Acessibilidade / Reportar erro

Briófitas do remanescente florestal do campus da Universidade Federal de São Carlos, município de Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil1 1 Parte da Iniciação Científica da primeira Autora

Bryophytes from a forest remnant in the campus of the Universidade Federal de São Carlos, municipality of Sorocaba, State of São Paulo, Brazil

RESUMO

O campus da Universidade Federal de São Carlos do município de Sorocaba é composto por um remanescente florestal caracterizado por vegetação de mata estacional semidecidual e cerrado. Foram encontradas 96 espécies de briófitas na área: 56 musgos (sendo Fissidentaceae a família mais rica, com 11 spp.) e 40 hepáticas (sendo Lejeuneaceae a mais representativa, com 21 spp.). Oito espécies são endêmicas do Brasil e duas foram citadas pela primeira vez no Estado de São Paulo (Fissidens allionii Broth. e Lejeunea subsessilis Spruce). O predomínio de espécies corticícolas e da forma de vida em tapete indicam a forte relação com as condições microclimáticas do ambiente, assim como a disponibilidade de substrato. A presença simultânea de espécies da Mata Atlântica e do Cerrado indica uma área de transição, ao mesmo tempo que espécies de ampla distribuição, subcosmopolitas e ruderais expressam o caráter secundário do remanescente florestal.

Palavras-chave:
floresta estacional semidecidual; hepáticas; levantamento florístico; musgos; zona de transição

ABSTRACT

The campus of the Universidade Federal de São Carlos, in the municipality of Sorocaba, is composed of a forest remnant characterized by vegetation of seasonal semidecidual tropical forest and cerrado. We recorded 96 species of bryophytes in the area: 56 mosses (Fissidentaceae is the richest, with 11 spp.) and 40 liverworts (Lejeuneaceae is the most representative, with 21 spp.). Eight species are endemic to Brazil and two were mentioned for the first time in the State of São Paulo (Fissidens allionii Broth. and Lejeunea subsessilis Spruce). The predominance of corticolous species and mat life form indicate a strong relationship with the microclimate conditions of the environment, as well as the availability of substrate. The simultaneous presence of species from the Atlantic Forest and the Cerrado indicates an transition zone bryoflora, at the same time that subcosmopolitan and ruderal species with wide distribution express the secondary character of the forest remnant.

Keywords:
floristic survey; liverworts; mosses; seasonal semidecidual tropical forest; transition zone

Introdução

A conservação da biodiversidade é considerada um dos maiores desafios dos últimos anos, devido à alta degradação de ecossistemas naturais causados predominantemente pela ação antrópica, resultando num elevado nível de fragmentação florestal (Viana & Pinheiro 1998Viana, V.M. & Pinheiro, L.A.F.V. 1998. Conservação da biodiversidade em fragmentos florestais. Série Técnica do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais 12: 25-42., Mittermeier et al. 2011Mittermeier, R.A., Turner, W.R., Larsen, F.W., Brooks, T.M., Gascon, C. 2011. Global biodiversity conservation: the critical role of hotspots. In: FE Zachos & JC Habel (eds.). Biodiversity Hotspots. Springer, Berlin, pp. 3-22.). Configurando na lista dos 25 hotspots de conservação prioritária no planeta, a Mata Atlântica e o Cerrado são os biomas com umas das maiores taxas de perda de habitat e endemismo, tanto de plantas como de animais (Mittermeier et al. 2011Mittermeier, R.A., Turner, W.R., Larsen, F.W., Brooks, T.M., Gascon, C. 2011. Global biodiversity conservation: the critical role of hotspots. In: FE Zachos & JC Habel (eds.). Biodiversity Hotspots. Springer, Berlin, pp. 3-22.).

A Mata Atlântica, que se concentra na costa brasileira, conta atualmente com 12% de sua extensão original (150 mi ha) preservada (Ribeiro et al. 2011Ribeiro, M.C., Martensen, A.C., Metzger, J.P., Tabarelli, M., Scarano, F. & Fortin, M.J. 2011. The Brazilian Atlantic Forest: a shrinking biodiversity hotspot. In: F Zachos & J Habel (eds.). Biodiversity Hotspots. Springer, Berlin , pp. 405-434.), entretanto, conforme demonstrado no estudo recente de Rezende et al. (2018Rezende, C.L., Scarano, F.R., Assad, E.D., Joly, C.A., Metzger, J.P, Strassburg, B.B.N., Tabarelli, M., Fonseca, G.A., Mittermeier, R.A. 2018. From hotspot to hopespot: an opportunity for the Brazilian Atlantic Forest. Perspectives in ecology and conservation 16: 208-214.), o refinamento da resolução de mapas da vegetação permitiu rastrear remanescentes florestais de pequenas extensões, somando uma área total de 28% (32 mi ha). Tais remanescentes estão majoritariamente em regiões de cultivo e se caracterizam por fragmentos florestais isolados, degradados e pouco estudados (Viana 1995Viana, V.M. 1995. Conservação da biodiversidade de fragmentos de florestas tropicais em paisagens intensivamente cultivadas. In: GAB Fonseca, M Schmink, LPS Pinto & F Brito (eds.). Abordagens interdisciplinares para a conservação da biodiversidade e dinâmica do uso da terra no novo mundo: anais da conferência internacional. Belo Horizonte, pp. 135-154.). Nesse contexto, enfatiza-se a importância da colaboração de proprietários de terra para a recuperação dessa vegetação, principalmente de áreas ripárias degradadas, que totalizam 7,2 mi ha, dos quais 5,2 mi ha deverão ser recuperadas até 2038, caso cumpram a legislação vigente (Rezende et al. 2018Rezende, C.L., Scarano, F.R., Assad, E.D., Joly, C.A., Metzger, J.P, Strassburg, B.B.N., Tabarelli, M., Fonseca, G.A., Mittermeier, R.A. 2018. From hotspot to hopespot: an opportunity for the Brazilian Atlantic Forest. Perspectives in ecology and conservation 16: 208-214.). Em relação ao bioma Cerrado, a sua vegetação foi devastada pelo avanço da pecuária e das culturas de soja e cana-de-açúcar e conta com apenas 19,8% de seu território original atualmente (Strassburg et al. 2017Strassburg, B.B.N., Brooks, T., Feltran-Barbieri, R., Iribarrem, A., Crouzeilles, R., Loyola, R., Latawiec, A.E., Oliveira Filho, F.J.B., Scaramuzza, C.A.M., Scarano, F.R., Soares-Filho, B. & Balmford, A. 2017. Moment of truth for the Cerrado hotspot. Nature Ecology & Evolution 1: 1-3.).

A área deste estudo abrange um remanescente florestal dentro do campus da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), localizado no município de Sorocaba, interior de São Paulo, situado na segunda região administrativa com maior extensão de vegetação natural remanescente do Estado, sendo superada apenas pela região litorânea (Kronka et al. 2005Kronka, F.J.N., Nalon, M.A., Matsukuma, C.K., Kanashiro, M.M., Ywane, M.S.S., Pavão, M., Durigan, G., Lima, L.M.P.R., Guillaumon, J.R., Baitello, J.B., Borgo, S.C., Manetti, L.A., Barradas, A.M.F., Fukuda, J.C., Shida, C.N., Monteiro, C.H.B., Pontinha, A.A.S, Andrade, G.G., Barbosa, O., Soares, A.P., Couto, H.T.Z. & Joly, C.A. 2005. Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo. Imprensa Oficial, São Paulo.). Caracteriza-se por vegetação secundária, possuindo formação vegetal de Mata Atlântica - floresta estacional semidecidual - e Cerrado (Kortz et al. 2014Kortz, A.R., Coelho, S., Castello, A.C.D., Côrrea, L.S., Leite, E.C. & Koch, I. 2014. Wood vegetation in Atlantic rain forest remnants in Sorocaba (São Paulo, Brazil). Check List 10: 344-354.).

Atualmente, são reconhecidas 1.610 espécies de briófitas para todo o Brasil, sendo a região Sudeste a mais rica, com 1.222 espécies, e o Estado de São Paulo, o mais representativo, com 913 espécies (Flora do Brasil 2020Flora do Brasil 2020. Briófitas. Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Brasil. Disponível em: http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/ FB128472 . (acesso em 24-II-2021).
http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/flora...
). Para os biomas Mata Atlântica e Cerrado foram registradas 1.342 e 490 espécies, respectivamente (Flora do Brasil 2020Flora do Brasil 2020. Briófitas. Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Brasil. Disponível em: http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/ FB128472 . (acesso em 24-II-2021).
http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/flora...
). As briófitas são plantas caracterizadas pelo tamanho reduzido (em decorrência da falta de um sistema eficiente de transporte interno de água e de tecidos de sustentação) e pela necessidade de umidade para a ocorrência de reprodução sexuada (Richards 1984Richards, P.W. 1984. The ecology of tropical bryophytes. In: RM Schuster (ed.). New Manual of Bryology. The Hattori Botanical Laboratory, Nichinan, pp. 1233-1270., Vanderpoorten & Goffinet 2009Vanderpoorten, A. & Goffinet, B. 2009. Introduction to bryophytes. Cambridge University Press, Nova York .), sendo portanto, fortemente influenciadas pelas condições microclimáticas ofertadas no ambiente em que vivem, como luminosidade, umidade, relevo, temperatura, efeito de borda, substrato, nutrientes, poluentes e outros (Glime 2019Glime, J.M. 2019. Volume 4. Habitat and Role, Chapter 008 - Tropics, Subchapter 8-14 Tropics: Disturbance and Conservation. In: JM Glime (ed.). Bryophyte Ecology. Disponível em: http://digitalcommons.mtu.edu/bryophyte-ecology4/ (acesso em 22-VII-2020).
http://digitalcommons.mtu.edu/bryophyte-...
).

O interesse por estudos sobre a composição específica, a estrutura e a dinâmica das comunidades de briófitas em remanescentes florestais sob proeminente ação antrópica (Visnadi & Monteiro 1990Visnadi, S.R & Monteiro, R. 1990. Briófitas da cidade de Rio Claro, Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 17: 71-80., Bastos & Yano 1993Bastos, C.J.P. & Yano, O. 1993. Musgos da zona urbana de Salvador, Bahia, Brasil. Hoehnea 20: 23-33., Lisboa & Ilkiu-Borges 1995Lisboa, R.C.L. & Ilkiu-Borges, A.L. 1995. Diversidade das briófitas de Belém (PA) e seu potencial como indicadoras de poluição. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Botânica 11: 131-293., Câmara et al. 2003Câmara, P.E., Teixeira, R., Lima, J. & Lima, J. 2003. Musgos urbanos do recanto das Emas, Distrito Federal, Brasil. Acta Botanica Brasilica 17: 507-513., Câmara & Vital 2004Câmara, P.E.A.S. &; Vital, D.M. 2004. Briófitas do município de Poconé, Pantanal de Mato Grosso, MT, Brasil. Acta Botanica Brasilica 18: 881-886., Yano & Câmara 2004Yano, O & Câmara, P.E.A.S. 2004. Bryophytes from Manaus, Amazonas, Brazil. Acta Amazonica 34: 445-457., Pôrto et al. 2004Pôrto, K.C., Germano, S.R. & Borges, G.M. 2004. Avaliação dos brejos de altitude de Pernambuco e Paraíba, quanto à diversidade de briófitas, para a conservação. In: KC Pôrto, JJP Cabral & M Tabarelli (eds.). Brejos de altitude em Pernambuco e Paraíba - História Natural, Ecologia e Conservação, Série Biodiversidade 9. Ministério do Meio Ambiente, Brasília, pp. 79-97., Silva & Pôrto 2007Silva, M.P.P & Pôrto, K.C. 2007. Composição e riqueza de briófitas epíxilas em fragmentos florestais da Estação Ecológica de Murici, Alagoas. Revista Brasileira de Biociências 5: 243-245., Bordin & Yano 2009Bordin, J. & Yano, O. 2009. Briófitas do centro urbano de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Hoehnea 36: 7-71., Gentil & Menezes 2011Gentil, K.C.S. & Menezes, C.R. 2011. Levantamento de briófitas bioindicadoras de perturbação ambiental do campus Marco Zero do Equador da UNIFAP. Biota Amazônica 1: 63-73., Oliveira & Bastos 2014Oliveira, H.C. & Bastos, C.J.P. 2014. Briófitas epífitas de fragmentos de Floresta Atlântica da Reserva Ecológica Michelin, Estado da Bahia, Brasil. Hoehnea 41: 631-646., Carmo et al. 2015Carmo, D.M., Gasparino, E.C. & Peralta, D.F. 2015. Análise comparativa de briófitas urbanas da região noroeste do Estado de São Paulo com demais trabalhos em diferentes fitofisionomias brasileiras. Pesquisas, Botânica 67: 255-272., Cerqueira et al. 2015Cerqueira, G.R., Ilkiu-Borges, A.L., Manzatto, A.G. & Maciel, S. 2015. Briófitas de um fragmento de floresta ombrófila aberta no município de Porto Velho e novas ocorrências para Rondônia, Brasil. Biota Amazônica5: 71-75., Pantoja et al. 2015Pantoja, A.C.C., Ilkiu-Borges, A.L., Tavares-Martins, A.C.C. & Garcia, E.T. 2015. Bryophytes in fragments of terra firme forest on the great curve of the Xingu River, Pará State, Brazil. Brazilian Journal of Biology 75: 238-249., Paiva et al. 2015Paiva, L.A., Silva, J.C., Passarella, M.A. & Luizi-Ponzo, A.P. 2015. Briófitas de um fragmento florestal urbano de Minas Gerais (Brasil). Pesquisas, Botânica 67: 181-199., Fagundes et al. 2016Fagundes, D.N., Tavares-Martins, A.C.C., Ilkiu-Borges, A.L., Moraes, E.N.R. & Santos, R.C.P. 2016. Riqueza e aspectos ecológicos das comunidades de briófitas (Bryophyta e Marchantiophyta) de um fragmento de Floresta de Terra Firme no Parque Ecológico de Gunma, Pará, Brasil. Iheringia Série Botânica 71: 72-84., Chilanti & Bordin 2016Chilanti, S.B. & Bordin, J. 2016. Variação vertical de briófitas epífitas na APA Morro de Osório, Osório, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Eletrônica Científica da UERGS 2: 5-17., Visnadi 2018Visnadi, S.R. 2018. Heterogeneidade florística da brioflora em fragmentos de vegetação e a conservação das áreas verdes urbanas. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Naturais 13: 327-354., Borella et al. 2019Borella, T.A.C., Peralta, D.F. & Milaneze-Gutierre, M.A. 2019. Briófitas do Parque do Ingá, Maringá, Estado do Paraná, Brasil. Pesquisas, Botânica 73: 119-150.) tem aumentado nos últimos anos em diversos biomas do Brasil. No entanto, apenas o trabalho de Carmo et al. (2015Carmo, D.M., Gasparino, E.C. & Peralta, D.F. 2015. Análise comparativa de briófitas urbanas da região noroeste do Estado de São Paulo com demais trabalhos em diferentes fitofisionomias brasileiras. Pesquisas, Botânica 67: 255-272.) se refere à composição florística de briófitas na zona de transição dos biomas Mata Atlântica e Cerrado, evidenciando a grande lacuna no conhecimento sobre a biodiversidade de briófitas em áreas de transição, o que dificulta ações integradas de preservação. Trabalhos recentes no Estado de São Paulo (Amélio et al. 2019Amélio, L.A., Peralta, D.F. & Carmo, D.M. 2019. Briófitas do Parque Estadual de Campos do Jordão, Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 46: 1-24., Visnadi 2019Visnadi, S.R. 2019. Bosque como refúgio para as briófitas: o caso do parque Ibirapuera, em São Paulo, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Naturais 14: 331-361.) têm reforçado a importância do desenvolvimento de estudos sobre aspectos florísticos e ecológicos das briófitas em fragmentos florestais como ferramenta de conservação e manejo.

Esta investigação, de caráter pioneiro para o município de Sorocaba, tem como principal objetivo dar prosseguimento ao estudo da brioflora paulista através do levantamento dos táxons do remanescente florestal do campus UFSCar Sorocaba, além de determinar a riqueza de espécies, suas distribuições geográficas, ocorrências em diferentes tipos de substratos e formas de vida, permitindo assim, conhecer a diversidade do referido grupo.

Material e métodos

Área de Estudo - O campus da Universidade Federal de São Carlos se situa na zona rural de transição entre os municípios de Sorocaba e Salto de Pirapora (23º34' S - 47º31'12 O). O remanescente florestal dentro das delimitações do campus é subdividido em seis fragmentos: o linear e os fragmentos numerados de 1 a 5 (figura 1), totalizando 10,46 ha de cobertura vegetal, cuja formação é caracterizada por mata estacional semidecidual e cerrado, em altitude que varia de 632 a 667 m. Boa parte do remanescente é protegida nos termos da Lei, ao ser considerada área de preservação permanente (APP) por possuir nascentes que alimentam o Córrego de Ipaneminha, que é um dos afluentes do Rio Sorocaba (Kortz et al. 2014Kortz, A.R., Coelho, S., Castello, A.C.D., Côrrea, L.S., Leite, E.C. & Koch, I. 2014. Wood vegetation in Atlantic rain forest remnants in Sorocaba (São Paulo, Brazil). Check List 10: 344-354.). Na classificação climática de Köppen, Sorocaba fica numa zona de contato entre os climas Cwa e Cfa, com predominância do Cwa, isto é, temperaturas médias anuais inferiores a 21°C e pluviosidade de 1300 mm anualmente, concentrados especialmente no verão (Tavares 2002Tavares, R. 2002. O Clima de Sorocaba-SP: aspectos regionais, locais e urbanos. In: JL Sant'Anna Neto (ed.). Os Climas das Cidades Brasileiras. FCT/UNESP/Pós-graduação/Laboratório de Climatologia, Presidente Prudente, pp. 115-143.).

Figura 1.
Área de estudo delimitada pela linha vermelha, com os fragmentos florestais identificados (1-5 e L: linear) e circundados em amarelo, Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil. Fonte: Google Earth, 2016. Organizado por Marina Lemy Koga.

Amostragem - Foram analisadas apenas as amostras coletadas (totalizando 407 exsicatas) em oito expedições nos seis fragmentos, realizadas no período de junho de 2014 a maio de 2017, sendo o único material depositado em herbário. As coletas foram feitas através de caminhadas livres (Filgueiras et al. 1994Filgueiras, T.S., Nogueira, P.E., Brochado, A.L. & Guala II, G.F. 1994. Caminhamento: um método expedito para levantamentos florísticos qualitativos. Cadernos de Geociências 12: 39-43.), nas bordas e no interior dos seis fragmentos.

Tratamento das amostras - A metodologia para coleta, herborização e preservação de materiais segue Gradstein et al. (2001Gradstein, S.R., Churchill, S.P. & Salazar-Allen, N. 2001. Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memoirs of The New York Botanical Garden 86: 1-577.). As amostras foram depositadas no herbário SP (Maria Eneyda P. Kaufmann Fidalgo).

A fim de se realizar a identificação taxonômica dos exemplares, foram analisadas as estruturas morfológicas dos espécimes, consultando trabalhos de acordo com a família: Griffin (1979Griffin, D. 1979. Guia preliminar para as briófitas frequentes em Manaus e adjacências. Acta Amazonica 9: 1-67.), Frahm (1991Frahm, J.P. 1991. Dicranaceae: Campylopodioideae, Paraleucobryoideae. Flora Neotropica, monograph 54: 1-237.), Zander (1993Zander, R.H. 1993. Genera of the Pottiaceae: mosses of harsh environments. The Buffalo Society of Natural Sciences, Nova York.), Sharp et al. (1994Sharp, A.J., Crum, H. & Eckel, P.M. 1994. The moss flora of Mexico. Memoirs of The New York Botanical Garden 69: 1-1113.), Buck (1998Buck, W.R. 1998. Pleurocarpous mosses of the West Indies. Memoirs of The New York Botanical Garden 1: 1-401.), Gradstein et al. (2001Gradstein, S.R., Churchill, S.P. & Salazar-Allen, N. 2001. Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memoirs of The New York Botanical Garden 86: 1-577.), Gradstein & Costa (2003Gradstein, S.R. & Costa, D.P. 2003. The Hepaticae and Anthocerotae of Brazil. Memoirs of The New York Botanical Garden 87: 1-318.), Bastos (2004Bastos, C.J.P. 2004. Lejeuneaceae (Marchantiophyta) no Estado da Bahia, Brasil. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo.), Peralta (2005Peralta, D.F. 2005. Musgos (Bryophyta) do Parque Estadual da Ilha Anchieta (PEIA), São Paulo, Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto de Botânica, São Paulo.), Visnadi (2006Visnadi, S.R. 2006. Sematophyllaceae da Mata Atlântica do Nordeste do Estado de São Paulo. Hoehnea 33: 455-484.), Zartman & Ilkiu-Borges (2007Zartman, C.E. & Ilkiu-Borges, A.L. 2007. Guia para as briófitas epifilas da Amazônia Central. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus.), Câmara (2008Câmara, P.E.A.S. 2008. Musgos acrocárpicos das matas de galeria da Reserva Ecológica do IBGE, RECOR, Distrito Federal, Brasil. Acta Botanica Brasilica 22: 1027-1035.), Peralta & Yano (2008Peralta, D.F & Yano, O. 2008. Briófitas do Parque Estadual da Ilha Anchieta, Ubatuba, Estado de São Paulo, Brasil. Iheringia, Série Botânica 63: 101-127.), Peralta (2009Peralta, D.F. 2009. Polytrichaceae (Polytrichales, Bryophyta) do Brasil. Tese de Doutorado, Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, São Paulo. ), Bastos & Yano (2009Bastos, C.J.P. & Yano, O. 2009. O gênero Lejeunea Libert (Lejeuneaceae) no Estado da Bahia, Brasil. Hoehnea 36: 303-320.) e Bordin & Yano (2013Bordin, J. & Yano, O. 2013. Fissidentaceae (Bryophyta) do Brasil. Boletim do Instituto de Botânica 22: 1-72.). Para auxiliar na análise morfológica, foram utilizados os glossários ilustrados Malcolm & Malcolm (2000Malcolm, B. & Malcolm, N. 2000. Mosses and other bryophytes: an illustrated glossary. Micro-Optics Press, Nelson.) e Calzadilla & Churchill (2014Calzadilla, E. & Churchill, S.P. 2014. Glosario ilustrado para musgos Neotropicales. Missouri Botanical Garden, Saint Louis.).

A listagem dos táxons está em ordem alfabética de divisão, família, gênero e espécie e o sistema de classificação utilizado segue Renzaglia et al. (2009Renzaglia, K.S., Villarreal, J.C. & Duff, R.J. 2009. New insights into morphology, anatomy and systematics of hornworts. In: B Goffinet & AJ Shaw (eds.). Bryophyte Biology. Cambridge University Press, Nova York . pp. 139-171.) para Anthocerotophyta, Crandall-Stotler et al. (2009Crandall-Stotler, B., Stotler, R.E. & Long, D.G. 2009. Morphology and classification of the Marchantiophyta. In: B Goffinet & AJ Shaw (eds.). Bryophyte Biology. Cambridge University Press, Nova York, pp. 1-54.) para Marchantiophyta e Goffinet et al. (2009Goffinet, B., Buck, W.R. & Shaw, A.J. 2009. Morphology, anatomy and classification of the Bryophyta. In: B Goffinet & AJ Shaw (eds.). Bryophyte Biology. Cambridge University Press, Nova York , pp. 56-138.) para Bryophyta, com adaptações baseadas em publicações recentes de algumas famílias e gêneros. Quanto à abreviação dos nomes dos autores, consultou-se Brummitt & Powell (1992Brummitt, R.K. & Powell, C.E. 1992. Authors of plant names: a list of authors of scientific names of plants, with recommended standard forms of their names, including abbreviations. Kew: Royal Botanic Gardens.).

Quanto à distribuição geográfica, acessou-se a plataforma online da Flora do Brasil 2020 Flora do Brasil 2020. Briófitas. Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Brasil. Disponível em: http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/ FB128472 . (acesso em 24-II-2021).
http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/flora...
para a consulta de dados de ocorrência em biomas, distribuição mundial e Estados brasileiros. A classificação por biomas segue os critérios descritos no manual do IBGE (2019IBGE. 2019. Biomas e sistema costeiro-marinho do Brasil: compatível com a escala 1:250 000. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro.).

Foram registrados também os tipos de substratos aos quais as amostras estavam aderidas, baseando-se na classificação de Robbins (1952Robbins, R.G. 1952. Bryophyte ecology of a dune area in New Zealand. Vegetation 4: 1-31.), que propõe cinco categorias: terrícola (solo), rupícola (rochas, em que incluímos aqui os fragmentos de concreto), epifila (folhas), corticícola (troncos) e epíxila (troncos em decomposição). Além destas, há uma classe adicional, que são as briófitas que crescem sobre serapilheira. Com relação às formas de vida das espécies, seguiu-se Mägdefrau (1982Mägdefrau, K. 1982. Life-forms of bryophytes. In: AJE Smith (ed.). Bryophyte Ecology. Chapman and Hall, Londres, pp. 45-58.), que designa as seguintes categorias: anual, tufo, coxim, tapete, trama, pendente, flabelada e dendróide.

Resultados e Discussão

Foram encontradas 96 espécies (tabela 1), das quais 56 são musgos (divisão Bryophyta), em 24 famílias e 40 são hepáticas (divisão Marchantiophyta), em 13 famílias.

Tabela 1.
Lista de espécies do campus da Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil. Biomas = distribuição geográfica por biomas: AZ: Amazônia; CG: Caatinga; CD: Cerrado; AT: Mata Atlântica; PP: Pampa; PL: Pantanal. Estadual: distribuição geográfica por Estados brasileiros. Mundial: distribuição mundial. Substratos: CO: corticícola; EX: epíxila; EF: epifila; TE: terrícola; RU: rupícola; SE: serapilheira). Símbolos: *Espécie endêmica para o Brasil. # Primeira ocorrência para o Estado de São Paulo.

A predominância de espécies de hepáticas sobre a de musgos é um padrão encontrado em todo o Neotrópico para áreas de Mata Atlântica com grandes extensões e vegetação nativa bem preservada (Gradstein et al. 2001Gradstein, S.R., Churchill, S.P. & Salazar-Allen, N. 2001. Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memoirs of The New York Botanical Garden 86: 1-577.), haja vista na Estação Ecológica Juréia-Itatins (Visnadi 2012Visnadi, S.R. 2012. Briófitas da Estação Ecológica Juréia-Itatins, Estado de São Paulo, Brasil. Tropical Biology 34: 17-31.), no Parque Estadual Serra do Mar, núcleo Santa Virgínia (Carmo et al. 2016Carmo, D.M., Lima, J.S., Amélio, L.A. & Peralta, D.F. 2016. Briófitas do Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo de Santa Virgínia, Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 43: 265-287.) e no Parque Estadual Ilha do Cardoso (Yano et al. 2019Yano, O., Peralta, D.F. & Bordin, J. 2019. Brioflora da Ilha do Cardoso. RiMa Editora, São Paulo.). A área do presente estudo apresentou uma relação inversa, com musgos prevalecendo sobre as hepáticas, que também foi relatado nos levantamentos florísticos de unidades de conservação com fitofisionomias naturais e forte interferência antrópica, como o Parque Estadual Ilha Anchieta (Peralta & Yano 2008Peralta, D.F & Yano, O. 2008. Briófitas do Parque Estadual da Ilha Anchieta, Ubatuba, Estado de São Paulo, Brasil. Iheringia, Série Botânica 63: 101-127.) e o Parque Estadual Campos do Jordão (Amélio et al. 2019Amélio, L.A., Peralta, D.F. & Carmo, D.M. 2019. Briófitas do Parque Estadual de Campos do Jordão, Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 46: 1-24.) e parques urbanos (Bordin & Yano 2009Bordin, J. & Yano, O. 2009. Briófitas do centro urbano de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Hoehnea 36: 7-71., Visnadi 2015Visnadi, S.R. 2015. Parque Estadual das Fontes do Ipiranga: unidade de conservação importante para a proteção da brioflora da Mata Atlântica na cidade de São Paulo, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Naturais 10: 437-469., 2018Visnadi, S.R. 2018. Heterogeneidade florística da brioflora em fragmentos de vegetação e a conservação das áreas verdes urbanas. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Naturais 13: 327-354., 2019Visnadi, S.R. 2019. Bosque como refúgio para as briófitas: o caso do parque Ibirapuera, em São Paulo, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Naturais 14: 331-361., Borella et al. 2019Borella, T.A.C., Peralta, D.F. & Milaneze-Gutierre, M.A. 2019. Briófitas do Parque do Ingá, Maringá, Estado do Paraná, Brasil. Pesquisas, Botânica 73: 119-150.), sugerindo uma maior tolerância dos musgos às intempéries de ambientes urbanos.

Dentre todas as espécies inventariadas, destacam-se Lejeunea subsessilis Spruce e Fissidens allionii Broth. como primeiras ocorrências para o Estado de São Paulo, sendo a última espécie a primeira ocorrência para a região sudeste do Brasil - primeiramente citada para o Estado do Paraná em Borella et al. (2019Borella, T.A.C., Peralta, D.F. & Milaneze-Gutierre, M.A. 2019. Briófitas do Parque do Ingá, Maringá, Estado do Paraná, Brasil. Pesquisas, Botânica 73: 119-150.). Além disso, foram identificadas oito espécies endêmicas do Brasil: os musgos Aptychopsis estrellae (Müll.Hal.) P.E.A.S. Câmara, W.R. Buck & Carv.-Silva, Bryum subapiculatum Hampe e Fissidens yanoae Pursell, e as hepáticas Frullania obscura (Sw.) Dumort., Cololejeunea contractiloba A. Evans, Lejeunea cristulata (Steph.) M. E. Reiner & Goda, Lejeunea subsessilis Spruce e Lejeunea oligoclada Spruce, reforçando o valor dos remanescentes deste estudo na preservação de espécies que apresentam distribuição restrita ao país.

Com relação à distribuição por biomas, houve predominância de espécies que ocorrem na Mata Atlântica (das quais 13 espécies são exclusivas do bioma), mas que também são encontradas no Cerrado e na Amazônia. O fragmento 1 (figura 2), o mais extenso de todos e o único com exemplares epifilos no seu interior, é o que possui mata mais fechada, composta por árvores de grande porte e folhas largas, lianas e epífitas. Os fragmentos 2 e 4 (figura 2) também apresentam uma vegetação mais densa, úmida e possuem várias nascentes, se aproximando às matas de galeria do Cerrado (Pinheiro et al. 2012Pinheiro, E.M.L, Faria, A.L.A. & Câmara P.E.A.S. 2012. Riqueza de espécies e diversidade de Marchantiophyta (hepáticas) de capões de mata, no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, Goiás, Brasil. Revista de Biologia Neotropical 9: 19-27.). Em contrapartida, os fragmentos 3, 5 e linear (figura 2) são característicos da transição de mata estacional semidecidual e formação campestre de cerrado, definidos pelo clima mais seco, intensa exposição solar, presença de gramíneas, arbustos e árvores com troncos porosos e retorcidos, como Moquiniastrum polymorphum (Less.) G. Sancho (popularmente conhecida por cambará).

Figura 2.
Aspecto geral do interior dos fragmentos florestais do campus da Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil. a: fragmento 1; b: fragmento 2; c: fragmento 3; d: fragmento 4; e: fragmento 5; f: fragmento linear. Fotos por Marina Lemy Koga. Figure 2. General aspect of the interior of forest fragments in the campus of the Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba, São Paulo State, Brazil. a: fragment 1; b: fragment 2; c: fragment 3; d: fragment 4; e: fragment 5; f: linear fragment. Photos by Marina Lemy Koga.

Quanto à distribuição mundial, há uma predominância de espécies neotropicais (tabela 1). A região Neotropical é caracterizada por diferentes paisagens, como florestas tropicais Amazônica e Atlântica, a Cordilheira do Andes, o cerrado do Planalto Central brasileiro e as ilhas da América Central, o que propicia diversos habitats e, consequentemente, ampla biodiversidade, vide as 4.000 espécies de briófitas que abriga (Gradstein et al. 2001Gradstein, S.R., Churchill, S.P. & Salazar-Allen, N. 2001. Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memoirs of The New York Botanical Garden 86: 1-577.). A ocorrência de espécies subcosmopolitas como Hyophila involuta (Hook.) A. Jaeger, Tortella humilis (Hedw.) Jenn. e Frullania ericoides (Nees) Mont. evidencia uma pronunciada influência da atividade humana na área, visto que as duas primeiras são comumente encontradas aderidas a substratos artificiais, como paredes, calçadas e túmulos, e a última, a troncos submetidos à intensa exposição solar (Lisboa & Ilkiu-Borges 1995Lisboa, R.C.L. & Ilkiu-Borges, A.L. 1995. Diversidade das briófitas de Belém (PA) e seu potencial como indicadoras de poluição. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Botânica 11: 131-293.; Carmo et al. 2015Carmo, D.M., Gasparino, E.C. & Peralta, D.F. 2015. Análise comparativa de briófitas urbanas da região noroeste do Estado de São Paulo com demais trabalhos em diferentes fitofisionomias brasileiras. Pesquisas, Botânica 67: 255-272.).

Com relação à riqueza de musgos (figura 3), a família com o maior número de espécies é Fissidentaceae (11 spp.), seguida por Sematophyllaceae (cinco spp.), Brachytheciaceae (quatro spp.) e Bryaceae (quatro spp.), enquanto as demais 20 famílias apresentam de uma a três espécies cada. A família Fissidentaceae, embora representada apenas pelo gênero Fissidens, é a segunda com o maior número de espécies no Brasil (65 spp.), sendo superada apenas por Sphagnaceae (83 spp.) (Costa & Peralta 2015Costa, D.P. & Peralta, D.F. 2015. Bryophytes diversity in Brazil. Rodriguésia66: 1063-1071.). Além disso, Fissidentaceae ocorre em todos os biomas brasileiros, predominando na Mata Atlântica (Costa & Luizi-Ponzo 2010Costa, D.P. & Luizi-Ponzo, A.P. 2010. Introdução às briófitas. In: RC Forzza et al. (eds.) Catálogo de plantas e fungos do Brasil [online]. Andrea Jakobsson Estúdio: Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro pp. 61-68. Disponível em: https://books.scielo.org/id/z3529/pdf/forzza-9788560035083-07.pdf (acesso em 15-XI-2021).
https://books.scielo.org/id/z3529/pdf/fo...
). O fato de o gênero Fissidens conseguir colonizar diferentes ambientes (Bordin & Yano 2013Bordin, J. & Yano, O. 2013. Fissidentaceae (Bryophyta) do Brasil. Boletim do Instituto de Botânica 22: 1-72.), com características ecológicas diversas (florestas primárias a áreas antropizadas, zonas secas a parcial e temporariamente alagadas, substratos corticícola, epíxila, terrícola, rupícola, epifila a artificial) explica a sua ocorrência em todos os levantamentos florísticos e sua ampla distribuição pelo Brasil (Bordin & Yano 2011Bordin, J. & Yano, O. 2011. Considerations about Fissidens taxa (Fissidentaceae) widely spread in Brazil. Boletim do Instituto de Botânica 21: 125-131.). Tal família também foi a mais representativa nos três levantamentos florísticos de remanescentes florestais urbanos descritos em Bordin & Yano 2009Bordin, J. & Yano, O. 2009. Briófitas do centro urbano de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Hoehnea 36: 7-71., Visnadi 2018Visnadi, S.R. 2018. Heterogeneidade florística da brioflora em fragmentos de vegetação e a conservação das áreas verdes urbanas. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Naturais 13: 327-354. e Borella et al. 2019Borella, T.A.C., Peralta, D.F. & Milaneze-Gutierre, M.A. 2019. Briófitas do Parque do Ingá, Maringá, Estado do Paraná, Brasil. Pesquisas, Botânica 73: 119-150..

Figura 3.
Riqueza de espécies das famílias de musgos (Bryophyta), Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil.

Quanto à riqueza de espécies de hepáticas (figura 4), a família com o maior número de espécies é Lejeuneaceae (21 spp.), seguida por Frullaniaceae (cinco spp.), Plagiochilaceae (três spp.) e Aneuraceae (duas spp.), enquanto as nove famílias restantes contam com apenas uma espécie cada. Lejeuneaceae é um grupo de hepáticas com ampla distribuição tropical (Gradstein et al. 2001Gradstein, S.R., Churchill, S.P. & Salazar-Allen, N. 2001. Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memoirs of The New York Botanical Garden 86: 1-577.), com 316 espécies registradas para o Brasil (Flora do Brasil 2020Flora do Brasil 2020. Briófitas. Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Brasil. Disponível em: http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/ FB128472 . (acesso em 24-II-2021).
http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/flora...
), sendo muito representativa na Mata Atlântica, devido ao clima úmido e quente, e à ampla gama de substratos que pode ser colonizada por essas espécies, como troncos vivos de árvores, galhos em decomposição, folhas vivas, rochas e tipos de solo (Gradstein et al. 2001Gradstein, S.R., Churchill, S.P. & Salazar-Allen, N. 2001. Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memoirs of The New York Botanical Garden 86: 1-577.). A riqueza da diversidade de espécies na família Lejeuneaceae em remanescentes florestais e Mata Atlântica também foi demonstrada por outros trabalhos como Silva & Pôrto (2010Silva, M.P.P. & Pôrto, K.C. 2010. Spatial structure of bryophyte communities along an edge-interior gradient in an Atlantic Forest remnant in Northeast Brazil. Journal of Bryology 32: 101-112., 2015Silva, M.P.P. & Pôrto, K.C. 2015. Diversity of bryophytes in priority areas for conservation in the Atlantic Forest of northeast Brazil. Acta Botanica Brasilica 29: 16-23.), Carmo et al. (2016Carmo, D.M., Lima, J.S., Amélio, L.A. & Peralta, D.F. 2016. Briófitas do Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo de Santa Virgínia, Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 43: 265-287.), Carmo et al. (2018Carmo, D.M., Lima, J.S, Silva, M.I., Amélio, L.A & Peralta, D.F. 2018. Briófitas da Reserva Particular do Patrimônio Natural da Serra do Caraça, Estado de Minas Gerais, Brasil. Hoehnea 45: 484-508.) e Amélio et al. (2019Amélio, L.A., Peralta, D.F. & Carmo, D.M. 2019. Briófitas do Parque Estadual de Campos do Jordão, Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 46: 1-24.).

Figura 4.
Riqueza de espécies das famílias de hepáticas (Marchantiophyta), Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil.

O substrato mais colonizado foi o corticícola, sendo representado por 38% das ocorrências de espécies, seguido pelo terrícola, com 27%, o qual se deve à presença de barrancos úmidos em contato com as nascentes (figura 5). A predominância do substrato corticícola se deve ao fato de oferecer uma série de variedades de micro-habitats ao longo dos troncos, propiciados por ranhuras em suas cascas, onde é possível o acúmulo de água (Frahm 2003Frahm, J.P. 2003. Manual of Tropical Bryology. Tropical Bryology 23: 1-196, Oliveira et al. 2011Oliveira, J.R.P.M., Pôrto, K.C. & Silva, M.P.P. 2011. Richness preservation in a fragmented landscape: a study of epiphytic bryophytes in an Atlantic forest remnant in Northeast Brazil. Journal of Bryology 33: 279-290.). Além disso, os estratos por altura nos troncos podem apresentar diferentes condições de umidade e incidência solar, permitindo o crescimento e a colonização por várias espécies, especialistas para diferentes tipos de microclimas (Vanderpoorten & Goffinet 2009Vanderpoorten, A. & Goffinet, B. 2009. Introduction to bryophytes. Cambridge University Press, Nova York ., Silva & Pôrto 2012Silva, M.P.P. & Pôrto, K.C. 2012. Bryophyte communities along horizontal and vertical gradients in a human-modified Atlantic Forest remnant. Botany 91: 155-166.). No entanto, quando se tratam de remanescentes florestais, embora haja diferença florística de briófitas epífitas ao longo de um gradiente vertical, ela não é tão proeminente, visto que, nos fragmentos, ocorre uma homogeneização de espécies devido à própria fragmentação, que causa maior exposição à luminosidade e consequente diminuição da umidade e sombreamento (Alvarenga et al. 2009Alvarenga, L.D.P., Pôrto, K.C. & Silva, M.P.P. 2009. Biotropica 41: 682-691., Oliveira & Mota de Oliveira 2016Oliveira, H.C. & Oliveira, S.M. 2016. Vertical distribution of epiphytic bryophytes in Atlantic Forest fragments in northeastern Brazil. Acta Botanica Brasilica 30: 609-617.).

Figura 5.
Ocorrência de espécies por tipo de substrato (%), Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil.

O registro de epifilas para a área de estudo representa grande relevância pois, de acordo com Pócs (1996Pócs, T. 1996. Epiphyllous liverworts diversity at worldwide level and its threat and conservation. Anales del Instituto de Biología Serie Botánica 67: 109-127.), quando um ambiente sofre distúrbios como o desmatamento, uma boa parte da cobertura do dossel é perdida, permitindo uma alta incidência de luz solar e atingindo diretamente as espécies epifilas que são extremamente vulneráveis a essas condições e acabam perecendo. Percebe-se então, a importância de se conservar o remanescente florestal, para que ocorra uma maior conexão entre as manchas florestais, contribuindo para a preservação dessas espécies.

A forma de vida mais frequente foi o tapete, com 49% (figura 6), visto que espécies desse tipo costumam ser mais persistentes, sobrevivendo por vários anos (Mägdefrau 1982Mägdefrau, K. 1982. Life-forms of bryophytes. In: AJE Smith (ed.). Bryophyte Ecology. Chapman and Hall, Londres, pp. 45-58.). A forma de tapete amplifica a área de superfície das plantas, permitindo às suas células absorverem e distribuírem água rapidamente (Bates 1998Bates, J.W. 1998. Is ‘life-form’ a useful concept in bryophyte ecology? Oikos 82: 223-237.). A área de estudo enfrenta épocas de seca e altas temperaturas, podendo justificar a maior ocorrência dessa forma de vida.

Figura 6.
Formas de vida das espécies listadas (%), Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil.

Diante das principais características da brioflora do campus da UFSCar em Sorocaba, apresentadas pelo presente estudo, como a ocorrência de hepáticas folhosas e talosas, a presença de duas espécies de musgo citadas pela primeira vez para o Estado de São Paulo, a diversidade de espécies de Lejeuneaceae, a maior incidência de espécies corticícolas e terrícolas, a presença de epifilas, além das oito espécies endêmicas para o Brasil, corrobora-se a importância da continuidade e ampliação dos estudos de cunho florístico e ecológico em enclaves da Mata Atlântica no interior do Estado de São Paulo e suas zonas de transição.

Agradecimentos

À Capes, pela bolsa do Programa Jovens Talentos para a Ciência (JTIC-2013) e CNPQ, pela bolsa de Iniciação Científica (149893/2015-9) da primeira autora. Ao Núcleo de Briologia do Instituto de Botânica (IBt-SP) e ao Laboratório de Diversidade Vegetal (LADIVE) da UFSCar Sorocaba, pela infraestrutura laboratorial. À Dra. Letícia Silva Souto, Felipe Bueno Dutra e Karolina Eriza Reis, pelo auxílio nas coletas. Ao Dr. Dimas de Marchi Carmo e à Dra. Juçara Bordin, pela confirmação de espécies.

Literatura citada

  • Alvarenga, L.D.P., Pôrto, K.C. & Silva, M.P.P. 2009. Biotropica 41: 682-691.
  • Amélio, L.A., Peralta, D.F. & Carmo, D.M. 2019. Briófitas do Parque Estadual de Campos do Jordão, Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 46: 1-24.
  • Bastos, C.J.P. 2004. Lejeuneaceae (Marchantiophyta) no Estado da Bahia, Brasil. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo.
  • Bastos, C.J.P. & Yano, O. 1993. Musgos da zona urbana de Salvador, Bahia, Brasil. Hoehnea 20: 23-33.
  • Bastos, C.J.P. & Yano, O. 2009. O gênero Lejeunea Libert (Lejeuneaceae) no Estado da Bahia, Brasil. Hoehnea 36: 303-320.
  • Bates, J.W. 1998. Is ‘life-form’ a useful concept in bryophyte ecology? Oikos 82: 223-237.
  • Bordin, J. & Yano, O. 2009. Briófitas do centro urbano de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Hoehnea 36: 7-71.
  • Bordin, J. & Yano, O. 2011. Considerations about Fissidens taxa (Fissidentaceae) widely spread in Brazil. Boletim do Instituto de Botânica 21: 125-131.
  • Bordin, J. & Yano, O. 2013. Fissidentaceae (Bryophyta) do Brasil. Boletim do Instituto de Botânica 22: 1-72.
  • Borella, T.A.C., Peralta, D.F. & Milaneze-Gutierre, M.A. 2019. Briófitas do Parque do Ingá, Maringá, Estado do Paraná, Brasil. Pesquisas, Botânica 73: 119-150.
  • Brummitt, R.K. & Powell, C.E. 1992. Authors of plant names: a list of authors of scientific names of plants, with recommended standard forms of their names, including abbreviations. Kew: Royal Botanic Gardens.
  • Buck, W.R. 1998. Pleurocarpous mosses of the West Indies. Memoirs of The New York Botanical Garden 1: 1-401.
  • Calzadilla, E. & Churchill, S.P. 2014. Glosario ilustrado para musgos Neotropicales. Missouri Botanical Garden, Saint Louis.
  • Câmara, P.E.A.S. 2008. Musgos acrocárpicos das matas de galeria da Reserva Ecológica do IBGE, RECOR, Distrito Federal, Brasil. Acta Botanica Brasilica 22: 1027-1035.
  • Câmara, P.E., Teixeira, R., Lima, J. & Lima, J. 2003. Musgos urbanos do recanto das Emas, Distrito Federal, Brasil. Acta Botanica Brasilica 17: 507-513.
  • Câmara, P.E.A.S. &; Vital, D.M. 2004. Briófitas do município de Poconé, Pantanal de Mato Grosso, MT, Brasil. Acta Botanica Brasilica 18: 881-886.
  • Carmo, D.M., Gasparino, E.C. & Peralta, D.F. 2015. Análise comparativa de briófitas urbanas da região noroeste do Estado de São Paulo com demais trabalhos em diferentes fitofisionomias brasileiras. Pesquisas, Botânica 67: 255-272.
  • Carmo, D.M., Lima, J.S., Amélio, L.A. & Peralta, D.F. 2016. Briófitas do Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo de Santa Virgínia, Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 43: 265-287.
  • Carmo, D.M., Lima, J.S, Silva, M.I., Amélio, L.A & Peralta, D.F. 2018. Briófitas da Reserva Particular do Patrimônio Natural da Serra do Caraça, Estado de Minas Gerais, Brasil. Hoehnea 45: 484-508.
  • Cerqueira, G.R., Ilkiu-Borges, A.L., Manzatto, A.G. & Maciel, S. 2015. Briófitas de um fragmento de floresta ombrófila aberta no município de Porto Velho e novas ocorrências para Rondônia, Brasil. Biota Amazônica5: 71-75.
  • Chilanti, S.B. & Bordin, J. 2016. Variação vertical de briófitas epífitas na APA Morro de Osório, Osório, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Eletrônica Científica da UERGS 2: 5-17.
  • Costa, D.P. & Luizi-Ponzo, A.P. 2010. Introdução às briófitas. In: RC Forzza et al (eds.) Catálogo de plantas e fungos do Brasil [online]. Andrea Jakobsson Estúdio: Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro pp. 61-68. Disponível em: https://books.scielo.org/id/z3529/pdf/forzza-9788560035083-07.pdf (acesso em 15-XI-2021).
    » https://books.scielo.org/id/z3529/pdf/forzza-9788560035083-07.pdf
  • Costa, D.P. & Peralta, D.F. 2015. Bryophytes diversity in Brazil. Rodriguésia66: 1063-1071.
  • Crandall-Stotler, B., Stotler, R.E. & Long, D.G. 2009. Morphology and classification of the Marchantiophyta. In: B Goffinet & AJ Shaw (eds.). Bryophyte Biology. Cambridge University Press, Nova York, pp. 1-54.
  • Fagundes, D.N., Tavares-Martins, A.C.C., Ilkiu-Borges, A.L., Moraes, E.N.R. & Santos, R.C.P. 2016. Riqueza e aspectos ecológicos das comunidades de briófitas (Bryophyta e Marchantiophyta) de um fragmento de Floresta de Terra Firme no Parque Ecológico de Gunma, Pará, Brasil. Iheringia Série Botânica 71: 72-84.
  • Filgueiras, T.S., Nogueira, P.E., Brochado, A.L. & Guala II, G.F. 1994. Caminhamento: um método expedito para levantamentos florísticos qualitativos. Cadernos de Geociências 12: 39-43.
  • Flora do Brasil 2020. Briófitas. Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Brasil. Disponível em: http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/ FB128472 (acesso em 24-II-2021).
    » http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/ FB128472
  • Frahm, J.P. 1991. Dicranaceae: Campylopodioideae, Paraleucobryoideae. Flora Neotropica, monograph 54: 1-237.
  • Frahm, J.P. 2003. Manual of Tropical Bryology. Tropical Bryology 23: 1-196
  • Gentil, K.C.S. & Menezes, C.R. 2011. Levantamento de briófitas bioindicadoras de perturbação ambiental do campus Marco Zero do Equador da UNIFAP. Biota Amazônica 1: 63-73.
  • Glime, J.M. 2019. Volume 4. Habitat and Role, Chapter 008 - Tropics, Subchapter 8-14 Tropics: Disturbance and Conservation. In: JM Glime (ed.). Bryophyte Ecology. Disponível em: http://digitalcommons.mtu.edu/bryophyte-ecology4/ (acesso em 22-VII-2020).
    » http://digitalcommons.mtu.edu/bryophyte-ecology4/
  • Goffinet, B., Buck, W.R. & Shaw, A.J. 2009. Morphology, anatomy and classification of the Bryophyta. In: B Goffinet & AJ Shaw (eds.). Bryophyte Biology. Cambridge University Press, Nova York , pp. 56-138.
  • Gradstein, S.R., Churchill, S.P. & Salazar-Allen, N. 2001. Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memoirs of The New York Botanical Garden 86: 1-577.
  • Gradstein, S.R. & Costa, D.P. 2003. The Hepaticae and Anthocerotae of Brazil. Memoirs of The New York Botanical Garden 87: 1-318.
  • Griffin, D. 1979. Guia preliminar para as briófitas frequentes em Manaus e adjacências. Acta Amazonica 9: 1-67.
  • IBGE. 2019. Biomas e sistema costeiro-marinho do Brasil: compatível com a escala 1:250 000. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro.
  • Kortz, A.R., Coelho, S., Castello, A.C.D., Côrrea, L.S., Leite, E.C. & Koch, I. 2014. Wood vegetation in Atlantic rain forest remnants in Sorocaba (São Paulo, Brazil). Check List 10: 344-354.
  • Kronka, F.J.N., Nalon, M.A., Matsukuma, C.K., Kanashiro, M.M., Ywane, M.S.S., Pavão, M., Durigan, G., Lima, L.M.P.R., Guillaumon, J.R., Baitello, J.B., Borgo, S.C., Manetti, L.A., Barradas, A.M.F., Fukuda, J.C., Shida, C.N., Monteiro, C.H.B., Pontinha, A.A.S, Andrade, G.G., Barbosa, O., Soares, A.P., Couto, H.T.Z. & Joly, C.A. 2005. Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo. Imprensa Oficial, São Paulo.
  • Lisboa, R.C.L. & Ilkiu-Borges, A.L. 1995. Diversidade das briófitas de Belém (PA) e seu potencial como indicadoras de poluição. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Botânica 11: 131-293.
  • Mägdefrau, K. 1982. Life-forms of bryophytes. In: AJE Smith (ed.). Bryophyte Ecology. Chapman and Hall, Londres, pp. 45-58.
  • Malcolm, B. & Malcolm, N. 2000. Mosses and other bryophytes: an illustrated glossary. Micro-Optics Press, Nelson.
  • Mittermeier, R.A., Turner, W.R., Larsen, F.W., Brooks, T.M., Gascon, C. 2011. Global biodiversity conservation: the critical role of hotspots. In: FE Zachos & JC Habel (eds.). Biodiversity Hotspots. Springer, Berlin, pp. 3-22.
  • Myers, N., Mittermeier, R.A., Mittermeier, C.G., Fonseca, G.A.B. & Kent, J. 2000. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature 403: 853-858.
  • Oliveira, H.C. & Bastos, C.J.P. 2014. Briófitas epífitas de fragmentos de Floresta Atlântica da Reserva Ecológica Michelin, Estado da Bahia, Brasil. Hoehnea 41: 631-646.
  • Oliveira, H.C. & Oliveira, S.M. 2016. Vertical distribution of epiphytic bryophytes in Atlantic Forest fragments in northeastern Brazil. Acta Botanica Brasilica 30: 609-617.
  • Oliveira, J.R.P.M., Pôrto, K.C. & Silva, M.P.P. 2011. Richness preservation in a fragmented landscape: a study of epiphytic bryophytes in an Atlantic forest remnant in Northeast Brazil. Journal of Bryology 33: 279-290.
  • Paiva, L.A., Silva, J.C., Passarella, M.A. & Luizi-Ponzo, A.P. 2015. Briófitas de um fragmento florestal urbano de Minas Gerais (Brasil). Pesquisas, Botânica 67: 181-199.
  • Pantoja, A.C.C., Ilkiu-Borges, A.L., Tavares-Martins, A.C.C. & Garcia, E.T. 2015. Bryophytes in fragments of terra firme forest on the great curve of the Xingu River, Pará State, Brazil. Brazilian Journal of Biology 75: 238-249.
  • Peralta, D.F. 2005. Musgos (Bryophyta) do Parque Estadual da Ilha Anchieta (PEIA), São Paulo, Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto de Botânica, São Paulo.
  • Peralta, D.F. 2009. Polytrichaceae (Polytrichales, Bryophyta) do Brasil. Tese de Doutorado, Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, São Paulo.
  • Peralta, D.F & Yano, O. 2008. Briófitas do Parque Estadual da Ilha Anchieta, Ubatuba, Estado de São Paulo, Brasil. Iheringia, Série Botânica 63: 101-127.
  • Pinheiro, E.M.L, Faria, A.L.A. & Câmara P.E.A.S. 2012. Riqueza de espécies e diversidade de Marchantiophyta (hepáticas) de capões de mata, no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, Goiás, Brasil. Revista de Biologia Neotropical 9: 19-27.
  • Pócs, T. 1996. Epiphyllous liverworts diversity at worldwide level and its threat and conservation. Anales del Instituto de Biología Serie Botánica 67: 109-127.
  • Pôrto, K.C., Germano, S.R. & Borges, G.M. 2004. Avaliação dos brejos de altitude de Pernambuco e Paraíba, quanto à diversidade de briófitas, para a conservação. In: KC Pôrto, JJP Cabral & M Tabarelli (eds.). Brejos de altitude em Pernambuco e Paraíba - História Natural, Ecologia e Conservação, Série Biodiversidade 9. Ministério do Meio Ambiente, Brasília, pp. 79-97.
  • Renzaglia, K.S., Villarreal, J.C. & Duff, R.J. 2009. New insights into morphology, anatomy and systematics of hornworts. In: B Goffinet & AJ Shaw (eds.). Bryophyte Biology. Cambridge University Press, Nova York . pp. 139-171.
  • Rezende, C.L., Scarano, F.R., Assad, E.D., Joly, C.A., Metzger, J.P, Strassburg, B.B.N., Tabarelli, M., Fonseca, G.A., Mittermeier, R.A. 2018. From hotspot to hopespot: an opportunity for the Brazilian Atlantic Forest. Perspectives in ecology and conservation 16: 208-214.
  • Ribeiro, M.C., Martensen, A.C., Metzger, J.P., Tabarelli, M., Scarano, F. & Fortin, M.J. 2011. The Brazilian Atlantic Forest: a shrinking biodiversity hotspot. In: F Zachos & J Habel (eds.). Biodiversity Hotspots. Springer, Berlin , pp. 405-434.
  • Richards, P.W. 1984. The ecology of tropical bryophytes. In: RM Schuster (ed.). New Manual of Bryology. The Hattori Botanical Laboratory, Nichinan, pp. 1233-1270.
  • Robbins, R.G. 1952. Bryophyte ecology of a dune area in New Zealand. Vegetation 4: 1-31.
  • Sharp, A.J., Crum, H. & Eckel, P.M. 1994. The moss flora of Mexico. Memoirs of The New York Botanical Garden 69: 1-1113.
  • Silva, M.P.P & Pôrto, K.C. 2007. Composição e riqueza de briófitas epíxilas em fragmentos florestais da Estação Ecológica de Murici, Alagoas. Revista Brasileira de Biociências 5: 243-245.
  • Silva, M.P.P. & Pôrto, K.C. 2010. Spatial structure of bryophyte communities along an edge-interior gradient in an Atlantic Forest remnant in Northeast Brazil. Journal of Bryology 32: 101-112.
  • Silva, M.P.P. & Pôrto, K.C. 2012. Bryophyte communities along horizontal and vertical gradients in a human-modified Atlantic Forest remnant. Botany 91: 155-166.
  • Silva, M.P.P. & Pôrto, K.C. 2015. Diversity of bryophytes in priority areas for conservation in the Atlantic Forest of northeast Brazil. Acta Botanica Brasilica 29: 16-23.
  • Strassburg, B.B.N., Brooks, T., Feltran-Barbieri, R., Iribarrem, A., Crouzeilles, R., Loyola, R., Latawiec, A.E., Oliveira Filho, F.J.B., Scaramuzza, C.A.M., Scarano, F.R., Soares-Filho, B. & Balmford, A. 2017. Moment of truth for the Cerrado hotspot. Nature Ecology & Evolution 1: 1-3.
  • Tavares, R. 2002. O Clima de Sorocaba-SP: aspectos regionais, locais e urbanos. In: JL Sant'Anna Neto (ed.). Os Climas das Cidades Brasileiras. FCT/UNESP/Pós-graduação/Laboratório de Climatologia, Presidente Prudente, pp. 115-143.
  • Vanderpoorten, A. & Goffinet, B. 2009. Introduction to bryophytes. Cambridge University Press, Nova York .
  • Viana, V.M. 1995. Conservação da biodiversidade de fragmentos de florestas tropicais em paisagens intensivamente cultivadas. In: GAB Fonseca, M Schmink, LPS Pinto & F Brito (eds.). Abordagens interdisciplinares para a conservação da biodiversidade e dinâmica do uso da terra no novo mundo: anais da conferência internacional. Belo Horizonte, pp. 135-154.
  • Viana, V.M. & Pinheiro, L.A.F.V. 1998. Conservação da biodiversidade em fragmentos florestais. Série Técnica do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais 12: 25-42.
  • Visnadi, S.R. 2006. Sematophyllaceae da Mata Atlântica do Nordeste do Estado de São Paulo. Hoehnea 33: 455-484.
  • Visnadi, S.R. 2012. Briófitas da Estação Ecológica Juréia-Itatins, Estado de São Paulo, Brasil. Tropical Biology 34: 17-31.
  • Visnadi, S.R. 2015. Parque Estadual das Fontes do Ipiranga: unidade de conservação importante para a proteção da brioflora da Mata Atlântica na cidade de São Paulo, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Naturais 10: 437-469.
  • Visnadi, S.R. 2018. Heterogeneidade florística da brioflora em fragmentos de vegetação e a conservação das áreas verdes urbanas. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Naturais 13: 327-354.
  • Visnadi, S.R. 2019. Bosque como refúgio para as briófitas: o caso do parque Ibirapuera, em São Paulo, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Naturais 14: 331-361.
  • Visnadi, S.R & Monteiro, R. 1990. Briófitas da cidade de Rio Claro, Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 17: 71-80.
  • Yano, O. 2010. Levantamento de novas ocorrências de briófitas brasileiras. Instituto de Botânica, São Paulo.
  • Yano, O & Câmara, P.E.A.S. 2004. Bryophytes from Manaus, Amazonas, Brazil. Acta Amazonica 34: 445-457.
  • Yano, O., Peralta, D.F. & Bordin, J. 2019. Brioflora da Ilha do Cardoso. RiMa Editora, São Paulo.
  • Zachos, FE, Habel, JC. 2011. Biodiversity Hotspots: Distribution and Protection of Conservation Priority Areas. Springer, Berlin .
  • Zander, R.H. 1993. Genera of the Pottiaceae: mosses of harsh environments. The Buffalo Society of Natural Sciences, Nova York.
  • Zartman, C.E. & Ilkiu-Borges, A.L. 2007. Guia para as briófitas epifilas da Amazônia Central. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus.
  • 1
    Parte da Iniciação Científica da primeira Autora

Editado por

Editora Associada:

Anna Luiza Ilkiu-Borges

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Set 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    09 Mar 2021
  • Aceito
    02 Fev 2022
Instituto de Pesquisas Ambientais Av. Miguel Stefano, 3687 , 04301-902 São Paulo – SP / Brasil, Tel.: 55 11 5067-6057, Fax; 55 11 5073-3678 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: hoehneaibt@gmail.com