digilio) Heinem. & Rammeloo, Mycotaxon 15: 390 (1982)

Figuras 1-4

Figuras 1-4.
Phlebopus beniensis (Singer & Digilio) Heinem. & Rammeloo. 1. Basidiomas in situ. 2. Basidiomas ex situ. 3. Corte do estipe mostrando regiões do contexto com azulamento (setas). 4. Detalhe do himenóforo poroide. Fotografias: 1, 3 e 4 (L. Trierv.-Per.); 2 (Emily dos Santos). Figures 1-4. Phlebopus beniensis (Singer & Digilio) Heinem. & Rammeloo. 1. Basidiomes in situ. 2. Basidiomes ex situ. 3. Stipe section showing context with blue patches (arrows). 4. Poroid hymenophore detail. Photographs: 1, 3 e 4 (L. Trierv.-Per.); 2 (Emily dos Santos).

Descrição: Píleo de 10-15 cm de diâmetro, convexo a aplanado-convexo quando maduro com uma leve depressão no centro, liso, seco, marrom amarelado (5D5); margem irregular e com fendas nos basidiomas maduros. Himenóforo tubular, amarelo acinzentado a amarelo opaco (3B5, 3B4), poros arredondados, 2-3 poros por mm (medição realizada em material seco); esporada marrom oliva (4F8). Estipe 110-150 × 35-50 mm, central a levemente excêntrico, bulboso na base e afilando próximo ao ápice, marrom (6D5), liso. Contexto branco amarelado (4A2) com manchas marrom amareladas (5D4), com leve reação de oxidação azulada (píleo e estipe) após corte. Basidiósporos 6-8 × 5-6 µm (Qm = 1,32), elipsoides, lisos, amarelo avermelhados a amarelo amarronzados, unigutulados, inamiloides e não-dextrinoides, com parede levemente espessada e apêndice hilar evidente. Basídios clavados, com 4 esterigmas. Cistídios 23-61 × 8-16 µm, hialinos a levemente amarelados, com paredes levemente espessadas. Trama himenoforal boletoide, gelatinizada, hifas fíbuladas.

Material examinado: BRASIL. São Paulo: Angatuba, Bairro Guareí Velho, 08-XII-2020, A. Prado- Elias, E. Santos & L. Trierveiler-Pereira s.n. (SPSC); Campina do Monte Alegre, Bairro Araçatuba, 05.V.2021, L. Trierveiler-Pereira s.n. (SPSC).

Hábito e habitat: basidiomas terrestres, cespitosos, gregários a esparsos. Os espécimes foram encontrados em dois ambientes distintos: crescendo embaixo de uma goiabeira (Psidium guajava L.) com pouca vegetação cobrindo o solo, em uma área utilizada para agricultura (cultivo de cana-de- açúcar); e em jardim com grama formando anel-de-fada (crescimento dos cogumelos em círculo).

Distribuição: espécie com distribuição neotropical, originalmente descrita para a Bolívia, sendo que no Brasil é conhecida para as regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul (Calaça et al. 2018Calaça, F.J.S., Magnago, A.C., Alvarenga, R.L.M. & Xavier-Santos, S. 2018. Phlebopus beniensis (Boletinellaceae, Boletales) in the Brazilian Cerrado biome. Rodriguésia 69(2): 939-944.) (Fig. 5).

Figura 5.
Distribuição geográfica de Phlebopus beniensis (Singer & Digilio) Heinem. & Rammeloo no Brasil. Figure 5. Geographical distribution of Phlebopus beniensis (Singer & Digilio) Heinem. & Rammeloo in Brazil in Brazilian States.

Comentários taxonômicos: os basidiomas de espécies de Phlebopus geralmente são conspícuos e robustos, com píleo e estipe amarronzados e o himenóforo amarelado e tubular. O contexto pode sofrer reação de oxidação azulada em basidiomas frescos, porém essa reação também pode estar ausente em basidiomas mais secos. Phlebopus beniensis é muito similar a P. brasiliensis Singer, sendo que a segunda foi descrita com base em espécimes coletados na Amazônia brasileira (Singer et al. 1983) e recentemente descrita em detalhe por Barbosa-Silva & Wartchow (2020Barbosa-Silva, A. & Wartchow, F. 2020. Considerations on the rare species Phlebopus brasiliensis (Fungi, Basidiomycota, Boletinellaceae) from Atlantic Forest of Northeast Brazil. Proceedings of the Biological Society of Washington 133(1): 109-119.), com base em materiais coletados na região Nordeste (Paraíba). De acordo com Barbosa-Silva & Wartchow (2020Barbosa-Silva, A. & Wartchow, F. 2020. Considerations on the rare species Phlebopus brasiliensis (Fungi, Basidiomycota, Boletinellaceae) from Atlantic Forest of Northeast Brazil. Proceedings of the Biological Society of Washington 133(1): 109-119.), P. brasileinsis se diferencia de P. beniensis pelo tamanho dos poros himenoforais (0,4 por mm), presença de tons oliváceos no himenóforo, e ausência de cistídios himeniais. Os caracteres diagnósticos relatados por Barbosa-Silva & Wartchow (2020Barbosa-Silva, A. & Wartchow, F. 2020. Considerations on the rare species Phlebopus brasiliensis (Fungi, Basidiomycota, Boletinellaceae) from Atlantic Forest of Northeast Brazil. Proceedings of the Biological Society of Washington 133(1): 109-119.) para P. brasiliensis não foram evidenciados nos materiais estudados do estado de São Paulo. Análises moleculares serão importantes para definir a circunscrição das duas espécies.

Notas etnomicológicas

O local de crescimento dos espécimes (P. beniensis) na propriedade rural do entrevistado (bairro Guareí Velho) nos foi indicado pelo proprietário durante um percurso etnomicológico. De acordo com esse colaborador, os basidiomas da espécie aparecem em períodos chuvosos, a partir do mês de novembro. Como resultado das entrevistas etnomicológicas, a espécie P. beniensis foi reconhecida por esse morador da comunidade (sexo masculino, 68 anos) com o nome popular “chapéu-de-baiano”. Esse nome vernacular não foi citado por outros entrevistados do bairro, e de acordo com o entrevistado, o nome foi cunhado por ele mesmo para reconhecimento da espécie. O nome faz alusão ao chapéu feito de couro tradicionalmente utilizado por vaqueiros nordestinos.

Entretanto, além da citação desse nome popular e dos dados relacionados aos conhecimentos fenológicos, outros usos para a espécie (culinário, medicinal, lúdico ou ritualístico) não foram registrados na comunidade.

Discussão

Após cinco anos de inventário de macrofungos na região do Alto do Paranapanema, P. beniensis ainda não havia sido registrada no local. Apesar de ser uma espécie já conhecida para vários estados do país (Calaça et al. 2018Calaça, F.J.S., Magnago, A.C., Alvarenga, R.L.M. & Xavier-Santos, S. 2018. Phlebopus beniensis (Boletinellaceae, Boletales) in the Brazilian Cerrado biome. Rodriguésia 69(2): 939-944.), é importante citar a ocorrência da espécie no estado de São Paulo, contribuindo assim para o conhecimento da funga paulista. Não há publicações sobre a ocorrência do gênero Phlebopus no Estado de São Paulo, entretanto, existe uma exsicata no Herbário SP (214412) identificada como P. brasiliensis (SpeciesLink, 2021SpeciesLink. 2021. Sistema de Informação Distribuído para Coleções Biológicas. Disponível em http://www.splink.org.br/ > (acesso em 12-V-2021).
http://www.splink.org.br/...
). Porém, é necessária a revisão dessa coleção para certificar se trata-se de P. brasiliensis ou P. beniensis, considerando os limites morfológicos tênues entre as duas espécies.

Durante o percurso etnomicológico, o entrevistado nos perguntou se a espécie era comestível e, apesar de termos uma ideia de que sim, preferimos não disponibilizar a informação naquele momento antes de terminar as entrevistas etnomicológicas no bairro.

Após exaustiva procura na literatura, não encontramos nenhuma referência sobre a comestibilidade de P. beniensis, apesar de outras espécies do mesmo gênero serem amplamente consumidas em alguns países africanos e orientais (Sanmee et al. 2010Sanmee, R., Lumyong, S., Lumyong, P. & Dell, B. 2010. In vitro cultivation and fruit body formation of the black bolete, Phlebopus portentosus, a popular edible ectomycorrhizal fungus in Thailand. Mycoscience 51(1): 15-22.; Varghese et al. 2010Varghese, S.P., Pradeep, C. & Vrinda, K. 2010. Mushrooms of tribal importance in Wayanad area of Kerala. Journal of Mycopathological Research 48: 311-320.; Karun & Sridhar 2017Karun, N.C. & Sridhar, K.R. 2017. Edible wild mushrooms of the Western Ghats: Data on the ethnic knowledge. Data in Brief 14: 320-328.; Wu et al. 2019Wu, F., Zhou, L.-W., Yang, Z.-L., Bau, T., Li, T.-H. & Dai, Y.-C. 2019. Resource diversity of Chinese macrofungi: Edible, medicinal and poisonous species. Fungal Diversity 98(1): 1-76.). Ainda, há exemplos de espécies, como P. portentosum, que são consideradas iguarias em algumas localidades como na Tailândia (Kumla et al. 2012Kumla, J., Bussaban, B., Suwannarach, N. & Lumyong, S. 2012. Basidiome formation of an edible wild, putatively ectomycorrhizal fungus, Phlebopus portentosus without host plant. Mycologia 104(3): 597-603.) e China (Zhang et al. 2017Zhang, C., He, M., Liu, J., Xu, X., Cao, Y., Gao, F., Fang, Y., Wang, W. & Wang, Y. 2017. Brief introduction to a unique edible Bolete - Phlebopus portentosus in Southern China. Journal of Agricultural Science and Technology B 7: 386-394.) (Fig. 6). Com a nossa investigação, encontramos relatos informais de que a espécie já teria sido utilizada para alimentação nas regiões nordeste e sul do Brasil (L. Trierveiler-Pereira, dados não publicadosTrierveiler-Pereira, L. 2019. FANCs de Angatuba. Fungos alimentícios não convencionais de Angatuba e região. Porto Alegre: PLUS/Simplíssimo.).

Ainda, não há na literatura registros de espécies tóxicas ou casos de intoxicações humanas após consumo de cogumelos do gênero Phlebopus, apesar de que há relatos etnomicológicos da Argentina de que P. bruchii pode ter algum grau de toxicidade quando os basidiomas estão escuros e mofados (Flamini et al. 2018Flamini, M., Suárez, M.E. & Robledo, G. 2018. Hongos útiles y tóxicos según los "yuyeros" de La Paz y Loma Bola (Valle De Traslasierra, Córdoba, Argentina). Boletín de la Sociedad Argentina de Botánica 53(2): 319-338.).

Figura 6.
Basidiomas de Phlebopus cf. portentosum (Berk. & Broome) Boedijn à venda em um mercado público de Kunming, Yunnan, China (Fotografia cortesia de Daniel Winkler). Figura 7. Risoto preparado com o cogumelo brasileiro Phlebopus beniensis (Singer & Digilio) Heinem. & Rammeloo (Fotografia de L. Trierv.-Per.). Figure 6. Basidiomes of Phlebopus cf. portentosum (Berk. & Broome) Boedijn from the mushroom market in Kunming, Yunnan, China (Photograph courtesy of Daniel Winkler). Figure 7. Risotto prepared with the wild Brazilian mushroom Phlebopus beniensis (Singer & Digilio) Heinem. & Rammeloo (Photograph by L. Trierv.-Per.).

Assim, para o teste de comestibilidade da espécie, uma pequena porção do cogumelo (cerca de metade de um basidioma maduro seco) foi picada, reidratada em água morna (tendo a água sido descartada duas vezes) e posteriormente foi refogada em manteiga com pouco tempero, seguindo recomendações de Lincoff (2017Lincoff, G. 2017. The complete mushroom hunter. An illustrated guide to foraging, harvesting, and enjoying wild mushrooms. Beverly: Quarto Books.) para o consumo de cogumelos silvestres. Para o consumo (realizado pela última autora do artigo), a preparação foi utilizada em uma receita de risoto (Fig. 7). Horas após a ingestão do prato, não houve efeitos adversos observados.

Quando desidratado, o cogumelo possui aroma similar ao porcini (Boletus edulis Bull.). Já quando cozido, o sabor do cogumelo é marcante, mesmo com pouco tempero utilizado no preparo do prato. Cogumelos de B. edulis também são robustos, porém ocorrem no Brasil em associação com árvores exóticas de Pinus spp. na região sul do país (Sulzbacher et al. 2013Sulzbacher, M.A., Grebenc, T, Jacques, R.J.S., Antoniolli, Z.I. 2013. Ectomycorrhizal fungi from southern Brazil - a literature-based review, their origin and potential hosts. Mycosphere 4(1): 61-95.). Os basidiomas possuem himenóforo branco quando jovens e a superfície do estipe é de coloração clara, com um padrão reticulado, e contexto sem reação de oxidação (Miller & Miller 2016Miller, O.K. Jr. & Miller, H.H. 2006. North American Mushrooms. A field guide to edible and inedible fungi. Morris Book Publishing, Connecticut.; Lincoff 2017Lincoff, G. 2017. The complete mushroom hunter. An illustrated guide to foraging, harvesting, and enjoying wild mushrooms. Beverly: Quarto Books.).

Levando em consideração a grande importância cultural de fungos boletoides entre diferentes grupos humanos na América Latina e no mundo, e que P. beniensis é uma espécie silvestre cujos cogumelos podem atingir grandes dimensões, trata-se de uma espécie interessante para ser explorada gastronomicamente, adicionando assim a espécie ao catálogo de FANCs (fungos alimentícios não convencionais) já conhecidos para a região (Trierveiler-Pereira 2019Trierveiler-Pereira, L. 2019. FANCs de Angatuba. Fungos alimentícios não convencionais de Angatuba e região. Porto Alegre: PLUS/Simplíssimo.). No Brasil e na América Latina, ainda não há registros etnomicológicos de povos e/ou comunidades que utilizem P. beniensis na alimentação.

Agradecimentos

Agradecemos aos moradores do bairro Guareí Velho (Angatuba, SP), pela participação nas entrevistas e à Emily dos Santos, pelas fotografias dos basidiomas. Também agradecemos ao Daniel Winkler, pela discussão sobre comestibilidade de espécies de Phlebopus, envio de fotografias e literatura relevante; assim como Altielys C. Magnago, pelo envio de literatura relevante.

Literatura citada

  • Albuquerque, U.P., Lucena, R.F.P. & Cunha, L.V.F.C. (orgs.) 2010. Métodos e técnicas na pesquisa etnobiológica e etnoecológica. Vol. 1. Recife: NUPEEA.
  • Araújo, C.O. & Almeida-Santos, S.M. 2013. Composição, riqueza e abundância de anuros em um remanescente de Cerrado e Mata Atlântica no estado de São Paulo. Biota Neotropical 13(1): 265-275.
  • Barbosa-Silva, A. & Wartchow, F. 2017. Studies on Boletellus sect. Boletellus in Brazil and Guyana. Current Research in Environmental & Applied Mycology 7: 387-395.
  • Barbosa-Silva, A., Ovrebo, C.L., Ortiz-Santana, B., Sá, M.C.A., Sulzbacher, M.A., Roy, M. & Wartchow, F. 2017. Tylopilus aquarius, comb. et stat. nov., and its new variety from Brazil. Sydowia 69: 115-122.
  • Barbosa-Silva, A. & Wartchow, F. 2020. Considerations on the rare species Phlebopus brasiliensis (Fungi, Basidiomycota, Boletinellaceae) from Atlantic Forest of Northeast Brazil. Proceedings of the Biological Society of Washington 133(1): 109-119.
  • Barbosa-Silva, A., Wartchow, F. & Sulzbacher, M.A. 2020. Tylopilus nigripes sp. nov. (Boletaceae, Basidiomycota) from the Atlantic Forest of Brazil. Feddes Repertorium 131: 244-250.
  • Bautista, J., Xolalpa, S., Aguilar, A. & Moreno, A. 2020. Construyendo una posible metodología a seguir en el estudio de los hongos medicinales de México. In: Ruan-Soto, F., Ramírez Terrazo, A., Montoya, A. & R., Garibay-Orijel. Métodos en etnomicología. Instituto de Biología de la UNAM, Sociedad Mexicana de Micología, San Cristóbal de Las Casas.
  • BFG - Brazilian Flora Group. 2022. Brazilian Flora 2020: Leveraging the power of a collaborative scientific network. Taxon 71: 178-198.
  • Binder, M. & Hibbett, D. 2006. Molecular systematics biological diversification of Boletales. Mycologia 98: 971-981.
  • Calaça, F.J.S., Magnago, A.C., Alvarenga, R.L.M. & Xavier-Santos, S. 2018. Phlebopus beniensis (Boletinellaceae, Boletales) in the Brazilian Cerrado biome. Rodriguésia 69(2): 939-944.
  • Coelho, G. 2005. A Brazilian new species of Auriporia Mycologia 97: 266-280.
  • Garibay-Orijel, R. & Ruan-Soto, F. 2014. Listado de los hongos silvestres consumidos como alimento tradicional en México. In: Moreno-Fuentes, A. & Garibay-Orijel, R. (eds.). La Etnomicología en México. Estado del Arte. Red de Etnoecología y Patrimonio Biocultural (CONACYT), México D.F. pp. 91-112.
  • González-Chicas, E., Cappello, S., Cifuentes, J & Torres-De la Cruz, M. 2019. New records of Boletales (Basidiomycota) in a tropical oak forest from Mexican Southeast. Botanical Sciences 97 (3): 423-432.
  • Hibbett, D.D., Bauer, R., Binder, M., Giachini, A.J., Hosaka, K., Justo, A., Larsson, E., Larsson, K.H., Lawrey, J.D., Miettinen, O., Nagy, L., Nilsson, R.H., Weiss, M. & Thorn, R.G. 2014. Agaricomycetes. In: McLaughlin, D.J. & Spatafora, J.W. (eds.). The Mycota, vol. VII, Second Ed., Part A. Springer Verlag. pp. 373-429.
  • Index Fungorum. 2021. Disponível em: <Disponível em: http://www.indexfungorum.org/ >. Acesso em: 06 mai. 2021.
    » http://www.indexfungorum.org/
  • Flamini, M., Suárez, M.E. & Robledo, G. 2018. Hongos útiles y tóxicos según los "yuyeros" de La Paz y Loma Bola (Valle De Traslasierra, Córdoba, Argentina). Boletín de la Sociedad Argentina de Botánica 53(2): 319-338.
  • Flora do Brasil 2020. Boletales. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB93845 > (acesso em 06-V-2021).
    » http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB93845
  • Karun, N.C. & Sridhar, K.R. 2017. Edible wild mushrooms of the Western Ghats: Data on the ethnic knowledge. Data in Brief 14: 320-328.
  • Kirk, P.M., Cannon, P.F., Minter, D.W. & Stalpers, J.A. 2008. Ainsworth and Bisby’s dictionary of the fungi. 10th ed. CAB International University Press, Cambridge.
  • Kornerup, A. & Wanscher, J.H. 1978. Methuen handbook of colour. Londres: Eyre Methuen.
  • Kumla, J., Bussaban, B., Suwannarach, N. & Lumyong, S. 2012. Basidiome formation of an edible wild, putatively ectomycorrhizal fungus, Phlebopus portentosus without host plant. Mycologia 104(3): 597-603.
  • Li, H., Tian, Y., Menolli Jr., N., Ye, L., Karunarathna, S.C. et al 2021. Reviewing the world's edible mushroom species: a new evidence‐based classification system. Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety 20(2): 1982-2014.
  • Lincoff, G. 2017. The complete mushroom hunter. An illustrated guide to foraging, harvesting, and enjoying wild mushrooms. Beverly: Quarto Books.
  • Magnago, A.C. & Neves, M.A. 2014. New record of Austroboletus festivus (Boletaceae) from Santa Catarina, Brazil. Brazilian Journal of Botany 37: 197-199.
  • Magnago, A.C., Neves, M.A. & Silveira, R.M.B. 2017a. Fistulinella ruschii sp. nov., and a new record of Fistulinella campinaranae var. scrobiculata for the Atlantic Forest, Brazil. Mycologia 109(6): 1003-1013.
  • Magnago, A.C., Reck, M.A., Dentinger, B.T.M., Moncalvo, J.M., Neves, M.A. & Silveira, R.M.B. 2017b. Two new Tylopilus species (Boletaceae) from northeastern Atlantic Forest, Brazil. Phytotaxa 316: 250-260.
  • Magnago, A.C., Henkel, T., Neves, M.A. & Silveira, R.M.B. 2018a. Singerocomus atlanticus sp. nov., and a first record of Singerocomus rubriflavus (Boletaceae, Boletales) for Brazil. Acta Botanica Brasilica 32: 222-231.
  • Magnago, A.C., Alves-Silva, G., Neves, M.A. & Silveira, R.M.B. 2018b. A new species of Gyroporus (Gyroporaceae, Boletales) from Atlantic Forest in Southern Brazil. Nova Hedwigia 107: 291-301.
  • Magnago, A.C., Neves, M.A. & Silveira, R.M.B. 2019. Boletellus nordestinus (Boletaceae, Boletales), a new species from Northeastern Atlantic Forest, Brazil. Studies in Fungi 4(1): 47-53.
  • Miller, O.K. Jr. & Miller, H.H. 2006. North American Mushrooms. A field guide to edible and inedible fungi. Morris Book Publishing, Connecticut.
  • Sanmee, R., Lumyong, S., Lumyong, P. & Dell, B. 2010. In vitro cultivation and fruit body formation of the black bolete, Phlebopus portentosus, a popular edible ectomycorrhizal fungus in Thailand. Mycoscience 51(1): 15-22.
  • Singer, R. 1986. The Agaricales in Modern Taxonomy. 4 ed. Koeltz Scientific Books, Koenigstein.
  • Singer, R. & Diglio, A. 1960. Las Boletaceas de Sudamerica tropical. Lilloa 30: 141-164.
  • SpeciesLink. 2021. Sistema de Informação Distribuído para Coleções Biológicas. Disponível em http://www.splink.org.br/ > (acesso em 12-V-2021).
    » http://www.splink.org.br/
  • Sulzbacher, M.A., Grebenc, T, Jacques, R.J.S., Antoniolli, Z.I. 2013. Ectomycorrhizal fungi from southern Brazil - a literature-based review, their origin and potential hosts. Mycosphere 4(1): 61-95.
  • Trierveiler-Pereira, L. 2019. FANCs de Angatuba. Fungos alimentícios não convencionais de Angatuba e região. Porto Alegre: PLUS/Simplíssimo.
  • Varghese, S.P., Pradeep, C. & Vrinda, K. 2010. Mushrooms of tribal importance in Wayanad area of Kerala. Journal of Mycopathological Research 48: 311-320.
  • Wu, F., Zhou, L.-W., Yang, Z.-L., Bau, T., Li, T.-H. & Dai, Y.-C. 2019. Resource diversity of Chinese macrofungi: Edible, medicinal and poisonous species. Fungal Diversity 98(1): 1-76.
  • Zhang, C., He, M., Liu, J., Xu, X., Cao, Y., Gao, F., Fang, Y., Wang, W. & Wang, Y. 2017. Brief introduction to a unique edible Bolete - Phlebopus portentosus in Southern China. Journal of Agricultural Science and Technology B 7: 386-394.
  • 1.
    Parte do Projeto de Iniciação Científica da primeira Autora

Editado por

Editor Associado:

Rosana Maziero

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Nov 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    11 Jun 2021
  • Aceito
    22 Mar 2022
Instituto de Pesquisas Ambientais Av. Miguel Stefano, 3687 , 04301-902 São Paulo – SP / Brasil, Tel.: 55 11 5067-6057, Fax; 55 11 5073-3678 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: hoehneaibt@gmail.com