A geografia e a ciência aberta

Este novo número da Geousp vem a público num contexto de debate sobre a Ciência Aberta e a defesa da Geografia na formação dos jovens. Os artigos que o compõem concorrem para afirmar a necessidade da ciência geográfica no alargamento das vivências e das leituras do mundo. Apresentam diferentes metodologias de pesquisa e temas diversos frente às urgências postas pela realidade. A produção de mapas também figura nos artigos publicados, como uma linguagem comunicativa e um instrumento para o armazenamento de dados, fomentando pesquisas futuras e diálogo constante sobre as transformações do espaço. Além disso, aduzem instrumentos teórico-metodológicos que visam favorecer leituras ampliadas e totalizantes.

Desde 1997, a Geousp contribui para o desenvolvimento da pesquisa em Geografia e Ciências Humanas, publicando estudos de pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Por exemplo, em 2022, foi a décima mais acessada (com 366.915 acessos) do portal de revistas da Universidade de São Paulo e segue mantendo sua nota Qualis/Capes A1. As redes sociais Instagram e Facebook têm sido mecanismos de divulgação dos trabalhos publicados, além de um canal de diálogo com a comunidade externa.

Orientamo-nos pela afirmação de Dorfman (2022, p. 3):

O reconhecimento do trabalho editorial como parte das atividades desenvolvidas nas universidades permitiria mantê-lo e aprimorar as revistas, reduzindo o improviso. Como extensão, como divulgação científica, temos meios para essa valorização, permitindo a consideração do trabalho editorial desenvolvido na academia brasileira e latino-americana. Ciência pública já temos, cabe construir sua continuidade.

Cumpre lembrar que a revista completou dois anos de indexação na base Scielo e atendeu a outros requisitos para a indexação em outras bases de dados. Além de aspectos formais da editoração, a Geousp tem buscado aprimorar os princípios de impacto científico, diversidade, equidade, inclusão e acessibilidade (Ideia), apresentado na última reunião anual Scielo, o que lhe permite seguir na direção de sua maior divulgação e de seu fortalecimento, de análise crítica das decisões editoriais e de mais diversidade, aspecto esse que compõe a própria Geografia. Nosso objetivo mais imediato é ampliar a diversidade de gêneros e raça no corpo editorial.

Gradativa e cuidadosamente, a revista vem adotando práticas de acordo com a Ciência Aberta, como a divulgação dos editores responsáveis pela avaliação dos artigos e a publicação dos pareceristas no expediente. Estamos atentos aos elementos que caracterizam a Ciência Aberta como open peer review, que valorizam os pareceristas e mostram a importância das revisões como prática consciente de todo o processo por que passa um artigo científico até chegar ao leitor. Há que pensar em desafios e necessidades que permitam ampliar as práticas científicas abertas no contexto editorial das ciências humanas, porquanto já existem algumas que são mais afeitas ou estão incorporadas em publicações do campo das ciências exatas ou médicas.

Recomendo vivamente os setes artigos publicados aqui, bem como o Dossiê “Diálogos sobre o desenvolvimento e suas abordagens no ensino de geografia” e o ensaio “A geografia dos anos iniciais como desafiadora e perigosa”, do professor Simon Catling.

Encerro este breve editorial agradecendo ao prof. Ricardo Mendes Antas Júnior, que me antecedeu como editor-chefe da Geousp, pelo período de transição, quando pude entender melhor o processo editorial, ao editor-executivo Thiago Muniz Garcia, que vem apoiando a revista, e ao editor vice-chefe Fernando Nadal Junqueira Villela.

Boa leitura.

Reference

• DORFMAN, A. Editorial: circuito superior e circuito inferior na publicação de periódicos científicos. Geousp, v. 26, n. 1, e-195555, 2022. doi: https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2022.195555.pt
  » https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2022.195555.pt

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  09 Jun 2023
• Data do Fascículo
  2023

Histórico

• Recebido
  20 Abr 2023
• Aceito
  24 Abr 2023