RESUMO
Este artigo tem como objetivo mostrar a concepção histórico-teológica acerca da natureza e os fundamentos da magia no contexto da Relectio de arte magica (1540) de Francisco de Vitoria (1486-1546). O interesse devotado pelas ciências ocultas por parte dos homens e mulheres do Renascimento é um fato histórico inquestionável. Decorrendo daí o interesse e, por vezes, o combate por parte de teólogos contrários a tais conhecimentos considerados heterodoxos, fantasiosos, imorais e sem fundamento. Neste trabalho, busca-se mostrar a visão de Vitoria; como sua opinião pode apresentar certa concessão a tais conhecimentos ocultos, partindo da investigação de seus fundamentos históricos e filosóficos que determinam a natureza da magia. Se essa concessão otimista, i.e., moderada e não combativa proceder, caberá a pergunta: por que um teólogo operando dentro da ortodoxia teológica pode fazer concessões e considerar o conhecimento da magia, i.e., o conjunto de crenças como sujeito à fundamentação e especulação racionais? Uma solução seria afirmar que a ideia geral de fundo em tal postura intelectual consiste em sua visão universalista das ideias teológicas aplicadas às grandes questões humanas.
Palavras-chave:
Filosofia da natureza; epistemologia; teoria da magia; crença